Giulianna de Sousa B. Araujo – R2 Orientador: Dr Jefferson Pediatria - HRAS www.paulomargotto.com.br 21/01/2010 Introdução Febre Principal queixa no atendimento de emergência em pediatria. Fonte de preocupação para pais e médicos. Geralmente indica infecção. 6 a 14 % (30% em crianças de 3 a 36 meses) apresenta febre sem sinais localizatórios. Infecções virais e infecções bacterianas sérias podem ser inicialmente indistinguíveis. Ishimine P. The evolving approach to the young child who has fever and no obvious source. Emerg Med Clin North Am 2007; 25: 1087 - 115. Craig JV e cols. Temperature measured at the axilla compared with rectum in children and young people. BMJ 2000; 320: 1174 - 8. Introdução Risco de infecção bacteriana séria Pode chegar a 12% em crianças menores de 3 meses 38% das crianças com temperatura maior que 40ºC menores de 3 meses com FSSL apresentam infecção bacteriana séria Ishimine P. The evolving approach to the young child who has fever and no obvious source. Emerg Med Clin North Am 2007; 25: 1087 - 115. Introdução Febre Temperatura retal ≥ 38°C Definição de febre na maioria dos artigos; Requer termômetros adequados; Inconveniente; Desconfortável; Potencialmente perigosa; Melhor acurácia. Chaturvedi D, Vilhekar KY, Chaturvedi P, Bharambe MS. Comparison of Axillary Temperature with Rectal or Oral Temperature and Determination of Optimum Placement Time in Children. Indian Pediatr 2004; 41: 600 - 3. Introdução Febre Temperatura axilar ≥ 37,8°C (Santos E; 2009) Melhor tolerada; Segura e conveniente; Mais utilizada em nosso meio; Dados conflitantes sobre sua acurácia; Não existe nenhuma equação universalmente aceita capaz de predizer o valor da temperatura retal/oral baseando-se na axilar, porém um estudo de meta-análise mostrou que a diferença de temperatura média (retal – axilar) foi de 0,25°C para termômetros de mercúrio. Craig JV, Lancaster GA, Williamson PR, Smyth RL. Temperature measured at the axilla compared with rectum in children and young people. BMJ 2000; 320: 1174 - 8. Introdução Febre sem sinais localizatórios Febre em crianças não toxêmicas, sem doença de base, por um período menor do que 7 dias, quando após anamnese e exame físico minuciosos nenhuma fonte de infecção foi encontrada. Baraff LJ. Management of Fever Without Source in Infants and Children. Ann Emerg Med 2000; 36 (6): 602 - 14. Introdução Outros conceitos importantes: Febre de origem indeterminada (FOI) Febre Bacteremia oculta (BO) documentada por um profissional de saúde Infecção bacteriana séria (IBS) no Presença bactéria identificada sangue de uma cuja causade não pôde ser identificada após um período criança sem um localizado de infecçãoou que não1 de 3 semanas desítio avaliação ambulatorial após Bacteremia oculta, infecção do trato aparenta estar clinicamente séptica ouurinário, toxêmica. semana de avaliação intra-hospitalar. pneumonia, osteomielite, meningite e sepse. ACEP Clinical Policies Committee, Clinical Policies Subcommittee on Pediatric Fever. Clinical Policy for Children Younger than Three Years Presenting toWithout the Emergency with Fever. Emerg Saunders Med 2003;Elsevier, 42 (4): 530 - 54. Powel KR. Fever a Focus.Department In: Nelson Textbook of Ann Pediatrics, 18ª ed. 2007; 175: 1087 - 93. Objetivos Apresentar ao pediatra geral noções atualizadas sobre febre sem sinais localizatórios e criar um protocolo clínico de avaliação, investigação e conduta na FSSL em crianças menores de 36 meses que melhor se adapte à realidade do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS). Discussão Dificuldade diagnóstica + possibilidade de IBS Surgimento de protocolos. Divisão em faixas etárias. Recém-nascidos (0 a 28 dias) Lactentes jovens (29 dias a 3 Importante!!! meses) Antecedentes maternos e do Anamnese detalhada; Exame físico completo. nascimento. Crianças de 3 a 36 meses Imunizações recentes e status Estado geral vacinal. de choro Tipo Contatos com pessoas doentes. cianose Palidez Viagensou recentes. exame físico recente. Reação Doençaao grave ou cirurgia Atitude Nível degeral atividade, aceitação da Padrão respiratório dieta, diurese, doença crônica, Exame completo!!! lesões de segmentar pele • Slater M, Krug SE. Evaluation of the infant with fever without source: an evidence based approach. Emerg Med Clin North Am 1999; 97 – Silvestrini WS. Queixas Freqüentes em Ambulatório – Febre. Em: Tratado de Pediatria, Editora Manole, 1ª ed. 2007; 1795 - 802. Discussão 3 grandes estudos: Rochester (1985): 0 a 60 dias Boston (1992): 28 a 89 dias Antibiótico profilático Philadelphia (1993): 29 a 56 dias VPN variou de 94,6% a 100%. BAIXO RISCO Leucograma: Leucócitos totais 5.000 – 15.000 (ou < 20.000) Neutrófilos imaturos ≤ 1500 / I/T ≤ 0,2 EAS ≤ 10 leucócitos Líquor: ≤ 8 -10 leucócitos Rx de tórax normal (quando solicitado) Contagem de leucócitos fecais normais (quando solicitado) Protocolos de Manejo de FSSL Boston (1992) Philadelphia (1993) Rochester (1985) Idade em dias 28 a 89 29 a 56 0 a 60 Temperatura retal ≥ 38°C > 38°C ≥ 38°C < 20.000 < 15.000 5.000 a 15.000 Análise do líquor Sim Sim Não Antibiótico Sim Não Não Radiografia de tórax Não Sim Não % de Infecção bacteriana 5,4 0 1,1 94,6% 100% 98,9% Não estabelecida 100% 100% Leucograma (baixo risco) séria quando baixo risco Valor preditivo negativo Sensibilidade FONTE: Adaptado de Santos E; 2009. FSSL em recém - nascidos FSSL em RN Grupo de alto-risco 12 a 28% de todos os neonatos febris admitidos na emergência pediátrica possuem uma infecção bacteriana séria Streptococcus do grupo B, Escherichia coli e Listeria monocytogenes Alta virulência Baixa ingesta é importante causa de febre em recém- nascidos menores de 7 dias. Protocolo de FSSL em Recém-nascidos (0 a 28 dias) RN com temperatura ≥ 37,8ºC Critérios de Manroe Bioquímica e citologia Bacterioscopia Teste do látex Cultura do líquor 1. Internar 2. Solicitar exames 3. Realizar punção FATORES DE RISCO PARA lombar* BAIXA INGESTA Hemograma completo com diferencial Hemocultura EAS + teste do nitrito Urocultura Rx de tórax* PCR Glicemia capilar Eletrólitos Bolsa Rota ≥ < 7 dias de vida 12h Critérios menores Critérios maiores Febre ou Estratificar * Se forte suspeita deParto baixacesárea ingesta pode-se * Risco * A termo, sem fatores de risco infecção materna Leucócitos totais ≤ aguardar a realização desses exame s * Algum grau de desidratação Avaliar fatores de no intraparto para infecção 5.000 ou ≥ 25.000 risco para baixa * Algum grau de icterícia Critérios Clínicos Critérios Laboratoriais dias dealterações vida Corioamnionite >27ou mais * Hemograma normal ingesta nos critérios de materna * Dificuldades na amamentação * Hipernatremia Manroe: NT, NI, I/T Prematuridade * RN GIG * Perda de mais de 10% do peso Líquor com: Gemelaridade leucócitos ≥ 20 ou de nascimento Se todos os critérios 1. Iniciar ampicilina + proteínas ≥ 100 ou maiores + 1 critério menor gentamicina Ausência de critérios de risco para infecção glicose < 80% da 2. Curva térmica rigorosa glicemia 2. Vigilância 1.Curva térmica rigorosa 2. Suplementar leite materno 3. Auxílio do banco de leite Não houve melhora da febre em menos de 24 horas EAS com leucócitos ≥ 10 cels/cp ou teste do nitrito positivo Realizar punção e PCRlombar ≥ 5 mg/dL radiografia de tórax Protocolo de FSSL em Recém-nascidos (0 a 28 dias) RN com temperatura ≥ 37,8ºC 1. Internar 2. Solicitar exames 3. Realizar punção lombar* Estratificar Risco Critérios Clínicos Critérios Laboratoriais Presença de 1 ou mais de critérios de risco para infecção 1. Iniciar ampicilina + gentamicina 2. Curva térmica rigorosa 3. Vigilância FSSL em lactentes jovens (29 dias a 3 meses) FSSL em lactentes jovens Infecções bacterianas sérias estão presentes em cerca de 10 a 15 % destes pacientes. Os germes responsáveis por essas infecções incluem: Streptococcus do grupo B e Listeria monocytogenes (sepse neonatal tardia e meningite) Germes adquiridos na comunidade: Streptococcus pneumoniae ,Haemophilus influenzae tipo B, Neisseria meningiditis, Escherichia coli . Protocolo de FSSL em lactentes jovens (29 dias a 3 meses) Crianças com FSSL entre 29 dias e 3 meses com temperatura ≥ 37,8ºC Hemograma completo com diferencial Hemocultura EAS + teste do nitrito Leucócitos totais Urocultura entre 5.000 e 15.000 VHS Neutrófilos PCR totais ≤ 10.000 Rx de tórax, Neutrófilos se fatores de imaturos ≤ 1.500 risco para Índice I/T ≤ 0,2 doença EAS com respiratória* leucócitos ≤ 10 Teste do nitrito negativo Líquor com ≤ 10 leucócitos e bacterioscopia negativa VHS ≤ 30 mm/h PCR ≤ 5 mg/dL 1. Solicitar exames 2. Realizar punção lombar** • FR > 50 irpm Avaliar Risco • Crepitações, roncos, sibilos, estridor • Coriza nasal • Desconforto Critérios de Baixo Risco respiratório (BAN, Clínicos: previamente retrações subcostais, sadio, a termo, parto sem gemência) •complicações. SatO2 < 92% Bioquímica e citologia Bacterioscopia Teste do látex Cultura do líquor ** Exceto se houver alteração no EAS sugerindo ITU ou no Rx sugerindo pneumonia 1. Curva térmica Baixo Risco 3. Manter em observação 24 horas em regime hospitalar Laboratoriais Alteração em 1 ou mais critérios 2. Considerar dose de ceftriaxona (50mg/kg) IM 1. Internação 2. Iniciar ceftriaxona 100mg/kg EV ou IM 3. Vigilância FSSL em crianças de 3 a 36 meses FSSL em crianças de 3 a 36 meses Maioria das infecções bacterianas sem foco aparente Streptococcus pneumoniae (em crianças não imunizadas), Neisseria meningiditis e Salmonella spp. Vacina para HIB Redução de 96% de doenças invasivas por todos os sorotipos da bactéria Vacina anti-pneumocócica heptavalente (Pn7): Tem mostrado uma eficácia de 90% de doenças bacterianas invasivas A punção lombar não é indicada de rotina em todos pacientes, mas deve ser considerada em pacientes com sinais de alerta: irritabilidade, sonolência, letargia, toxemia. Protocolo de FSSL em crianças de 3 a 36 meses Crianças de 3 a 36 meses com FSSL Temperatura < 39°C Temperatura ≥ 39°C Solicitar: Hemograma completo Solicitar de tórax, se: 1. Não háRx necessidade de exames laboratoriais Sinais ou sintomas ou antibioticoterapia respiratórios. (hemograma completo é Leucócitos totais ≥ opcional). 20.000 se febre ≥ 39°C 2. Febre com duração > Orientações e VHS PCR Solicitar EAS + teste do nitrito e urocultura se: Rastrear infecções • Meninas ≤ 24 meses • Meninos ≤ 12 meses ocultas 3 dias sintomáticos. 3. Reavaliação se febre persistir por mais de 48 horas, surgirem novos sintomas ou houver piora do quadro. Pneumonia oculta ITU Bacteremia oculta Alteração sugestiva de pneumonia ITU 1. Realizar ceftriaxona 50 mg/kg IM em doseou única OU prescrever amoxicilina + clavulanato (50 mg/kg/dia de 8/8h até retorno). Tratamento direcionado 2. Reavaliação emcausa 24 - 48 horas. para 1. Solicitar hemocultura, se fatores de risco: • Leucócitos totais ≤ 5.000 ou ≥ 15.000 • Neutrófilos totais ≥ 10.000 • PCR ≥ 5 mg/dL Presença de fatores de risco, além da febre? NÃO SIM Não iniciar antibióticos. Reavaliação 3. Resgatar resultado final ou prévio2. das culturas no em 24 - 48 horas. retorno. Obrigada!!! “E eu vos repito ser a vida escuridão, exceto quando há um impulso. E todo impulso é cego, exceto quando há saber. E todo saber é vão, exceto quando há trabalho. E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor...” KHALIL GIBRAN