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Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775
PREVALÊNCIA DE DISLPIDEMIAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES:
REVISÃO SISTEMÁTICA
DISLPIDEMIAS PREVALENCE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS: A
SYSTEMATIC REVIEW
SILVA, Fernanda Nogueira 1; SOUZA, Maria Cristina Corrêa de Souza1
Resumo
O objetivo do presente estudo foi verificar a prevalência de dislipidemias em crianças e adolescentes. Foi
realizada uma revisão sistemática de literatura a partir da base de dados Bireme e artigos da base de dados
Scientific Electronic Libray Online (SciELO) e U.S National Library of Medicine and the National Institutes
Health (Pubmed). Foram incluídas publicações de 2000 a 2013 com o uso dos descritores padronizados:
dyslipidemias, adolesc$, LDL cholesterol, HDL cholesterol, triglycerides. Foram localizados 1350 estudos e
após a seleção pelos critérios de inclusão definidos 30 artigos. A prevalência de colesterol total alterado variou
de 3,3 a 73,4%; a de LDL-c de 4,7 a 40,5%; de HDL-c de 5,7 a 86% e a de triglicerídeos 3,3 a 52%. Os dados
evidenciam que a dislipidemia está presente numa parcela importante da população de crianças e adolescentes,
seja na alteração de apenas um ou mais fatores. Os estudos sobre dislipidemias neste grupo devem ser difundidos
pois podem prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
PALAVRAS CHAVE: Dislipidemias, Crianças e Adolescentes, LDL colesterol, HDL colesterol, Triglicérides.
Abstract
The aim of this study was to determine the prevalence of dyslipidemia in children and adolescents. A systematic
review of literature from the base of data and articles Bireme database Libray Scientific Electronic Online
(SciELO) and U.S. National Library of Medicine and the National Institutes Health (PubMed) was performed.
Publications from 2000 to 2013 with the use of standardized descriptors were included: dyslipidemias, adolesc$,
LDL cholesterol, HDL cholesterol, triglycerides. 1350 articles were found after selection and inclusion criteria
defined by 30 items. The prevalence of total cholesterol changed varied from 3.3 to 73.4%; the LDL-C from 4.7
to 40.5%; HDL-C from 5.7 to 86% and triglycerides 3.3 to 52%. The data show that dyslipidemia is present in a
significant proportion of the population of children and adolescents, is the change of only one or more factors.
Studies on dyslipidemia in this group shall be disseminated as they may prevent the development of
cardiovascular diseases.
Key words: Dyslipidemias, Adolescents, LDL cholesterol, HDL cholesterol, Triglycerides.
1
Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências da Saúde, Dourados, Mato Grosso do Sul,
Brasil. [email protected]; [email protected]
SILVA, Fernanda Nogueira; SOUZA, Maria Cristina Corrêa de Souza
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Introdução
A principal causa de morte no Brasil
e em países desenvolvidos é a doença
cardiovascular. Destaca-se a aterosclerose,
uma doença inflamatória crônica, que se
inicia com um longo período assintomático
(KERBER et al., 2010). A literatura
evidencia que seu desencadeamento pode
ocorrer na infância (PEREIRA et al., 2010).
A aterosclerose se desenvolve com a
formação de estrias gordurosas a partir dos 3
anos de idade e na adolescência passa a
atingir as coronárias, progredindo, então,
para as fases subsequentes (CARVALHO et
al., 2007).
Os fatores de risco para as doenças
cardiovasculares têm aumentado em
crianças e adolescentes, sendo os principais
as dislipidemias, hipertensão arterial e
obesidade, aliados a maus hábitos
alimentares e sedentarismo (SCHERR et al.,
2007; PEREIRA et al., 2010). Uma das
estratégias mais importantes para o
tratamento das doenças cardiovasculares é a
prevenção com a verificação em idade
precoce da prevalência de fatores de risco
(BECK et al., 2011).
A dislipidemia é a concentração
anormal de lipídeos ou lipoproteínas, e pode
ser determinada por fatores ambientais ou
genéticos (FRANCA; ALVES, 2006). Para
a avaliação laboratorial do perfil lipídico,
devem ser medidas as concentrações séricas
de colesterol total (CT), colesterol da
lipoproteína de alta densidade (HDL-c),
colesterol da lipoproteína de baixa
densidade (LDL-c) e triglicerídeos (TG)
(KERBER et al., 2010).
Segundo a IV Diretriz Brasileira
sobre dislipidemia e aterosclerose a
dislipidemia (Sociedade Brasileira de
Cardiologia, 2007) apresenta quatro tipos
definidos:
o
HDL-c
baixo;
hispercolesterolemia isolada; hipertrigliceridemia isolada; e a hiperlipidemia mista
(aumento dos valores de CT e TG).
Evidências epidemiológicas obtidas
através de pesquisas nos últimos 40 anos
têm demonstrado que a hipercolesterolemia,
caracterizada pelo aumento de LDL-c, é a
causadora direta de doença aórtica e deve
ser o principal alvo de intervenção segundo
as diretrizes do Programa Nacional de
Educação sobre o colesterol (NCEP)
(RIBAS; SILVA, 2009).
Estudos vêm demonstrando a relação
entre o excesso de peso e a obesidade
abdominal com o perfil lipídico. A
dislipidemia normalmente é secundária à
obesidade infantil, havendo uma relação
positiva entre elas (PEREIRA et al., 2010).
Cerca de 40 a 55% de crianças com níveis
anormais de lipídeos o manterão durante a
vida adulta (HATAMI et al., 2012).
Atualmente, a prevalência de
dislipidemias entre crianças e adolescentes
em todo o mundo tem avançado, sendo
encontrada variação de 2,9 a 33% com o
aumento proporcional à idade (PEREIRA et
al., 2010).
De acordo com a I Diretriz Brasileira
de Prevenção da Aterosclerose na Infância e
na Adolescência (Sociedade Brasileira de
Cardiologia, 2005), a análise do perfil
lipídico deve ser realizada em crianças que
tenham pais ou avós com história de
aterosclerose com idade inferior a 55 anos,
tenham pais com colesterol total > 240
mg/dL, apresentem outros fatores de risco
como a hipertensão arterial, obesidade,
tabagismo ou dieta rica em gorduras
saturadas e/ou ácidos graxos trans, utilizem
drogas ou sejam portadores de doenças que
cursam com a dislipidemia (deficiência de
hormônio do crescimento, diabetes melito,
hipotireoidismo, entre outras) e possuam
manifestações clínicas de dislipidemia.
O aumento dos níveis de colesterol
total, triglicerídeos e/ou de ambos pode estar
relacionado com anormalidades genéticas no
mecanismo de lipoproteínas, porém o
principal fator para o aumento do colesterol
é a ingestão alimentar caracterizada pelo
excesso de ácidos graxos saturados,
colesterol e energia total (FERNANDES et
al., 2011).
O colesterol contido na alimentação
possui menor efeito hipercolesterolêmico do
que as gorduras saturadas, que são
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consideradas aterogênicas, já que causam
um grande aumento do colesterol plasmático
e do LDL-c. Os ácidos graxos trans são
responsáveis pelo aumento do colesterol
total, da fração LDL-c e diminuição do
HDL-c
(Sociedade
Brasileira
de
Cardiologia, 2005).
Crianças e adolescentes apresentam
diferenças em relação à frequência de
dislipidemia, e isso ocorre por vários fatores
entre eles história familiar de doença
cardiovascular
prematura,
influência
genética, variação biológica, fatores
ambientais, hábitos alimentares da família e
condição socioeconômica (ROMALDINI et
al., 2004).
A prevalência de dislipidemia na
infância e adolescência tem apresentado
incremento e pode ser precursora das
doenças cardiovasculares que provocam
muitas mortes em todo o mundo, sendo
assim faz-se necessária uma revisão sobre o
tema. O presente estudo objetivou
sistematizar as evidências científicas
disponíveis sobre a prevalência de
dislipidemias em crianças e adolescentes.
Material e Métodos
Foi realizada uma revisão sistemática
de literatura a partir da base de dados
Bireme que levou aos artigos da base de
dados Scientific Electronic Libray Online
(SciELO) e U.S National Library of
Medicine and the National Institutes Health
(Pubmed). Foram definidos os seguintes
descritores pelo DeCS: dyslipidemias,
adolesc, LDL cholesterol, HDL cholesterol,
triglycerides.
Os critérios de inclusão utilizados
foram: artigo original publicado a menos de
10 anos; realizado em humanos; idade dos
participantes de 2 a 19 anos; presença de
algum dos exames: colesterol total,
triglicerídeos, LDL-c e HDL-c; publicado
no idioma português, inglês ou espanhol.
A seleção dos artigos foi feita em 3
etapas, sendo a primeira a leitura dos títulos
dos artigos encontrados, quando foram
retirados aqueles que, sem dúvida, não
estavam adequados aos critérios de inclusão.
Após esse momento foi realizada a revisão
dos artigos selecionados para retirar os
artigos repetidos e; na última etapa todos os
artigos foram lidos para verificar os que
estavam inclusos.
Resultados e Discussão
Com a pesquisa foram encontrados
1350 artigos e selecionados 65 artigos pelo
título, destes apenas 40 não eram repetidos.
Após a leitura de todos foram selecionados
30 artigos que atendiam aos critérios de
inclusão.
Quanto ao tipo de estudo, dos 30
artigos encontrados 20 eram transversais,
cinco estudos descritivos, um observacional,
um retrospectivo e três não especificavam
no artigo. Os estudos variaram de 1 mês a
11 anos de pesquisa, sendo que em alguns,
também, não foi citado o tempo de coleta de
dados.
Para o critério de referência de
dislipidemias
foram
encontrados
5
diferentes pontos de corte, sendo estes: a) I,
III e IV Diretriz Brasileira Sobre
Dislipidemias (DBSD); b) a Academia
Americana de Pediatría y el Programa
Nacional de Educación en Colesterol de los
Estados Unidos de América (EUA) e o
Programa Nacional de Educação em
Colesterol (NCEP) norte americano; c) I
Diretriz Brasileira
de
Prevenção da
Aterosclerose
na
Infância e
na
Adolescência (I DPAIA); d) Instituto
Nacional de Nutrición y Fundacredesa; f)
NHANES e foram encontrados, ainda,
estudos em que não foi citada a referência
utilizada.
Os valores referenciais de colesterol
total variaram de ≥ 150 a ≥ 200 mg/dL;
LDL-c ≥ 100 a > 130 mg/dL; HDL-c ≤ 30 a
≤ 45 mg/dL; LDL-c ≥ 100 a > 130mg/dL;
triglicerídeos ≥ 130 a ≥ 150 mg/dL.
As referências foram agrupadas em
uma tabela com o nome do autor, país,
população de estudo, faixa etária, tipo de
estudo/duração, referência de dislipidemia e
principais resultados na Tabela 1(em anexo).
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Prevalência de colesterol total aumentado
O colesterol total foi avaliado na
maioria dos estudos (24) e a prevalência de
hipercolesterolemia variou de 3,3 a 73,4%.
Gontijo et al. (2010), encontraram os
maiores valores de colesterol total alterado
(≥ 150 mg/dL) sendo estes presentes em
73,4% dos adolescentes de um total de 199
de 10 a 19 anos atendidos no Programa à
Saúde do Adolescente da Universidade
Federal de Viçosa. Esse lipídeo foi o que
apresentou maior alteração dentre todos os
avaliados (HDL-c, LDL-c e triglicerídeos),
sendo encontrados valores superiores entre
adolescentes com excesso de peso.
A menor prevalência encontrada
(3,3%) foi no estudo de Carvalho et al.
(2007). O estudo foi realizado em Campina
Grande, PB com 180 adolescentes de 14 a
17 anos de escola privada e pública.
Estes resultados distintos em regiões
do Brasil podem ser devidos ao local onde
foi realizado o estudo. Gontijo et al. (2010)
coletaram os dados em um Programa à
Saúde do Adolescente da Universidade
Federal de Viçosa diferente de Carvalho et
al. (2007) e Scherr et al. (2007) que
avaliaram estudantes nas escolas, ou seja
indivíduos sadios que não estavam a procura
de tratamento especifico.
No
estudo
realizado
com
adolescentes no Rio de Janeiro foi
encontrado o colesterol total maior que 190
mg/dL em 23% dos alunos de escolas
privadas e apenas em 4% dos alunos de
escolas públicas/filantrópicas. Esta diferença
ocorreu devido a fatores relacionados aos
hábitos alimentares e à atividade física. Os
estudantes das escolas públicas tinham
como única ou principal refeição a merenda
escolar, que normalmente conta com a
supervisão
de
um
nutricionista,
diferentemente do que ocorre com os
estudantes das escolas particulares que se
alimentam em cantinas terceirizadas que
possuem menores cuidados com a qualidade
da alimentação. Quanto à atividade física,
foi observado que os alunos das escolas
privadas se exercitavam regularmente, mas
com menor intensidade e duração que os de
escolas públicas (SCHERR et al., 2007).
Prevalência de LDL-c elevado
A prevalência de LDL-c elevado foi
apresentada em 21 dos 30 artigos
selecionados e variou de 4,7 a 40,5%.
A prevalência encontrada no estudo
de Pereira et al. (2009) foi a maior, estando
presente em 40,5% das 494 crianças de
ambos os sexos com idade entre 2 a 19 anos
na cidade de Itapetininga, SP. As crianças
obesas apresentaram maior chance de
possuírem colesterol total, LDL-c e
triglicerídeos
elevados,
porém
não
aumentou a chance de apresentarem níveis
baixos de HDL-c. As prevalências em
eutróficos e obesos de colesterol total, LDL
e triglicerídeos foram, respectivamente, 47,8
e 74,6%; 36,8 e 55,6%; 4,7 e 27%. Os níveis
de HDL-c mantiveram-se estáveis nos dois
grupos,
sendo
6,0
versus
7,9%,
respectivamente.
A menor prevalência de LDL-c
elevado foi encontrada na América do Norte
e na Ásia. O estudo de Leblanc e Jansen
(2010) realizado em Kingston, Ontário no
Canadá foi o que apresentou a menor
prevalência de LDL-c elevado, sendo
encontrado em 2% dos meninos e 3,8% das
meninas. Este foi realizado em 1235
participantes (659 meninos e 576 meninas)
com idades de 12 a 19 anos. O outro foi
realizado na Coréia, onde Yang et al. (2012)
obtiveram a prevalência de LDL-c elevado
em apenas 4,7%, sendo mais frequente nas
meninas do que nos meninos (5,5 e 4,1%
respectivamente). Este estudo possui a
maior amostra (2363 indivíduos, 1245
meninos e 1118 meninas) que tinham entre
10 a 18 anos. A diferença entre os sexos,
possivelmente seja devido aos hormônios da
puberdade, sendo que as meninas
apresentaram maior prevalência de LDL-c
elevado em relação aos meninos.
No Brasil, o estudo que apresentou a
menor prevalência de níveis elevados de
LDL-c (5,7%) foi o de Ribas e Silva (2012),
realizado na cidade de Belém, PA com 874
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crianças e adolescentes de 6 a 19 anos.
Neste estudo, assim como no de Pereira et
al. (2009) e Yang et al. (2012) foi verificado
que o maior percentual de LDL-c era
encontrado em pacientes com sobrepeso e
obesidade, já que a gordura abdominal
nestes casos é mais elevada alterando,
assim, o valor do LDL-c.
Prevalência de HDL-c baixo
Dos 30 estudos, 25 avaliaram HDL-c
e a prevalência de sua redução variou de 5,7
a 86%.
Kerber et al. (2010), avaliando 350
indivíduos na cidade de Carazinho, RS
observaram a maior prevalência de HDL-c
reduzido (86%). A média de HDL-c foi 35,9
mg/dL e foi obtida uma associação com
outras alterações lipídicas em 35% dos casos
e de forma isolada em 51% destes. Segundo
a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias
e Prevenção da Aterosclerose (Sociedade
Brasileira de Cardiologia, 2007), a forma
isolada ocorre quando apenas o HDL-c
apresenta valores alterados e quando há
associação com outra alteração se refere ao
aumento do LDL-c e/ou TG.
Em San Juan de Lurigancho no Perú,
a prevalência de HDL-c baixo foi elevada,
sendo de 68,4% nos meninos e 85% nas
meninas entre 277 adolescentes de 12 a 17
anos. Este foi o lipídeo sérico que
apresentou a maior alteração quando
comparado aos outros (CT, LDL-c e
triglicerídeos). Resultado semelhante foi
obtido em período anterior nesta região e
essa alteração foi justificada por fatores
ambientais,
como
o
sedentarismo,
obesidade, dietas pouco saudáveis e o
tabagismo (SAÉZ; BERNUI, 2009).
Shalitin e Phillip (2008) avaliando
262 adolescentes israelitas de 5 a 19 anos,
observaram uma prevalência de HDL-c
baixo de 5,7%. Os pacientes que
apresentaram esta alteração tinham acúmulo
de gordura corporal e esteatose hepática.
No Brasil, a menor prevalência de
HDL-c baixo (6,1%) foi no estudo de
Pereira et al. (2009) que avaliou a presença
de fatores de risco cardiovasculares e sua
associação com o sobrepeso e obesidade em
escolares de 2 a 10 anos do interior de São
Paulo. A prevalência de HDL-c, glicemia e
apolipoproteinas não apresentou associação
com os grupos (sem excesso de peso,
sobrepeso, obeso).
Silva et al. (2011), demonstraram
apenas uma pequena alteração no perfil
lipídico quando avaliados 1229 adolescentes
de 15 a 17 anos da rede privada e pública no
município de Rio Verde, GO. Somente o
HDL-c apresentou uma pequena variação
ficando abaixo do desejado, porém não
sendo significativo, mas este serviu para
instigar a realização de estudos para a
caracterização do perfil lipídico de
adolescentes, já que esta faixa etária
delimita o ponto de partida para o início de
doenças cardiovasculares.
Prevalência de hipertrigliceridemia
A prevalência de hipertrigliceridemia
foi avaliada em 24 artigos dos 30 utilizados
e variou de 3,3 e 52%.
O estudo realizado no ambulatório
do Hospital de Clínicas da Universidade
Estadual de Campinas, com 1937 crianças e
adolescentes de 2 a 19 anos foi o que
apresentou a maior prevalência de
triglicerídeos elevados. Neste estudo, 52%
dos indivíduos apresentaram aumento dos
triglicerídeos, sem diferença entre os sexos
(FARIA et al., 2008).
Kerber et al. (2010), observaram
menor prevalência de hipertrigliceridemia
isolada (3,5%). O triglicerídeo baixo indicou
que o aumento do colesterol total no estudo
(49,6%) não se deu pelo excesso de
alimentos, já que este aumentaria, também,
os triglicerídeos, mas sim a qualidade do
alimento que deve ser rico em gordura
saturada/e ou gordura trans ou ainda devido
a distúrbio genético.
O estudo realizado na cidade de
Valera na Venezuela apresentou a menor
prevalência de hipertrigliceridemia em
relação aos outros estudos, com prevalência
de 3,3%. Foram estudados 337 indivíduos
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de 6 a 18 anos e apenas seis indivíduos
apresentaram o aumento de triglicerídeos
(SANDOVAL et al., 2009).
A
maior
prevalência
de
hipertrigliceridemia foi encontrada em
estudo realizado em ambiente hospitalar,
podendo indicar que os pacientes que
participaram deste estudo já tinham algum
tipo de doença por isso procuraram o
estabelecimento de saúde.
Conclusão
Os dados evidenciam que a
dislipidemia está presente numa parcela
importante da população infantil e
adolescente, seja na alteração de um ou mais
parâmetros.
Entende-se,
então,
a
importância da verificação precoce destes
fatores para a prevenção de doenças
cardiovasculares.
A promoção da saúde nesta faixa
etária é de extrema importância já que
distúrbios ocasionados na infância e
adolescência tendem a continuar ou, até
mesmo, progredir na vida adulta.
Os estudos sobre dislipidemias em
crianças e adolescentes devem ser
difundidos no Brasil e no Mundo, para a
maior conscientização da população sobre
os malefícios trazidos à vida adulta.
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Cardiol, v.89, n 2, p.73-78, 2007.
SHALITIN, S.; PHILLIP, M. Frequency of
cardiovascular risk factors in obese children and
adolescents referred to a tertiary Care Center in
Israel. Horm Res, v.69, p.152-159, 2008.
SILVA, R. C. D. et al. Perfil lipídico e nível de
atividade física de adolescentes escolares. Rev Bras
Promoç Saúde Fortaleza, v.24, n.4, p.384-389,
out/dez, 2011.
SILVA, R.A. et al. Estudo do perfil lipídico em
crianças e jovens do ambulatório pediátrico do
Hospital Universitário Antônio Pedro associado ao
risco de dislipidemias. J Bras Patol Med Lab, v.43,
n.2, p.95-101, abr, 2007.
SILVA, Fernanda Nogueira; SOUZA, Maria Cristina Corrêa de Souza
57
Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775
Tabela 1. Estudos que avaliaram a prevalência de dislipidemias em crianças e adolescentes
(2004 – 2012).
Referência
Bibliográfica/
País
ROMALDINI
et al., 2004
Brasil
População
de estudo
Faixa
etária
Tipo de Estudo/
Duração
Referência
Dislipidemia
n=109
2 a 20
anos
Transversal. Março
de 1998 a fevereiro
de 2000
NCEP
FRANCA et
al., 2006
Brasil
n=414
5 a 15
anos
-------------------
CARVALHO et n=180
al., 2007
Brasil
14 a 17
anos
Transversal.
Fevereiro a maio de
2004
NCEP e
Sociedade
Brasileira de
Cardiologia
III DBSD
DACCARETT
et al., 2007
México
SÁNCHEZ et
al., 2007
México
n=240
10 a 19
anos.
Transversal
Não citado
n=1846
12 a 16
anos.
Transversal
Não citado
SCHERR et al.,
2007
Brasil
n=343
5 a 16
anos
-------------------
SILVA et al.,
2007.
Brasil
VELARDE et
al., 2007
México
n=787
2 a 19
anos
n= 132
5 a 15
anos
Transversal.
Dezembro de 2004
a janeiro de 2006
Transversal
analítico. Março de
1997 a fevereiro de
2000
III DBSD e
Diretriz de
Prevenção da
Aterosclerose
do
Departamento
de
Aterosclerose
da Sociedade
Brasileira de
Cardiologia
III DBSD
FARIA et al.,
2008
Brasil
SHALITIN et
al., 2008
n=1937
2 a 19
anos
Retrospectivo.
2000 a 2007
n= 262
5 a 19
anos
2004 a 2006
Academia
Americana de
Pediatria y el
Programa
Nacional de
Educación en
Colesterol de
los Estados
Unidos de
América (EUA)
Não citado
Academia
Americana de
Principais
resultados
alterados
7,3% CT; 13,8%
HDL-c;7,3%
LDL-c, 12,8%
TG
6% CT; 18,9%
HDL-c; 10%
LDL-c; 12,4%
TG
3,3% CT; 56,7%
HDL-c; 1,7%
LDL-c; 11,1%
TG
38,70%
dislipidemia
Meninos: 17,5%
HDL-c; 36,1%
TG
Meninas: 12,95%
HDL-c; 24,6%
TG
23% alunos de
escolas privadas;
4% escolas
públicas CT
41% CT; 31%
HDL-c; 33 %
LDL-c
25% CT; 38,7%
HDL-c; 20,9%
LDL-c; 38,7%
TG
44% CT; 48%
HDL-c; 36%
LDL-c, 52% TG
5,7% HDL-c;
6,5% LDL-c;
SILVA, Fernanda Nogueira; SOUZA, Maria Cristina Corrêa de Souza
58
Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775
Israel
Pediatria
16,1% TG
NCEP
30% CT; 28%
HDL-c; 16% TG
SUÁREZ et al.,
2008
Argentina
PEREIRA et
al., 2009
Brasil
n=1043
5 a 18
anos
Descritivo
observacional
n=494
2 a 19
anos
RIBAS et al.,
2009
Brasil
n=437
6 a 19
anos
Transversal. Abril a Diretrizes da
dezembro de 2001
Sociedade
Americana de
Cardiologia
Transversal,
III DBSD
descritiva
SÁEZ et al.,
2009
Peru
n=277
12 a 17
anos
Descritivo e
transversal
Não citado
SANDOVAL et
al., 2009
Venezuela
n=337
6 a 18
anos
Descritivo de
coorte. Março a
julho de 2005
GONTIJO et
al., 2010
Brasil
n=199
10 a 19
anos
Transversal. Banco
de dados de 1998 a
2009
Instituto
Nacional de
Nutrición y
Fundacredesa
Não citado
KERBER et al.,
2010
Brasil
LEBLANC et
al., 2010
Canadá
n=143
10 a 18
anos
Transversal
IV DBSD
n=1235
12 a 19
anos
Transversal. 2003 a
2006
NHANES
PEREIRA et
al., 2010
Brasil
n=466
10 a 14
anos
I DPAIA
VILLARREAL
et al., 2010
México
n=254, 99
meninos e
155
meninas
n=173
10 a 19
anos
Observacional do
tipo transversal.
Outubro a
dezembro de 2007
Transversal
analítico
7 a 14
anos
Transversal. Ano
de 2009
NCEP
48% CT
n=660
14 a 19
anos
Transversal. Junho
a julho de 2006
Não citado
20,3% CT; 25,9%
HDL-c
n=62
7 a 19
anos
III DBSD
n= 432
10 a 19
Transversal
quantitativo. Março
a maio de 2006
Transversal. 2007 a
32,3% CT; 42%
HDL-c; 30,7%
LDL-c; 29% TG
44,4% CT; 50,5%
ALAYÓN et
al., 2011
Colômbia
BECK et al.,
2011
Brasil
BEZERRA et
al., 2011
Brasil
LIMA et al.,
NCEP
Não citado
51% CT; 6,1%
HDL-c; 40,5%
LDL-c; 8,5% TG
3,7% CT; 29,5%
HDL-c; 7,6%
LDL-c; 15,8%
TG
Meninos: 10,5%
CT; 68,4% HDLc; 26,3% LDL-c;
21,1% TG
Meninas: 5%CT,
85% HDL-c, 30%
LDL-c, 15% TG
1,1% CT; 3,3%
TG
73,4% CT; 49,7%
HDL-c; 44,7%
LDL-c; 41,2%
TG
30,8% CT; 86%
HDL-c; 30,8%
LDL-c; 3,5% TG
Meninos: 4,3%
TG; 2,0% LDL-c;
18,1% HDL-c.
Meninas: 5,4%
TG; 3,8% LDLc;12,2% HDL-c;
11,6% CT; 56%
HDL-c; 2,1%
LDL-c; 15,1%
TG
29,5% HDL-c;
9,8% TG
SILVA, Fernanda Nogueira; SOUZA, Maria Cristina Corrêa de Souza
59
Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775
2011
Brasil
anos
2008
RAMOS et al.,
2011
Brasil
SILVA et al.,
2011
Brasil
RIBAS et al.,
2012
Brasil
n=217
2 a 18
anos
Transversal. Abril e I DPAIA
novembro de 2009
n=1229
15 a 17
anos
Descritivo
transversal.2006
III DBSD
n=874
6 a 19
anos
Transversal.2008
American
Academy of
Pediatrics
GARCÍA et al.,
2012
Venezuela
n=154
12 a 15
anos
Não citado
GONÇALVES
et al., 2012
Brasil
n= 95
10 a 13
anos
Descritivo
correlacional, de
corte transversal e
de campo.2009 a
2010
Transversal
observacional.2008
YANG et al.,
2012
Coréia
n=2363
12 a 19
anos
Transversal. 2003 a
2006
NCEP e AHA
I DPAIA
HDL-c; 29,9%
LDL-c; 26,7%
TG
37,8% CT; 80,6%
HDL-c; 14,7%
LDL-c; 35% TG
Sem alteração.
4% CT; 28,1%
HDL-c; 5,7%
LDL-c; 15,9%
TG
25,6% CT; 8,2%
HDL-c; 25,3%
LDL-c; 30,7%
TG
Meninos: 51,9%
CT; 26,9% HDLc; 21,1LDL-c;
18,6% TG
Meninas:55,8%
CT; 30,2% HDLc; 32,6% LDL-c;
25,6% TG
7,4% meninos e
5,8% meninas
CT; 7,1% HDL-c;
4,7% LDL-c;
10,1% TG
CT = colesterol total; HDL-c = colesterol da lipoproteína de alta densidade; LDL-c = colesterol da lipoproteína
de baixa densidade;
TG = triglicerídeos; NCEP= Programa Nacional de Educação em Colesterol; III DBSD = III Diretriz Brasileira
sobre Dislipidemia;
IV DBSD = Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia; I DPAIA= I Diretriz Brasileira de Prevenção de
Aterosclerose na Infância e na Adolescência.
SILVA, Fernanda Nogueira; SOUZA, Maria Cristina Corrêa de Souza
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