Conjuntura e Política Econômica
no Governo Dilma
Marcelo S Portugal – UFRGS e CNPq
Resumo da Apresentação
1) Fatos estilizados (dados):
*A política econômica atual é a mesma dos governos anteriores:
- metas de inflação
- sustentabilidade fiscal via manutenção de um significativo
superávit primário, e
- câmbio flutuante
* Não se mexe em “time que está ganhando”. Esse arranjo de
política econômica foi bem sucedido para lidar com diferentes
tipos de problemas: crise de 1999 (fim do câmbio fixo), crise de
2002/2003 (eleição de Lula), Crise de 2009 (crise mundial).
* A “verdadeira escolha” foi feita por Lula.
2) Modelo Teórico de Metas de Inflação: Pequenas alterações no
governo Dilma em relação às preferências/credibilidade do BC.
3) Impacto sobre o ritmo de crescimento econômico de longo prazo
(PIB potencial) foi pequeno.
IPCA ac. 12 meses e Bandas de Inflação
Eleição do
presidente Lula
18
Primeiro semestre de
2002: Esse foi o
verdadeiro momento de
decisão
16
14
Recessão dos EUA de
2000/01
12
10
8
6
4
2
Fonte: Banco Central do Brasil
Jan/12
Sep/11
Jan/11
May/11
Sep/10
May/10
Jan/10
Sep/09
May/09
Jan/09
Sep/08
May/08
Jan/08
Sep/07
May/07
Jan/07
Sep/06
Jan/06
May/06
Sep/05
May/05
Jan/05
Sep/04
Jan/04
May/04
Sep/03
May/03
Jan/03
Sep/02
May/02
Jan/02
Sep/01
May/01
Jan/01
Sep/00
May/00
Jan/00
Sep/99
Jan/99
May/99
0
IPCA ac. 12 meses
A política monetária do FED tem uma meta de inflação em 2% para o núcleo do personal consumption
expenditures, ver: http://www.federalreserve.gov/newsevents/press/monetary/20120125c.htm
Superávit Primário – (% do PIB)
Fonte: Banco Central do Brasil
Fonte: Banco Central do Brasil
04/05/2012
04/01/2012
04/09/2011
04/01/2011
04/05/2011
04/09/2010
04/01/2010
04/05/2010
04/09/2009
04/01/2009
04/05/2009
04/09/2008
04/05/2008
04/01/2008
04/09/2007
04/01/2007
04/05/2007
04/09/2006
Recessão dos EUA
de 2000/01
04/01/2006
04/05/2006
04/09/2005
04/01/2005
04/05/2005
04/09/2004
04/05/2004
04/01/2004
04/09/2003
04/01/2003
04/05/2003
04/09/2002
04/01/2002
04/05/2002
04/09/2001
04/01/2001
04/05/2001
04/09/2000
04/05/2000
3.0
04/01/2000
3.5
04/09/1999
4.5
04/01/1999
04/05/1999
Câmbio Nominal R$/US$
Eleição do
presidente Lula
4.0
Crise do fim do
Capitalismo
2.5
2.0
1.5
1.0
1999.01
1999.05
1999.09
2000.01
2000.05
2000.09
2001.01
2001.05
2001.09
2002.01
2002.05
2002.09
2003.01
2003.05
2003.09
2004.01
2004.05
2004.09
2005.01
2005.05
2005.09
2006.01
2006.05
2006.09
2007.01
2007.05
2007.09
2008.01
2008.05
2008.09
2009.01
2009.05
2009.09
2010.01
2010.05
2010.09
2011.01
2011.05
2011.09
2012.01
Câmbio Real R$/US$
6.00
5.50
5.00
4.50
4.00
3.50
3.00
2.50
2.00
1.50
1.00
Fonte: Banco Central do Brasil e Federal Reserve Bank of St. Louis
No mês de Setembro de 1994, quando o câmbio nominal era de 0,85; o câmbio real
era de 2,03 a preços atuais.
Taxa Selic Nominal
Fonte: Banco Central do Brasil
Redução paulatina da taxa de juros nominal: a cada ciclo de elevação o pico é menor que
o pico anterior, a cada ciclo de afrouxamento monetário o vale é mais baixo que o vale
anterior
Taxa Selic Real
Fase de conquista da
credibilidade do sistema de
metas de inflação
Fase de colheita dos ganhos de
credibilidade: juros reais decrescentes
Fonte: Banco Central do Brasil
Ao longo do período o juro real foi declinante, mas com diferentes intensidades
Taxa de Crescimento do PIB Acumulado em 4 Trimestres
8.00
Metas de Inflação
6.00
4.00
2.00
0.00
2012 IV
2012 II
2010 IV
2010 II
2009 IV
2009 II
2008 IV
2008 II
2007 IV
2007 II
2006 IV
2006 II
2005 IV
2005 II
2004 IV
2004 II
2003 IV
2003 II
2002 IV
2002 II
2001 IV
2001 II
2000 IV
2000 II
1999 IV
1999 II
1998 IV
1998 II
1997 IV
1997 II
1996 IV
1996 II
1995 IV
1995 II
1994 IV
1994 II
1993 IV
1993 II
1992 IV
-2.00
Fonte: Banco Central do Brasil
-O arranjo atual de política econômica foi bom para gerenciamento macro de curto prazo
mas não foi capaz de mudar substancialmente o nosso ritmo de crescimento econômico
- Se levar em conta os anos 80 a elevação da taxa média de crescimento é um pouco maior
O Modelo Teórico de Metas de Inflação
- O BC gerencia a taxa de juros com o objetivo de minimizar a sua função de perda

Min Et    Lt 
onde
 0
Lt   ( te   * )2  y yt2  i (it  it 1 )2
- Sujeito as restrições impostas pela economia na foram de uma curva IS, uma Curva
de Philips e uma rega de câmbio:
Oferta Agregada
X
Demanda Agregada
yt 1  1 yt  2 yt 1  3rt   y,t 1
t 1  1t  2t 1  3 t 2  4 t 3  5qt  6 yt 1   ,t 1
qt 1  qt   q,t 1
- Da resolução desse problema de otimização dinâmica surge uma regra “ótima” de
política monetária.
it  f ( X t )
- A Regra de Taylor é, na verdade, apenas uma simplificação desse problema
it  0  1 ( te   *)  2 yt  3it 1
Mudou a função de perda do BC no governo Dilma ?
- Em termos formais a pergunta é: mudaram os pesos na função de perda do BC?
 , y e i
- A meta ainda é 4,5% ao ano ou é apenas não ultrapassar o limite máximo (teto da
banda de 6,5%? Essa dúvida afeta o gerenciamento das expectativas
Segundo M. Woodford:
- “For successful monetary policy is not
so much a matter of effective control
of the overnight interest rate as it is of
shaping market expectations of the
way in which interest rates, inflation
and income are likely to evolve over
the coming year or later” (...)
- “It follows that, insofar as it is
possible for the central bank to affect
expectations, this should be an
important tool of stabilization”. (...)
- Not only do expectations about
policy
matter,
but,
at
least
undercurrent conditions, very little else
matters”.
Em um regime de BC crível a
distribuição das previsões de
longo prazo deveriam estar
concentradas no centro da
meta (4,5%)
Falta Cuidar do Longo Prazo
- Queremos elevar a taxa de crescimento da economia brasileira, isso é elevar o
ritmo de crescimento do PIB potencial.
243
105
241
103
239
PIB
99
237
235
97
233
Anos
2017
2008
1999
1990
1981
1972
1963
1954
1945
1936
1927
1918
231
1909
2020
2012
2004
1996
1988
1980
1972
1964
1956
1948
1940
1932
1924
1916
1908
1900
95
1900
PIB
101
Anos
- A política macroeconômica nos ajuda a gerenciar os ciclos econômicos (reduzir a
variância), mas não ajuda muito em termos de elevar a inclinação da tendência
(crescimento do PIB potencial)
- Três momentos importantes: 1994, 1999, e a eleição de Lula. A estabilidade
macroeconômica ajudou a elevar um pouco a taxa de crescimento do PIB potencial.
FONTES DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DE LONGO PRAZO
Acumulação de Capital
Expansão da Força de Trabalho
(poupança pública e privada)
(taxa de natalidade e composição etária)
Tecnologia, Educação e Treinamento
(elevação da produtividade do capital e do trabalho)
Outros fatores:
Empreendedorismo
Instituições que reduzam custos de transação e respeitem diretos de
propriedade (boas Leis, “regras do jogo” estáveis, aspectos culturais, etc)
Adam Smith já sabia disso
“little else is requisite to carry a state to the highest degree of opulence from the
lowest barbarism, but peace, easy taxes and a tolerable administration of justice”.
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Marcelo Portuga