A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E POLÍTICAS DE FORMAÇÃO Profa. Dra. Denise Maria de Carvalho Lopes UFRN – Centro de Educação PPGEd/Curso de Pedagogia Fortaleza, abril de 2014. Docência na Educação Infantil A docência – prática humana/cultural para formação humana – de mediação da formação humana Campo de campo de conhecimento e ação que envolve: - Conhecimentos de diversas áreas do saber (ciências); - Conhecimentos próprios do ensinar – da prática pedagógica (didático-pedagógicos) – mais amplos e mais específicos – próprios às áreas e às etapas educativas; aos sujeitos e suas especificidades; - Conhecimentos pertinentes ao sentido do humano, da vida humana e social; à sensibilidade (pessoal e social); A docência como prática humana - BAKHTIN (1999); KRAMER (2012) A dimensão humana envolve três esferas: - o conhecimento – múltiplo, diverso – dialogicidade (o reconhecimento do outro, o respeito pelo outro); - o agir ético – a intencionalidade, a responsabilidade, a assunção de posição frente aos outros e a si mesmo; - a arte (a estética/sensibilidade) – preocupação com o sensível; com o reconhecimento e assunção do caráter não instrumental do conhecimento, das práticas... O exercício da docência envolve pensar/saber/decidir/sentir: - Para quem/Com quem? Pessoas (crianças, jovens, adultos, idosos) diferenças, singularidades; - Para que? Promoção de aprendizagens, de desenvolvimento – de crescimento pessoal (autonomia, autoria); - O que? - Conhecimentos, conceitos, procedimentos, habilidades, sentimentos, valores, atitudes – modos de ser, de sentir, pensar, agir... - Como? Procedimentos próprios - modos de organização do tempo, do espaço, das ações, das relações entre as pessoas, entre os objetos da docência. A DOCÊNCIA como ação/relação dialógica, epistemológica, pedagógica Como toda prática humana, cultural, exige aprendizagem, processos formativos - São múltiplos - São de origens diversas - São sempre sociais, históricos, dialógiocos - Envolvem instâncias formais, não formais A formação como processo de aprendizagem e desenvolvimento de saberes/fazeres/atitudes profissionais – de construção/apropriação de uma prática docente qualificada e de assunção de identidade, de profissionalidade e profissionalização de professores (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011). Formação Inicial e Formação Continuada A docência na Educação Infantil Especificidades decorrentes das crianças como sujeitos a quem a prática se destina e com quem ela se desenvolve - especificidades: - Pessoa/Sujeito humano em fase inicial de desenvolvimento - intenso – muitas transformações em condições de possibilidades (a docência como mediadora); Mais vulnerável e mais dependente – quanto mais nova, mais necessidades diferenciadas, próprias do humano; Capaz, competente, com potencial para aprender e se desenvolver, de participar de decisões; Produtora de cultura – ludicidade, imaginação... Integral/indivisível – inteira nas situações; Necessidade de acolhimento, afeto, atenção, cuidados físicos, desafios, ajudas, suporte... Marcas no exercício da “docência”: cuidar-educar A docência na Educação Infantil: uma docência plural e singular – igual e diferente Marcas próprias: Dinamização do “currículo” da educação infantil: criar condições/propiciar situações de vivências, experiências necessárias às aprendizagens e desenvolvimento infantis: - Práticas culturais globais e locais – necessidades infantis; - Capacidades/habilidades corporais – movimentos, percepções, - expressões; Linguagens múltiplas Conhecimentos - sobre si mesma, sobre o mundo natural e social – conceitos, instrumentos, ações... Ludicidade Relações de afeto, confiança, segurança Sentimentos de bem estar, alegria, confiança... Relações escola-família – trânsito: negociações, diálogo. Diferenças na própria etapa: “creche” x “pré-escola”. A Docência na Educação Infantil e Processos/Instâncias Formativas Questão não tão recente – Fröebel e as jardineiras (os requisitos necessários); Pestallozzi, Montessori... No Brasil, nos anos 30 e 40, com o DNCr – Formação nas Escolas Normais - puericultura x formação compatível à necessária ao Ensino Fundamental. Nos anos de 1970 - nos Cursos de Magistério: pouca ênfase. A partir dos anos de 1980 e 1990 – Tema de debates e produções – os requisitos, os processos e as instâncias de formação – Coordenação de Educação Infantil do MEC. Onde se forma/precisa formar-se o Docente da Educação Infantil? Políticas de Formação para a docência na Educação Infantil - Definições da LDB (Lei 9394/1996) – os requisitos, as instâncias - contradições; Formação Inicial - Multiplicação de Cursos de Graduação em Pedagogia presencial (ênfase na rede privada) - Ampliação do acesso à Universidade – UAB (2006) – EaD - Programa Proinfantil – formação em nível médio (2005) - Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Pedagogia – redefinição do lugar da Educação Infantil e do papel do Pedagogo na EI (2006) - Reestruturação de PPPs e Currículos dos Cursos de Pedagogia. - Manutenção, pela Lei 12.796/2013 da admissão de “formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal”. Entre as novas possibilidades, limites à formação específica E ainda - Formação Continuada O RCNEI – os Parâmetros em Ação (1998/2000); Cursos de Especialização em Educação Infantil em vários estados/universidades públicas e privadas; A partir de 2010: - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil • Cursos de Especialização em Educação Infantil e em Docência na Educação Infantil • Cursos de Aperfeiçoamento em Educação Infantil Ênfases nas especificidades da docência nessa etapa: os modos próprios de relação com a criança e suas necessidades/potencialidades; de organização do espaço, do tempo, dos materiais, dos instrumentos, das atividades/experiências com os conhecimentos... Desafios que permanecem e se multiplicam: Ampliar, nos Cursos de Formação Inicial, o espaço de ênfases na compreensão da criança, da infância e de sua educação; Instituir políticas permanentes de formação continuada por meio de cursos de aprofundamento (especialização e aperfeiçoamento) com mecanismos de acompanhamento dos professores, de seus avanços, suas dificuldades... Criar condições de produção e manutenção de uma “cultura” de formação permanente nas instituições – a formação em contexto com qualidade social-pedagógica, voltada às necessidades e interesses das crianças – limites pelas condições objetivas de trabalho nas instituições.