ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS 1. Principais co-morbidades associados à incapacidade 2. Aterosclerose e avaliação do risco cardiovascular Prevenção primária e secundária da aterosclerose Uso de antiagregantes no idoso Abordagem da dislipidemia 3. Prevenção de AVC Manejo da fibrilação atrial no idoso Outros fatores de risco 4. Prescrição de atividade física no idoso 5. Screening de câncer no idoso 6. Imunização no Idoso Vacina anti-influenza Vacina anti-pneumocócica Vacina dupla tipo-adulto 7. Abordagem diagnóstico e terapêutica da osteoporose COGNIÇAO / HUMOR MOBILIDADE COMUNICAÇÃO MOTORA INSUFICIÊNCIA AVC Parkinsonismo CEREBRAL COGNITIVA AFETIVA Disfunção de Demências Delirium Depressão / Distimia ICC bomba cardíaca INSUFICIÊNCIA CARDIOVASCULAR Disfunção perfusional Insuficiência coronariana Insuficiência vascular periférica Estenose carotídea Aneurisma abdominal Disfunção elétrica Bloqueio de condução Fibrilação atrial e arritmias ventriculares COGNIÇAO / HUMOR MOBILIDADE COMUNICAÇÃO INSUFICIÊNCIA OSTEOMUSCULAR Osso Fratura (osteoporose) Articulação Osteoartrose Músculo Polimialgia reumática (arterite temporal) DPOC Pneumonia Incontinência urinária Insuficiência renal Infecção urinária Diabetes mellitus Hipotireoidismo Catarata Glaucoma Degeneração senil INSUFICIÊNCIA Surdez de condução (rolha de cerumen) AUDITIVA Perda neurosensorial INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA INSUFICIÊNCIA GÊNITO-URINÁRIA INSUFICIÊNCIA ENDÓCRINA INSUFICIÊNCIA VISUAL ATEROSCLEROSE E AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR Prevenção primária e secundária da aterosclerose Abordagem da dislipidemia Uso de antiagregantes plaquetários no idoso ATEROSCLEROSE DOENÇA INFLAMATÓRIA CRÔNICA, SISTÊMICA, PROGRESSIVA, ACOMETENDO AS ARTÉRIAS DE GRANDE E MÉDIO CALIBRE. ATEROSCLEROSE NÃO É SIMPLESMENTE UMA CONSEQÜÊNCIA INEVITÁVEL DO ENVELHECIMENTO, E SIM, UMA RESPOSTA GENERALIZADA ÀS INJÚRIAS. FATORES DE RISCO ATEROSCLEROSE REMODELAMENTO progressivo da parede arterial (PLACA ATEROSCLERÓTICA), causando OBSTRUÇÃO (isquemia) e/ou DILATAÇÃO (aneurisma/ruptura), calcificação, hemorragia intra-placa, embolização distal e trombose intraluminal. RUPTURA DA PLACA ATEROSCLERÓTICA TROMBOSE INTRALUMINAL ISQUEMIA PROLONGADA INFARTO SÍNDROME CORONARIANA AGUDA: Angina Instável Infarto Agudo do Miocárdio INSUFICIÊNCIA VASCULAR CEREBRAL AGUDA: Ataque Isquêmico Transitório Acidente Vascular Cerebral Principal causa de MORTALIDADE Principal causa de INCAPACIDADE Estenose A prevalência de estenose carotídea assintomática no idoso varia de 2 a 8%. Carotídea A presença de sopro carotídeo evidencia a presença de obstrução fixa. A ausculta do pescoço deve fazer parte do exame físico rotineiro do idoso. Insuficiência Vascular A claudicação intermitente e ausência de pulsos em membros inferiores são as principais manifestações clínicas. Periférica Insuficiência A angina mesentérica manifesta-se pela presença de dor abdominal Vascular (epigástrica ou peri-umbilical) pós-prandial (15 a 30 minutos após a alimentação), cuja duração é variável (2 a 3 h). A dor é proporcional ao Mesentérica voluma da alimentação ( demanda). Conseqüentemente o paciente reduz a ingestão alimentar pelo receio da dor, levando a emagrecimento, por vezes significativo. A complicação mais temível é a gangrena intestinal. Estenose de Hipertensão arterial sistêmica refratária de início tardio (>50 anos), sugere a Artéria Renal presença de estenose de artéria renal (hipertensão renovascular), principalmente se não houver história familiar positiva. A presença de sopro abdominal sugere o diagnóstico. Estima-se que 1 em cada 250 idosos morra por ruptura de aneurisma Aneurisma abdominal. Podem ser detectados pela palpação da aorta abdominal, que deve fazer parte rotineira do exame físico do idoso. Usualmente a palpação de Aorta revela massa pulsátil, anterior e lateralmente. Cerca de 50% dos aneurismas Abdominal de aorta abdominal estão associados com sopro. Pulsos periféricos são usualmente normais, mas obstrução vascular periférica coexiste em 25% dos pacientes. Aneurisma de artéria poplítea pode estar presente. O quadro clínico geralmente é silencioso. Alguns pacientes podem referir dor abdominal e/ou lombar, secundárias a aneurismas inflamatórios. A ruptura de aneurisma aórtica apresenta alta letalidade (>90%), daí a importância do diagnóstico precoce. O processo aterogênico inicia-se com a injúria vascular causada basicamente pelas lipoproteínas circulantes associadas a outros fatores de risco HEREDITARIEDADE Susceptibilidade genética: 50% IDADE Homens com 45 anos Mulheres com 55 anos AMBIENTE Fatores de risco modificáveis Dislipidemia Hipertensão arterial Tabagismo Mecanismos da Aterosclerose Passagem do LDLcolesterol para região sub-intimal OXIDAÇÃO DO LDL Anti-oxidantes????? LDL oxidado Fatores quimiotáxicos DISFUNÇÃO ENDOTELIAL Aumento da permeabilidade endotelial RECRUTAMENTO DE Monócitos - Linfócitos Plaquetas Os monócitos-macrófagos transformam-se em “macrófagos espumosos “ ou foam cels Esta fase é caracterizada pela presença de “ESTRIAS GORDUROSAS” , usualmente presentes na aorta (primeira década de vida), nas coronárias (segunda década de vida) e artérias cerebrais (terceira ou quarta décadas de vida). As “estrias gordurosas” são clinicamente silenciosas, mas precursoras de lesões mais avançadas caracterizadas pelo acúmulo de debris necróticos resultantes da apoptose dos macrófagos gordurosos, matrix extracelular e células musculares lisas (placas fibrosas). O PROCESSO INFLAMATÓRIO resultante do acúmulo de LDL-oxidada e macrófagos gordurosos volumosos, contribui mais ainda para o RECRUTAMENTO de CÉLULAS MUSCULARES LISAS, monócitos, linfócitos e plaquetas gerando um ciclo vicioso. ATEROSCLERITE •Proteína C-Reativa de alta sensibilidade < 1: Baixo risco Entre 1 e 3: Médio risco > 3: Alto risco •Agentes infecciosos: Chlamydia pneumoniae, Citomegalovírus, Helycobacter pylori, etc OBSTRUÇÃO DO FLUXO SANGÜÍNEO RUPTURA DA PLACA A ruptura da placa expõe extenso material pró-coagulante subintimal, ativando a cascata de coagulação, proporcionando a oclusão total da artéria por trombo. Ruptura freqüentemente ocorre nas regiões marginais da placa (junção da placa com a região arterial pouco comprometida), normalmente ricas em macrófagos espumosos, sugerindo que fatores inflamatórios influenciam o risco de erosão/ruptura. O risco de RUPTURA depende, fundamentalmente, da composição e vulnerabilidade da placa, mais do que da gravidade da estenose. Placas vulneráveis geralmente tem cápsulas finas (cápsula fibrosa envolvendo núcleo lipídico e material necrótico) e aumento de células inflamatórias. A estabilidade das placas pode ser influenciada pela calcificação e neovascularização, achados comuns em lesões avançadas. O grau de trombogenicidade da placa depende, também, da presença de fatores tissulares (proteinases locais). CATEGORIAS DE RISCO PARA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA 1. ALTO RISCO Doença arterial coronariana Infarto agudo do miocárdio, angina estável e instável, angioplastia ou CRM ou isquemia miocárdica significativa prévia Formas não coronariana de doença aterosclerótica: insuficiência Equivalentes à DAC vascular periférica, aneurisma de aorta abdominal, obstrução carotídea (AIT, AVC ou obstrução 50%) diabetes e risco de Framigham 20% 2. RISCO MODERADO AUSÊNCIA DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA OU EQUIVALENTES 2 Fatores de Risco: IDADE: Homens 45anos Mulheres 55 anos HISTÓRIA FAMILIAR PARA DAC PREMATURA: IAM ou morte súbita antes dos 55 anos o no pai ou parentes de 1 grau do sexo masculino, ou antes dos 65 anos na mãe ou parentes de 1o grau do sexo feminino) TABAGISMO HIPERTENSÃO ARTERIAL: PA 140/90 ou sob tratamento anti-hipertensivo BAIXO HDL-COLESTEROL : HDL< 40 mg/dL FATOR DE RISCO PROTETOR: HDL-Colesterol 60 mg/dL (sua presença subtrai um fator de risco). 2.1 Risco de Framingham de 10 a 20% 2.2 Risco de Framingham 10 % 3. BAIXO RISCO 0 a 1 Fator de Risco HOMEM MULHER 6069a 0 1 1 2 3 7079a 0 0 0 1 1 2039a 0 4 8 11 13 -7 -3 0 3 6 8 10 12 14 16 5059a 0 2 4 5 7 6069a 0 1 2 3 4 7079a 0 1 1 2 2 0 1 0 1 0 9 0 4 0 2 0 1 IDADE 20-34 a 35-39 a 40-44 a 45-49 a 50-54 a 55-59 a 60-64 a 65-69 a 70-74 a 75-79 a COLESTEROL TOTAL < 160 160-199 200-239 240-279 280 2039a 0 4 7 9 11 4049a 0 3 5 6 8 -9 -4 0 3 6 8 10 11 12 13 5059a 0 2 3 4 5 0 8 0 5 0 3 4049a 0 3 6 8 10 TABAGISMO Não-fumante Fumante 0 7 HDL-COLESTEROL 60 50-59 40-49 < 40 PRESSÃO SISTÓLICA < 120 120-129 130-139 140-159 160 -1 0 1 2 Se não tratada 0 0 1 1 2 -1 0 1 2 Se tratada Se não tratada Se tratada 0 1 2 2 3 0 1 2 3 4 0 3 4 5 6 Cálculo do Risco de Framingham (DAC em 10 anos) HOMENS PONTUAÇÃO TOTAL Risco de DAC em 10 a MULHERES PONTUAÇÃO TOTAL Risco de DAC em 10 a <0 <1 <9 <1 0 1 9 1 1 1 10 1 2 1 11 1 3 1 12 1 4 1 13 2 5 2 14 2 6 2 15 3 7 3 16 4 8 4 17 5 9 5 18 6 10 6 19 8 11 8 20 11 12 10 21 14 13 12 22 17 14 16 23 22 15 20 24 27 16 25 25 30 17 30 RISCO EM 10 ANOS _______% RISCO EM 10 ANOS _______% CONDUTA NA DIVERSAS CATEGORIAS DE RISCO PARA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA 1. Alto Risco LDL - Colesterol Iniciar dieta Iniciar droga 100 mg/dl 100 mg/dl 100 mg/dl 130 mg/dl 130 mg/dl 130 mg/dl 130 mg/dl 130 mg/dl 130 mg/dl Opcional: 160 mg/dl 130 mg/dl 160 mg/dl 190 mg/dl Tendência: 70 mg/dl 2. Risco Moderado 2.1 Risco de Framingham de 10 a 20% 2.2 Risco de Framingham 10 % 3. Baixo Risco Relação log-linear: Homens: aumento de 10 mg/dL no LDLcolesterol aumenta o risco de DAC em 10% Outros Fatores de Risco para Doença Cardiovascular PROTEINA C REATIVA (High-sensivity C reative protein – hsCRP) LIPOPROTEÍNA - Lp(a) FIBRINOGÊNIO HOMOCISTEÍNA Proteína inflamatória de fase aguda; Sintetizada pelo fígado Liberação estimulada pela Interleucina-6 (IL-6) e outras citocinas próinflamatórias Preditor biológico de doença ateroclerótica; Aterosclerite Instabilidade da placa; Problemas: baixa especificidade (artrite reumatóide, infecção, etc); Estatinas e AAS podem reduzir os níveis de PCR; Níveis de corte: 1mg/L, entre 1 e 3 mg/L e 3mg/L; Partícula LDL-like; Função biológica não definida; Proteína inflamatória de fase aguda; Liberação estimulada pela Interleucina-6 (IL-6) e outras citocinas próinflamatórias Lp(a) liga-se avidamente às células endoteliais, macrófagos, fibroblastos e plaquetas, promovendo a proliferação das céls. Musculares lisas e quimiotaxia para monócitos circulantes; Inibição da fibrinólise; Dosagem ainda não estandartizada, Glicoproteína circulante envolvida na coagulação (trombose); Proteína inflamatória de fase aguda; Envolvida na regulação da adesão celular, quimiotaxia e proliferação, vasoconstricção nos sítios de injúria vascular, estimulação da agregação plaquetária e na determinação da viscosidade sangüínea; Níveis de fibrinogênio tendem a ser maiores em hipertensos, diabéticos, obesos, sedentários e fumantes; Envolvido no metabolismo da metionina, através de enzimas do complexo B ( ácido fólico, B12 e piridoxina); Homocisteína pode induzir a dano vascular através da ativação plaquetária, stress oxidativo, disfunção endotelial, hipercoagulabilidade, proliferação de células musculares lisas vasculares, etc; Papel a ser melhor definido SÍNDROME METABÓLICA ATP III: National Cholesterol Education Program´s Adult Treatment Panel III Presença de três critérios abaixo relacionados: Obesidade abdominal Homem Circunferência abdominal 102 cm Mulher Circunferência abdominal 88 cm 150 mg/dL Hipertrigliceridemia HDL-colesterol Homem 40 mg/dL Mulher 50 mg / dL Pressão arterial 135 / 85 mmHg Glicemia de jejum 110 mg/dL Estudos de Prevenção de DAC com uso das Vastatinas IDADE MÉDIA: 40 a 80 ANOS % REDUÇÃO DO LDL-C: 25 a 36% % REDUÇÃO DO RISCO RELATIVO: 24 a 37% FHS WOSCOPS (Pravastatina) Air Force/Texas Coronary Atherosclerosis Prevention Study (AFCAPS/TexCAPS) The Scandinavian Simvastatin Survival Study (4S) The Cholesterol and Recurrent Events Trial (CARE) Long-term Intervention with Pravastatin in Ischemic Disease Study (LIPID) The Heart Prospect Study (HPS) ALLHT: Antihypertensive and Lowering Lipid to Prevent Heart Attack Trial – Lipid Lowering Trial ASCOT: Anglo-Scandinaviam Cardiac Outcomes Trial – Lipid Lowering Arm Pravastatin or Atorvastatin Evaluation and Infection – Trombolysis in Myocardial Infartion 22 PROSPER CONTROVÉRSIAS em relação à PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Idosos ( 80 anos) Mulheres SCREENING PARA DOENÇAS ARTERIAL CORONARIANA EM IDOSOS ASSINTOMÁTICOS A U.S. Preventive Services Task Force (USPST) é contrária (recomendação D) à utilização do ECG basal e de esforço (TE) para screening de doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos. Em 1996, seu posicionamento era diferente (recomendação I: ausência de evidências definitivas favoráveis ou desfavoráveis). Testes positivos são muito comuns em idosos assintomátivos, especialmente nas mulheres, e podem levar à utilização desnecessárias de propedêutica invasiva e não invasiva, além de intervenções terapêuticas duvidosas, impondo risco excessivo ao paciente (cascata propedêutica e terapêutica). A sensibilidade do ECG basal para doença arterial coronariana é baixa. A prevalência de alterações eletrocardiográficas sujestivas ( onda Q patológica, hipertrofia ventricular esquerda, bloqueio de ramo e depressão do segmento ST-T) varia de 1 a 10%. A sensibilidade do teste ergométrico (TE) para predição de doença arterial coronariana em 3 a 12 anos varia de 40 a 62%. O valor preditivo positivo varia de 6 a 48%. A prevalência de TE anormal (depressão do segmento ST-T 1 mm) varia de 5 a 25%. A PROBABILIDADE DO TE DETECTAR PACIENTES DO DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA GRAVE EM HOMENS ASSINTOMÁTICOS É ESTIMADO EM APENAS 0,5%. O valor preditivo positivo varia de 6 a 48%. A cintilografia miocárdica aumenta a sensibilidade, mas não a acurácia diagnóstica, pela baixa prevalência da doença em indivíduos assintomáticos. U.S Preventive Services Task Forces. Annals Intern Medic, v. 140, abril 2004