ÁREA TEMÁTICA: 10- Família, sociedade e superdotação. A FAMÍLIA COMO INCENTIVADORA DO SUJEITO COM ALTAS HABILIDADE/SUPERDOTAÇÃO NEGRINI, Tatiane 1 ANTONIOLI, Camyla 2 FREITAS, Soraia Napoleão 3 RESUMO: A identificação e o enriquecimento dos sujeitos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) precisam ser incentivados como forma deste não estagnar suas habilidades, e sim para que sejam potencializados. No entanto este papel é função de diferentes segmentos, entre eles a família, que muitas vezes é a primeira que reconhece as capacidades da criança. Desse modo, pensar a respeito do papel dos membros familiares na vida do sujeito com AH/SD pode contribuir para que mais pessoas se preocupem em olhar para seus familiares e acompanhar o desenvolvimento destes, proporcionando orientações e oportunidades diferenciadas de estímulos. Com isso, este trabalho propõe-se a discutir a relevância da participação da família na vida dos sujeitos com AH/SD, assim como as percepções dos membros familiares a respeito de como vem contribuindo para o desenvolvimento destes sujeitos. Este debate foi suscitado a partir de um encontro do Grupo de Pais e/ou responsáveis que participam do Projeto de Extensão “Programa de Incentivo ao Talento – PIT”, vinculado ao Grupo de Pesquisa Educação Especial: Interação e Inclusão Social, coordenado pela professora Dra. Soraia Napoleão Freitas, da Universidade Federal de Santa Maria. Este projeto caracteriza-se como um Programa de Enriquecimento extraescolar, destinado a alunos com características de altas Habilidades/superdotação, a fim de ampliar, aprofundar e enriquecer o conteúdo curricular, bem como estimular o conhecimento de várias áreas do conhecimento. Em face disso, este estudo parte do relato de uma experiência vivenciada no referido programa, seguindo como instrumento metodológico a investigação em torno das respostas dos participantes quanto ao questionamento proposto: “De que forma posso contribuir para o desenvolvimento do meu filho com características de altas habilidades/superdotação?”. A partir destas respostas, procura-se fazer uma discussão com enfoque qualitativo, relacionando aos aportes teóricos da área de estudo. Com base nos relatos e análises, observou-se o envolver da família no processo de desenvolvimento cognitivo e afetivo do sujeito com altas habilidades/superdotação e a preocupação destes com a constituição da identidade destes sujeitos. Além disso, ao relatarem a respeito da complexidade da ação familiar no mundo moderno, e da responsabilidade na orientação destes sujeitos, percebe-se que ainda existem muitas ideias confusas em relação ao papel que devem desempenhar, a fim de identificar e estimular as habilidades de seus filhos, principalmente em função da ausência de informação acerca das características e necessidades do sujeito com AH/SD. Desse modo, acredita-se que a participação dos membros familiares em grupos de discussão e/ou encontros que suscitem determinados conhecimentos e esclarecimentos, colabora também para a educação destes sujeitos com AH//SD, para que possam ser acompanhados de maneira mais coerente de acordo com suas necessidades. Palavras-Chave: Capacidades; Identificação; Estimulo; Ação Familiar. 1 Doutoranda em Educação pela UFSM. E-mail: [email protected] Graduanda do Curso de Educação Especial e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria, atuando principalmente nas áreas de altas habilidades/superdotação. E-mail: [email protected] 3 Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria, Brasil. Professor Associado da Universidade Federal de Santa Maria, Brasil. Email: [email protected] 2 THE FAMILY ACTIONS TO MOTIVATE PEOPLE WITH HIGH ABILITIES/ GIFTEDNESS ABSTRACT: The identification and development of people with high abilities/giftedness (HA/G) need to be encouraged as a way of these people not stagnate your skills, but enhance them. However this role is a function of different social segments, including the family, which is often the first to recognize the child's ability. Thus, thinking about the family members’ role in life of the people with HA/G can contribute so that more people worry about looking for their family and monitoring their development. Additionally, the members of family can provide guidance and opportunities for different stimuli. Therefore, this paper discusses the consequence of family involvement in the lives of HA/G people, as well as the family members’ perceptions about how has contributed to the development of these people. This debate was started from a Parents Group meeting that participate of a Extension Project called "Talent Incentive Program – TIP" linked to the Special Education Research Group: Interaction and Social Inclusion, that is coordinated by Professor Soraia Napoleão Freitas, Ph.D., from Federal University of Santa Maria. This project is characterized as a Complementary School Activities Program, destined to students with characteristics of HA/G, which aims to broaden, deepen and develop the curriculum content as well as encourage knowledge of various areas of knowledge. In response, this paper is a report of an experience in TIP, which investigates the parents answer for the question: How can I contribute to the development of my child with characteristics of high abilities/giftedness? From these answers, it was made a qualitative approach argument, relating to the theoretical contributions of the study area. Based on reports and analyzes, it was observed the family participation in the process of cognitive and affective development of HA/G people and too the family concern with the identity constitution of these people. Furthermore, when the family members report about the complexity of family action in the modern world, and too about the accountability of guiding these AH/G people, it is clear that there are still many confusing ideas about the real role that they must perform in order to identify and encourage the children skills. This happen mainly due to the lack of information about the characteristics and needs of the people with HA/G. Thus, it is believed that the participation of family members in discussion groups and/or meetings that give rise to certain knowledge and clarifications, works for the education of HA/G people and so these people can be monitored by a more coherent way according to their needs. Keywords: Ability, Identification, Stimulation, Family Action. DISCUSSÕES INTRODUTÓRIAS AO DEBATE A família se apresenta como um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É o primeiro e grande ambiente de aprendizado e conhecimento dos artefatos culturais, sendo que é nesse ambiente e com os sujeitos ativos nesse que se tem os primeiros modelos de sujeito. Dentro da família todos possuem papéis, os quais são construídos culturalmente e vivenciados nesses espaços de relações familiares. Ademais, conforme lembrado por Dessen e Braz (2005), a família é vista como um dos primeiros contextos de socialização do ser humano, além de ser um espaço de transmissão de cultura, significado social e conhecimento agregado ao longo das gerações. Nesse sentido, menciona-se a respeito da significação da família no contexto da vida do sujeito, considerando-se que existem diferentes estruturações destas na modernidade, sendo que algumas famílias seguem uma organização mais formal (pais, filhos, avós, etc.), enquanto que outras se configuram de maneira diferenciada (mãe, filho; avós e netos; etc.). Estas diversas configurações familiares compõem a realidade brasileira e são contextos familiares diferentes em suas especificidades. Dentro desse espaço cada sujeito é apresentado/reconhecido por suas características, muitas delas sendo de origens orgânicas e outras com viés cultural construídas em ambiente de relações onde o sujeito está inserido e é ativo, como por exemplo, o ambiente familiar. Tendo em vista o local de onde parte essa pesquisa, que é do campo da educação de sujeitos com Altas habilidades/superdotação (AH/SD), o ambiente familiar em muitos casos é o primeiro lugar onde os comportamentos desse sujeito são reconhecidos. No entanto, muitas vezes pela falta de informação e orientação adequados frente aos problemas enfrentados no cotidiano com estes sujeitos com AH/SD, tanto podem contribuir para a estimulação destas habilidades, como também restringir a sua expressão. Para tanto, objetiva-se discutir nessa pesquisa a relevância da participação da família na vida dos sujeitos com AH/SD, assim como as percepções dos membros familiares a respeito de como esses vem contribuindo para o desenvolvimento destes sujeitos com comportamentos de AH/SD. As discussões propostas nesse estudo foram advindas/produzidas no Grupo de Pais e/ou responsáveis que participam do Projeto de Extensão “Programa de Incentivo ao Talento – PIT”, vinculado ao Grupo de Pesquisa Educação Especial: Interação e Inclusão Social, coordenado pela professora Dra. Soraia Napoleão Freitas, da Universidade Federal de Santa Maria. Com isso, sendo perceptível nos debates gerados no grupo supracitado, o tema das AH/SD produz um impacto nos papéis exercidos pelos pais e/ou responsáveis e pelo filho no contexto familiar, o que por vezes instiga mudanças nas interações neste ambiente onde estão inseridos. Essas mudanças são expressas nas influências da família no desenvolvimento e estimulo dos interesses do sujeito com comportamentos de AH/SD. O conceito de AH/SD, apresentado nesse estudo, parte da Teoria dos Três Anéis de Joseph Renzulli (2004) que segundo esse, o comportamento de superdotação é envolto por três pontos chaves, sendo esses a capacidade acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade. Destaca-se que esses três aspectos são influenciados e construídos em meio ao ambiente onde o sujeito esta inserido. Sendo assim, a família opera nesse ambiente de relações, sendo uma fonte mediadora na construção da identidade desse sujeito/filho que é oriunda de traços geneticamente herdados e também culturalmente construídos. O papel da família no processo de identificação e potencialização das AH/SD são também foco desse estudo, sendo que tais pontos de debate estiveram presentes nos relatos dos pais e/ou responsáveis participantes do programa anteriormente citado. Citou-se também sobre suas experiências em torno das AH/SD e como base nas respostas apresentadas por esses quanto ao questionamento chave desse estudo: “De que forma posso contribuir para o desenvolvimento do meu filho com características de altas habilidades/superdotação?”. CAMINHOS PERCORRIDOS PELA PESQUISA Tendo-se em vista que este estudo parte do relato de uma experiência vivenciada a partir de um encontro do Grupo de Pais e/ou responsáveis que participam do Projeto de Extensão “Programa de Incentivo ao Talento – PIT”, é importante conhecer a organização do Programa como forma de contextualizar a participação e as respostas dos familiares. O referido programa de enriquecimento extracurricular tem como objetivo estimular o conhecimento de várias áreas do conhecimento, ampliando, aprofundando e enriquecendo o conteúdo curricular dos alunos com características de AH/SD identificados pelo projeto de pesquisa “Da identificação a Orientação de alunos com características de altas habilidades/superdotação”, também coordenadora pela professora Dra. Soraia Napoleão Freitas. Com isso, o programa se organiza em Grupos de Interesses para atender as necessidades e curiosidades dos alunos em algumas áreas de interesse, procurando abordar as temáticas de maneira diferenciada, com apoio de acadêmicos de outros cursos da UFSM que contribuem para o aprofundamento necessário nos planejamentos e na execução dos grupos junto aos alunos. Configurando-se como um programa de enriquecimento, seu objetivo amplia-se para além dos conteúdos curriculares, possibilitando aos sujeitos participantes a interação com alunos com interesse semelhantes de outras instituições escolares da cidade de Santa Maria/RS e o contato com acadêmicos e/ou profissionais de áreas mais específicas de acordo com seus interesses e do direcionamento do “Grupo de Interesse” do qual o aluno participa. Alencar e Fleith mencionam que: Grupos de enriquecimento proporcionam, a todos os alunos, experiências de aprendizagem desafiadoras, auto-seletivas e baseadas em problemas reais, além de favorecer o conhecimento avançado em uma área específica, estimular o desenvolvimento de habilidades superiores de pensamento e encorajar a aplicação destas em situações criativas e produtivas (Renzulli, 1997a). (Alencar, Fleith, 2001, p. 137) Nesse sentido, a participação dos estudantes de diversas instituições neste programa tem o intuito de estimular suas habilidades, assim como seu autoconhecimento. Concomitante aos encontros dos alunos nos Grupos de Interesses, acontece também o Grupo de Pais e/ou Responsáveis, no qual há a troca de experiências e informações sobre a temática, bem como o estudo a respeito do reconhecimento das peculiaridades destes indivíduos. Este grupo existe para apoiar pais e familiares na educação das crianças com altas habilidades/superdotação, proporcionando espaço para discussão entorno da temática e trocas de experiências. Faz-se necessário esclarecer que este grupo é aberto também à comunidade, ao corpo docente dos alunos participantes e demais interessados, no entanto a participação destes ainda é restrita. Deste grupo de pais vem participando pais, avós, irmãos, entre outros membros familiares que acompanham os alunos até as atividades do projeto e dialogam com os demais a respeito das temáticas propostas. Nesse sentido, este trabalho parte de um relato de um destes encontros que aconteceu no ano de 2011, no qual a discussão centrou-se em torno da questão: “De que forma posso contribuir para o desenvolvimento do meu filho com características de altas habilidades/superdotação?”. Seguindo como instrumento metodológico a investigação em torno das respostas dos participantes quanto ao questionamento proposto, procura-se fazer uma discussão com enfoque qualitativo, relacionando aos aportes teóricos da área de estudo e que também explanam e vem ao encontro desse debate. Com isso, busca-se debater a respeito da relevância da participação da família na vida dos sujeitos com AH/SD, assim como as percepções dos membros familiares a respeito de como vem contribuindo para o desenvolvimento destes sujeitos, utilizando-se das respostas dos familiares para a constituição do corpus de análise. NO SEIO DAS RELAÇÕES Muitos mitos sobre o sujeito com comportamentos de AH/SD permeiam as compreensões populares sobre a possível causa/origem de tal “fenômeno”. Para tanto, a família é foco de certas percepções, sendo apontada como geradora de tais comportamentos de AH/SD, como por exemplo, que o filho com AH/SD é compelido e instigado por pais superambiciosos (Winner, 1998; p.145). No entanto sabe-se que nem sempre estas representações a respeito da família são condizentes com o que se percebe na realidade. A autora Ellen Winner (1998), estudiosa e adepta da teoria das Inteligências Múltiplas, apresenta em seu livro intitulado Criança Superdotada: mitos e realidades, seis generalizações que caracteriza os ambientes familiares das crianças superdotadas. Sendo elas: 1. As crianças superdotadas ocupam “posições especiais” na família: são frequentemente o primogênito ou filhos únicos. 2. Estas crianças crescem em ambientes “enriquecidos”. 3. Suas famílias são centradas nos filhos: os pais focalizam quase todas as suas energias em certificar-se de que os filhos recebam treinamento precoce no domínio no qual demonstram um dom. 4. Os pais são realizadores: ambos modelam e estabelecem padrões muito altos e mantêm elevadas expectativas de desempenho. Porém, quando os pais estão superenvolvidos, instigam em excesso e amam as conquistas dos filhos mais do que os filhos, as crianças superdotadas estão sob risco de desistência. 5. Ao mesmo tempo, os pais lhes concedem independência considerável. 6. Os ambientes familiares mais condutivos ao desenvolvimento de talentos combinam altas expectativas e estímulos, por um lado, com educação e apoio, por outro. Para tanto, antes de criticar as ações e compreensões que são exercidas e construídas nas famílias que tem um filho superdotado, Winner (1998) apresenta um debate sobre como a presença de uma criança superdotada modifica de alguma forma as relações nesse ambiente familiar. Tendo em vista tais generalizações propostas e supracitadas destacasse que esses pontos são em parte de comum compreensão por alguns pais que participam do grupo, de onde origina-se essa pesquisa. - Muito confiantes estamos nós. Mas procuramos dar mais atenção nos outros dois que não tiveram essa oportunidade, ou seja, não foram observados dois ou algum saber incomum. Nesta estão tentamos fortalecer a auto confiança dando-lhes ainda mais oportunidades para que assim progrida. (Familiar A) Na fala do Familiar A, há a alta expectativa com relação ao sujeito/filho com AH/SD e ainda a compressão que esse teve uma oportunidade especial a qual seus irmãos não tiveram, por isso esses outros dois tem por merecimento ser mais estimulados. No entanto, foi perceptível que algumas dessas generalizações foram sendo modificadas durante o percurso de estudos que o grupo realizou, assim como pode ser percebido na fala desse familiar: - O papel da família pode ser encarado como o de suporte, no sentido de permitir a experimentação, incentivar a criatividade, promover novos conhecimentos. A família também apresenta um papel importante em questões como os limites, tênues do egocentrismo, estrelismo (naturais em crianças com altas habilidades. (Familiar B) Na fala deste familiar evidencia-se a compreensão da família servindo de suporte para o sujeito com AH/SD, no sentido de incentivo para que desenvolva suas habilidades, mas também nas relações deste com o mundo, considerando estes aspectos também importantes no seu crescimento pessoal. Esse aporte emocional que a família oferece para estes sujeitos é de fundamental importância. Landau menciona que: Os pais frequentemente estimulam habilidades mentais, artísticas ou práticas e em geral não percebem que as necessidades emocionais devem ser satisfeitas para que os talentos possam ser realizados. As necessidades de segurança, de pertencer, de atenção, de reconhecimento e de conhecimento podem, se não satisfeitas, impedir a auto-realização das capacidades. E as capacidades potenciais não realizadas podem transformar-se em problemas ou ate mesmo em doenças. (Landau, 1990, p. 106). Neste sentido, o subsídio emocional coloca-se também como relevante na atuação familiar junto a estes sujeitos, uma vez que um desequilíbrio neste pode prejudicar o desenvolvimento das suas habilidades, inclusive causando insegurança nas suas atuações criativas e intelectuais. Além disso, o assincronismo intelectual x emocional pode transparecer, ou seja, o desempenho superior na área intelectual, na sua habilidade, mas a dificuldade de lidar com as questões emocionais. Com isso o acompanhamento da família é relevante, para prestar também este apoio, e caso seja necessário, solicitar apoio de um psicólogo. Alencar e Fleith (2001, p. 115) mencionam que o papel dos pais no desenvolvimento emocional do filho inclui: “apoiar os seus interesses, valorizar seus esforços criativos, discutir com ele estratégias de resolução de problemas, ser responsivo às suas necessidades, apoiar suas aspirações profissionais e monitorar seu progresso na escola e no programa de atendimento [...]”. Assim, pode-se constatar que a presença destes pais no Grupo de Pais e/ou responsáveis do Programa é uma maneira de estar acompanhando suas produções e procurando maiores informações a respeito deste apoio que pode ser oferecido ao sujeito. A maioria dos participantes do grupo aproveita este momento para querer saber mais a respeito das características das AH/SD, áreas de interesse dos seus filhos, assim como o que fazer para contribuir. Além disso, no incentivo dos interesses intelectuais, a família pode ser uma incentivadora de alguns hábitos que favorecem o enriquecimento das habilidades. Algumas atividades realizadas no ambiente familiar podem ajudar os sujeitos a ter maior independência e confiança em si mesmos, conforme apontam estudos de Davis e Rimm (1993) in Extremiana: - La lectura en familia debería empezar en la infancia y extenderse a lo largo de toda la vida. No hay grados o edades límite para finalizar esta práctica tan beneficiosa. La lectura conjunta en voz alta o en silencio crea una atmósfera propicia para que los niños manifiesten gusto por los libros. - Anime a los niños a que lean cualquier cosa que les apetezca antes de dormir. […] - Ofrezca a sus hijos un modelo de gusto por la lectura guardando libros, periódicos y revistas, de manera que vean que usted disfruta con ellos. […] - Controle el tiempo que se dedica a ver la televisión y limite los juegos de vídeo. Si esto llega a suponer una lucha de poderes, debe ser capaz de convencer a su hijo de que el uso excesivo de la televisión le quita tiempo para otros placeres, como el jugar con otros amigos, la música o la lectura. (Extremiana, 2000, p. 79) Conforme fazem referência os autores, normalmente os sujeitos com AH/SD são ótimos leitores, são questionadores e pesquisadores, mas precisam ser incentivados e orientados para que “deixem de lado” estas habilidades em função de interesses momentâneos. Conforme relato de um familiar presente no grupo: A família tem uma grande responsabilidade na educação moral de seus filhos e também, por que não na educação intelectual. Penso que o papel dos pais é altamente complexo, pois cabe a nós proporcionar as oportunidades necessárias para sua aprendizagem e desenvolvimento. Procuro trazer para meus filhos novos conhecimentos, coloca-los a par dos acontecimentos do mundo, fazer com que reflitam e se posicionem sobre um assunto, estimulo a pesquisa na internet de assuntos interessantes, assino a revistas “Mundo Estranho” e outros. Procuro ter um horário para estudar todos os dias e falo muito na importância da leitura. (Familiar C.). Com isso percebe-se que alguns pais tem compreensão a respeito da sua função no suporte para que estes sujeitos com AH/SD podem ter condições de enriquecer seus potenciais. Sabe-se que nem sempre as condições financeiras contribuem para que se possa realizar tudo o que é indicado, no entanto, dentro do contexto de cada grupo social, estas podem incentivar de diferentes maneiras estes sujeitos. Deve-se considerar que o processo de identificação destas características de AH/SD podem ser percebidas desde a infância destes sujeitos, de acordo com o contexto que vivencia e das situações e recursos oferecidos. Assim, os familiares podem reconhecer os comportamentos, acompanhar sua frequência e duração, e contribuir no processo de identificação dentro da escola também, tendo em vista percebê-los em diferentes contextos da vida do sujeito. A família constitui também uma excelente fonte de informações que não pode ser negligenciada no processo de identificação do aluno com altas habilidades/superdotação. Os pais podem ser solicitados a indicar atividades, na escola e fora do contexto escolar, que seu filho gosta de realizar, descrever características, áreas de interesse e de destaque do filho, relatar o processo de desenvolvimento do seu filho ao longo dos anos [...], comentar sobre relacionamento do filho com membros da família e colegas, descrever o desempenho escolar do filho e seu envolvimento com as tarefas escolares. (Guimarães, Ourofino, 2007, p. 58) Com isso, algumas vezes os familiares podem notar algum comportamento diferente da criança, mas por falta de informação sobre a temática das AH/SD, podem relacionar a algum problema ou dificuldade, como hiperatividade ou outros. No entanto, quando este sujeito ingressa na escola ou participa de outros contextos pedagógicos e sociais, estes comportamentos poderão ser observados, o que contribuirá para um trabalho em equipe na identificação e estimulação destes potenciais. Conforme Guimarães e Ourofino (2007), o processo de identificação deve ter uma concepção flexível, considerando os aspectos qualitativos e dinâmicos do aluno, o envolvimento da família e de uma equipe interdisciplinar. Desse modo, a participação dos familiares em grupos que possam orientar e esclarecer informações é muito importante, para que a identificação e o enriquecimento possam acontecer em diferentes contextos da vida do sujeito com AH/SD. Nota-se, pelos relatos dos familiares participantes do Grupo de Pais e/ou responsáveis do PIT uma preocupação com o conhecimento dos comportamentos destes sujeitos, além de buscar mais informações sobre o que fazer para estimular de maneira mais constante suas habilidades, para que não venham a estagnar. Além disso, a família, cada qual estruturada de sua maneira no contexto moderno, deve estar atenta aos sinais, às manifestações que se revelam neste ambiente, tendo em vista compreender atitudes e comportamentos dos sujeitos com AH/SD e poder contribuir. Família: Parte fundamental do desenvolvimento da criança, família é a base para qualquer decisão, é o exemplo, o apoio, afeto, compreensão. (Familiar D) É importante ressaltar nesse sentido o papel da família enquanto responsáveis pela educação destes sujeitos com AH/SD, não remetendo este compromisso somente para a escola. Landau argumenta que: [...] os pais erram quando acreditam que a responsabilidade da educação da criança está nas mãos do professor. Os processos externos podem servir de estímulo, porém a principal tarefa continua sendo a dos pais que devem exercitar a individualidade e a singularidade de seus filhos. (Landau, 1990, p. 104) Com isso, cabe aos familiares destes sujeitos auxiliar no reconhecimento destas habilidades, estimulando para que se tornem jovens e adultos felizes pessoal, profissional e socialmente, em um contexto ainda muito excludente e discriminador. Considerando as escolhas em relação às formas de enriquecimento desejadas, seja em grupos, instituições, programas, conciliando-se a estes para estimular as áreas de interesse do sujeito com AH/SD, pode-se acompanhar o seu desenvolvimento para ajudá-lo a enfrentar os desafios e/ou problemas que serão encontrados no dia-a-dia. Extremiana (2000, p. 108) menciona que “Lo fundamental es educarlo para yudarle a convertirse en un ser maduro, satisfecho consigo mismo y adaptado e inmerso en el mundo que le ha tocado vivir y en la vida”. Nesse sentido, salienta-se tanto a família, quando os programas de enriquecimento, devem buscar reconhecer as habilidades destes sujeitos com AH/SD, desenvolvendo-as ao máximo para que possam contribuir para um futuro mais promissor para os mesmos. Desse modo, favorecendo para que se tornem adultos independentes, autônomos e que saibam lidar com os problemas e desafios que a vida lhes impusera, uma vez que é um mito pensar que o fato de apresentar AH/SD reserva necessariamente a eles um futuro promissor e feliz. Resumindo, os depoimentos dizem que a família significa: “Apoio incondicional, incentivo sempre.” (Familiar E.) “Incentivo, paciência, persistência.” (Familiar F.) Nesse sentido, este espaço de debate que envolve os pais e/ou responsáveis dos alunos participantes do PIT caracteriza-se como um espaço de novos conhecimentos e de trocas de experiências entre as pessoas participantes, sendo que os posicionamentos expostos neste trabalho vem das suas próprias colocações a respeito da sua realidade familiar. De acordo com Glat & Müller (1999, p.20) “uma das formas mais pertinentes de se conhecer uma realidade é escutar o que o sujeito ou o grupo de sujeitos que vivenciam a situação têm a dizer sobre ela”. REFLEXÕES CONCLUSIVAS A partir das reflexões realizadas neste trabalho, considerando os depoimentos dos pais e/ou responsáveis participantes do grupo do PIT, verifica-se o quanto a família, seja ela da forma como se estrutura, exerce influencia na vida do sujeito com altas habilidades/superdotação. Além disso, maiores informações e esclarecimentos podem colaborar na compreensão destes comportamentos e diminuir a perpetuação de representações equivocadas a respeito da temática. Também, é fundamental lembra que, antes de ter ou não comportamentos de altas habilidades/superdotação, o filho é também uma criança que passa por diferentes fases de desenvolvimento, e precisa curtir cada uma delas, em um ambiente familiar e social acolhedor. Y siempre bajo una premissa essencial: por muy superdotado que sea su hijo, antes que nada es un niño, de manera que se le ha de asegurar un ambiente de amor y enriquecimiento, sin presiones, con el objetivo de conseguir que crezca de forma integral, como verdadero niño que es y en un contexto de seguridad personal y emocional, para así asegurar su óptimo desarollo y evitar que no ilegue a actualizarse su potencial excepcional. (Extremiana, 2000, p. 76) Neste sentido, é fundamental uma relação de segurança da criança e/ou jovem com sua família e seus professores, que proporcionarão as condições adequadas para que este desenvolvimento ocorra de maneira profícua. Com isso, pelos depoimentos debatidos no decorrer do texto, os familiares participantes do grupo percebem a importância da sua participação na orientação e na vida dos filhos, acompanhando-os e incentivando-os para conquista e novas aprendizagens, além de um apoio emocional também muito necessário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alencar, E. M. L. S.; Fleith, D.de S. (2001) Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2. Edição. São Paulo: EPU. Dessen, M. A., & Braz, M. P. (2005) As relações maritais e sua influência nas relações parentais: implicações para o desenvolvimento da criança. In: M. A. Dessen & A. L. Costa Junior (Orgs.). A ciência do desenvolvimento humano: Tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed Editora S.A. Extremiana, A. A. (2000) Niños superdotados. Madri: Pirámide. Glat, R.& Muller, T. M. P. (1999)Uma professora muito especial. Questões Atuais em Educação, Vol IV, Rio de Janeiro: Sette Letras. Guimarães, T. G. & Ourofino, V. T. A. T. (2007) Estratégias de identificação do Aluno com Altas Habilidades/Superdotação. In: Fleith, D. de S. (org.). A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: volume 1: orientação a professores. (p. 53 – 65) Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Landau, E. (1990) A coragem de ser superdotado. Tradução Sandra Miessa. São Paulo: CERED. Renzulli, J. S. (2004) O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação. (S. G. P. B. Pérez, Trad.) Porto Alegre – RS, ano XXVII, n. 1, jan/abr. (Trabalho original publicado em 1999) Winner, E. (1998) Crianças Superdotadas: mitos e realidades; trad. Sandra Costa. – Porto Alegre: Artes Médicas.