INSTITUTO EDUCACIONAL DE CARAPICUÍBA
SIMONE DE MORAES AQUINO SILVA
TDAH – TRANSTORNO DA DESORDEM DA ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE INFANTIL
PASSOS PARA A INCLUSÃO
CARAPICUÍBA
2006
1
INSTITUTO EDUCACIONAL DE CARAPICUÍBA
SIMONE DE MORAES AQUINO SILVA
TDAH – TRANSTORNO DA DESORDEM DA ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE INFANTIL
PASSOS PARA A INCLUSÃO
Monografia apresentada como exigência
do
curso
de
Pós-Graduação
para
obtenção do título de (Especialista em
Pedagogia), sob orientação da Professora
Orientadora Rute Lima Costa
CARAPICUÍBA
2006
2
SILVA, Simone de Moraes Aquino.
TDAH – Transtorno da Desordem da Atenção e Hiperatividade Infantil. Passos para
a inclusão, 2006.
........ páginas
Monografia exigida para conclusão do curso de Complementação Pedagógica do
Instituto Educacional de Carapicuíba.
Palavras-chave: Comportamento - Hiperatividade – Síndrome - TDAH
3
TDAH Transtorno da Desordem da Atenção e Hiperatividade
Infantil. Passos para a inclusão.
Simone de Moraes Aquino Silva
APROVADA EM ___-___-___
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
PROF.A RUTE LIMA COSTA
ORIENTADORA
_______________________________________
PROFESSOR (A)
_______________________________________
PROFESSOR (A)
4
AGRADECIMENTOS
A Deus e à família:
eternos educadores.
5
"Se o indivíduo é passivo intelectualmente,
não conseguirá ser livre moralmente"
Jean Piaget
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 6
CAPÍTULO 1 – HIPERATIVIDADE .............................................................. 7
1.1 Conceito ......................................................................................... 7
1.2 Hiperatividade “Verdadeira” – TDAH ........................................... 8
1.3 Hiperatividade Situacional ............................................................ 9
1.4 Hiperatividade Reacional .............................................................. 9
CAPÍTULO 2 – DÉFICIT DE ATENÇÃO .................................................... 10
2.1 Critérios Diagnósticos de TDAH ................................................ 11
2.2 Perfil e comportamento do portador de TDAH.......................... 15
2.2.1 Tipologia dos portadores ...................................................... 18
2.3 Relações de comorbidade .......................................................... 20
2.4 Tratamentos ................................................................................. 29
CAPÍTULO 3 – PASSOS PARA A INCLUSÃO ......................................... 35
CONCLUSÃO ............................................................................................. 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 41
7
INTRODUÇÃO
A Hiperatividade Infantil, considerada afecção neurológica comum a crianças
em idade escolar, é um dos problemas mais comuns da atualidade e torna-se tema
imprescindível a ser discutido por todos: pais, professores e demais profissionais
envolvidos com a criança portadora da síndrome e com a Educação.
A falta de precisão no diagnóstico e no tratamento justifica a necessidade de
estudos, pesquisas e publicações que proponham critérios de classificação do
comportamento hiperativo, em especial no tocante à inclusão de crianças acometidas
pela síndrome do TDAH – Transtorno da Desordem da Atenção e Hiperatividade.
A partir de revisão bibliográfica, esta pesquisa propõe-se a estudar o conceito
de hiperatividade, principalmente do ponto de vista psicológico e educacional, e como
ela é classificada, segundo fatores etiopatogênicos e condutas terapêuticas específicas
(pelo DSM-IV) e a importância de essa classificação ser somada às especificidades dos
pacientes.
Com este estudo pretende-se fornecer informações que capacitem ainda mais
os educadores e os pais de portadores da síndrome a diagnosticar e estabelecer
condutas terapêuticas adequadas a cada criança.
As leituras transitaram entre a psicologia moderna, a conscienciologia e o
acervo contemporâneo sobre as modalidades de inteligências (emocional e múltiplas).
Importante ressaltar que bons resultados e uma educação inclusiva podem
advir da competência de todos em administrar as diferenças e considerar as
peculiaridades (positivas e negativas) dos portadores de TDAH, com abordagem mais
agregadora e menos sectarista, diferenciada e personalizada.
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CAPÍTULO 1 - HIPERATIVIDADE
1.1 Conceito
A hiperatividade pode ser conceituada como atividade motora excessiva e
movimentação física extrema, aliada a hiperatividade verbal e ideativa, causada por um
distúrbio na atividade motora, que incapacita a pessoa de fixar a atenção na execução
de determinado objetivo.
Na prática apresenta-se como inquietação excessiva e desassossego
constante. A impulsividade também é observada no hiperativo, devido a uma provável
disfunção na neurotransmissão córtico-límbica, manifestada como inconsistência entre
o impulso para agir e a cognição sobre o impulso.
A Hiperatividade Infantil é conseqüência da Era da Aceleração da História, na
qual o indivíduo recebe um bombardeio de informações e novos estímulos. A
comunicação é extremamente ágil com o avanço tecnológico, o que estimula
exacerbadamente os sentidos.
Esse neoestado psicológico, segundo estudiosos, pode advir de uma existência
crítica, em que uma vida equivale a dez vidas humanas anteriores (VIEIRA, 2006: curso
sobre Parapsiquismo). Com toda essa hiperestimulação permanente e ininterrupta, as
gerações atuais estão mais aceleradas, mais inteligentes para o bem (e para o mal),
crianças mais bonitas, precocemente mais agressivas, erotizadas, mais depressivas,
mais desatentas, mais tudo. Assim, com essa explosão de emoções, intensificou-se
também o percentual de crianças hiperativas.
Para a Conscienciologia, especificamente a somática (que estuda o cérebro
humano, considerado o órgão mais nobre do corpo celular), são listados 15 distúrbios
da Psicopatologia (ou doenças mentais): acalculia, afasia, agnosia, alexia, amência,
apraxia, bradiartria, bradilalia, bradipragia, demência, discalculia, dislexia, fotofobia,
lalopatia e oxicefalia.
9
Vieira afirma que, devido a algum desses distúrbios:
Milhares de conscins sofrem com estas perturbações somáticas com efeitos
indiretos no holochacra e, por fim, na consciência em si. Um exemplo é o caso
da hiperatividade infantil onde entram, em certos casos, disfunções tais como a
discalculia, a dislalia, a dislexia e a dispraxia. (VIEIRA, 1997, pp.156-157)
Vale lembrar que todo ser humano, em alguma fase da vida, passa por período
de estresse que ocasiona certa impulsividade, desatenção e agitação psicomotora.
O importante é diferenciar se esse comportamento é conduta-padrão ou
exceção. A hiperatividade é considerada uma doença mental quando se torna padrão.
A fase mais crítica da síndrome é a infância. A maioria das queixas dos pais
ocorrem entre crianças de 7 a 9 anos, devido ao baixo rendimento escolar ou
comportamento agressivo. Alguns autores consideram normal, hiperatividdade e
impulsividade até os 7 anos.
O portador é incapaz de estabelecer prioridades, não consegue executar metas
simples do dia-a-dia, tem dificuldade em planejar a longo prazo e antecipar o futuro,
perde-se no imediatismo e coleciona tarefas inacabáveis e banais, arrisca-se facilmente
sem temer o perigo. Além de sentir dificuldade em lidar com as frustrações e com os
objetivos de longo prazo. Tanto que as reações emocionais são mais intensas e
freqüentes e transitam rapidamente de um extremo ao outro, manifesta como labilidade
de humor (instabilidade emocional).
Observa-se, ainda, incoordenação psicomotora, denominada dispraxia que lhe
impinge a fama de desajeitado ou desastrado.
Pode-se classificar a hiperatividade em três subgrupos, de acordo com a
etiopatogenia:
1.2 Hiperatividade “Verdadeira” – TDAH
Tendência genética à anormalidade biológica, quanto à ação das monoaminas
que regulam a transmissão do impulso nervoso, e um trauma perinatal pode
desencadear a síndrome.
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Neste caso a sintomatologia está presente desde o nascimento. Observa-se um
temperamento padrão hereditariamente adquirido:
intenso nível de atividade motora;
baixo nível de atenção/concentração;
reduzido nível de persistência;
irregularidade de hábitos;
baixo limiar sensorial;
labilidade de humor.
1.3 Hiperatividade Situacional
O comportamento hiperativo é desencadeado como reação a agentes
estressores biológicos como agente tóxico-alimentar ou mesmo uma determinada
patologia como o hipertireoidismo. Se a doença for tratada ou eliminada a ingestão da
substância desencadeante, o comportamento hiperativo tende a desaparecer.
1.4 Hiperatividade Reacional
Desencadeado por dificuldades interacionais ou adaptativo-relacionais, na
família e/ou na escola. Nesse caso há mais possibilidade de remissão do quadro, caso
os fatores desencadeantes, dificuldades emocionais e afetivas, sejam resolvidos.
No caso da hiperatividade “verdadeira”, o comportamento causa os distúrbios
de aprendizagem, já na hiperatividade reacional por problemas psico-afetivos pode ser
em decorrência dos distúrbios de aprendizagem.
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CAPÍTULO 2 – DÉFICIT DE ATENÇÃO
Atenção é a capacidade de focar e concentrar a mente em algum aspecto
interno ou externo a ela, bem como responder seletivamente a determinados estímulos.
Essa capacidade é composta pelas habilidades de:
Seletividade: ser capaz de selecionar prioritariamente determinado estímulo
ou fonte de informação. É função do Hemisfério Esquerdo, região parietal
com conexões temporais, frontais e límbicos-estriadas.
Concentração: ser capaz de manter ou sustentar a atenção, função do Lobo
Parietal Direito.
Limite: ser capaz de manejar número limitado de estímulos. Provavelmente é
atividade do Lobo Parietal Esquerdo.
Facilidade para alterar o foco: ser capaz de registrar novas informações,
cuja importância sobrepõe uma atual. Está mais relacionada com a
flexibilidade mental do que com o estado de alerta propriamente dito. É
responsabilidade do Lobo Frontal Direito.
Consideram-se transtornos de atenção circunstâncias voltadas a fatores
contrários a essas capacidades, quais sejam:
Baixa concentração: incapacidade de sustentar a atenção através do tempo.
Lesão Parietal Direita. Apresenta-se geralmente em delírios, demências e
psicoses.
Distraibilidade: tendência a se distrair constantemente por incapacidade de
concentração ou por problemas na seletividade. Comum em delírios e em
mania.
Lapso de atenção ampliado: nas intoxicações por alucinógenos.
Negligências: inobservância de metade do campo visual, quando há busca
ativa de um objeto. É comum na Síndrome de Balint.
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Perseveração: persistência em atividade inapropriada. Geralmente por
lesões frontais.
2.1 Critérios Diagnósticos de TDAH
A principal dificuldade diagnóstica é não conhecer exatamente o que é um
comportamento normal para cada uma das idades. Especialmente entre 2 e 4 anos, é
muito difícil diferenciar uma criança hiperativa de uma criança normalmente ativa.
Indica-se avaliação longitudinal, ou seja, acompanhamento da criança por
algum tempo para observar com mais precisão as manifestações.
É importante a abordagem interdisciplinar, que abranja observações de
psicólogo, pediatra, pedagogo, após várias sessões. Professores experientes, treinados
e orientados são mais eficientes e precisos no reconhecimento do distúrbio.
Para avaliação diagnóstica mais adequada, deve-se considerar o seguinte:
Anamnese Completa;
Avaliação Clínica Geral;
Exame Neurológico;
Avaliação Laboratorial e Complementar;
Avaliação Psicológica;
A Avaliação Psico-educacional.
A Associação Americana de Psiquiatria, em seu “Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV”, classifica o TDAH no subgrupo dos
distúrbios mentais originados na infância ou na adolescência. É considerada patologia,
uma vez que reúne conjunto de sinais e sintomas delineados, de difícil diagnóstico pela
imprecisão na análise entre a normalidade e a passagem para a síndrome.
Apesar do desconhecimento das possíveis causas, existem diversos fatores
intervenientes, que podem contribuir para o surgimento ou agravamento da
sintomatologia da hiperatividade.
Observam-se alterações bioquímicas, nos neurotransmissores, paralelamente à
hiperatividade, sem que se possa afirmar se são causa ou conseqüência; é necessário
considerar o conjunto de manifestações do hiperativo e os fatores desencadeantes.
13
Segundo Braga (1998, p.16), apenas de 10 a 20% das crianças hiperativas
podem ser consideradas doentes, na acepção médica do termo, com indicação para
tratamento à base de medicamentos. As demais seriam apenas portadoras de
comportamento hiperativo, devido a algum fator exógeno, de ordem psico-afetiva ou
psico-educacional, que podem ser tratadas com outros tipos de abordagens
terapêuticas, sem uso de psico-fármacos, cujos efeitos colaterais são, muitas vezes,
irreversíveis.
Há muitas discussões sobre os critérios e as definições determinadas pelo
DSM-IV (última versão, publicada em 2000) – ver quadro (p.11).
A característica essencial do Transtorno é o padrão persistente de desatenção
e/ou hiperatividade, mais freqüente e severo do que se pode observar em indivíduos
em nível equivalente de desenvolvimento (Critério A), que não sofram da síndrome.
Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam prejuízo são percebidos antes dos 7
anos, entretanto somente alguns anos após a presença desses sintomas é que o
diagnóstico é fechado (Critério B).
Algum prejuízo, devido aos sintomas, ocorre em pelo menos dois contextos (em
casa ou na escola) (Critério C). Deve haver evidências de interferência no
funcionamento social ou acadêmico (Critério D).
A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico (Critério E).
A desatenção pode manifestar-se em situações escolares ou sociais, quando
também são observados erros por falta de cuidados nos trabalhos escolares ou outras
tarefas (Critério A1a). Os indivíduos, com freqüência, têm dificuldade para manter a
atenção em tarefas ou atividades lúdicas e consideram difícil persistir em tarefas até
seu término; quando as realizam, fazem-no sem muito cuidado (Critério A1b). Eles
freqüentemente dão a impressão de estarem com a mente em outro local, ou de não
escutarem o que acabou de ser dito (Critério A1c).
Os diagnosticados com esse transtorno podem iniciar uma tarefa, passar para
outra, depois voltar a atenção para um terceiro tema, sem completar nenhuma. Não
atendem a solicitações ou instruções e desistem de completar tarefas escolares,
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domésticas ou outros deveres (Critério A1d). Esse fracasso, por assim dizer, só deve
ser considerado no diagnóstico, se for devido a desatenção.
Inclua-se a dificuldade em organizar tarefas e atividades (Critério A1e), em
especial aquelas que exigem esforço mental constante. Por serem muito adversas, são
evitadas e causam constrangimento e irritação (Critério A1f).
Alunos com essa síndrome são desorganizados, e com freqüência deixam
materiais espalhados, perdidos – com descuido ou danificados (Critério A1g).
Concentrar-se, para esses indivíduos, é atitude bem difícil por isso distraem-se
por estímulos irrelevantes e, habitualmente, interrompem o que fazem para dar atenção
a ruídos ou eventos triviais (Critério A1h). Esquecidos das atividades diárias, perdem
compromissos, esquecem materiais, lanches, agasalhos e afins (Critério A1i).
A hiperatividade pode manifestar-se por inquietação ou remexer-se na cadeira
(Critério A2a), por não permanecer sentado quando deveria (Critério A2b), por correr ou
subir excessivamente em coisas quando isso é inapropriado (Critério A2c), por
dificuldade em brincar ou ficar em silêncio em atividades de lazer (Critério A2d), por
freqüentemente parecer estar "a todo vapor" ou "cheio de gás" (Critério A2e) ou por
falar em excesso (Critério A2f).
A hiperatividade pode variar de acordo com a idade e nível de desenvolvimento
do indivíduo. Bebês e pré-escolares com esse transtorno diferem de crianças ativas, por
estarem constantemente irrequietos e envolvidos com tudo à volta; andam para lá e
para cá, movem-se "mais rápido que a sombra", sobem ou escalam móveis, correm
pela casa e têm dificuldades em participar de atividades em grupo, durante a pré-escola
como escutar histórias.
Já em idade escolar, exibem comportamentos similares, menos freqüentes ou
intensas. Não permanecem sentadas, levantam-se constantemente, remexem-se ou
sentam-se na beira da cadeira – prontas para levantar. São inquietas ao manusear
objetos, agitam e batem mãos, pernas e braços.
Dada essa agitação, manifestam impulsividade: impaciência, precipitação
(Critério A2g), dificuldade para aguardar a vez (Critério A2h) e interrupção ou intrusão
nos assuntos alheios, o que pode causar desconforto em situações sociais e escolares
(Critério A2i).
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A. Ou (1) ou (2)
(1) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos 6 meses,
em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Desatenção:
(a) freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em
atividades escolares, de trabalho ou outras.
(b) com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
(c) com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
(d) com freqüência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas
domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou
incapacidade de compreender instruções).
(e) com freqüência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
(f) com freqüência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).
(g) com freqüência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos,
tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais).
(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.
(i) com freqüência apresenta esquecimento em atividades diárias.
(2) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6
meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Hiperatividade:
(a) freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
(b) freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado
(c) freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado
(em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)
(d) com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades
de lazer
(e) está freqüentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor"
(f) freqüentemente fala em demasia
Impulsividade
(g) freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
(h) com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez
(i) freqüentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em
conversas ou brincadeiras)
B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo
estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na
escola [ou trabalho] e em casa).
D. Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social,
acadêmico ou ocupacional.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não são melhor explicados por
outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor, Transtorno de Ansiedade, Transtorno
Dissociativo ou algum Transtorno da Personalidade).
QUADRO 1. Critérios Diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
16
2.2 Perfil e comportamento do portador de TDAH
Na infância, pode ser difícil distinguir entre os sintomas de TDAH - Transtorno
de Déficit de Atenção/Hiperatividade e comportamentos apropriados à idade em
crianças ativas (correrias e barulho excessivo).
Os sintomas de desatenção são mais comuns entre crianças com baixo QI, em
contextos
escolares
em
desacordo
com
sua
capacidade
intelectual.
Esses
comportamentos devem ser diferenciados de sinais similares em crianças com TDAH.
Em crianças com Retardo Mental, um diagnóstico adicional de TDAH deve ser
feito apenas se os sintomas de desatenção ou hiperatividade forem excessivos para a
idade mental da criança. A desatenção em sala de aula pode também ocorrer, quando
crianças com alta inteligência estão em ambientes escolares pouco estimuladores.
Indivíduos com comportamento opositivo podem resistir ao trabalho ou tarefas
escolares que exigem autodedicação, em razão da relutância em conformar-se às
exigências dos outros. Esses sintomas devem ser diferenciados da evitação de tarefas
escolares vista em indivíduos com TDAH.
Os sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade relacionados ao
uso de medicamentos (broncodilatadores, isoniazida, acatisia por neurolépticos) em
crianças com menos de 7 anos de idade não são diagnosticados como TDAH, mas sim
como Transtorno Relacionado a Outras Substâncias, Sem Outra Especificação.
As características associadas variam, de acordo com a idade e do estágio
evolutivo e podem incluir baixa tolerância à frustração, acessos de raiva,
comportamento "mandão", teimosia, insistência excessiva e freqüente para que suas
solicitações sejam atendidas, instabilidade do humor, desmoralização, disforia, rejeição
por seus pares e baixa auto-estima.
As realizações acadêmicas em geral estão prejudicadas e insatisfatórias, o que
gera conflitos com família e autoridades escolares. A insuficiente dedicação às tarefas
que exigem esforço constante freqüentemente é interpretada como sinal de preguiça,
fraco senso de responsabilidade e comportamento de oposição.
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Os
relacionamentos
familiares
com
freqüência
se
caracterizam
por
ressentimento e hostilidade, especialmente porque a variabilidade no estado
sintomático do indivíduo muitas vezes leva os pais a crerem que todo o comportamento
perturbador é voluntário.
Os indivíduos com TDAH podem não atingir elevados graus de escolarização
nem realizações vocacionais. O desenvolvimento intelectual, avaliado por testes
individuais de QI, parece ser um pouco inferior em crianças com esse transtorno. Em
sua forma severa, o transtorno causa grandes prejuízos, afeta os ajustamentos social,
familiar e escolar.
Parcela substancial das crianças encaminhadas a clínicas por TDAH também
têm Transtorno Desafiador de Oposição ou Transtorno da Conduta. É possível que haja
prevalência de Transtornos do Humor, Transtornos de Ansiedade, Transtornos da
Aprendizagem e Transtornos da Comunicação em crianças com Transtorno de Déficit
de Atenção/Hiperatividade.
O transtorno não é infreqüente entre indivíduos com Transtorno de Tourette;
quando os dois transtornos coexistem, o início do TDAH freqüentemente precede o
início do Transtorno de Tourette. Pode coexistir história de abuso ou negligência,
múltiplas colocações em lares adotivos, exposição a neurotoxinas, infecções, exposição
a drogas in utero, baixo peso ao nascer e Retardo Mental.
Nenhum teste laboratorial foi estabelecido como diagnóstico na avaliação
clínica do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Os testes que exigem
processamento mental concentrado são anormais em grupos de indivíduos com TDAH,
em comparação com sujeitos-controle, mas ainda não está inteiramente claro qual
déficit cognitivo fundamental é responsável por isso.
Observa-se, ainda, que o portador freqüentemente erra nos testes, por não ter
paciência para ler a questão até o final, sai da sala de aula sem pedir permissão, não
sabe disfarçar constrangimento, comete gafes constantemente, fala o que pensa sem
medir as palavras, muda de humor instantaneamente frente a uma crítica adversa,
mesmo que infundada ou por brincadeira, e reage agressivamente, quando
interrompido durante uma conversa ou tarefa que lhe absorva a atenção.
18
Os principais sintomas impulsivos são:
dificuldade de pensar antes de agir;
necessidade de agir rapidamente que sobrepuja a reduzida capacidade de
autocontrole;
realização de infrações, não premeditadas, de regras ao invés de desafio
deliberado;
impaciência;
dificuldade de protelar respostas;
necessidade de responder precipitadamente;
dificuldade para aguardar a sua vez.
Há alterações fisiopatológicas relacionadas às reduzidas sensações de dor e
prazer, levando a instabilidade no humor.
A
agressividade
é
observada
nas
manifestações
predominantemente
reacionais, prevalecendo em meninos. Entre os distúrbios da fala, os mais importantes
são: retardo no aprendizado da fala, alterações articulatórias e no ritmo. Podem
também apresentar dificuldades no reconhecimento da imagem corporal e da
dominância lateral (somatognosia), e dentre os distúrbios de aprendizagem específicos
os mais comuns são: dislexia, disgrafia e discalculia.
A alteração da neurotransmissão nessas áreas produz as seguintes
conseqüências:
reduzida experiência de dor e prazer;
baixo nível de excitabilidade em diversas áreas do Sistema Nervoso Central;
suscetibilidade diminuída para condicionamentos operantes (reforço positivo
e negativo);
hiperatividade motora oriunda da alteração do sistema reticular ativador
ascendente, o qual é responsável pelo controle do ritmo sono/vigília.
Assim, justifica-se a incapacidade de obedecer a regras, o comportamento
agitado, impulsivo e desatento, pois a criança procura vivenciar as experiências diárias
com mais intensidade e profundidade, para produzir o efeito estimulador.
19
Isso leva ao uso de drogas psico-estimulantes, visto que se sobrepõe a
incapacidade de reagir ao condicionamento positivo ou negativo, devido a hipoatividade.
A criança hiperativa repete algo proibido inúmeras vezes por incapacidade de
pensar antes de agir, castigos e ameaças não surtem efeito. Algumas são pouco
reativas aos estímulos ambientais, denominadas de hipo-reativas e melhoram com a
administração de psico-estimulantes.
É o caso clássico de hiperatividade, quanto mais entrópico o ambiente, mais se
sente estimulado; ao contrário, crianças hiper-reativas reagem intensamente aos
estímulos ambientais, não suportando ficar em locais muito agitados e com muitas
pessoas, piorando o quadro com a medicação psico-estimulante.
O portador de TDAH costuma falar alto demais sem perceber, corre o risco de
irritar as pessoas, principalmente quando criança. A “taquilalia” é válvula de escape de
tensões, inquietudes, ansiedades ou frustrações.
A psicoterapia é indicada para o tratamento da síndrome, pois o portador sentese aliviado quando tem oportunidade de desabafar, especialmente em momentos de
tomada de decisões sérias.
A Psiquiatria investiga os sintomas de hiperatividade-impulsividade ou
desatenção que causem comprometimento escolar, familiar ou profissional; e,
principalmente, se já ocorriam antes dos 7 anos de idade; se houve (ou não) algum
comprometimento clínico, em contexto escolar ou familiar; além de estudar possíveis
comorbidades.
2.2.1 Tipologia dos portadores
Há dois tipos básicos de pessoas com distúrbio atencional: TDA (introvertido) e
o TDAH (extrovertido). Ambos excessivamente distraídos. A diferença está em que o
TDA não é hiperativo, é silencioso, calmo, fala pouco, ou seja, é hipoativo.
Normalmente os sintomas são reconhecidos apenas pelas pessoas que convivem mais
intimamente com ele. É desligado e vive imerso no mundo interno, alienado do mundo
por horas seguidas.
20
O hiperativo é mais extrovertido, barulhento, agitado e fala alto sem perceber.
Distrai-se com estímulos internos e externos ao mesmo tempo. Tem dificuldade para
dormir e para acordar. Pode ranger os dentes, enquanto dorme (bruxismo), é agitado
até para dormir. Os pais, acusados de incompetentes ou negligentes, sofrem pressão
de familiares, escola e vizinhos.
Na Psiquiatria convencional, apresenta-se uma divisão de três modelos básicos
de portadores de TDAH:
VITAMINADO: caso clássico, mais comum em meninos, talvez por ser
mais evidente; nele predominam sintomas relacionados com atenção e
hiperatividade durante 6 meses consecutivos.
ALUADO: predominantemente desatento. Caso menos comum, mais sutil,
relacionado
a
meninas,
talvez
pelo
condicionamento
cultural.
A
desatenção predomina mais que a hiperatividade. Assim, pode ter até
hipoatividade em que age mais lentamente que o normal. Os sintomas de
desatenção ou distraimento acentuado prevalecem sobre os sintomas
referentes à hiperatividade durante 6 meses consecutivos pelo menos.
FOMINHA: predominantemente portador de TDAH. Caso raro, em que os
sintomas da hiperatividade são predominantes, durante 6 meses pelo
menos. È mais comum em crianças com traços de superdotação
intelectual. Nesses casos, não apresentam distúrbios de aprendizagem.
Suspeita-se que seja essa a forma “menos negativa” de hiperatividade
infantil. O problema instaura-se na auto-organização quanto ao tempo.
Perde-se com prioridades tolas ou menos importantes, segundo ela
mesma. É do tipo: “deixa que eu faço”. Logo, vive em estado de
ansiedade, por estar assoberbada de trabalho, pois não sabe delegar
tarefas.
21
2.3 Relações de Comorbidade
A comorbidade relata uma doença que acompanhe outra. A hiperatividade
infantil pode ser confundida com outros quadros clínicos como: ansiedade, transtorno
do humor, autismo brando, doença crônica, distúrbio de conduta, depressão, problemas
oftalmológicos, epilepsia, síndrome de la Tourette, estresse, hipertireoidismo, enurese,
retardamento mental e drogadicção.
Há muitos casos de TDAH coexistem com ansiedades e fobias, problemas de
aprendizagem, problemas fonoaudiológicos, desordem psicomotora, e problemas no
sono.
Aproximadamente 60% das crianças com Síndrome de la Tourette, apresentam
também o Transtorno da Desordem da Atenção e Hiperatividade Infantil. Os sintomas
são: tiques motores e vocais, ecolalia e coprolalia (mania de falar palavrões), distúrbio
de aprendizagem e hiperatividade psicomotora.
O tratamento deve ser iniciado por volta dos quatro anos de idade, porém a
maioria dos casos é diagnosticado tardiamente.
Em alguns casos, a hiperatividade é conseqüência apenas da falta de manejo
dos responsáveis na educação clara de respeito aos limites sociais.
Pode também ser aprendido, como um traço de valor da mesologia.
A hiperatividade não causa problemas de aprendizagem, no entanto, quando
não tratada adequadamente na infância e adolescência podem resultar em problemas
como a dislexia: dificuldade para a leitura pela troca de letras, p por b, 9 por 6, entre
outros. Quanto antes se iniciar o tratamento da dislexia, ou de qualquer outro de
distúrbio de aprendizagem, melhor o resultado e atenuação das seqüelas na adultidade.
Erros de grafia são bastante comuns, o que leva a pessoa a ser considerada
pejorativamente como semi-alfabetizada, preguiçosa, e – na verdade – é disléxica. No
caso dos poliglotas, há mais problemas, pois costumam misturar as grafias dos idiomas.
Os textos dos hiperativos costumam não ter vírgulas, com muita incidência de erros
(letras e números trocados). Há também reduzida eficiência no reconhecimento de
certos sons (Distúrbios na Condução Auditiva).
22
É comum também a falta de orientação geográfica, perdem-se com facilidade
no trânsito e até em corredores de empresas. Ao sair de determinado local tendem a
pegar o caminho contrário do que deveria.
Além disso, o hiperativo é propenso ao Transtorno do Humor como a
ansiedade, depressão, ciclotimia, pânico; predisposto a alergias alimentares e infecções
de ouvido (otites).
A toxicomania e o alcoolismo são associados à hiperatividade e outros diversos
tipos de dependência.
Dificilmente apenas um fator isolado poderá causar o Transtorno da Desordem
da Atenção e Hiperatividade infantil. A causa é multifatorial, ou seja, vários fatores em
sincronia.
Segundo os pesquisadores o cérebro se desenvolve dos 7 meses de gestação
até os 16 anos de idade. Por imaturidade do processo neuroquímico, o TDAH pode ser
causado por algum atraso no desenvolvimento cerebral, devido a certos traumas no
período fetal até a infância, por meio de tensão ou privações nutricionais e emocionais.
Quanto mais avançado o aspecto cognitivo, menos força emotiva sobre o
autocontrole atencional. De acordo com a neuropsicologia, quanto mais intelectual,
mais chances há de superar a hiperatividade infantil, já que um cérebro crítico tende a
diminuir o impulso do cerebelo que age automaticamente. (RAZERA, 2001, p.52)
Atenção
Distúrbio de
Conduta
TDAH
Depressão
emoção
emoção
Superdotação
intelectual
QUADRO 2. Vetores do TDAH
Fonte: (RAZERA, 2001, p.52)
23
Farré-Riba e Narbona (2001) elaboraram uma escala para avaliar os níveis de
TDAH. Está claro que esse é mais um instrumento de auxílio ao tratamento; não pode
ser considerada ferramenta estanque, descontextualizada. O profissional deve somar a
esse conhecimento todo o contexto do possível portador.
Escala para Avaliação do Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
nada
muito
suficiente
muito
0
1
2
3
Tem excessiva inquietude motora.
0 1 2 3
Tem dificuldade de aprendizagem na escola.
0 1 2 3
Incomoda freqüentemente outras crianças.
0 1 2 3
Distrai-se facilmente, mostrando atenção escassa.
0 1 2 3
Exige satisfação imediata de seus desejos.
0 1 2 3
Tem dificuldade em atividades cooperativas.
0 1 2 3
Costuma estar nas nuvens, absorto.
0 1 2 3
Deixa por terminar as tarefas que iniciou.
0 1 2 3
Não é bem aceito pelo grupo.
0 1 2 3
Nega seus erros e joga a culpa nos outros.
0 1 2 3
Freqüentemente grita em situações inadequadas.
0 1 2 3
Responde com facilidade. É mal-educado e arrogante.
0 1 2 3
Mexe-se constantemente, intranqüilo.
0 1 2 3
Discute e briga por qualquer coisa.
0 1 2 3
Tem explosões advindas de uma instabilidade no temperamento.
0 1 2 3
Falta noção de limite e de “jogo limpo”.
0 1 2 3
É impulsivo e irritável.
0 1 2 3
Relaciona-se mal com a maioria de seus colegas.
0 1 2 3
Seus esforços são facilmente frustrados, é inconstante.
0 1 2 3
Não aceita as indicações do professor.
0 1 2 3
QUADRO 3. Escala para avaliação do TDAH. Farré-Riba & Nardona, 2001.
O TDAH, em geral, tem seu comportamento polarizado em 4 pontos:
Atenção Deficitária (cognição, base da auto-organização)
Distúrbio de Conduta (emoção, agressividade)
Depressão (emoção, auto-agressão)
Superdotação (cognição, potencial de mutação)
24
Reitere-se que o cerne deste estudo, além de conhecer o fenômeno desse
distúrbio, pretende-se buscar formas positivas de inserir os alunos no contexto escolar,
sem considerar seus portadores como incapazes ou infortúnios, o que veremos no
último capítulo.
Para entender mais cada comportamento, esclareça-se:
Atenção Deficitária
Os pilares do processo de aprendizagem são a atenção e a memória, as quais
agem sincronicamente. A atenção é fundamental no enriquecimento ou higidez
intelectual, principal fator da auto-organização, por influenciar sistemicamente todos os
demais atributos cognitivos, em especial a memória.
A atenção, de acordo com a neuropsicologia britânica, é um atributo intelectual,
integrador de outros atributos cognitivos, não sendo um atributo isolado. Por
isso, é um processo fisiológico complexo, diretamente ligado à memória que,
por sua vez é ligada à emoção. (RAZERA, 2001, p.55)
Na era do conhecimento, privilegia-se a polivalência intelectual autodidática e a
educação permanente, e a falta de atenção torna-se cada vez mais excludente.
O indivíduo com déficit nesse aspecto foi por muito tempo denominado
desatento. Atualmente trata-se de observar o comportamento atencional ou processo
atencional que pode (ou não) estar deficiente.
Paradoxalmente, ser atento em uma tarefa significa ser desatento para
estímulos internos (como os pensamentos) e os do ambiente.
A dificuldade da pessoa com atenção saltuária é que ela não consegue focar a
atenção e absorver as informações pela concentração, em um único estímulo por pelo
menos 20 minutos ininterruptos. A ansiedade é mais forte, principalmente se a pessoa
estiver desmotivada.
Quando a pessoa aprende a coordenar a hiperatividade, de acordo com suas
prioridades, desenvolve hiper-capacidade de trabalho, de atividade. O principal desafio
passa a ser não deixar tarefas incompletas.
Uma pessoa hiperativa apresenta dinamismo frenético e funcional, é eficaz para
abrir caminhos, é eficiente em desenvolver projetos.
25
Atualmente, não é muito adequada a especialização em uma só tarefa, a
diversidade é uma necessidade da era da tecnologia e da comunicação global. Assim,
aprender a dividir a atenção pode ser um primeiro passo de reeducação atencional.
Distúrbio de conduta
É muito mais grave que a hiperatividade por sempre prejudicar os
relacionamentos interpessoais, devido ao desrespeito a normas socialmente aceitas.
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, é caracterizado por
violação dos direitos alheios, como: furtos, precocidade sexual, brigas, desobediência,
vandalismo, irresponsabilidade, delinqüência, destruição do patrimônio, agressão a
pessoas e animais.
Depressão
A diferença da depressão clássica para a depressão hiperativa refere-se à
afetividade e à cognição. A origem da depressão clássica é o humor, que torna a
afetividade ou emoção melancólica.
A depressão para os portadores de TDAH tem fator preponderante de ordem
cognitiva com base nos pensamentos distorcidos sobre a auto-imagem.
O ideal é descobrir meios profiláticos contra o desequilíbrio de humor, no caso a
Psicoterapia Comportamental e Cognitiva.
Superdotação
A hiperatividade pode expressar algo positivo como a superdotação intelectual.
Afinal, crianças superdotadas:
“têm altos níveis de energia, que não apenas lhes permitem concentrar-se
intensamente quando são desafiadas, mas também podem levar à
hiperatividade, quando são insuficientemente estimuladas (WINNER, 1998,
p.30)
26
A superdotação pode ser parcial (quando a criança demonstra domínio de área
específica) ou global (além de conhecimentos acadêmicos precoces, a criança
demonstra habilidades em liderança, comunicação e criação).
Diferentemente da hiperativa, a criança superdotada efetiva as tarefas com
margem mínima de erros, executa as atividades com mais paciência e organização.
Devido à impulsividade, e por não se limitar às normas, o portador é mais
ousado, consegue liberar o potencial criativo, faz analogias curiosas, perguntas
“embaraçosas” a respeito de tudo o que vê e ouve.
Demonstra facilidade em articular diversos assuntos ao mesmo tempo, ou seja,
apresenta taquipsiquismo. Destaca-se pelo planejamento. Imprime ritmo ao grupo, toma
decisões, avança, dinamiza e cataliza as atenções.
Para poder distinguir os comportamentos e adequar, não apenas os
tratamentos, mas especialmente a inclusão pedagógica – destino deste estudo – cabe
ao educador observar as distinções entre os comportamentos associados:
TDAH
Superdotados
1.baixa sustentação da atenção, em 1.baixa atenção, quando ociosa; ou
muitas situações
desligada em situações específicas
2.baixa persistência em tarefas que não 2.baixa tolerância em persistir em tarefas
oferecem resultados imediatos
que lhe pareçam insignificantes
3.Impulsividade e atitudes impensadas
3.Julgamento impulsivo antes sem
reflexão
4.Resistente a comandos que regulem ou 4.Dificuldade com figuras de poder ou de
inibam o comportamento
autoridade
5.Mais ativo que outras crianças
5.Alto nível de atividade, com poucas
horas de sono
6.Dificuldade para aderir a regras e 6.Questiona regras, costumes e tradições
normas
QUADRO 4. Contraste baseado em BARKLEY (1990) e WEBB (1993), IN: Razera, 2001, p.75
Existem três grandes grupos de possíveis causas:
Genética: quando já outros casos de hiperatividade na família por parte de
pais, alcoolismo parental, depressão, parentes próximos.
27
Gestação: traumas ou acidentes, na fase de maior e mais rápido
crescimento do sistema nervoso central – dos 7 meses de gravidez até
os dois anos. Esses acidentes são: tabagismo ativo e passivo,
desnutrição, medicação, estresse emocional, tombo ou queda da mãe,
sustos, tensões, risco de eclampsia, mães com hipertensão arterial,
gestação prematura, gravidez de risco, parto difícil, primogenia.
Ambas: predisposição genética e traumas pré-natais, ou mesmo acidentes
após o nascimento.
A principal suspeita é a hereditariedade e, nos casos sem evidências
hereditárias, há agravantes mesológicos e baixa qualidade de vida orgânica,
psicológica ou intelectual. Durante a gestação e a infância, a pessoa está
cerebralmente mais vulnerável às entropias.
No quadro, estão listadas algumas causas mais incidentes:
Verminoses
Os vermes podem causar: ansiedade, agitação, dificuldade de
concentração e preguiça
Tabagismo
Consumo de cigarro, durante a gravidez, aumenta os riscos da
hiperatividade infantil.
Trauma Cerebral Mesmo sem evidência anatômica ou física, suspeita-se que os
Sutil
neurotransmissores apresentem falha em produção, captação e
emissão de neuro-informações.
Nutrição
A nutrição hipervitaminada e enriquecida com hormônios de
Desbalanceada
crescimento requer mais gasto de energia, o que pode ser
confundido com o TDAH.
Intoxicação por Intoxicação por metais pesados pode gerar hiperatividade
Metais Pesados
psicomotora.
Patologias
Algumas doenças também podem desencadear comportamento
hiperativo.
Psicossomáticos Problemas psico-afetivos geram inquietação nas crianças.
QUADRO 5. Possíveis comorbidades
28
Cada situação pode ser assim esclarecida:
Verminoses
Dados do Instituto Pinel (Rio de Janeiro, 2000) indicam que 74% das crianças
atendidas por parasitose crônica, ficaram mais calmas, após tratamento.
Tabagismo
As crianças, cujas mães são fumantes, sofrem de déficit de atenção e demoram
alguns anos para atingir a curva normal de crescimento. Quando bebês, são
extremamente ansiosos, devido à síndrome de abstinência da nicotina, ingerida
passivamente durante os nove meses de gestação. Ao aproximar o cigarro, o
bebê se acalma com o cheiro, o que confirma a tese de que a falta do tabaco
provoca sono intranqüilo, agitação das mãos e pernas, choro ensurdecedor e
outros comportamentos hiperativos.
Os portadores de TDAH, segundo pesquisas, fumam mais, devido ao efeito
“calmante da nicotina”, semelhante da cocaína e da Ritalina (medicação mais
usada no tratamento de TDAH). Até mesmo a cafeína, produz esse efeito.
Trauma Cerebral Sutil
Lesões nos lobos frontais do cérebro podem prejudicar seriamente a
capacidade de organizar o comportamento, no espaço e no tempo, e de
planejar novas abordagens para resolver problemas. (GARDNER, 1998, p.69)
Há casos ainda mais graves de tumores cerebrais, em que os sintomas da
hiperatividade aparecem em algum momento. Neste caso, o neurologista pode
indicar cirurgia.
Nutrição Desbalanceada
As refeições industrializadas são potencializadas por vitaminas, minerais e
outros complementos alimentares, nos biscoitos, laticínios, massa, sorvetes e
doces
29
Diferentemente
da
hiperatividade
propriamente
dita,
o
comportamento
hiperativo aparece em determinados contextos da vida da criança, sem
justificativa. A reação hipercinética provocada por agentes tóxicos alimentares
como: corantes artificiais, aditivos químicos, conservantes alimentares, resíduos
de agrotóxicos, alguns tipos de molhos, cereais empacotados, embutidos,
açúcar refinado e salicilato de sódio.
Intoxicação por Metais Pesados
Segundo Póvoa (médico brasileiro, precursor da medicina ortomolecular), a
hiperatividade psicomotora pode ser gerada devido a intoxicação por metais
pesados:
- chumbo (encontrado nas tintas de parede);
- mercúrio (presentes nas tinturas de cabelos);
- alumínio.
Patologias
Algumas doenças também podem desencadear comportamento hiperativo, tais
como:
Malformações Congênitas;
Lesões Cerebrais em geral;
Traumatismo Craniano;
AVC (acidente vascular cerebral);
Esclerose múltipla (perda do tecido glial)
Encefalites (infecções virais);
Hipertireoidismo;
Apnéia do sono;
Enterobíase;
Neurofibromatose Fenilcetonúria;
Intoxicação por chumbo (Plumbismo);
Deficiência Vitamínica;
Vazamento de Radiações;
30
Exposição a Campos Eletromagnéticos;
Crises Convulsivas (Ausência).
Problemas Psico-afetivos
Os problemas psico-afetivos geram inquietação nas crianças. Os pais
inseguros, com excesso de permissividade e indulgência, concedem aos filhos
um poder que não podem assumir, porque ainda estão imaturos. Os fatores
ansiogênicos na infância são:
separação dos pais;
manejo da ansiedade da separação;
desavenças familiares que terminam em violência;
utilização de Deus, da culpa e do pecado como instrumentos de
manipulação e coação para atingir determinado comportamento da
criança;
família muito numerosa;
estimulação inadequada.
Problemas Psico-educacionais
O comportamento da criança é resultado da interação complexa entre:
Ambiente (físico, psíquico e escolar);
Educação (pais, escola, professores);
Temperamento da criança (estrutura do ser)
A
interação
entre
estes
fatores
resulta
no
comportamento
(conduta
conseqüentemente, no nível de aprendizado da criança.
Na interação com o meio, o hiperativo pode se submeter, retrair-se e tornar-se
introvertido, ou confrontar comportamento opositivo e ansioso.
Falta de Limites
Incapacidade dos pais em colocar limites aos filhos. Como conseqüência de
atuações educacionais, emocionalmente insatisfatórias, podem se relacionar:
31
ignonar os sentimentos da criança;
ser demasiadamente conivente com todo o tipo de expressão dos
sentimentos da criança ( birra, manha, agressividade, choro excessivo );
repreender e reprimir a expressão da emoção.
Pais hiper-autoritários têm dificuldades de aceitar seu filho como ele é,
idealizam um modelo de comportamento conforme suas conveniências.
Projetam nos filhos suas frustrações e ideais reprimidos. Os filhos, por sua vez,
podem se rebelar.
Pais hiper-indulgentes, que concedem todos os desejos da criança, por culpa,
por vontade de proporcionar aos filhos o que não tiveram na infância, ou
mesmo pela necessidade de protegê-los das ameaças externas. Em alguns
casos, a super-indulgência tem a ver com o “querer livrar-se dos filhos” para
não serem incomodados.
O comportamento hiperativo, manifesto pela falta de limites, pode ser
interpretado como “pedido de socorro”. A falta de limites gera angústia e
incerteza, produz comportamento inadequado e, conseqüentemente, gera mais
angústia, culpa, revolta, sensação de impotência e até agressividade.
2.4 Tratamentos
Segundo especialistas, ligados à medicina ocidental e à psicologia não há cura
para o Transtorno da Desordem da Atenção e Hiperatividade Infantil - TDAH, mas há
tratamento dos sintomas.
De acordo com pesquisas, o tratamento com medicamento isolado e o
conjugado com a psicoterapia apresentaram o mesmo resultado. A psicoterapia isolada
não é eficiente para combater os sintomas primários, como: atenção, impulsividade e
hiperatividade. Por outro lado, é eficaz para os sintomas secundários, como: baixa auto-
32
estima, agressividade excessiva, ruminação de idéias, dificuldade para mudar de bloco
atencional, baixa atenção aos detalhes, entre outros.
O tratamento alopático é indicado para a primeira etapa do tratamento da
TDAH. Os psicólogos são muito cautelosos quanto ao uso de psicotrópicos e
neurolépticos, pois não há muita clareza de seus efeitos no cérebro da criança, a longo
prazo.
Os tratamentos mais convencionais são: psicoterapia individual e familiar,
tratamento psiquiátrico com base na medicação. Os tratamentos alternativos são:
homeopatia, medicina chinesa ou acupuntura, medicina naturalista, dentre outras.
O objetivo da terapia é investigar as variáveis estimuladoras ao reforço de
comportamentos mais adequados, apropriados, e positivos à criança e ao meio onde
está inserida. É importante verificar se a hiperatividade é situacional ou mesmo um
padrão comportamental.
Depois de entrevista estruturada, principalmente em casos de agressividade
acentuada e utilização prolongada do uso de drogas ilícitas, é aconselhável um exame
com médico psiquiatra para verificar se há alguma comorbidade.
O mais importante é que todos os profissionais permaneçam alerta, quanto à
utilização massificada da medicação em crianças normais, que apresentam
comportamento hiperativo, seja por desmotivação em sala de aula ou falta de limites no
lar, e são erroneamente estigmatizadas como doentes mentais e desajustadas.
Há contra-indicação inclusive de algumas psicoterapias que, como os remédios,
apresentam efeito colateral, como no caso da Terapia do Grito Primal, que acaba por
diminuir a tolerância aos sentimentos de frustração.
A linha humanista não tem tanto apelo na mídia, porque exalta a saúde e a
responsabilidade pelas escolhas, e tira a pessoa da confortável posição de vítima da
sociedade.
A Psicoterapia Comportamental e Cognitiva destaca-se no tratamento do
TDAH, pela interação participativa e objetiva entre o psicoterapeuta e o paciente, com
ênfase na aprendizagem estratégica de comportamentos mais adequados.
Não há julgamento de valor moral, nem o pensamento certo ou errado. Buscase o ideal, de acordo com os valores objetivos do paciente no seu contexto.
33
Dessa forma, o portador de TDAH não se sente cobrado por razões externas, e
sim por auto-motivação.
A psicoterapia busca a conscientização, utiliza a visão operacional da ação e
reação do comportamento no meio em que vive e dos efeitos dele sobre o
comportamento. Além disso, indica-se o apoio mutidisciplinar e é aqui que se centra
este estudo. De que maneira a escola e os educadores tornam-se parceiros no
tratamento e tornam-no mais efetivo e positivo para todos: estudante, familiares e os
contextos (escolar e social).
Em relação aos sintomas primários, cabe ainda o tratamento homeopático,
bastante efetivo ao reduzir a impulsividade, a desatenção e a hiperatividade da criança.
Esse tratamento holístico (integral) relaciona-se também à conscienciologia,
mencionada anteriormente. É tratamento natural, sem drogas, portanto sem efeitos
colaterais. Tem o aspecto extremamente positivo de tratar o indivíduo como único e
busca o equilíbrio – o que inclui físico, mental e emocional.
Para pais, familiares e professores cabe ressaltar que o conhecimento acalma
as tensões naturais. Mesmo com a ajuda profissional, o conhecimento mais profundo
sobre a síndrome, por parte de todos é a melhor indicação.
Assim é que esta pesquisa propõe a inclusão do portador, desde que o grupo
de profissionais do ambiente escolar esteja preparado para acolher e incluir o aluno. Tal
processo será o tema do próximo capítulo.
34
CAPÍTULO 3 – PASSOS PARA A INCLUSÃO
Inicia-se este capítulo pela interpretação do termo inteligência – tida
comumente como a capacidade que o ser tem de aprender e reter conhecimentos. Até
fins do século passado, testes determinavam o quantum de inteligência o indivíduo
possuía e, a partir disso, poderia ser (ou não) considerado um gênio.
Gardner (1995) já discutia o conceito e criticava o modo ocidental de “mensurar”
a inteligência. Relata o autor que: “parte do brilho associado ao honorífico termo
inteligente refletia-se no indivíduo obediente, ou bem-comportado, ou quieto, ou
adaptável(...)” (1995, p. 183) – o que excluiria integralmente o aluno portador de TDAH,
de acordo com o que se observou nos capítulos anteriores desta pesquisa.
Primordial o conceito defendido pelo autor de que inteligência não é uma
entidade que possa ser avaliada de modo padrão, haja vista as peculiaridades dos
seres. Tais características, segundo Gardner (1995), já compõe o ser desde a
gestação; afinal, o feto insere-se no útero de alguém com personalidade, hábitos,
estilos e práticas culturais em determinado contexto. Afirma o autor: “A inteligência, ou
inteligências, são sempre uma interação entre as inclinações biológicas e as
oportunidades de aprendizagem que existem numa cultura” (1995, p. 189).
Para a aplicação do processo inclusivo, aqui refletido, necessário destacar
ainda que as competências individuais representam somente um aspecto da
inteligência; somam-se a elas as estruturas e as instituições sociais, com as quais a
criança entra em contato.
Essas estruturas devem ser capazes de – mais do que incluir – motivar o
indivíduo para a construção do saber, que não se restringe somente ao ambiente
acadêmico.
35
É Gardner (apud Campbel et al., 2000, p.21) que define inteligência como:
A capacidade para resolver problemas encontrados na vida real.
A capacidade para gerar novos problemas a serem resolvidos.
A capacidade para fazer algo ou oferecer um serviço que é valorizado em
sua própria cultura.
Assim é que educadores e pais devem estar aptos a reconhecer na criança
(portadora ou não de TDAH) as várias inteligências que ela é capaz de apresentar; sem
limitar somente aos programas educacionais que privilegiam as inteligências lingüísticas
e matemáticas.
Lingüística
Desenvolve a capacidade de pensar por meio de palavras e de usar a
linguagem para expressar e avaliar significados; seja em textos simples ou complexos:
fala, escrita (ensaios, poemas, peças, narrativas, líricas, línguas estrangeiras, jornais, email, palestras, conversas).
Lógico-matemática
Os conteúdos, bastante tradicionais, referem-se aos cálculos, quantidades e
proporções. Levam à percepção da razão, remete aos raciocínios lógicos (dedutivo e
indutivo). Assim, o indivíduo é mais capaz de analisar e compreender fatos, dados,
listas, seqüências.
Espacial
Instiga a capacidade para pensar de maneiras tridimensionais. Permite
perceber imagens, gráficos, desenhos, mapas, esboços, quadros, figuras, orientação
espacial, rabiscos, imaginação, visualização, sonhos, pesadelos, filmes e vídeos.
Assim, possibilidade a decodificação e a produção de informações gráficas.
Cinestésico/Corporal
Capacita a manipulação de objetos, sintonizada a outras habilidades físicas.
Unidas às habilidades cognitivas, possibilita atividades artísticas, esportivas, por
exemplo.
36
Musical
Intrinsecamente ligada à sensibilidade, a habilidade com ritmo, batida, melodia
e tons, representa a inteligência musical.
Interpessoal
Habilidade que possibilita ao indivíduo conviver, compreender os outros, com os
quais interage efetivamente. É a inteligência da socialização.
Intrapessoal
Capacidade de autoconhecimento e de autocrítica. Baseada na reflexão, essa
inteligência leva o indivíduo a profissões mais introspectivas.
Naturalista
Inteligência que possibilita a observação do meio, a partir da relação dos
sistemas naturais, bem como a compreensão de sistemas desenvolvidos pelo homem.
Com base nos conhecimentos dos capítulos iniciais, os professores podem
distinguir entre estudantes portadores de TDAH e os não portadores; além disso, ao
entenderem as oito inteligências, podem interagir melhor com seus alunos e transformar
o processo ensino-aprendizagem em pedagogia inclusiva sempre, conforme o quadro a
seguir:
37
Inteligência
Os estudantes gostam de
Os professores podem
∙Contar piadas, adivinhações
∙Ler escrever ou contar estórias
∙Usar um vocabulário extenso
∙Fazer jogos de palavras
∙Criar poemas e estória com sons e
palavras imaginárias
Criar projeto de leitura e escrita
Ajudar os alunos a prepararem
palestras
Interessar os alunos em debates
Fazer jogos com palavras, palavras
cruzadas, quebra-cabeças e pesquisa
de palavras
Encorajar a fazer trocadilhos,
brincadeiras com palavras
Lógicomatemática
∙Trabalhar com números, elaborar e
analisar situações
∙Descobrir como as coisas funcionam
∙Fazer perguntas
∙Demonstrar precisão na solução de
problemas
∙Trabalhar com soluções contraditórias.
Construir diagramas
Usar jogos de estratégia
Fazer com que os alunos demonstrem
entendimento com objetos concretos
Registrar informação em gráficos
Estabelecer linha de tempo e
desenhar mapas.
Espacial
∙Rabiscar, pintar, desenhar ou criar
representações tridimensionais
∙Olhar mapas
∙Trabalhar com quebra-cabeças e
completar frases
∙Fazer quebra-cabeças
Desenhar mapas
Conduzir atividades de visualização
Proporcionar oportunidade p/ mostrar
entendimento através do desenho e
pintura
Deixar os estudantes desenhar
vestuário, edifícios, áreas recreativas e
cenários
CinestésicoCorporal
∙Praticar esporte e é fisicamente ativo
∙Usar linguagem corporal
∙Fazer projetos mecânicos
∙Dançar, atuar ou fazer mímica
Providenciar atividade de movimentos
Oferecer oportunidades de representar
Envolvê-los em atividades físicas
Permitir-lhes se movimentarem,
enquanto trabalham
Usar costura, modelagem e outras
atividades que utilizam movimentos
motores finos
Musical
∙Escutar e tocar música
∙Comparar sentimentos a música e
ritmo
∙Cantar e produzir sons com a boca
fechada
∙ Lembrar de trabalhar com diferentes
formas musicais
∙Criar e reaplicar tons
Reescrever cantigas líricas para
ensinar um conceito
Encorajar os estudantes a
acrescentar música às brincadeiras
Ensinar através da música do período
Proporcionar aos estudantes
aprenderem música e danças
folclóricas de outros países.
Lingüística
38
Inteligência
Os estudantes gostam de
Os professores podem
.Ter muitos amigos
.Conduzir e partilhar
.Construir consensos e empatia
.Participar de equipes
Usar aprendizagem cooperativa
Atribuir projetos ao grupo
Dar aos estudantes oportunidades de
ensinar
Usar “Brainstorming” para soluções de
problemas
Criar situações em que troquem” feedbacks”
Intrapessoal
.Controlar sentimentos e
temperamentos próprios
. Perseguir interesses pessoais
. Aprender ao escutar e observar
. Usar habilidades transcendentais
Permitir que os alunos trabalhem no
próprio tempo
Atribuir projetos individuais, autodirigidos
Ajudar os alunos a estabelecer os
objetivos
Fornecer oportunidades para
receberem “feed-back” uns dos outros
Envolvê-los na escrita ou noutras
formas de reflexão.
Naturalista
∙ Passar tempo ao ar livre
∙ Observar plantas, colecionar pedras e
tentar pegar animais
∙ Escutar os sons criados no mundo
natural
∙ Nota relações na natureza
∙ Categorizar e classificar a flora e
fauna.
Dar aula ao ar livre
Na sala de aula ter animais e plantas
sob a responsabilidade dos alunos
Conduzir experiências naturais e
experiências científicas
Criar área natural no espaço de
recreio.
Interpessoal
QUADRO 6. AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS, disponível em:
http://iaracaju.infonet.com.br/users/fviana/didatico/2-FSL-AS8INTELIG-Conceitos.htm
39
CONCLUSÃO
Deve-se atentar para a necessária investigação minuciosa das crianças que
apresentam comportamento hiperativo, objetivando um diagnóstico diferencial.
A terapêutica mais indicada associa a Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
à medicação conforme orientação médica, porém deve-se procurar preterir os
psicotrópicos, preferir alternativas que minimizem os efeitos colaterais, como a
homeopatia, uma vez que a medicalização da Hiperatividade Infantil é entendida como
forma de controle social.
A melhor intervenção, contudo, é incentivar, na criança, o desenvolvimento de
seus potenciais inatos, permitir-lhe que busque mais autonomia, independência e autosuficiência. Assim, é possível propiciar a vivência plena da diversidade com interação
efetiva.
Acima de tudo, familiares e educadores devem manter a transparência nas
relações afetivas, com coerência na expressão verbal e emocional. Algo que se
conquista com muito diálogo e interação.
Pedagogicamente, a arteterapia passa a ser tratamento complementar, indicada
com especificidade, com foco na tipologia e nas características de cada portador.
Orientar a criança, antecipadamente sobre as possibilidades e conseqüências
de seus atos e comportamento, tende a reduzir a sensação de insegurança e a
ansiedade. Aliás, esse mesmo efeito deve ser obtido entre pais e familiares, de modo
que – seguros e menos ansiosos – todas as atitudes convergirão para o benefício do
tratamento.
O resultado do processo deve ser o bem estar da criança, em todos os
contextos, de modo que ele se sinta inclusa, na família, na escola, na sociedade. E
possa, a seu tempo, contribuir com o crescimento próprio e do seu entorno.
Espera-se que este estudo, ainda incipiente, contribua com os primeiros passos
para a realização de uma educação inclusiva, que respeite o indivíduo pelo próprio
conceito do termo – aquele que não se divide, que é único e, assim, dever ser
entendido em todas as circusntâncias.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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pesquisas da Medicina e Psicologia da Consciência. Curitiba: Livraria e Editora
Universalista Ltda, 1995.
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na
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Editora
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1998.
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