Pediatria – HRAS Rotinas de Atendimento Giulianna de Sousa B. Araujo Dr Jefferson A. Pinheiro Sylvia Freire - 17/05/2010 www.paulomargotto.com.br Introdução Febre - Elevação da temperatura, mediada pelo SNC, em resposta a vários estímulos. Temperatura retal > 38ºC. Febre alta > 39oC Temperatura axilar < temperatura retal Principal queixa no atendimento de emergência em pediatria: - crianças de 3 a 36 meses 50% das consultas de PS – 15 a 25% doenças febris Introdução Febre Fonte de preocupação para pais e médicos. Geralmente indica infecção – viral x bacteriana 6 a 14 % (30% em crianças de 3 a 36 meses) apresenta febre sem sinais localizatórios. O registro da temperatura em domicílio deve ser valorizado Ishimine P. The evolving approach to the young child who has fever and no obvious source. Emerg Med Clin North Am 2007; 25: 1087 - 115. Craig JV e cols. Temperature measured at the axilla compared with rectum in children and young people. BMJ 2000; 320: 1174 - 8. Introdução Febre sem sinais localizatórios Febre em crianças não toxêmicas, sem doença de base, por um período menor do que 7 dias, quando após anamnese e exame físico minuciosos nenhuma fonte de infecção foi encontrada. Baraff LJ. Management of Fever Without Source in Infants and Children. Ann Emerg Med 2000; 36 (6): 602 - 14. Introdução Risco de infecção bacteriana séria Pode chegar a 12% em crianças menores de 3 meses 38% das crianças com temperatura maior que 40ºC menores de 3 meses com FSSL apresentam infecção bacteriana séria Ishimine P. The evolving approach to the young child who has fever and no obvious source. Emerg Med Clin North Am 2007; 25: 1087 - 115. Introdução Infecção bacteriana séria: Bacteremia oculta (BO) Infecção do trato urinário Presença de bactéria identificada no sangue de uma Pneumonia sem um sítio localizado de infecção que não criança Meningite aparenta estar clinicamente séptica ou toxêmica. Osteomielite Sepse * Diagnóstico retrospectivo, de exclusão ACEP Clinical Policies Committee, Clinical Policies Subcommittee on Pediatric Fever. Clinical Policy for Children Younger than Three Years Presenting toWithout the Emergency with Fever. Emerg Saunders Med 2003;Elsevier, 42 (4): 530 - 54. Powel KR. Fever a Focus.Department In: Nelson Textbook of Ann Pediatrics, 18ª ed. 2007; 175: 1087 - 93. Bacteremia Oculta Agentes etiológicos - Streptococcus pneumoniae – 90% - Haemophilus innfluenzae - Neisseria meningitidis, Salmonella sp, Streptococcus do grupo B - Introdução da vacina – aompla cobertura no países desenvolvidos Avaliação Diagnóstica Dificuldade diagnóstica + possibilidade de IBS Surgimento de protocolos. Divisão em faixas etárias. Recém-nascidos (0 a 28 dias) Lactentes jovens (29 dias a 3 Importante!!! meses) Antecedentes maternos e do Anamnese detalhada: - Características da febre Exame físico completo. nascimento. Crianças de 3 a 36 meses Imunizações recentes e status Estado geral vacinal. de choro Tipo Contatos com pessoas doentes. cianose Palidez Viagensou recentes. exame físico recente. Reação Doençaao grave ou cirurgia Atitude Nível degeral atividade, aceitação da Padrão respiratório dieta, diurese, doença crônica, Exame completo!!! lesões de segmentar pele • Slater M, Krug SE. Evaluation of the infant with fever without source: an evidence based approach. Emerg Med Clin North Am 1999; 97 – Silvestrini WS. Queixas Freqüentes em Ambulatório – Febre. Em: Tratado de Pediatria, Editora Manole, 1ª ed. 2007; 1795 - 802. Avaliação Diagnóstica Exames complementares 1. Análise do leucograma – leucometria; neutrofilia - contagem de formas jovens não é preditiva 2. Marcadores inflamatórios: PCR e procalcitonina 3. EAS/urocultura (punção suprapúbica ou cateterismo) 4. Radiografia de tórax (pneumonia “oculta” – 3%) 5. Punção lombar 6. Hemocultura Protocolos 3 grandes estudos: Rochester (1985): 0 a 60 dias Boston (1992): 28 a 89 dias Antibiótico profilático Philadelphia (1993): 29 a 56 dias VPN variou de 94,6% a 100%. BAIXO RISCO Leucograma: Leucócitos totais 5.000 – 15.000 (ou < 20.000) Neutrófilos imaturos ≤ 1500 / I/T ≤ 0,2 EAS ≤ 10 leucócitos Líquor: ≤ 8 -10 leucócitos Rx de tórax normal (quando solicitado) Contagem de leucócitos fecais normais (quando solicitado) Protocolos de Manejo de FSSL Boston (1992) Philadelphia (1993) Rochester (1985) Idade em dias 28 a 89 29 a 56 0 a 60 Temperatura retal ≥ 38°C > 38°C ≥ 38°C < 20.000 < 15.000 5.000 a 15.000 Análise do líquor Sim Sim Não Antibiótico Sim Não Não Radiografia de tórax Não Sim Não % de Infecção bacteriana 5,4 0 1,1 94,6% 100% 98,9% Não estabelecida 100% 100% Leucograma (baixo risco) séria quando baixo risco Valor preditivo negativo Sensibilidade FONTE: Adaptado de Santos E; 2009. Rotinas de Atendimento em Pediatria / HRAS - FSSL FSSL em recém - nascidos FSSL em RN Grupo de alto-risco 12 a 28% de todos os neonatos febris admitidos na emergência pediátrica possuem uma infecção bacteriana séria Streptococcus do grupo B, Escherichia coli e Listeria monocytogenes Alta virulência Baixa ingesta é importante causa de febre em recém- nascidos menores de 7 dias. Protocolo de FSSL em Recém-nascidos (0 a 28 dias) RN com temperatura ≥ 37,8ºC Critérios de Manroe Bioquímica e citologia Bacterioscopia Teste do látex Cultura do líquor 1. Internar 2. Solicitar exames FATORES DE RISCO PARA BAIXA INGESTA 3. Realizar punção lombar* Hemograma completo com diferencial Hemocultura EAS + teste do nitrito Urocultura Rx de tórax* PCR Glicemia capilar Eletrólitos Bolsa Rota ≥ Critérios menores Critérios maiores < 7 dias de vida 12h * Parto cesárea * A termo, sem fatores deEstratificar risco Febre ou * Se forte suspeita Risco de baixa ingesta pode-se * Algum grau de desidratação infecção materna para infecção Leucócitos totais ≤ aguardar a realização desses exames Avaliar fatores de * Algum grau de icterícia no intraparto * Hemograma normal 5.000 ou ≥ 25.000 risco para baixa Critérios Clínicos Critérios Laboratoriais dias dealterações vida Corioamnionite >27ou mais * Hipernatremia * Dificuldades na amamentação ingesta nos critérios de materna * RN GIG * Perda de mais de 10% do peso Manroe: NT, NI, I/T Prematuridade Líquor com: Gemelaridade de nascimento leucócitos ≥ 20 ou Se todos os critérios 1. Iniciar ampicilina + proteínas ≥ 100 ou maiores + 1 critério menor gentamicina Ausência de critérios de risco para infecção glicose < 80% da 2. Curva térmica rigorosa glicemia 2. Vigilância 1.Curva térmica rigorosa 2. Suplementar leite materno 3. Auxílio do banco de leite Não houve melhora da febre em menos de 24 horas EAS com leucócitos ≥ 10 cels/cp ou teste do nitrito positivo Realizar punção e PCRlombar ≥ 5 mg/dL radiografia de tórax Protocolo de FSSL em Recém-nascidos (0 a 28 dias) RN com temperatura ≥ 37,8ºC 1. Internar 2. Solicitar exames 3. Realizar punção lombar* Estratificar Risco Critérios Clínicos Critérios Laboratoriais Presença de 1 ou mais de critérios de risco para infecção 1. Iniciar ampicilina + gentamicina 2. Curva térmica rigorosa 3. Vigilância FSSL em lactentes jovens (29 dias a 3 meses) FSSL em lactentes jovens Infecções bacterianas sérias estão presentes em cerca de 10 a 15 % destes pacientes. Os germes responsáveis por essas infecções incluem: Streptococcus do grupo B e Listeria monocytogenes (sepse neonatal tardia e meningite) Germes adquiridos na comunidade: Streptococcus pneumoniae ,Haemophilus influenzae tipo B, Neisseria meningiditis, Escherichia coli . Protocolo de FSSL em lactentes jovens (29 dias a 3 meses) Crianças com FSSL entre 29 dias e 3 meses com temperatura ≥ 37,8ºC Hemograma completo com diferencial Hemocultura EAS + teste do nitrito Leucócitos totais Urocultura entre 5.000 e 15.000 VHS Neutrófilos PCR totais ≤ 10.000 Rx de tórax, Neutrófilos se fatores de imaturos ≤ 1.500 risco para Índice I/T ≤ 0,2 doença EAS com respiratória* leucócitos ≤ 10 Teste do nitrito negativo Líquor com ≤ 10 leucócitos e bacterioscopia negativa VHS ≤ 30 mm/h PCR ≤ 5 mg/dL 1. Solicitar exames 2. Realizar punção lombar** • FR > 50 irpm Avaliar Risco • Crepitações, roncos, sibilos, estridor • Coriza nasal • Desconforto Critérios de Baixo Risco respiratório (BAN, Clínicos: previamente retrações subcostais, sadio, a termo, parto sem gemência) •complicações. SatO2 < 92% Bioquímica e citologia Bacterioscopia Teste do látex Cultura do líquor ** Exceto se houver alteração no EAS sugerindo ITU ou no Rx sugerindo pneumonia 1. Curva térmica Baixo Risco 3. Manter em observação 24 horas em regime hospitalar Laboratoriais Alteração em 1 ou mais critérios 2. Considerar dose de ceftriaxona (50mg/kg) IM 1. Internação 2. Iniciar ceftriaxona 100mg/kg EV ou IM 3. Vigilância FSSL em crianças de 3 a 36 meses FSSL em crianças de 3 a 36 meses Maioria das infecções bacterianas sem foco aparente Streptococcus pneumoniae (em crianças não imunizadas), Neisseria meningiditis e Salmonella spp. Vacina para HIB Redução de 96% de doenças invasivas por todos os sorotipos da bactéria Vacina anti-pneumocócica heptavalente (Pn7): Tem mostrado uma eficácia de 90% de doenças bacterianas invasivas A punção lombar não é indicada de rotina em todos pacientes, mas deve ser considerada em pacientes com sinais de alerta: irritabilidade, sonolência, letargia, toxemia. Protocolo de FSSL em crianças de 3 a 36 meses Crianças de 3 a 36 meses com FSSL Temperatura < 39°C Temperatura ≥ 39°C Solicitar: Hemograma completo Solicitar de tórax, se: 1. Não háRx necessidade de exames laboratoriais Sinais ou sintomas ou antibioticoterapia respiratórios. (hemograma completo é Leucócitos totais ≥ opcional). 20.000 se febre ≥ 39°C 2. Febre com duração > Orientações e VHS PCR Solicitar EAS + teste do nitrito e urocultura se: Rastrear infecções • Meninas ≤ 24 meses • Meninos ≤ 12 meses ocultas 3 dias sintomáticos. 3. Reavaliação se febre persistir por mais de 48 horas, surgirem novos sintomas ou houver piora do quadro. Pneumonia oculta ITU Bacteremia oculta Alteração sugestiva de pneumonia ITU 1. Realizar ceftriaxona 50 mg/kg IM em doseou única OU prescrever amoxicilina + clavulanato (50 mg/kg/dia de 8/8h até retorno). Tratamento direcionado 2. Reavaliação emcausa 24 - 48 horas. para 1. Solicitar hemocultura, se fatores de risco: • Leucócitos totais ≤ 5.000 ou ≥ 15.000 • Neutrófilos totais ≥ 10.000 • PCR ≥ 5 mg/dL Presença de fatores de risco, além da febre? NÃO SIM Não iniciar antibióticos. Reavaliação 3. Resgatar resultado final ou prévio2. das culturas no em 24 - 48 horas. retorno. Nota: Do Editor do site www.paulomargotto.com.br, Dr. Paulo R. Margotto Monografia: Febre sem sinais localizatórios: proposta de protocolo clínico de atendimento às crianças menores de 36 meses em emergência pediátrica Autor(es): Giulianna de Sousa Brasileiro Araujo