NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL E
ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO
(NEI/ECT)
Fabrício Oliveira Leitão
Instituto de Ensino Superior Cenecista - INESC
Email: [email protected]
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
CONTEÚDO:
A firma; Características das Transações; Características dos Agentes;
Eficiência e Organização; Utilizando o Conceito da NEI-ECT. Transformações
estruturais na agricultura e no perfil da demanda de alimentos. As novas
relações entre os agentes do agronegócio. O enfoque de agribusiness e a Nova
Economia Institucional. Organização dos Sistemas Agroindustriais sob a ótica
da Economia dos Custos de Transação. Introdução a Economia das
Organizações. Mercados e Contratos. Taxonomia dos Contratos. Contratos e
Direitos de Propriedade. Características das Transações. Características dos
Agentes. Eficiência e Organizações. Coordenação e Modos de Governança.
BIBLIOGRAFIA:
ZYLBERSZTAJN, D. "Economia das Organizações". In: Zylbersztajn, D. e Neves,
M.
F. (Orgs.). “Economia e Gestão dos Negócios Agroalimentares.” Ed.
Pioneira. Cap.
2, pp 23-38, 1ª edição. São Paulo. 2000.
ZYLBERSZTAJN, D. O Papel dos Contratos na Coordenação Agro-Industrial: Um Olhar
Além dos Mercados. Texto produzido para introdução do XLII Congresso da Sociedade
Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 2005.
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Insumos
Produtor
rural
I AA
"A agricultura passa por uma transformação silenciosa no campo
organizacional, que pode ser visualizada pelo relacionamento do
setor agrícola com fornecedores de insumos e canais de
distribuição. Deixou de ser uma agricultura onde as transações
ocorrem nos mercados para ser uma agricultura regida por
contratos. (Decio Zylbersztajn, 2003)
3
Ambiente Institucional
Cultura, Tradições, Educação, Costumes, Regras, Aparato Legal
Insumos
Fertilizantes
Medicamentos
Vacinas
Rações
Milho
Soja
Farelo
Premix
Distribuição
T1
T8
T7
T10
T2
Genética
Sêmen
Reprodutores
Embriões
Produtor
rural
T4
Frigorífico
Varejista
T5
T3
Curtume
Consumidor
T9
T6
Ind Calçados
Ambiente Organizacional
Informação, Associações, ETS, EMBRAPA, BB, EMATER, SAg,
Universidades
J. X. Medeiros
4
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 A FIRMA
O que é uma Firma?
Dentre os diversos elementos que são parte das
discussões acadêmicas e prática sobre firmas, dois são
fundamentais:
Quais as razões para a existência das firmas?
Qual a lógica de sua organização interna?
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 A FIRMA
Ronald Coase e Frank Knight dizem que a questão da
existência do lucro é o moto fundamental para a
emergência da firma, confirmando que a existência do
lucro só pode ser compreendida se distinguirmos os
fatores de risco e incerteza.
O risco pode ser mensurado e assim, introduzido nos
custos de produção. A incerteza não pode ser
mensurada.
Risco não pode ser fonte de lucro, mas evento incertos
podem dar margem a lucros ou perdas, pois não se
pode, racionalmente, antecipar tais eventos.
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 A FIRMA
SURGIMENTO DA NEI.
Foi o trabalho de Ronald Coase “A Natureza da Firma” que
inspirou os avanços que dão sustentação ao que se
convencionou chamar de Nova Economia Institucional
(NEI).
Coase chama a atenção para dois aspectos importantes,
entre outros:
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 A FIRMA
O primeiro critica a noção tradicional da economia
neoclássica de considerar a firma como uma função de
produção.
Muito mais do que uma relação mecânica entre um vetor de
insumos e um de produtos, associada a uma
determinada tecnologia, a firma é uma relação orgânica
entre agentes que se realiza através de contratos, sejam
eles explícitos, como os contratos de trabalho, ou
implícitos, como uma parceria informal.
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 A FIRMA
Coase não rompe com a tradição neoclássica, mas a
amplia, passando a considerar outros tipos de custos,
além dos de produção.
A Firma Coasiana é um conjunto de contratos coordenados
que levam à execução da função produtiva.
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 A FIRMA
O segundo aspecto que Coase avalia relaciona-se ao custo
do funcionamento dos mercados.
Em contraposição à análise neoclássica, que considera o
mecanismo de preços como alocador de recursos do
sistema econômico, ele levanta a hipótese de que o
mercado funciona, mas existem custos associados ao
seu funcionamento.
Tais custos estão associados à condução das transações.
Se o mecanismo de preços for considerado o único
alocador de recursos na economia, nada existe que
possamos melhorar a arquitetura das organizações.
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 A FIRMA
A partir do ponto desenvolvido por Coase – que os
mercados também têm custos associados aos seu
funcionamentos, surge a possibilidade para ampliar os
preceitos neoclássicos de minimização de custos, antes
associados apenas aos custos mensuráveis dos fatores
de produção, passando a incorporar os custos de
transação, definidos por Arrow como os custos de
mover o sistema econômico.
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Os custos de transação podem ser definidos como sendo aqueles
de:
a) elaboração e negociação dos contratos,
b) mensuração e fiscalização de direito de propriedade
c) garantia de implementação dos contratos.
“Todos eles dependentes fortemente da estrutura da informação”
Fonte: Zylbersztajn, 1995
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Mercados e Contratos
O enfoque dos custos de transação:
“O Sistema Agro-industrial (SAI) é concebido como um nexo de
contratos decorrentes do processo de minimização de custos
de produção/distribuição e de transação, ao longo de uma
cadeia produtiva. Assim, o Agribusiness pode ser tratado como
um sistema coordenado por uma complexa estrutura de
contratos entre agentes produtivos.”
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Mercados e Contratos
Mercado SPOT: Na economia, o mercado SPOT é caracterizado como um
tipo de mercado cujas transações se resolvem (completam) em um único
instante do tempo; Além de ser esporádico, o mercado SPOT de produtos
agroindustriais também apresenta uma alta dose de incerteza no que se refere
ao comportamento de preços;
Mercado de FUTUROS: Na economia, além do mercado SPOT, existem
mercados cujas transações têm como referência dois ou mais instantes no
tempo. Nesse caso, as partes acordam que alguns ou todos os elementos da
transação podem ocorrer no futuro; Comprador e vendedor podem detalhar
um contrato especificando a mercadoria, a data da entrega, o local, o meio de
transporte, meio de pagamento e qualquer outro elemento que ambas as
partes desejem incorporar ao contrato;
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Taxonomia dos Contratos: clássicos, neoclássicos, relacionais
•
Contratos Clássicos – referem-se a transações isoladas que não estão ligadas a
nenhum efeito intertemporal. São transações discretas por natureza, ou seja,
descontínuas, e caracterizadas pela “contemporaneidade”. Nesta modalidade, os
ajustes ocorrem apenas e unicamente via mercado. (mercado spot...)
•
Contratos Neoclássicos – originados a partir da constatação de que quando se
considera a atividade produtiva como um complexo de relações contratuais, tornase necessária a consideração dos aspectos de flexibilidade dos contratos. O contrato
neoclássico caracteriza-se pelo manifesto desejo de manutenção da relação
contratual, mesmo considerando as necessidades de ajustes. Uma característica
central do contrato neoclássico, é a manutenção do contrato original como a
referência para a negociação.
•
Contratos Relacionais – As características dos contratos relacionais estão ligadas à
sua flexibilidade e à possibilidade de renegociação. Diferem dos contratos
neoclássicos uma vez que o contrato original deixa de servir de base (exclusiva)
para a negociação, sendo considerado a cada negociação, todo o conjunto de fatores
para a reconstrução do contrato. (contratos informais). Em suma, troca-se o esforço
de desenhar um contrato completo, pelo esforço de manter um sistema negocial
continuado.
Cf. Zylbersztajn, 199515
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 A FIRMA
A firma moderna pode ser entendida como um conjunto de
contratos entre agentes especializados, que trocarão
informações e serviços entre si, de modo a produzir um
bem final.
Eles poderão estar dentro de uma hierarquia, que é o que
convencionalmente chamamos de firma, e, entretanto,
estar fora dela, relacionando-se extrafirma, mas agindo
motivados por estímulos que os levam a atuar
coordenadamente.
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Modo de Governança
Melhor
Comprar...
Alguém que
faça para
mim...
Melhor
Fazer...
M
H
Mercado
Contrato
Hierarquia
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 A FIRMA
As relações contratuais, estejam elas ocorrendo entre ou
dentro de firmas, carecem de algum tipo de
coordenação.
A visão da firma coasiana nos leva a indagar sobre a
formatação eficiente dos contratos, de tal modo que a
sua arquitetura reflita um arranjo que induza os agentes
a cooperarem visando a maximização do valor da
empresa.
Portanto, surge a necessidade de se compreender quais os
elementos associados à formatação dos contratos,
definição dos direitos de propriedade sobre os resíduos
e cláusulas de ruptura contratual.
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 A FIRMA
Os contratos são incompletos devido a cinco elementos:
•O contrato pode ser vago ou ter ambigüidade em palavras;
•Algumas das partes inadvertidamente falham em algum
aspecto;
•Os custos de produção e documentos superam os custos de
resolução de problemas futuros;
•Presença de informação assimétrica, ou seja, uma das partes
detém, mais informação que a outra.
•Preferência de uma das empresas em sair do relacionamento.
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 BOX 1: A Editora Virtual
Em 1993, o Programa de Agronegócios da Universidade de
São Paulo (PENSA) desejava publicar dois livros sobre
agribusiness. Foram realizadas três cotações com
editoras que operava no mercado e se considerou um
critério múltiplo para a definição de qual seria a melhor
escolha, levando-se em conta os custos de distribuição
e desenho das capas, entre outros fatores. A empresa
ganhadora do contrato chamava-se Editora Ortiz, cuja
arquitetura organizacional pode ser apresentada pela
Figura a seguir:
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 BOX 1: A Editora Virtual
CAPISTA
REVISOR
EDITORA
DISTRIB
UIDORA
GRÁFICA
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 BOX 1: A Editora Virtual
A Editora era formada pelo Sr. Ortiz e todos os serviços
necessários para a edição do livro eram contratados no
mercado em Porto Alegre. Assim que o empresário
assinou o contrato com o PENSA, ele passou a negociálos com os agentes especializados, com os quais
mantinha relações. Cada um dos agentes era
independente, podendo aceitar ou não os termos da
proposta. O empresário da editora pode ser visto como o
coordenador de contratos. Cada contrato merece um
tratamento diferente, a depender da existência de outros
ofertantes do serviço, da reputação deste e do ofertante
do serviço, entre outros fatores.
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 BOX 1: A Editora Virtual
Os livros foram editados a contento e no processo houve
pontos fortes e fracos a considerar. Se o PENSA tivesse
escolhido uma das outras editoras, as mesmas
operações técnicas seriam executadas, algumas mais e
outras menos eficientemente.
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 CARACTERÍSTICAS DAS TRANSAÇÕES
Transações são realizadas entre os agentes econômicos,
seja para trocar bens, seja para permutar serviços.
Ao realizarem trocas, os agentes engajam-se em
transações, as quais se distinguem por três
características básicas, que são categorizadas por
Williamson (1975) como:
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 CARACTERÍSTICAS DAS TRANSAÇÕES
1-FREQUÊNCIA:
Esta característica está associada ao número de vezes que
dois agentes realizam determinadas transações, que
podem ocorrer uma única vez, ou se repetir dentro de
uma periodicidade conhecida.
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 CARACTERÍSTICAS DAS TRANSAÇÕES
1-FREQUÊNCIA:
A reputação pode se visualizada como a perda potencial de
uma renda futura por uma das partes, caso esta venha a
romper o contrato de modo oportunístico, impedindo a
continuidade da transação.
Portanto, o desenho de salvaguardas contratuais e mesmo
a sua exigência serão afetadas por esta característica
das transações. Fica claro que a reputação é tangível,
podendo ser construída ou destruída, a partir da
memória dos agentes de mercado.
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 CARACTERÍSTICAS DAS TRANSAÇÕES
2-INCERTEZA:
Efeitos não-previsíveis, não-passíveis de terem uma função
de probabilidade conhecida a eles associada.
A incerteza pode levar ao rompimento contratual não
oportunístico e está associada ao surgimento de custos
transacionais irremediáveis, motivados por uma das
características comportamentais consideradas pela
teoria, que é a racionalidade limitada.
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 CARACTERÍSTICAS DAS TRANSAÇÕES
3-ESPECIFICIDADE DOS ATIVOS:
Esta característica das transações é definida por
Williamson como sendo a perda de valor dos ativos
envolvidos em determinada transação, no caso desta
não concretizar, ou do rompimento contratual.
Alta especificidade de ativos significa que uma ou ambas
as partes envolvidas na transação perderão caso esta
não se concretize, por não encontrarem uso alternativo
que mantenha o valor do ativo desenvolvido para
determinada transação.
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 CARACTERÍSTICAS DAS TRANSAÇÕES
3-ESPECIFICIDADE DOS ATIVOS:
Se apenas uma das partes envolvidas na transação tiver
feito investimentos em ativos específicos para aquela
transação, certamente haverá motivação para defenderse dos efeitos de eventual ruptura contratual pela outra
parte. Salvaguardas serão necessárias para dar suporte,
ou tornar viável aquela transação.
No caso das duas partes terem feito investimentos
específicos, então surge uma situação na qual ambas
terão incentivos para que o contrato continue
indefinidamente. Surge uma situação de dependência
bilateral, que irá afetar a arquitetura do contrato.
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Tipos de especificidade de ativos (Willianson, 1991):
a)
especificidade locacional - a localização próxima de firmas de uma mesma
cadeia produtiva economiza os custos de transporte e armazenagem e
significa retornos específicos a essas unidades produtivas;
b)
especificidade de ativos físicos;
c)
especificidades de ativos humanos, ou seja, toda a forma de capital
humano específico a uma determinada firma;
d)
ativos dedicados - relativos a um montante de investimento cujo retorno
depende da transação com um agente particular;
e)
especificidade de marca, que se refere ao capital - nem físico nem humano
- que se materializa na marca de uma empresa, sendo particularmente
relevante no mundo das franquias; e
f)
especificidade temporal, em que o valor de uma transação depende
sobretudo do tempo em que ela se processa, sendo especialmente
relevante no caso da negociação de produtos perecíveis.
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 BOX 2: Especificidade dos Ativos
A Lycafé produz café de alta qualidade para produção de
café do tipo expresso. Em estudo de caso realizado por
Zylbersztajn no PENSA, verificou-se que a manutenção
de atributos de qualidade significa um ativo de alta
especificidade, fazendo com que a empresa tenha
grande cuidado ao zelar pelo valor da sua marca.
Empresas que estabelecem padrões de qualidade
superiores passam a ter incentivos para monitorar muito
intensamente as transações que realizam, de preferência
mantendo-as sob estrito controle da empresa. A decisão
de franquear uma marca depende da capacidade de
desenvolver mecanismos superiores de monitoramento,
para evitar a perda de valor associada à alta
especificidade dos ativos.
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 BOX 2: Especificidade dos Ativos
Diz-se que um ativo é específico se ele perder valor
substancialmente no caso de uma ruptura do contrato
que dá suporte à transação. As marcas representam
ativos específicos e a sua gestão visa proteger o seu
valor.
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 CARACTERÍSTICA DOS AGENTES
 Pressupostos comportamentais

A Racionalidade Limitada é um pressuposto que está em consonância
com o comportamento otimizador, ou seja, o agente econômico deseja
otimizar, entretanto não consegue satisfazer tal desejo. Os atores
econômicos desejam ser racionais mas apenas conseguem sê-lo de
forma limitada. O conceito de racionalidade limitada leva à
compreensão da importância dos atributos ex-post, característicos das
relações contratuais.
“Racionalidade limitada refere-se ao comportamento que pretende ser
racional mas consegue sê-lo apenas de forma limitada. Resulta da condição
de competência cognitiva limitada de receber, estocar, recuperar e processar
informação. Todos os contratos complexos são inevitavelmente incompletos
devido à racionalidade limitada”.
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 CARACTERÍSTICA DOS AGENTES
 Pressupostos comportamentais

Oportunismo é um pressuposto comportamental, cujo conceito resulta
da ação dos indivíduos na busca do seu auto-interesse. Por outro lado
deve-se considerar que o auto-interesse pode ser buscado de maneira
não oportunística, desde que não seja com avidez. Oportunismo parte
de um jogo não cooperativo, onde a informação que um agente tem
sobre a realidade, não está acessível ao outro, permitindo ao primeiro
algum benefício do tipo monopolístico.
“Os contratos apresentam algumas características dinâmicas cujos
arranjos têm o efeito de redução dos custos de monitoramento de
ações oportunísticas, tais como: tradição, confiança, relações
familiares e ambientes sociais coercitivos.”
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 CARACTERÍSTICA DOS AGENTES
 Oportunismo ex-post:
Consiste no comportamento pós contratual no qual uma das
partes envolvidas na transação possui uma informação privada
e dela pode tirar proveito em prejuízo da outra parte. Constatase, portanto que a assimetria de informações coloca em
vantagem quem dispõe da informação mais precisa.
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 CARACTERÍSTICA DOS AGENTES
 Oportunismo ex-ante:
Repousa no comportamento pré-contratual que surge em um
mercado no qual existe produtos com diversos graus de
qualidade que não são facilmente identificáveis pelos
consumidores.
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 BOX 3: Quebras Contratuais
Alguns produtores de sementes, que cooperam com as
empresas sementeiras da área de hortaliças, embora
tenham contratos de entrega deste produto, não o fazem
quando os preços dos vegetais sobem no mercado local.
Eles preferem vender a produção, a entregar a semente
para a empresa, significando uma quebra de contrato
oportunística. Ao fazê-lo, o produtor é movido por uma
motivação de curto prazo, mesmo sabendo que não mais
será escolhido a fornecer para a empresa de sementes,
que revelará o comportamento oportunístico, não
renovando o contrato. A reputação do produtor foi
destruída pelo oportunismo. Ele preferiu trocar um fluxo
de rendas pelo aumento da renda a curto prazo.
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 Garantias Legais
A importância das instituições legais, para dar suporte ao
funcionamento da economia, fica ressaltado nesse
tópico. Ao existir um mecanismo punitivo instituído pela
lei ou sociedade, os agentes econômicos terão um
desestímulo para a quebra contratual oportunística.
Muitas vezes, o ambiente institucional formal é substituído
por sanções impostas pela sociedade de modo informal.
QUAL INSTITUIÇÃO QUE VIVE À MARGEM DA LEI E QUE
MESMO ASSIM É EXTREMAMENTE EFICIENTE?
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 BOX 4: O Jogo do Bicho
O jogo do bicho perdura no Brasil, a despeito da sua
legalidade. Muitos se perguntam sobre o funcionamento
de um sistema tão complexo, ilegal, mas que
desenvolveu a reputação de ser sério, sempre
cumprindo com os pagamentos dos prêmios.
Certamente, para uma análise completa do problema,
dois aspectos devem ser introduzidos. Por um lado, a
reputação da organização, que não pode ser rompida
pela fragilidade imposta pela ilegalidade.
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 BOX 4: O Jogo do Bicho
Assim, os “empresários” do jogo do bicho têm motivação
para cumprir os contratos, embora praticamente não
existam salvaguardas para os jogadores. Por outro,
existe uma forte coerção imposta pelos “empresários”
sobre os operadores nos diferentes níveis da
organização, coerção essa imposta não pelo sistema
legal, mas sim pela força.
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 Princípios Éticos
Existem organizações que assumem que podem conseguir
estabilidade dos seus contratos a partir do princípio
ético dos seus membros, ou seja, dos códigos de
conduta definidos pelo grupo.
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 BOX 5: Quebras contratuais nas cooperativas
agrícolas
As cooperativas agrícolas consideram que os seus princípios
doutrinários são a base da eficiência da empresa cooperativa.
A doutrina afirma que os membros de uma cooperativa agirão
de acordo com princípios estabelecidos pelo conjunto dos
membros da cooperativa, regidos por regras
internacionalmente aceitas. Certamente, os princípios da
cooperação não podem conviver com a possibilidade de ações
oportunistas. Mas elas existem e, no caso das empresas
cooperativas, são de difícil monitoramento.
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 BOX 5: Quebras contratuais nas cooperativas
agrícolas
Assim, embora não se possa generalizar, são comuns os
casos dos presidentes de cooperativas que agem
levianamente no exercício de um cargo que lhe confere
enorme poder. Como também são comuns os casos dos
membros de cooperativas que rompem o contrato implícito
com a cooperativa, para a entrega do seu produto para a
industrialização desta.
As cooperativas chamam o problema de infidelidade do
cooperado.
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 BOX 5: Quebras contratuais nas cooperativas
agrícolas
Tal contrato tácito motiva, muitas vezes, a cooperativa a
realizar investimentos em uma planta industrial,
contando com o produto do cooperado. Entretanto, este
pode ter incentivos de uma indústria concorrente, para
entregar o produto a um preço levemente maior. Esta
quebra contratual é de difícil monitoramento ou
antecipação. Algumas cooperativas buscam punir os
seus membros que assim agem, ameaçando-os com a
exclusão da sociedade, o que bem indica que os
aspectos de ética dos negócios são frágeis como meio
para estabelecer relações duradouras.
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 EFICIÊNCIA E ORGANIZAÇÕES
O princípio básico da teoria dos contratos, que abarca
tanto a teoria dos incentivos ótimos até a economia
dos custos de transação, é de que as organizações
serão formatadas buscando o alinhamento entre as
características das transações, as características dos
agentes, regidos por um ambiente institucional e
organizacional.
Ambiente Institucional
Cultura, Tradições, Educação, Costumes, Regras, Aparato Legal
Insumos
Fertilizantes
Medicamentos
Vacinas
Rações
Milho
Soja
Farelo
Premix
Distribuição
T1
T8
T7
T10
T2
Genética
Sêmen
Reprodutores
Embriões
Produtor
rural
T4
Frigorífico
Varejista
T5
T3
Curtume
Consumidor
T9
T6
Ind
Calçados
Ambiente Organizacional
Informação, Associações, ETS, EMBRAPA, BB, EMATER, SAg,
Universidades
46
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 EFICIÊNCIA E ORGANIZAÇÕES
Assim, Williamson propõe que a firma, vista como uma
estrutura de governança das transações, pode definir se
tratará determinado contrato a partir de uma pura
relação de mercado, se preferirá uma forma mista
contratual ou se definirá a necessidade de integração
vertical, a partir dos princípios de minimização dos custos
de produção, somados aos custos de transação.
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
Modo de Governança
Melhor
Comprar...
Alguém que
faça para
mim...
Melhor
Fazer...
M
H
Mercado
Contrato
Hierarquia
48
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
Matriz de Willianson:
DISCRETA
OCASIONAL
RECORRENTE
FREQUÊNCIA DAS TRANSAÇÕES
k =
NÍVEL DE ESPECIFICIDADE DOS ATIVOS
0
MERCADO
MERCADO
0<
k <

K

MERCADO
CONTRATO
OU CONTRATO
(encomenda)
MERCADO
CONTRATO
(encomenda)
MERCADO
CONTRATO OU
HIERÁRQUICO
OU CONTRATO
HIERÁRQUICO
OU CONTRATO
49
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
Baixa
Média
Alta
ESPECIFICIDADE DOS ATIVOS
Matriz de Willianson:
INCERTEZA
Baixa
Média
Alta
MERCADO
MERCADO
MERCADO
CONTRATO
CONTRATO OU
CONTRATO OU
INTEGRAÇÃO
INTEGRAÇÃO
VERTICAL
VERTICAL
CONTRATO OU
INTEGRAÇÃO
INTEGRAÇÃO
VERTICAL
CONTRATO
VERTICAL
50
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
Matriz de Loader(1996):
Pressupostos
Análise e Observações das Entrevistas
Objeto da Transação
Produto transacionado
Mercado
Freqüência
Baixa – Média
Incerteza
Baixa – Média
Especificidade do Ativo
Baixa – Média
Oportunismo
Baixo – Médio
Racionalidade Limitada
Baixa – Média
Despesas Administrativas
Baixa – Média
Despesas com Tecnologia da Informação
Baixa – Média
Contribuição Institucional
Baixa – Média
Arbitragem
Estrutura de Governança Esperada
Estrutura de Governança Atual
Hierarquia
– Alta
– Alta
– Alta
– Alto
– Alta
– Alta
– Alta
– Alta
A ser analisada (pública/privada)
Mercado-Contratual-Hierárquica
A ser analisada
Fonte: Loader (1996)
51
Exemplo de estudos do agribusiness - ECT
Pressupostos
comportamentais
Características
das transações
•Oportunismo
•Racionalidade limitada
•Freqüência da transação
•Especificidade dos ativos
•Incerteza da transação
•Estrutura da informação
T2
T1
Armazém
Insumos
Produção
Agropecuária
Estruturas de
domínio
Agroindústria
•Via Mercado
•Via Hierárquica
•Via Contrato
52
EUA: Participação da Produção via Contrato e Integração
Vertical (% do valor do Mercado)
100
FRANGOS
PERU
80
OVOS
60
VERDURAS E LEGUMES
FRESCOS
40
VERDURAS E LEGUMES
PROCESSADOS
20
SUÍNOS
GRÃOS
0
1960
1970
1980
1990
FONTE: MANCHESTER, ALDEN. “REARRANGING THE ECONOMIC LANDSCAPE” USDA/ERS, AER - 660, SEPTEMBER 1992 Elaboração: RC.W Consultores
53
EUA: Coordenação Grande Produtor-Frigorífico
O grande suinocultor está mudando radicalmente a forma de
comercialização, privilegiando os contratos e reduzindo as
vendas no mercado disponível
Método
1993
1998
Mercado Spot (%)
74
10
Contratos (%)
18
73
8
17
Joint Venture (%)
Fonte: Lawrence, J. D. Elaboração: RC.W Consultores
NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL
 Os contratos
Os contratos envolvem custos devido a assimetria de
informações, a racionalidade limitada, a complexidade e
a incerteza do ambiente, o oportunismo, a especificidade
de ativos e a frequência com que se dão as transações.
Esse conjunto de fatores torna os custos de transação
significativos tornando imperiosa sua análise e tentativa
de minimizá-los.
Essa foi a grande contribuição da NEI, enxergar outros
custos que não só os de produção.
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NEI-ECT