Construção de Bibliotecas de cDNA Claudia Teixeira Guimarães Antônio A.C. Purcino Eliane A. Gomes Jurandir V. Magalhães Newton P. Carneiro Elto E.G. Gama Robert E. Schaffert Sidney N. Parentoni Vera M.C. Alves Biblioteca de cDNA É um arranjo de cópias de DNA que representa uma população de mRNAs. Objetivo é gerar ESTs (Expressed Sequence Tags) que amostrem os genes expressos (induzidos ou reprimidos) sob uma determinada condição (tecido, célula ou estresse). Pré-requisitos: • a condição, tecido e genótipo permitam que os genes de interesse sejam expressos; • a biblioteca possua qualidade e quantidade de clones suficiente para amostrar os mRNAs, incluindo aqueles com reduzido número de cópias, que são normalmente aqueles de maior interesse. Definição do Material Genético e das Condições É de fundamental importância garantir que os genes de interesse sejam expressos sob uma determinada condição. Para isso, é necessário: • Genótipos caracterizados; • Fenótipo confiável indicador da característica em estudo; • Estudos fisiológicos para de determinar quando e em qual tecido os genes de interesse são expressos; • Condições de estresse para o aparecimento do fenótipo e para a expressão dos genes; • Coleta e armazenamento adequados do material vegetal. Material Genético • Linhagens contrastantes F2 × × F1 F1 × ⊗ RC1 ... • Linhagens isogênicas F2:3 … F7 ⊗ RC4 ... 96,875% Genótipos Caracterizados Colonização micorrízica P-efficient P-efficient Al tolerant P-inefficient c/ colonização P-inefficient Al sensitive Al sensitive Al tolerant s/ colonização Caracterização Fisiológica Caracterização em Campo Melhoramento Genético Genética Molecular Eficiência na utilização de N Clonagem de Genes Tolerância ao Al tóxico Tolerância a Seca Biblioteca de cDNA A representatividade da biblioteca de cDNA está em função da sua qualidade, que por sua vez depende da integridade do RNA original e dos cuidados na construção da biblioteca. A qualidade da biblioteca pode ser avaliada pela: • quantidade de clones: número suficiente para amostrar o máximo de mRNAs possível, incluindo os de baixo número de cópias; • tamanho dos insertos: favoreça a clonagem de cDNAs completos, evitando fragmentos espúrios Tipos de Biblioteca de cDNA Típica: obter o perfil dos genes de um organismos, transcriptoma direcional: orientação da polaridade transcricional do mRNA original ao acaso: insertos clonados em qualquer orientação Subtrativa seguida por PCR: identificar genes diferencialmente expressos biblioteca enriquecida com fragmentos de mRNA raros e diferencialmente expressos Etapas para a Construção da Biblioteca de cDNA • Isolamento do RNA mensageiro • Síntese do cDNA • Clonagem dos fragmentos • Estocagem dos clones • Sequenciamento • Análise: Bioinformática Isolamento do RNA mensageiro • Qualidade do mRNA é primordial para se garantir a qualidade da biblioteca, obtendo o máximo de informações que serão convertidas em cDNA • Extração pode ser do RNA total ou do mRNA • RNA total = rRNA, tRNA e mRNA (0,5 a 2%) • A maioria do mRNA é poli-adenilado (poli-A) e sua purificação pode ser realizada em coluna de afinidade com oligo dT • Cuidado para evitar contaminação com RNase • De 1 a 5 ug de mRNA são suficientes para construção de biblioteca com 105 a 106 clones Síntese do cDNA Primeira fita • Depende da hibridização do primer (poliT) com o mRNA • Para clonagem direcional o primer deve ter um adaptador com um ou mais sítios de restrição • Transcriptase reversa (RT) deve ser eficiente para favorecer a síntese de cDNAs completos e sem atividade RNase H Segunda fita • Substituição da fita do mRNA por DNA usando nick translation • Combinação da DNA polimerase I, RNase H e DNA ligase • Para clonagem direcional um segundo adaptador com sítios de restrição deve ser adicionado Síntese de cDNA via SuperScript (Invitrogen) • Primer poliT contendo sítio de restrição • Síntese da primeira e segunda fita em um único tubo • Ligação de um adaptador com sítio para Sal I • Digestão com Not I • Fragmentos prontos para a clonagem direcional Clonagem dos Fragmentos • No caso da clonagem direcional, os cDNAs devem ser digeridos como mostrado anterior, e fracionados • O fracionamento dos clones é importante para eliminar o excesso de adaptadores que são adicionados em excesso e para reduzir a clonagem de fragmentos de cDNAs pequenos e degradados • Ligação dos fragmentos de cDNA e transformação usando vetores e células competentes de qualidade 10 a 20 ng de cDNA x 50 ng de vetor 5 x 105 clones (protocolo do fabricante) • Tecnologia Gateway, usa a recombinação sítio específica flanqueando os sítios de clonagem Genoma Funcional RNA mensageiro = genes expressos Bibliotecas de cDNAs 5’ AAAAA 3’ 5’ 5’ AAAAA 3’ TTTTT 5’ TTTTT 5’ TTTTT 5’ TTTTT 5’ 3’ 5’ 1a fita de cDNA 3’ CONTIG ~ GENE GENES EXPRESSOS: bibliotecas de cDNAs Diferentes tecidos Diferentes genótipos Diferentes condições Diferentes estágios de desenvolvimento ESTs: Alinhamento, Clusterização, Anotação Northern Eletrônico, Display Differencial Digital, SNPs, UniGenes Banco de ESTs: dbEST Total humanos camundongo bovino milho trigo Arabidopsis arroz soja cana 31.307.034 7.057.754 4.688.047 702.645 656.945 600.039 420.789 406.651 355.978 246.301 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/dbEST/ 11 nov, 2005 UniGenes: conjunto de clusters orientados e não redundantes que representam um gene único http://www.ncbi.nlm.nih.gov/UniGene Biblioteca Subtrativa seguida por PCR • Objetivo é enriquecer a biblioteca de transcrito raros e diferencialmente expressos entre duas situações • Síntese de cDNAs a partir de duas populações de mRNA diferentes (genótipos ou condições contrastantes), que são extraídos separadamente, e denominados tester e driver • Tester é o tratamento: genótipo tolerante ou condição de estresse • Driver é o controle: genótipo sensível ou sem estresse • Quantidade inicial de mRNA pode ser de 500 ng • cDNAs são digeridos, separadamente com a enzima Rsa I, de corte abrupto, e ligado dois adaptadores diferentes cDNA Tester: dividido em porções iquais com adaptador 1R com adaptador 2R cDNA Driver, sem adaptador e em excesso Biblioteca Subtrativa seguida por PCR Hibridização Subtrativa cDNA Driver (em excesso) cDNA Tester com adaptador 1R a: transcritos raros b: transcritos abundantes c: transcritos comuns nas duas condições d: transcritos do controle em excesso cDNA Tester com adaptador 2R 1a hibridização a b c d 2a hibridização a, b, c, d + e Com adição de Driver desnaturado e end filling Biblioteca Subtrativa seguida por PCR Ciclos de PCR a e d: sem amplificação por não ter sítio de anelamento do primer a c: amplificação linear c b: formação de alça estável d e: amplificação exponencial e b 1a PCR: adição do primer externo 5’ 3’ 3’ 5’ 2a PCR: adição dos primers internos 5’ 3’ 3’ 5’ Clonagem dos Fragmentos 2 a PCR Controle 1kB • Clonagem utilizando os kits disponíveis para fragmentos de PCR blunt-end, como TA Topo (Invitrogen), pGEM-T (Promega) • Não é clonagem direcional • Normalmente são fragmentos pequenos, na faixa de 500 pares de base Fragmentos blunt-end com A nas extremidades deixados pela Taq-polimerase após a reação de PCR A 1018 506 200 A + Purificação poly-A mRNA Síntese do cDNA Digestão com Rsa I cDNA Tester digerido cDNA Tester cDNA Driver digerido cDNA Driver Tratamento:Tester RNA Total Controle: Driver Peso Molecular Tratamento:Tester Controle: Driver Peso Molecular Obtenção dos cDNAs Tester e Driver 2 a PCR Control 1 a PCR Controle 1kB ladder Fragmentos de cDNA após as Hibridizações Subtrativas e as Reações de PCR Clonagem dos fragmentos em 1018 506 200 Vetores específicos Clonagem dos Fragmentos de cDNA Transformação em E. coli e seleção com X-gal/IPTG Eletroporação: estratégia que usa pulsos elétricos para alterar a estabilidade da membrana Mini-preps e digestão com EcoR I para identificação dos clones com insertos Armazenamento dos Clones • Organização para garantir a conservação e o uso posterior dos clones Sequenciamento e Análise • Detalhamento na palestra do Felipe Rodrigues da Silva