Todas as pesquisas voltadas ao setor da construção civil convergem para temas comuns. Apontam que é preciso qualificar a mão
de obra, melhorar a gestão dos custos, industrializar processos e investir em novas tecnologias. Em resumo, a palavra-chave é
produtividade. Porém, apesar de os estudos evidenciarem as carências, ainda há poucas empresas do setor, principalmente as
construtoras, propensas a rever seus métodos de produção. “A preocupação com o aumento da produtividade ainda não atingiu
grande parte destas empresas. Predomina o desperdício. Os estoques ainda são muito altos, devido à baixa flexibilidade existente
no processo produtivo. Há muita movimentação e transporte, os quais não agregam valor para o processo ou para o cliente, além
de uma grande quantidade de refugo e retrabalho. Existe também falta total de sincronismo entre uma etapa e outra, assim como
baixa, ou nenhuma, integração na cadeia de suprimentos”, explica Ruy Cortez de Oliveira, do Kaizen Institute Brazil.
Ruy Cortez de Oliveira: construtoras passaram a adotar o método Kaizen para qualificar gestão dos
custos.
De origem japonesa, a metodologia Kaizen significa “melhoria contínua”. Nasceu com o Sistema
Toyota de Produção (STP) – revolucionário processo industrial de fabricação de veículos, e
disseminado para outros setores da economia. A filosofia, que prega aprimoramento gradual e
contínuo, tem como premissa básica a seguinte frase: “Hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do
que hoje”. Ou seja, é essencial que nenhum dia se passe dentro de uma empresa sem que alguma
melhoria seja implementada. “O Kaizen tem os seguintes fundamentos: criação de fluxo com base na
demanda do cliente; busca contínua da qualidade na fonte; foco na eliminação dos desperdícios e das
perdas; gestão orientada para o “Gemba” (local onde as coisas acontecem); desenvolvimento das pessoas; gestão transparente”,
relaciona Ruy Cortez de Oliveira, lembrando que empresas que adotam o método Kaizen, quando vão ampliar suas plantas,
procuram construtoras que também se norteiem pela filosofia para não comprometer a produtividade.
O especialista alerta que o método Kaizen, além de salutar para a cadeia produtiva da construção civil, também deveria ser
implantado nos programas governamentais que estimulam o surgimento de novas obras, como o PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento) e o Minha Casa, Minha Vida. “Há necessidade de um melhor gerenciamento dos recursos, para poder aplicá-los no
momento certo e, assim, evitar atrasos e ineficiência de todos os programas. Uma das ferramentas do Kaizen é o gerenciamento
de projetos, que busca garantir que os recursos sejam bem aplicados e a data da entrega do empreendimento, produto ou
processo seja alcançada”, diz, completando que as construtoras que já adotam o sistema Kaizen têm conseguido aumento de
produtividade em torno de 10%, no comparativo com as demais. “É mudar o modelo produtivo ou permanecer na época das
pirâmides”, finaliza Ruy Cortez de Oliveira.
Entrevistado
Ruy Cortez de Oliveira, sócio-diretor do Kaizen Institute Brazil
Currículo
- Ruy Cortez de Oliveira é graduado em engenharia metalúrgica, pela Escola de Engenharia Mauá, e pós-graduado em engenharia
pela Escola Politécnica da USP
- É consultor do BID (Banco Interamericano para o Desenvolvimento) e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) desde 1997
- Foi também sócio-diretor da CGE Consulting, da Normatec Engenheiros Associados e gerente do setor de qualidade e
engenharia da Equipamentos Villares
Contato: www.br.kaizen.com / [email protected]
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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Construção Civil Precisa Eliminar Desperdícios