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“ADMIDISTRAÇÃO – Cuidado com a derrapagem”.
Por: Adm. José Mauro Alvim Machado
Consultor Empresarial
julho/2014
No Artigo número seis, publicado no site do Conselho Regional de Administração – CRA/SE
no mês de junho p.p., utilizei a expressão que intitula o presente trabalho a qual causou “frisson”
entre diversos leitores que me enviaram e-mails e mensagens via celular solicitando que falasse um
pouco mais sobre o significado da variação do termo por mim criado.
Pois bem, aí vai: a palavra “admidistração” foi concebida para realçar a possibilidade de
estarmos divergindo do nosso real papel nas Organizações e não subjulgar pejorativamente a
representatividade e relevância de nossas contribuições em meio à gestão empresarial. Ao
contrário disto, serve para nos alertar das eventuais armadilhas que nós podemos estar expostos
na diversidade do ambiente corporativo. Chamar a atenção para diferenciação existente entre
“Administração e Admidistração” ao que parece mexeu com a intencionalidade positivista dos
profissionais preocupados com a eficácia de suas ações. Na condição de criador da expressão, isto
me faz sentir lisonjeado com tamanho interesse demonstrado pelos meus estimados leitores em
dissecar não a origem etimológica da mesma, mas conhecer mais amiúde o seu significado prático
dado a sua versatilidade.
Preencher essas linhas percorrendo os consagrados conceitos do que vem a ser
Administração para um público específico ao qual me dirijo poderia ser considerado um
contrassenso de minha parte, por isto, vou me permitir apenas explicar um pouco melhor o que vem
a ser “Admidistrar” ou “Admidistração”. Debruçar-nos sobre este entendimento bem humorado
me parece mais atrativo, vejamos então: Estamos “Admidistrando” quando nos deixamos levar
pelas ondas que vem sendo introduzidas pelo mercado. Quando nos permitimos repetir práticas
sem avaliar ou questionar os benefícios ou efeitos nocivos da sua adoção. Estamos
“Admidistrando” quando não levamos a termo mais nobre o significado e decisiva
representatividade da força de trabalho, desconsiderando a sua inteligência e impedindo que todos
ou cada um, melhor dizendo, caminhem na direção da consecução dos seus desejos pessoais e
profissionais de progresso em paralelo aos organizacionais.
O Planejamento Estratégico estabelece Missão, Visão e Valores corporativos que devem ser
injetados no sangue das equipes de trabalho, do topo até a base e nesta regra não há espaço para
exceções, com a finalidade de comprometer todos os níveis da Organização com as ações e
resultados pretendidos, que são monitorados por equipes multidisciplinares ao longo de
determinado tempo através de indicadores definidos para este efeito. Isto é Administração! No
entanto, esta prática tem influenciado a geração de programas de reconhecimento e consequências
que trazem em seu bojo muito mais possibilidades de consequências do que de reconhecimento
para as equipes de trabalho, enquanto que muito mais reconhecimento para os Gerentes, como se
estes fossem capazes de conquistar a vitória sozinhos. Aí está mais um exemplo do que penso que
seja “Admidistração”.
Algumas empresas investem em programas de Treinamento e Desenvolvimento – T&D,
pesadas somas no patrocínio de cursos, palestras, congressos, seminários etc, vislumbrando
preparar melhor o pessoal para cumprirem impecavelmente suas tarefas. Para alguns eventos são
chamados especialistas que exploram temas evasivos mais divertidos, capazes de entreter grande
número de participantes, mas que de conteúdo prático questionável. Não desejo discutir aqui o
talento nem mesmo subjulgar o conhecimento dos profissionais que laboram neste campo, contudo
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entendo que tais performances caberiam melhor, por exemplo, em animações de festas de final de
ano. Tais eventos quando avaliados sob o foco da sua qualidade e aplicabilidade dentre os
participantes atrelados a conteúdos mais específicos, as opiniões quase sempre ficam no “o evento
foi muito bom”, “foi muito divertido”. De conteúdo prático pode-se abstrair muito pouco ou nada!
Isto é “Admidistração” manifestada em toda a sua magnitude.
Me perdoem as correntes que pensam o contrário, mas democracia é isto, liberdade para se
expressar publicamente pontos de vista divergentes de outras convicções. Sou de opinião que não
seja razoável ou possível administrar uma empresa com mágica! As empresas são reais, as pessoas
sonham a fim de concretizá-los e o mercado é “padrasto”, “padrasto” como aquelas “madrastas”
dos contos de fada. É mau, não perdoa erros, é egocêntrico, invejoso e não tolera a falta de
competência. A sobrevivência das empresas pressupõe que seus gestores sejam ousados, criativos,
responsáveis, assumam os riscos inerentes as suas responsabilidades enfim, sejam competentes. É
para ser assim que somos formados e para agir assim que somos contratados! Administrar é
direcionar um olhar para esse mercado implacável e, ao mesmo tempo, outro para o ambiente
interno, principalmente para as pessoas que colaboram dia-a-dia emprestando suas expertises às
empresas.
Aprendemos no banco das faculdades os conceitos fundamentais da Administração
preconizados por Taylor, Fayol, Ford, Drucker e tantos outros que influenciaram a construção
dessa maravilhosa ciência da qual me orgulho todos os dias em representá-la. Longe de pretender
me incluir entre tão distintos nomes, me permito propor mais um conceito: “Administrar é a arte
de aplicar os seus fundamentos científicos sem lesar os interesses corporativos, dos públicos de
interesse e as aspirações da força de trabalho”. Como nos ensina Diógenes, filósofo grego, “Se o
corpo chamasse a alma perante a justiça, ele a convenceria facilmente de má administração”.
Penso que a célere frase fortalece o conceito sobre o que vem a ser “Admidistração”, não é
mesmo?
Aproveito a oportunidade para lembrar um verso de autoria do célebre Fernando Pessoa,
poeta e escritor português, falecido em 1935, mas que permanece mais atual do que nunca:
”Navegar é preciso, viver não é preciso”. A palavra “preciso” refere-se à precisão da rota com a
qual os antigos navegadores deviam planejar suas aventuras no mar à época ainda pouco
conhecido. Os Administradores não dispõem de “astrolábios” para se orientarem pelas estrelas,
no entanto, podemos nos basear a partir da construção de cenários, acompanhar tendências e
indicadores que nos orientem no caminho que pretendemos percorrer para chegar onde queremos,
onde planejamos chegar. Temos que cuidar para que não haja derrapagens que nos tirem da pista.
Caso ocorram, devemos ser capazes de realinhar a rota e persistir no desafio de alcançar os
objetivos estratégicos, superando cada meta em per si, comemorando junto com a força de trabalho
tais conquistas. Isto para mim é Administrar!
Por fim, espero ter correspondido aos leitores e leitoras que me encaminharam suas
contribuições e pedidos de reforço do conceito sobre o que vem a ser “Admidistração”. Estou certo
que a explanação lúdica que imprimi nessas linhas tenha esclarecido este ponto. Quanto a nós,
bem, vamos continuar no nosso caminho, fazendo Administração, de olho no futuro que, estejam
certos, já começou!
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