AS MULTIPLAS INTELIGÊNCIAS DESENVOLVIDAS ATRAVÉS DOS RELACIONAMENTOS¹ ROSSI, Daiane S.²; JARDIM, Paula B.³ ¹ Trabalho apresentado na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III_UNIFRA ² Graduanda do Curso de História do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) ² Professora Orientadora do Curso de História do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) E-mail: [email protected]; [email protected]; RESUMO: Este artigo tem por objetivo discutir a respeito da prática do Estágio Curricular Supervisionado III, elaborada no Ensino Fundamental da Escola Estadual Padre Rômulo Zanchi, localizada na Vila Schirmer, zona leste de Santa Maria. Este trabalho está vinculado indiretamente ao Programa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto História, do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), financiado pela CAPES. Optou-se por dividi-lo em três partes, onde serão abordados a sequência das experiências, o começo, o desenvolvimento e o final do estágio. Na primeira parte, “Preocupação em acertar”, discuto a respeito das primeiras inquietações antes de ir para a sala de aula, bem como os medos do primeiro contato. Na sequência, em “Deixar-se envolver”, pontuo questões mais teóricas, envolvendo a Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, relacionando-as com a prática e as competências desenvolvidas. Por fim, em “Totalmente envolvida”, postulo questões envolvendo as minhas expectativas em relação às próximas experiências, bem como aponto algumas considerações finais dessa prática docente. Palavras-chave: Inteligências Múltiplas; envolvimento; frustrações. 1 – PREOCUPAÇÃO EM ACERTAR: As primeiras inquietações surgiram no planejamento da primeira aula. Meu objetivo era, desde o início, poder compreender as individualidades da turma, a fim de adaptar minha metodologia a eles, e não vice-versa. Com esta meta, elaborei um questionário, para traçar um perfil da turma, haviam perguntas gerais e específicas da disciplina de História, como por exemplo: gosta da disciplina, qual conteúdo; gosta de ler; tem acesso a redes sociais; qual o tema que mais chama atenção. Logo no primeiro dia, quando eles responderam as questões, eu observei que de um total de 23 alunos que responderam, 6 afirmaram odiar História. A partir deste índice, eu indaguei esses seis sobre do que eles gostavam, quatro responderam que gostavam de internet. Então eu resolvi começar o conteúdo pela História da Internet, abordando questões sobre a leitura e os meios de comunicação ao longo dos séculos. Foi o princípio de uma relação, pois consegui mostrar para eles que era possível falar de História e que, não necessariamente, ela era datas, fatos ou coisas a decorar. A atenção deles naquela aula, me observando com quem pensa: “o que ela tá falando, que negócio é esse de tudo tem História?”, me fez perceber que essas maneiras diferentes de introduzir os conteúdos obrigatórios seriam o melhor caminho a seguir. Concomitante a esse primeiro contato, haviam as expectativas com relação à orientadora do estágio. Preocupação em fazer um plano de aula correto, correspondendo a todos os itens da melhor maneira, programando os tempos certos para cada atividade. Ainda nessa insegurança de não errar, buscava, quando estava frente-aluno, fazer as tarefas conforme o cronograma do plano, preferencialmente, seguindo os tempos previstos. Entretanto, comecei a perceber que estava engessada no planejamento, que se usasse ele só como referência e não como regra a ser seguida, a aula poderia transcorrer mais tranquila. Tendo em vista que, dessa forma, os alunos também iriam me ajudar a construir cada momento em sala de aula, pois os imprevistos serviriam para uma constante adaptação e reconstrução. Aliado a essa questão, sempre me intrigou como aplicaria na prática as teorias sobre como desenvolver as habilidades e competências em sala de aula, discutidas por Celso Antunes (2001). Além disso, haviam questões mais pessoais envolvidas, como por exemplo, a insegurança em relação a se seria “bem quista” pelos alunos ou não. Bem como, uma das minhas principais angústias era não ser para eles todo aquele tipo de professora que eu não gostei de ter. Ou seja, alguém que não levasse em consideração as individualidades e as inquietações, não soubesse responder aos questionamentos, que elaborasse aulas pouco atrativas. Outra questão, bem pessoal, era não ser levada a sério pelos alunos, devido a minha idade ser muito próxima à deles. Aliado a isto, estava bastante insegura em relação ao tipo de linguagem que deveria ser utilizado: gírias ou não, vocabulário mais difícil, fácil; isto transpareceria tanto na minha fala, quanto na produção dos textos que seriam discutidos em aula. Fora todas essas angústias iniciais, vieram os primeiros desafios. Procurei chamar de “o desafio de ser desafiada”, pois constantemente, em várias aulas, uma aluna em especial, sempre me fazia uma pergunta. Muitas vezes, a dúvida nem tinha relação com o conteúdo, deixando ainda mais claro que aqueles questionamentos eram para me testar, para saber até onde eu sabia. Procurei responder a todas as perguntas, inclusive, passei a também questionar essa mesma aluna, resultado: ela foi a aluna que atingiu a nota mais alta do trimestre e é uma das que eu mais tenho contato extraclasse. Além desse desafio dos questionamentos, destaco como o maior teste do semestre, a dificuldade em enfrentar a primeira frustração na docência. Desde os primeiros encontros eu propus um trabalho de pesquisa sobre a Belle Époque, disponibilizei vários sites e material para consulta, sendo que em praticamente todas as aulas eu lembrava a turma de que eles deveriam apresentar uma parte escrita e um movie maker sobre o tema. Uma semana antes da data prevista para a discussão dos trabalhos, descobri que uma das alunas estaria de aniversário, sendo assim, sugeri que fizéssemos uma confraternização. Fazia cerca de um mês e meio que eu estava estagiando, pensava que já tivesse conquistado a confiança da turma e que, por isto, o retorno viria. Foi neste ponto que ocorreu a frustração. No dia previsto, começou que a aniversariante não compareceu, quem ficou de trazer alimentos não trouxe e, finalmente, no momento da apresentação, somente 5 grupos me entregaram e, destes, apenas 3 apresentaram o movie maker. Sendo assim, os 100 minutos que eu havia programado se resumiram em meia-hora. Este é o momento em que deveriam entrar em ação o plano “B”, “C”, “D”; entretanto, eu acreditava tanto que aquela proposta daria certo que não pensei em alternativas. Resultado: levei a turma de volta para a sala de aula, solicitei que abrissem o livro na página “x”, e então leríamos aquele conteúdo e pronto. Saí da escola naquela sexta-feira me sentindo a pior profissional, incompetência era meu segundo nome. Porém, algo deveria ser feito, o estágio continuava – apesar de eu ter repensado se realmente queria estar dando aulas – e na próxima semana seria necessário retomar de onde paramos e modificar o método. Encarar a turma depois da frustração foi o “divisor de águas” da minha experiência no estágio. Eu ainda não tinha me dado conta do quanto aquele fato havia me marcado, até ir à reunião do estágio e perceber, ouvindo as observações da orientadora, o quanto eu estava abatida. A próxima aula chegou e a minha primeira reação foi agir como se nada tivesse acontecido. Simplesmente, pensei que quem deveria se modificar era eu e, por isso, a mudança na metodologia seria o melhor caminho. A partir daquela data, trabalhos de grupo em casa não seriam solicitados. Revi minha maneira de dar aulas, resolvi dar mais autonomia a turma, uma maneira na qual eu fosse uma mediadora dos conteúdos, ou seja, eles deveriam construir o conhecimento com meu apoio. Passei a propor inúmeros trabalhos em aula, levar temas diferenciados, nos quais a turma teria que pesquisar, sintetizar e me apresentar o que compreenderam da proposta. Essa ideia funcionou, todos os grupos passaram a trabalhar e os resultados começaram a aparecer. 2 – DEIXAR-SE ENVOLVER: Conforme a turma foi correspondendo as minhas expectativas, passei a variar as atividades da sala de aula, às vezes levava música, outras vezes poesia; sugeria trabalhos em grupo ou em dupla; normalmente, fazia esquemas no quadro e os utilizava como o primeiro subsídio para um conteúdo que seria construído em conjunto através de pesquisas. De acordo com o que eu percebia que a turma respondia melhor, planejava as aulas. Deixei que eles fossem, mesmo que indiretamente, os personagens principais do meu planejamento – e não vice-versa como estava fazendo no início, com planos de ensino fixos, sem considerar os imprevistos. Meus objetivos se basearam na lei 9394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 22, no qual aponta o caminho a prosseguir na educação básica: “(...) desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Sendo assim, dar aulas não se restringe à assimilação maior ou menor de conteúdos prefixados, mas se compromete em articular conhecimento, competências e valores, com a finalidade de capacitar os alunos a utilizarem-se das informações para a transformação de sua própria personalidade, assim como atuar de maneira efetiva na transformação da sociedade. (BEZERRA, 2010). A partir disto, visou-se o “desenvolvimento de novas habilidades e competências nos discentes, na intenção de formar cidadãos capazes, autônomos, responsáveis e sujeitos do processo histórico” (CAMARGO; MEDEIROS, 2005, p. 4). Com esse pressuposto, a ideia de “História Tradicional” declina, sendo ela um método voltado para o ensino factual, linear e sequencial, baseado na memorização. Teoricamente, entraria em vigor um aprendizado de História que privilegie as multiplicidades temporais, espaciais, culturais e sociais. Então, os alunos teriam uma maior participação como agentes da história, considerando que esta seria inserida nos processo ensino-aprendizagem com base em sua realidade. E a partir dela seriam problematizadas novas abordagens para trabalhar os conteúdos em sala de aula. Baseando-se nesse pressuposto, de inserir o aluno no meio histórico, não busca-se transformá-lo num “pequeno historiador”, mas fazer com que chame sua atenção à pesquisa histórica, para que encontre problemáticas para responder às suas inquietações pessoais. Assim, essas novas metodologias tendem a procurar deixar de lado a ideia de verdade absoluta, tendo em vista que eles mesmos podem encontrar várias respostas a seus problemas. No entanto, Janice Theodoro (2010), apresenta uma questão na qual, “se o professor não sabe colocar o problema, observar uma situação por diferentes ângulos, trabalhar inúmeras variáveis, estabelecer relações, discutir as premissas, dificilmente proporcionará isso aos seus alunos” (p. 53). Por isso, é de suma importância o papel do professor como mediador entre a teoria e a prática escolar. Com esse objetivo, de deixar cada vez menor a distância entre a teoria e a prática, me baseei nas teorias de Howard Gardner – sobre as inteligências múltiplas – para desenvolver em sala de aula algumas competências que proporcionassem aos alunos desenvolverem suas mais variadas habilidades. Conforme Gardner, inteligências são talentos ou dons e, para compreendê-las, é necessário um trabalho multidisciplinar, focando em como as habilidades evoluem. Ele considera que a inteligência é um potencial para processar as informações, que podem “entrar” pelos olhos, ouvidos ou mãos, servindo para solucionar os problemas e fazer coisas que são valorizadas no seu meio. O autor trabalha com a “fragmentação” do cérebro em várias competências, subdivididas em três grandes grupos: linguagem, música e pessoais. Dentro destes grupos, definiu nove categorias, as quais, afirma que nem todas funcionam bem, mas que a maioria de nós possuí uma combinação de alguns elementos que são bons, outros que são medianos e outros que não funcionam direito. A essas categorias, Gardner chamou de inteligências, sendo elas: a linguística, lógicomatemática, musical, inteligência espacial, corporal, interpressoal, intrapessoal, naturalista e existencial (GARDNER, 1995). Na prática do estágio, busquei desenvolver basicamente quatro inteligências, sendo que as duas mais exploradas foram à linguística, através do incentivo para que os alunos se utilizassem da fala e da escrita como seu principal subsídio, através de posicionamentos críticos referentes aos conteúdos. E a musical, na qual desde a aplicação do questionário – onde eles marcaram que a música era seu tema favorito –, eu procurei contextualizar o período estudado com os temas musicais da época; até as últimas aulas, quando levei paródias, para que eles cantassem e interpretassem a História. Além dessas duas, também é possível perceber a inteligência corporal, por meio das apresentações e interpretações dos trabalhos, como no caso da Revolução Russa. Tendo em vista que a turma se expressou através de faixas, cartazes e acessórios para a roupa, com a finalidade de se integrarem ao momento histórico que estava sendo trabalhado. E, por fim, houve o desenvolvimento de uma inteligência mais subjetiva, a interpressoal ou social. Esta é a habilidade de compreender as pessoas e interagir com elas, destacada, especialmente, através de profissionais da educação, líderes, religiosos. Com esta última me identifico mais, pois através do “deixar-se envolver” consegui interagir melhor com o grupo e eles comigo e, por isso, acredito, os trabalhos transcorreram naturalmente, “com a cooperação e participação de um grande número de pessoas”, como define Gardner para esta categoria. Ainda sobre a interpressoal, destaco as questões relacionadas ao envolvimento e as emoções. No início, pautada nas recomendações teóricas que orientam que não se deve ter muito contato com os alunos, procurei manter certa distância de todos, não divulgando contas online, por exemplo. Porém, conforme as aulas iam transcorrendo e eu mesma fui sentindo a necessidade de interagir mais compreender melhor o que se passava com os alunos no ambiente extraclasse resolvi divulgar minhas redes sociais. Mesmo receosa de que isto fosse me expor demais, confiei na relação que estava estabelecendo com eles. Obtive êxito, visto que eles sentiram-se mais seguros para conversar comigo assuntos que iam além dos conteúdos, aos poucos fomos tecendo laços de amizade, o que colaborou para obter ainda mais apoio e cooperação nas atividades que propunha em sala de aula. Entretanto, ainda faltava o contato físico, muito restrito a um simples “bom dia”. Isto se desfez a partir de uma aula que precisei conversar sério com a turma. Em meados do trimestre, fiz um levantamento das notas de todos e percebi que mais de 50% deles estavam abaixo da média. Esses dados não correspondiam com toda a participação e envolvimento que eu acreditava estar havendo na turma. Numa aula “x” não explanar nenhum conteúdo e apenas conversar, precisava entender o que estava acontecendo. Comecei afirmando que precisava falar sério com eles, o que já os deixou assustados, na sequência, expliquei da importância dos instrumentos de avaliação, que eu havia proposto sete, mas que mesmo assim muitos não tinham atingido a média. Segui relatando do quanto aquela experiência era válida para mim, que eles eram muito importantes e que não compreendia o motivo pelo qual não estavam correspondendo. Nesse momento me vi completamente exposta, afinal estava chorando. Interessante foi à reação dos alunos, que me disseram: “profª a culpa não é sua, agente que não estudou!” Ou seja, é preciso compreender as individualidades não só no momento do planejamento e da adequação do método, mas também na hora de avaliar, afinal o problema não era eu que estava utilizando os instrumentos errados, eles é que não estavam a fim, não haviam se dedicado o suficiente. Entretanto, isso não significava dizer que nossa relação era ruim, muito pelo contrário, foi nesse mesmo dia que a aluna que no início me fazia muitas perguntas me deu um abraço. Em um primeiro momento, me assustei, depois retribuí. A partir daquele “dia do choro”, estabelecemos laços ainda mais fortes, no quais, inclusive, já houve momentos de alunas conversarem comigo, via internet, só para desabafar. Na prova, que foi na sequência desta aula, o rendimento foi muito bom com relação às outras notas, talvez o choro tenha funcionado. 3 – TOTALMENTE ENVOLVIDA: Estive atuando na turma 81, da Escola Estadual Padre Rômulo Zanchi, por cerca de quatro meses, o que no início era insegurança, no final foi só alegria. Questiono-me sobre se consegui atingir os principais objetivos que eram despertar nos alunos o gosto pela disciplina de História, incentivar a eles que se posicionassem criticamente, além de possibilitar à turma a compreensão de que é possível estudar História partindo das inquietações atuais, utilizando-se de temas e métodos diferenciados. Busquei, ao longo do estágio, estar constantemente agregando a teoria com a prática, para que, realmente, fossem desenvolvidas as habilidades, competências e inteligências. É possível afirmar que atingi minhas metas pessoais, de procurar ser compreensiva com os alunos, considerando suas individualidades e proporcionando que cada um deles tivesse autonomia na construção do conhecimento. O que me intriga é essa forte relação pessoal que construí com a turma, penso sobre até que medida um professor deve se envolver. Mas se hoje consigo afirmar que estou feliz com minha futura profissão e ter a certeza de que é isto que quero seguir, foi graças a esse envolvimento, interação e forte laço que construí. Nesse momento, me deparo frente à nona inteligência definida por Gardner, chamada de existencial, pois é a capacidade de situar-se com referência às características existenciais da condição humana como o significado da vida, o significado da morte, o derradeiro destino dos mundos físico e psicológico, e àquelas experiências profundas como o amor por alguém ou a total imersão num trabalho de arte (GARDNER, 1999, p. 60). No meu caso, o profundo envolvimento com o estágio. Para onde vou? Quem serão os próximos alunos? A 81 me esquecerá? Penso que a cada nova turma as angústias, frustrações e realizações se renovam. Certamente cada experiência será única, mas é inegável que a primeira é inesquecível. Para muitos pode ser traumatizante, para outros pode ter passado despercebida, mas para mim foi essencial para ter a certeza de que estou na profissão certa. REFERÊNCIAS: ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2010. CAMARGO, Leonardo Silva; MEDEIROS, Elisabeth Weber. O olhar do educando: impressões dos alunos de ensino médio sobre as aulas de História. Disciplinarium Scientia. Série: Ciências Humanas. Centro Universitário Franciscano. Santa Maria: v. 6, n. 1, 2005. GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes médicas, 1995. ____________. O verdadeiro, o belo e o bom: princípios básicos para uma nova educação. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1999. THEODORO, Janice. Educação para um mundo em transformação. In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2010