Programa YogIN de Meditação APRESENTAÇÃO Comecei o Yoga na adolescência, na época me interessava por pessoas talentosas acima da média e consequentemente por poderes paranormais. Lia sobre Meditação, Kundaliní e outros assuntos que acabaram me levando ao Yoga. Vinte anos de aulas e práticas me ensinaram que quase tudo na vida (trabalho, esportes, festas, cultura) acelera nossos batimentos cardíacos, respiração, sentidos ou pensamentos. Num termo mais técnico, estamos o tempo todo estimulando o sistema simpático, responsável pelas ativação involuntária dos instintos de luta ou fuga. Entretanto, nada pode ser eternamente acelerado. Se existem aceleradores, há de existir o freio. Uma vida com qualidade depende de algumas paradas. O Yoga é justamente este freio. Uma breve pausa para que a vida não passe do ponto em que começa a perder desempenho ou sentido. Por conta desses estudos, comecei a meditar bem jovem. Pesquisava nos livros e tentava algumas técnicas. Havia muita auto-indução naquele início. Acabei aprendendo na marra que para meditar é preciso vencer alguns obstáculos, criar uma base para conseguir sustentar a concentração. Quando comecei a lecionar aos 17 anos, observei que as minhas dificuldades eram as mesmas dos meus alunos - não há como meditar sem ter um pouco de controle do corpo e abstração dos sentidos. Sem isso, a respiração fica desritimada, as costas ou joelhos geram dor e a dor é a maior de todas as dispersões. Não dá! E se meditar deitado? Dorme. Para começar a sentar, fechar os olhos e pretender exercitar a concentração, você precisa ter construído essa base de conforto corporal, respiração controlada, abstração dos sentidos e sustentação do foco. A medida que fui evoluindo nos exercícios, comecei a entender melhor suas definições e elas vêm fazendo cada vez mais sentido para mim. Lembro como se fosse hoje, do dia em que me sentei numa posição extremamente desconfortável, fechei meus olhos e tentei parar um pouco os pensamentos. Que desastre! Olhava para os lados para confirmar se alguém conseguia fazer aquilo com conforto. Parecia distante, impossível mesmo. Com o treino, passei a identificar alguns truques que a mente usa para escapar do foco. Aprendi a reduzir o fluxo dos meus pensamentos e me sentir revigorado depois de cada prática. Nos últimos 10 anos, dediquei-me aos esportes de endurance(competições de longa duração como ultramaratonas, IronMans etc), pois vejo nessas atividades uma estreita relação com a meditação. Nestes esportes, a repetição que se busca no exercício de meditação é feita com ação. Em Do que eu falo quando eu falo de corrida, o b est-seller japonês, Haruki Murakami, fala dos seus longos e repetitivos treinos e como aquilo contribui para o ofício da escrita, hábito de concentração máxima - “Por mais mundana que uma ação possa parecer, fique nela o tempo suficiente e ela se tornará um ato contemplativo, meditativo até.”Treinar a meditação numa atividade dinâmica tem sido uma experiência de satisfação e aprendizado. Nos últimos sete anos fiz pelo menos uma maratona por ano (às vezes duas) e nos últimos dois anos (2014 e 2015) completei o full IronMan em Florianópolis. O Método YogIN de Meditação que você aprenderá nas próximas páginas, foi transmitido a muitas pessoas e seus feed-backs (para ver depoimentos dos alunos, procure na home do blog YogINApp.com) me motivaram a escrever este livro para difundir o Método para todos que querem melhorar sua concentração. Dê ao seu corpo e mente uma oportunidade singular de descanso - não tem preço. Espero que você também goste da experiência. PROGRAMA YOGIN DE MEDITAÇÃO Desconforto corporal; Quando se fala em dificuldades na meditação, há semelhanças entre o que dizem as mais antigas escrituras como Upanishads e Vêdas e os relatos dos alunos. Há sempre alguma menção a estes quatro itens: Respiração desritimada; Informações vindas pelos sentidos que dispersam a mente; Dificuldade de sustentar a concentração por mais de alguns segundos. O Programa Yogin de Meditação - PYM - consiste na junção das mais eficientes técnicas para a meditação com o intuito resolver esses grandes obstáculos dos praticantes. No PYM, a prática é o ponto mais importante - pois no final do dia, o que faz você revigorar seu corpo e concentrar sua mente é o quanto praticou e não o quanto estudou sobre o tema. O PYM é recomendado para pessoas pragmáticas que querem menos falatório e mais resultados na meditação. Serão apenas 20 minutos por dia! E o que são 20 minutos? Talvez você gaste isso sem perceber, vagando pelas redes sociais ou vendo um programa na TV que nem é tão interessante assim. Se eu estivesse no seu lugar, apostaria 20 minutos do meu dia durante um mês para testar algo em prol do ganho de concentração. O retorno na produtividade vai compensar de longe. O programa possui três fases - INICIANTE - INTERMEDIÁRIO - AVANÇADO. Cada uma delas terá 4 módulos com períodos diferentes. INICIANTE - quatro semanas, um módulo por semana aumentando 1 minuto por dia até 12 minutos de meditação. INTERMEDIÁRIO - dois meses, um módulo a cada duas semanas aumentando 1 minuto por dia até 15 minutos de meditação. AVANÇADO quatro meses, um módulo por mês aumentando 1 minuto por dia até 20 minutos de meditação. POR QUE MEDITAR? a intuição fluir - eis a meditação. Os antigos sábios hindus gostavam de Entretanto, parar a agitação dos começar suas explanações definindo pensamentos não é algo simples. o que entendiam pelo assunto. Lutamos contra um condicionamento Quando falamos de meditação, esse atávico - pensar o tempo todo. esclarecimento prévio é ainda mais importante, pois trata-se de um Para reduzir as dispersões da mente é preciso estabilizar conceito bastante amplo que pode não apenas os pensamentos, mas também o corpo e as abarcar da fé à parada das ondas emoções. mentais. Dentro da Natureza, o mais denso Meditar é diminuir as influências dos sentidos e da memória sempre eclipsará o mais sutil - as no fluxo dos pensamentos permitindo a ampliação da auto- estrelas estão no céu durante o dia, mas a luz mais densa do sol, eclipsa a observação. luz mais sutil das estrelas. Em nossos Meditar não quer dizer pensar, como o corpos ou meios de manifestação, significado da palavra sugere. Meditar funciona exatamente da mesma é justamente o oposto - parar de forma. pensar. Isto não significa reduzir a capacidade de análise, mas permitir Quando a maior parte da atenção que a consciência flua por um canal está voltada para o corpo físico, fica mais sofisticado que o mental, o difícil explorar as emoções, pois o intuicional. Quando você consegue físico é mais denso que o emocional. estabilizar as ondas mentais, deixando Vejamos o exemplo de um casal que se conhece numa festa. Enquanto dançam, não conseguem demonstrar o que realmente sentem um pelo outro. Estão com o foco no movimento dos corpos acompanhando o ritmo da música. Para que o emocional venha à tona precisam parar o corpo, sentar num lugar mais tranquilo para demonstrar afeto. Na prática, o que eles fizeram em relação ao corpo e as emoções, é o mesmo que faremos com os pensamentos e a intuição. Pare o mais denso para que o mais sútil atue. Por sua vez, o emocional é mais denso e por isso eclipsa o plano mental. Você já deve ter escutado a expressão “não tome decisão de cabeça quente”. De fato, ninguém consegue fazer uma análise matemática se estiver muito nervoso. É preciso baixar as emoções para pensar com clareza. A mente é bastante densa quando comparada com à intuição. Para se conseguir meditar, é preciso suspender os pensamentos e permitir que a consciência flua pelo plano da intuição. Todos os dias, temos uma quantidade incalculável de intuições. Insights sobre vários aspectos da vida que se perdem pelos nossos pensamentos. Os poucos lampejos que nossa mente permite vir à tona, são posteriormente censurados pelo nosso senso crítico implacável. “I magine que terei problema com esse apartamento. O local é o melhor possível, os vizinhos parecem boas pessoas e o financiamento está muito bom.” Uma das maiores dificuldades para estabilizar os pensamentos, é que você não consegue dar um comando para que eles simplesmente parem - tal como faria com um movimento voluntário da perna. A mente é a mais instável das formas de manifestação. Infelizmente, o alimento deste insaciável corpo são as dispersões. Dominá-las por alguns minutos não é impossível, mas exigirá dedicação de um treino com regularidade. Quando atletas treinam para uma prova longa, sabem que se não estiverem bem preparados, irão sofrer muito durante a competição e este receio os mantém atuantes. A meditação não tem esse tipo de motivador. Caso não faça, não sofrerá e talvez isto dificulte um pouco sua disciplina. Lembre-se sempre que se não treinar, tampouco colherá os benefícios desta prática. Ramakrishna, importante mestre do século XIX, comparava a mente humana a um macaco, mas não um macaco qualquer - um macaco bêbado, que tivesse sido mordido por um escorpião e com fogo queimando seu pelo. Este exemplo funciona muito bem para se ter uma noção do tamanho do desafio que você enfrentará. Entretanto, posso garantir que a de dedicação será recompensada. Um dos aprendizados mais importantes da meditação é conseguir manipular a atenção para aquilo que você julga mais importante naquele momento. Para que se consiga êxito na trilha da meditação, descansando de verdade o corpo e a mente, é preciso praticar. Quando digo praticar não me refiro a intermináveis horas meditando dentro de uma caverna, mas tendo acima de tudo constância. Você conseguirá mais resultados praticando os módulos todos os dias que ficar horas praticando num dia e nada nos demais. Disciplina e constância, guarde isso e guarde também o que Patáñjali no capítulo I - 14 do Yoga Sútra que é necessário para o sucesso - um enérgico afã de conquistar a estabilidade. Tem que usar Nós professores, costumamos ouvir seguidamente esta pergunta, muitas vezes com um leve tom de reclamação. Para respondê-la é essencial que você entenda o valor que a cultura do Yoga tem em sua prática. a cultura precedente. Usar a língua que possivelmente foi falada por Shiva é um respeito à tradição desta filosofia. sânscrito? Esta filosofia possui mais de 5000 anos, então, o valor desses milhares de anos e das milhões de pessoas que passaram por esse processo é inestimável. O Yogin valoriza a cultura ancestral, valoriza o poder dessa transmissão de conhecimento ao longo de centenas de gerações de praticantes. O Yoga está vivo graças a esse compromisso com Outras facilidades que a utilização do sânscrito pode trazer é o rápido reconhecimento das técnicas por uma linguagem universal. Claro que há diferenças nas nomenclaturas, mas mesmo assim ainda vale a pena saber o mínimo. Vamos ajudá-lo a vencer o trauma do sânscrito indicando um dicionário online para pesquisas rápidas ;) http://spokensanskrit.de/ TÉCNICAS Qualquer atividade que façamos em nossas vidas pode ser aprimorada se aplicarmos técnicas específicas para isto. Tomemos, por exemplo, a evolução dos recordes mundiais, numa competição como a dos 100 metros rasos. Por se tratar de uma prova muito rápida, são necessários enormes esforços para se reduzir cada centésimo de segundo do melhor tempo já alcançado. Em 1891, ano em que esta categoria tornou-se oficial, um americano chamado Thomas Burke a venceu com o tempo de 12 segundos. Em 2009, o jamaicano Usain Bolt completou a mesma distância em assombrosos 9,58 segundos. Não se pode atribuir a alguma mutação da raça humana, em “apenas” 113 anos, tamanho salto de performance. O que ocorreu, ao longo deste pouco mais de um século, foi uma grande especialização na preparação dos atletas, com muito desenvolvimento científico e tecnológico, treinamentos mais eficazes, cuidados com a alimentação, a parte psicológica e o descanso. O ser humano não mudou; a técnica, sim. Não apenas nos esportes, sempre poderemos aprimorar o nosso desempenho ao adotarmos os recursos certos. Apresentamos abaixo algumas técnicas para a ampliação da concentração. Certamente não são as únicas, mas tratam de pontos essenciais a serem observados e aprimorados. Estes são os quatro conjuntos de técnicas que poderão ser usadas por qualquer pessoa que deseje aprimorar e aperfeiçoar sua performance. 1. Mudrá - gestos para introspecção 2. Ásana - posição psicofísica 3. Pránáyáma - respiratórios para controle emocional e ganho de energia vital 4. Dhyána - concentração e meditação Os antigos ascetas que criaram estes exercícios levavam muito a sério a excelência técnica nas execuções. Para evoluir em cada uma das técnicas, é essencial que você observe todas as recomendações que serão passadas. Cada técnica descrita, atuará de forma diferente em áreas profundas do psiquismo, criando uma estrutura para as modificações que a meditação gera. Mudrá Os mudrás serão a primeira ferramenta que o iniciante terá acesso dentro do Programa YogIN de Meditação. Usaremos os seguintes gestos no PYM: Jñána Múdrá - você usará o Jñána Múdra durante os exercícios respiratórios. Sua execução é bastante simples - toque com o indicador o polegar. Quando for dia, vire as palmas das mãos para cima, à noite volte-as para baixo. O toque dos dedos fecha um circuito eletromagnético reduzindo a dispersão de energia pelas mãos. Menos energia dispersada significa mais energia acumulada - objetivo principal dos exercícios respiratórios; gestos para introspeção Shiva Mudrá (gesto de Shiva) ou Bhairava Mudrá - este gesto tem uma importância muito grande dentro da prática da meditação e do Yoga. Não é mera causalidade que esta posição das mãos leva nome do criador do Yoga. Certamente, isto foi uma dica que os antigos deixaram para atentarmos para o valor inestimável deste gesto dentro das práticas e meditações yogins. mãos As e a evolução A importância das mãos no desenvolvimento humano nunca recebeu a devida atenção que merece. Não foi nosso cérebro humano que espontaneamente aprimorou suas funções e nos fez mais inteligentes que os outros animais. O processo foi inverso e começou quando ensaiamos fazer movimentos mais elaborados com nossos dedos, principalmente o polegar. Isto produziu a necessidade de associações neurológicas também mais aprimoradas. A partir daí, as sinapses se desenvolveram e possibilitaram a criação de ferramentas para caça, pesca e outras necessidades. Posteriormente, toda a civilização como conhecemos hoje. Intuitivamente, os antigos sabiam da importância das mãos no desenvolvimento humano, e não foi por acaso que colocaram os mudrás - a ampliação da consciência das mãos como parte de sua prática cotiana. O surgimento do Yoga a partir dos mudrás Talvez o Yoga tenha surgido a partir dos gestos. Pode-se imaginar Shiva, após se deparar com um deslumbrante pôrdo- sol, sendo profundamente tocado por aquele momento. Sua aguçada sensibilidade, o fez desfrutar daquela belíssima paisagem com todo o seu corpo. Sentado, espontaneamente sentiu necessidade de marcar aquele momento com algum movimento, talvez, um gesto. E assim o fez. Registrou o estado de consciência, para que sempre que quisesse reviver aquela magnífica experiência poderia usar o gesto como recurso. Após a experiência, o bailarino começou a perceber que pequenas modificações nos dedos o remetiam a outros estados de consciência e também a forma como a energia percorre nosso corpo e que determinados gestos possibilitam a manipulação dessa energia. Também começou a colocar mais atenção nos gestos quando fazia sua dança e a melhorava mais e mais. Por fim, descobriu a interferência dos gestos na supressão da instabilidade da consciência e meditou. O resto é historia ou mito... ÁSANA emocionais podem dar origem a certos padrões musculares que bloqueiam o Por que será que uma das mais belas, perfeitas e livre fluxo de energia. Esses bloqueios incompreensíveis criações da natureza, o corpo humano, é foram chamados por ele de “couraça da personalidade” e para desfazê-los, tão mal utilizada por nós? devemos praticar técnicas que atuam diretamente no corpo. Reich foi certeiro A visão do corpo como a âncora que ao demonstrar o que já era sabido nos prende no mundo do pecado é pelas antigas filosofias orientais: que fortemente reforçada por diversas nossa maneira de pensar e sentir se religiões e doutrinas. Esse ponto de reflete nas células e que determinados vista reducionista incentiva práticas de exercícios corporais podem trazer mortificação e despreza os sentidos. à tona problemas incrustados nos Mesmo formas de trabalhos corporais músculos. mais modernas melhoraram um pouco a visão do corpo, mas ainda o colocam Esse paradigma engessado de como centro dos problemas. É o caso trabalhar com o corpo somente de Wilhelm Reich, famoso psicanalista se ele tiver problemas pode ser discípulo de Freud, que concentrou comparado com teorias econômicas seus estudos não no conteúdo que tem como único objetivo livrar psicológico dos distúrbios mentais, pessoas, empresas ou países de mas no modo como esses distúrbios crises financeiras. Uma vez que elas se manifestavam fisicamente - Reich tenham saído do “vermelho”, o papel acreditava que atitudes e experiências desta superficial ciência da economia posição psicofísica já estaria cumprido. Sabemos que a economia pode ser usada de maneira muito mais abrangente, não somente na resolução de problemas, mas também para a capitalização de riquezas. Com divisas acumuladas e sabiamente aplicadas, muito se pode fazer para o desenvolvimento das pessoas e para a melhoria do mundo. Portanto, um trato mais inteligente com o corpo não se limitará a desfazer tensões ou problemas corporais, mas irá adiante. Uma vez que temos o corpo saudável, poderemos explorálo como uma ferramenta perfeita de autoconhecimento. Conforme colocou Frijot Capra, em seu livro, Ponto de Mutação, “O trabalho do corpo baseia-se na crença de que todas as nossas atividades, pensamentos e sentimentos refletem-se no organismo físico, manifestando-se em nossa postura e movimentos, nas tensões e em muitos outros sinais da “linguagem corporal”. O corpo, como um todo, é um reflexo da psique; o trabalho com o corpo mudará a psique e vice-versa.” Vamos pegar esse trecho final para entender melhor como funciona um trabalho de desenvolvimento global do ser humano, que leva em conta as inter-relações que nosso corpo possui. Chamaremos esse “vice-versa” de caminho inverso. Analisemos uma situação na qual vivenciamos um grande medo ou um alto nível de stress. Estas alterações emocionais afetam diretamente nossa respiração e o fluxo de pensamentos. Não há efetivamente uma divisão entre corpo e mente / emoção e razão - o ser humano é um sistema que abrange tudo isto. Para se fazer um desenvolvimento efetivo, precisamos atentar para todas estas partes, trabalhando somente com o psiquismo ou apenas com o corpo jamais conseguiremos resultados completos uma vez que o homem é o todo. Portanto, parafraseando Capra, ao atuarmos no aprimoramento de uma dessas partes, todas as demais serão beneficiadas e “vice-versa”; a deteriorização de uma atrapalhará todas as demais. Tudo o que sentimos, acaba de alguma forma sendo transmitido às nossas células. Quando levamos a consciência para uma determinada parte do corpo trilharemos mais uma vez o caminho inverso e aproveitaremos a quantidade enorme de informações contidas no físico para aprimorarmos nossas emoções e pensamentos. O corpo servirá como ferramenta de evolução se aquele que deseja evoluir estiver o tempo todo atento às suas mensagens, que são enviadas para nós, seja enquanto estamos descansando, praticando esportes ou ainda parados numa mesma posição. A antiga técnica indiana denominada á sana é a melhor maneira de se chegar às informações contidas nas células. Este tipo de técnica corporal tem como base exercícios de alongamento, flexibilidade e força e permite que o praticante aprenda a direcionar toda a sua consciência para a parte do corpo que mais solicita sua atenção no momento da execução. Dessa forma, após uma prolongada permanência, é possível extrair informações sensoriais contidas naquela parte do corpo. É incluso neste tipo de prática uma respiração consciente que facilitará a aproximação do inconsciente ao consciente do praticante, gerando uma quantidade enorme de insights e, conseqüentemente, aprendizado. Quando unimos esses dois trabalhos temos tudo o que o corpo precisa para se aprimorar e despertar insights poderosos dentro de nós. Nosso verdadeiro EU é na verdade nossa mais profunda consciência. No entanto, este self que simplesmente é e que simplesmente observa, habita um mundo dinâmico de constantes transformações e que pede ação. Se nos voltamos totalmente para a consciência, o mundo nos penalizará, com, por exemplo, queda nos resultados tangíveis e perdas de desempenho corporal. Uma vez que para se contemplar é preciso imobilidade, se somente este lado for trabalhado, gerará inércia profissional e sedentarismo corporal, dois atributos que nada contribuirão para a alta performance. Por outro lado, se somente agirmos freneticamente sem seguir as diretrizes da sábia voz da consciência, os resultados podem até aparecer, mas não farão sentido para quem os atingiu. Sem significado algum, produzirão frustrações e possivelmente depressão. São muitos os casos de grandes empresários e executivos que depois de alcançarem os mais altos postos em suas áreas se vêm frustrados por aquilo não representar mais nada para eles. Certamente para conquistar tais objetivos, houve excesso de ação em detrimento da consciência. Por isso que é através de um trabalho corporal completo que conseguiremos aliar a ação com a consciência, o movimento com a contemplação. O corpo, que é o templo de nossa consciência possibilitará o conhecimento do todo, o conhecimento do cosmos, o conhecimento da vida e também a atitude que trará o resultados desejados. Para se chegar a este tipo de nível de trabalho é importante observar se movimento e consciência estão sendo contemplados e atuar nos dois lados da balança. Consciência trará perenidade e felicidade e a ação os resultados. Agindo nas dua partes alcançaremos o que entendemos por alta performance: conquistar os resultados desejados por muito tempo, com a participação de uma consciência desenvolvida que contribuirá para o desenvolvimento pessoal e para o alcance da felicidade plena. PARA EVITAR LESÕES Eu tenho uma genética favorável contra lesões, mas é claro que somente isto provavelmente não me impediria de ter lesões, tal como acontecia com meus amigos que treinavam ao meu lado para o IronMan. A lesão não acontece apenas por falta de estrutura dos músculos e articulações. Há diversos aspectos que aprendi com o Yoga e que me proporcionaram essa estrutura contra lesões. Estes ensinamentos valem tanto para os ásanas quanto para treinamentos esportivos. Alongue-se Tanto as tensões emocionais do diaa-dia, quanto aquelas geradas pelos treinamentos, ficam acumuladas nos músculos. Essas tensões, dependendo do nível, inflamam-se, gerando dores e desconfortos. Há pesquisas científicas, como a liderada por Kevin Tracey do Hospital da Universidade do North Shore, que em 2002, comprovaram a atuação das posições do Yoga no nervo vago, um dos controladores no combate às inflamações. Somando o que se sente depois das práticas com o que a ciência provou, os ásanas de alongamento tornam-se quase uma obrigação para quem quer viver com qualidade e não ter dores no corpo. Durante algum tempo, tive uma turma de atletas competidores de IronMans, sentia muita satisfação em ouvir as declarações de como os alongamentos, os livrava da sensação de peso nas pernas que os exercícios do triathlon produzem. Alongar é permitir ao corpo um melhor espaçamento para a circulação sanguínea. Quando os músculos começam a se alongar, o estímulo de contração é sempre maior que o de relaxamento. No entanto, quando se faz uma boa permanência, o impulso de relaxamento começa a dominar. Neste ponto, atua-se em tensões profundas que se soltam gerando a sensação de leveza tão comentada pelos alunos. Compita somente com você mesmo A lesão quase sempre acontece quando perdemos o contato com nosso corpo. O corpo deve ser ouvido. Yoga e esportes exigem auto-superação para à evolução. Mas não se engane, o seu corpo você não pode enganar. Todos nós temos cargas genéticas e bio-tipos específicos, é essencial que você entenda isso e jamais pense que tudo está na cabeça e que você pode tudo. Não há como negar a força da atitude interior. Sem essa força, não se consegue sustentar o esforço por muito tempo. No entanto, se você não quer se lesionar, o respeito ao corpo precisa ser prioridade. Eu falo para os meus alunos - o mais admirável não é o menino prodígio que aos 8 anos joga tênis melhor que os gigantes de 12, mas sim os senhores de mais de 70 anos que 5 vezes por semana se encontram para se desafiarem nas quadras. Se você quer ter vida longa com dinamismo, respeite seus limites. A vida está mais para uma maratona que para um tiro de 100 metros. Se você quiser mudar seu corpo muito rapidamente, desrespeitando seu ritmo, ele lhe cobrará um preço alto. E isto vale para qualquer atividade física. Temos que reconhecer que cada um tem um ritmo de evolução em cada atividade. Alguns conseguirão reter o ar nos pulmões por 3 minutos, outros não conseguirão tocar as mãos nos pés e outros demorarão mais de um ano para fazer uma invertida sobre a cabeça. A grande abertura para as lesões é dada quando o praticante começa a querer fazer o que seu colega está fazendo. Nos esportes, isso é muito comum e talvez explique sua alta incidência de lesões. O atleta quer chegar na velocidade do colega e não naquilo que seu corpo está preparado para fazer. Compreendo lesões em atletas profissionais, eles desafiam seus limites para por comida dentro de casa, mas lesão em caso de atletas amadores é na maioria dos casos obra do ego. No Yoga, aprende-se a observar-se mais, e ser indiferente ao nível que o colega alcançou. Preocupando-se com o seu ritmo de evolução e de mais ninguém, você terá uma poderosa ferramente contra lesões. Pránáyáma Você já parou para pensar o quanto sua respiração é afetada pelas emoções? A ansiedade por exemplo, produz uma respiração mais curta e acelerada, já um estado de serenidade produz uma respiração mais profunda e lenta. É inegável a relação entre padrões respiratórios e estados emocionais ou de consciência. O antigo povo drávida, que criou as técnicas usadas no Yoga, percebeu que se dominassem a respiração conseguiria interferir nos estados de consciência e controlar suas emoções. Deixando as coisas mais práticas, quando por exemplo, você exala o ar mais devagar você se recupera mais rápido, seja de um cansaço físico ou um stress emocional. Não é que vai deixar de sentir cansaço ou mesmo de ter essa sensação emocional, mas o fato é que existe um desgaste tanto para o cansaço físico quanto emocional. Quando sentimos emoções pesadas, como ódio, medo, stress etc internamente liberamos uma grande quantidade de toxinas, que quando liberadas em excesso se tornam prejudiciais à saúde. Então o simples fato de conseguirmos controlar melhor a saída do ar, tomando consciência do movimento muscular respiratórios para controle emocional e ganho de energia vital envolvido na respiração e fazendo com que o ar saia mais devagar, podemos reduzir esse desgaste tanto no âmbito físico como emocional. Os drávidas foram além de reduzir o desgaste emocional e catalogaram diferentes proporções de ritmos respiratórios para gerar diferentes estados de consciência. O ritmo é sempre descrito como uma proporção e sempre com a ordem: Inspiração - Retenção com Ar - Expiração - Retenção sem ar. Exemplo, ritmo 1-1-1-0. Significa que você deve inspirar em tempo 4 segundos por exemplo, reter o ar e expirar no mesmo tempo e não fazer retenção sem ar. Os principais ritmos 1-1-1-1 - Nossa respiração é desrit- mada fato que interfere diretamente no fluxo inconstante dos nossos pensamentos. Disciplinar a respiração para manter uma cadência é disciplinar a mente a manter foco. O ritmo é algo que nossa mente não gosta. Ela prefere a distração. Veja por exemplo, quando você começa a batucar uma música. Em sua introdução é mais fácil manter o ritmo. Quando a voz entra entonando a melodia, se você não estiver muito concentrado irá se atrapalhar e perder a cadência. Manter o mesmo tempo para todas as fases contribui para o foco mental. 1-2-1-2- Esse ritmo é importante para dar ao corpo mais tempo de assimilação do oxigênio e energia que estão sendo captados na respiração. Dobrar o tempo das retenções produz, na retenção com ar essa assimilação e na retenção sem ar, um tempo para maior introspecção. 1-1-3-0- Essa proporção amplia a saída do ar dos pulmões e isto como já foi explicado ajuda na recuperação do desgaste. Seja ele físico ou emocional. 1-4-2-1 - Esse é o ritmo mais avançado que existe daqueles que foram catalogados e testados por milhares de anos. Segundo as escrituras que descrevem tais técnicas, esta proporção é associada a estados meditativos. Respirar é viver, quem respira melhor vive melhor. Respirando com mais consciência você não estará apenas ampliando sua consciência corporal, mas também emocional e do fluxo dos seus pensamentos. Dominar ritmos respiratórios atuará como um treinamento de disciplina para a mente, pois o que ela gosta é de diversificação. Manter uma cadência respiratória é disciplina-la para mais foco e produtividade. YOGA HÁ PROVAS QUE O PODE AUMENTAR O CONTROLE EMOCIONAL? Professores de Yoga costumam falar bastante sobre a utilização das técnicas, especialmente as respiratórias no controle das emoções. As evidências que já vivenciei e os depoimentos dos meus alunos já seriam provas suficientemente fortes para afirmar que isso de fato funciona. No entanto, existem pesquisas científicas comprovando isso. tornem-se inúteis), nenhum aparelho novo poderá ser vendido, bom acho que deu para entender. Por sorte, há alguns voluntários comprometidos em trazer à luz da ciência aquilo que acontece em cima dos mats. Muitos desses estudos foram apresentados por William J. Broad, articulista do New York Times e autor de A Nova Ciência do Yoga. Pesquisas científicas não são tão comuns no Yoga e o motivos é que não há um real interesse por parte de quem normalmente financia este tipo de trabalho - estado e indústrias. Nenhum remédio novo será desenvolvido com o que for descoberto (pode ser até que alguns Esta pesquisa foi realizada por Khalsa, yogin e neurofisiologista da Escola de Medicina da Universidade de Harvard. “Khalsa trabalhou em estudos talhados para verificar se o ajustamento do estado emocional poderia ter benefícios demonstráveis para carreiras e estágios diversos da vida. Um centrou-se em músicos. Khalsa fez sua investigação com professores de Kripalu e focalizou a pesquisa em um renomado estabelecimento logo na rua dos centros de yoga de Berkshire — Tanglewood, a casa de veraneio da Orquestra Sinfônica de Boston e sua academia de estudos avançados para jovens músicos. O objetivo era verificar se fazer yoga poderia ajudar os iniciantes a dominar uma fobia de palco em geral, e, mais especificamente, ter um melhor desempenho diante do público exigente que ia à Tanglewood para os concertos de verão. Em 2005, Khalsa e Stephen Cope, de Kripalu, recrutaram dez voluntários dos prestigiados programas de bolsistas de Tanglewood. Os cinco homens e cinco mulheres tinham idades entre 21 e 30 anos, a média logo acima dos 25 anos. Isso incluía cantores, assim como aqueles que tocavam violino e viola, trompa e violoncelo. Por dois meses, os dez voluntários seguiram o treinamento de Kripalu. As opções incluíam sessões matinais e vespertinas sete dias por semana, uma sessão noturna semanal, uma sessão de meditação de manhã cedo e refeições vegetarianas em Kripalu. A pesquisa também incluía bolsistas recrutados como integrantes do grupo de controle que não tinham treinamento em yoga. Os resultados, embora não sensacionais, eram estimulantes, como Khalsa e Cope relataram em seu artigo científico de 2006. O artigo avaliava a performance da ansiedade que os músicos sentiam nas sessões de ensaios, de prática em grupos e em solos. Os yogins não apresentaram diferenças do grupo de controle em ensaios e na prática em grupo, mas de fato demonstraram uma impressionante queda da ansiedade durante os solos. Isso fazia sentido, Khalsa e Cope observaram. A pesquisa mostrou que tal nervosismo era baixo durante os ensaios, moderado em práticas em grupo e alto nas performances solo. Ele e Kripalu responderam com uma pesquisa expandida. Trinta jovens músicos fizeram imersões no yoga, meditação e Kripalu. E se revelou que a prática de dois meses deixou o estado emocional deles ainda mais elevado. Em 2009, Khalsa e seus colegas relataram que os músicos yogins, comparados ao grupo de controle, exibiram provas evidentes de não apenas menos ansiedade nas apresentações, mas significativamente menos raiva, depressão, ansiedade geral e tensão. Eles adoraram aquilo, como os seus antecessores. Além disso, os cientistas rastrearam os alunos um ano após o programa de verão e perguntaram se a vida deles tinha mudado. A maioria relatou que continuou fazendo yoga e meditação, e que toda aquela experiência tinha melhorado suas habilidades em apresentações.” Quem já experimentou a redução do nervosismo antes de uma competição ou de uma entrevista importante sabe exatamente o que Khalsa provou. Usar as técnicas a seu favor neste momento em que as pessoas literalmente não sabem o que fazer torna-se um grande diferencial competitivo. Experimente! Dhyána A meditação nos ensina que, para expandirmos a consciência, devemos manter nossa atenção focada o maior tempo possível num único ponto, seja ele uma imagem, um som ou a respiração. Nossa mente, dispersa por natureza e, por isso mesmo, sempre ávida por novidades, fará de tudo para fugir desta estabilidade, que para ela, pode parecer monótona ou tediosa. O meditante deve estar muito convicto do que quer, para que, quando as dispersões tentarem tirá-lo do foco inicial, ele possa percebê-las rapidamente e retornar a fazer o que havia se proposto no início do exercício. Lembranças, falsas prioridades, preocupações e compromissos aparentemente inadiáveis invadirão sua mente com o objetivo de desviá-lo da busca por um bem-estar maior. Estando o tempo todo atento a estes truques da mente, ele não embarcará nas distrações e permanecerá mais tempo fazendo somente aquilo a que se determinou. O início de um treinamento de meditação é como um jogo de pega-pega, no qual a mente se dispersa e foge e você, ao perceber, a traz de volta sem se deixar envolver com os pensamentos alheios. Vencida esta primeira etapa, embarcamos numa experiência gratificante e enriquecedora. Esta fuga da profundidade também acontece no nosso dia a dia. Seja na leitura de um livro, que nunca conseguimos terminar, seja enquanto escrevo e reescrevo este texto ou num bate-papo que, ao começar a ganhar profundidade, algum dos envolvidos interrompe com uma dúvida importante como “o que vamos fazer hoje à noite?”. concentração e meditação Conta-se que quando o grande filósofo do existencialismo Jean-Paul Sartre e sua turma chegavam ao C afé D’Flore para conversar, dividiamse em duplas para que conseguissem realizar conversas mais significativas. Tais escapadas do foco principal acontecem ainda mais na construção de um empreendimento que demande ações repetidas por um longo período de tempo. Não agrada à nossa mente ir muito fundo nas questões; ela prefere o conforto da superficialidade, pela qual pode transitar mais rapidamente e manter atualizado o seu insaciável desejo de diversificação. Quase sempre, ao traçarmos um plano, sabemos exatamente o que devemos fazer para chegar onde desejamos. Não obstante, basta aparecer a primeira oportunidade para escaparmos do trilho e cedermos à tentação da dispersão. Tal como o recorrente dilema do regime que começa na segunda-feira, e é violado ao primeiro convite para jantar fora. O bom hábito é bastante árduo de se adquirir, mas simples para deixar; já o vício é fácil de começar, e difícil de parar. Conscientizando-nos destas fugas, mais facilmente retornaremos ao que havíamos nos determinado a fazer inicialmente. Assim, o maior obstáculo para realizarmos o que desejamos não está no mercado, nos membros do nosso time ou na estratégia. Mesmo com todos esses fatores a favor, não chegaremos a lugar algum sem constância e disciplina na manutenção das nossas ações. Não apenas para grandes realizações, mas também para a conquista das chamadas “pequenas vitórias”, como uma dieta, a prática de esportes, estudos. É o rito do eterno retorno, com qual se aprende que realizar é muito mais continuar a fazer o que se propôs do que se distrair com novas possibilidades. Assim como a consciência precisa se expandir para libertar-se, uma ideia guardada somente consigo não produzirá riqueza interna ou externa. As percepções podem parecer nossas, mas, em verdade, foram “capturadas” do inconsciente coletivo (qualquer outra pessoa do mundo pode tê-la “captado” também, em algum momento), devendo ser concretizadas para “legitimar” sua autoria. Somente quando fizermos “nossos” insights permanecerem fora de nós e serem materializados na forma de um produto ou projeto é que alcançaremos a expansão de nossa atuação por todo o mundo. Recomendações para a prática dos 4 módulos Cada um dos quatro módulos tem o objetivo de melhorar uma das dificuldades encontradas pelos praticantes. Serão trabalhados: Módulo - Conforto Corporal Módulo - Respiração Controlada Módulo - Abstração Dos Sentidos Módulo - Sustentação Do Foco Múdrá O múdra é a técnica mais simples de execução das quatro que serão trabalhadas. O que deve se observar na prática dos gestos é se a polaridade está correta no Shiva Múdra homens colocam o dorso da mão direita sobre a palma da mão esquerda. As mulheres fazem o contrário, colocam o dorso da mão esquerda sobre a palma da mão direita. Esta é uma polaridade que respeita uma tradição na execução. Ásana quando começamos a alongar, a reação dos músculos que foram estimulados é sempre contrairse. O corpo entende o alongamento como um sinal de alerta algo está errado talvez você esteja caindo e por isso alongou tanto o músculo. Não há tempo hábil para analisar se você vai cair ou não, a única coisa a ser feita é travar. Se você tentar fazer força antes do momento, os músculos irão se contrair de tal forma, que não haverá fisioculturista que conseguirá fazer você avançar na posição. É essencial que se estabeleça um diálogo com o corpo. Uma conversa não no sentido de “oi tudo bem?”, mas trocando mensagens e principalmente ouvindo as mensagens que o corpo envia. Aprende se muito sobre si mesmo durante essas trocas. Muitas vezes os praticantes adotam uma postura de tentar brigar com o corpo, pensam que puxando mais conseguirão mais resultados. Entretanto, o sistema de funcionamento do corpo não trabalha desta forma. A evolução no alongamento depende de uma negociação interna, você avança na posição e para. O corpo responde, você permanece um pouco mais na variação e somente depois avança. Não tente lutar contra o corpo perda de tempo ao invés disso, aprimore o diálogo interno para saber exatamente quando avançar. Se você fizer força antes da hora, será como sair rápido demais numa corrida de longa distância, antes da metade do tempo você pensará seriamente em desistir. Cada avanço para dificultar o ásana leva um tempo. Não é cronológico esse tempo, mas biológico. O tempo de cada avanço, baseado nas sensações, que deverá ser aprendido pelo praticante. A permanência nos ásanas será de 6 minutos quando a coluna vai para frente anteflexão e 3 minutos quando alonga para trás retroflexões As variações abaixo serão de aproximadamente (lembrando que a sensação interna sempre vem antes para determinar o tempo) que iremos dividi la em três partes: Sukha:aproximadamente anteflexão. 2 minutos para anteflexão e 1 minuto para a Sukha significa fácil ou relax. Sthira sukham ásanam a posição deve ser firme e confortável, cita Patañjáli no capítulo II versículo 46 do seu tratado Yoga Sútra. Neste primeiro momento não se preocupe em avançar na posição. Pare o corpo para que ele se adeque da melhor forma possível à posição. Aproveite para respirar com mais profundidade e percorrer com a consciência cada centímetro do seu corpo. Como se sua consciência fosse uma ressonância magnética passando por cada parte. Ardha:aproximadamente anteflexão. 2 minutos para anteflexão e 1 minuto para a Ardha significa metade ou incompleto. Nesta variação, você começará a intensificar a dificuldade da posição para perceber quais as àreas serão mais trabalhadas pela posição. Algumas pessoas sentirão mais as costas, outras atrás dos joelhos e ainda há quem irá solicitar mais das panturrilhas. Independentemente de qual área você sente mais, você mantém sua atenção somente nela. Sem pensar em assuntos externos. Foque na região e aprenda a dialogar com seu corpo. Rája:2 minutos para anteflexão e 1 minuto para a anteflexão. Rája significa real ou completo. Este será o momento em que você vai completar a posição. Não ir no máximo, mas sentir que se tivesse que retornar, a posição já teria completado seu papel. Nesta variação, diferentemente das outras você precisa explorar sua autosuperação. Neste nível, a posição não ficará totalmente confortável, os músculos precisam de um certo incomodo para reagirem, melhorarem e mudarem. Na variação rája você testará sua força de vontade, pois sem ela você irá voltar bem antes dos 2 minutos. Aqueles que quiserem alta performance podem dedicar os últimos 30 segundos a dar o máximo com os pulmões vazios. PRÁNÁYÁMA A respiração tem três objetivos dentro do PYM: 1. Captação de energia 2. Controle emocional Para se ter eficácia na captação de energia deve se ater a visualizações nítidas com intensões claras. A bioenergia captada nos respiratórios recebe forte influência das nossas visualizações. Quando estiver fazendo pránáyáma, lembre se de mentalizar captação de energia em grande quantidade. Visualize partículas de luz penetrando pelas narinas enquanto você inspira e seu excesso saindo pelos poros quando expira. Como já foi explicado, podemos atuar nas emoções a partir da respiração. Isto é essencial para a evolução na meditação, Patáñjáli, o grande mestre do Yoga Clássico, começava o processo da meditação pela abstração dos sentidos. Diminuir a influência do que sentimos é essencial para meditar. Sensações geram associações, pensamentos e por tanto dispersões. Controlar os músculos envolvidos na respiração e diminuir seu ritmo é controlar o fluxo dos pensamentos. 3. Redução do fluxo dos pensamentos; Na respiração, o que contribuirá mais para a redução das distrações é o domínio do ritmo respiratório. Manter a respiração numa cadência específica por vários minutos é a chave para manter a mente atenta no que você quiser. Dê valor às contagens de ritmos, não os perca e observe o ganho na sua clareza mental. DHYÁNA A diferença entre um meditante experiente e um iniciante é que os dois dispersarão, a dispersão é intrínseca à natureza humana. Entretanto, quem tem mais prática consegue observar mais rapidamente que a dispersão aconteceu e voltar a se concentrar. O inciante, embarca na dispersão, faz mil planos, desenvolve e algum tempo depois, percebe que está longe e somente aí, volta a se concentrar. Passados poucos segundos, aparece outra dispersão e ele embarca de novo. Seu objetivo, desde o início, será ter o padrão avançado como modelo concentrarse pelo maior tempo possível e quando dispersar, voltar para o exercício imediatamente. É muito importante que você entenda que meditação é foco. Meditar não é criar uma história longa de dispersões, se você observar que está indo por este caminho, pare o exercício e comece novamente com o foco de pensar em uma coisa só pelo máximo de tempo. Certa vez Satyánanda (mestre de yoga reconhecidamente iluminado) chegou para Shivánanda (mestre de Satyánanda, também iluminado e autor de mais de 300 livros sobre o Yoga) e falou Mestre eu meditei. Passei a noite inteira sentado quando vi o pôr do sol surgiu. Para mim, pareceu que passaramse só alguns minutos e na verdade tinham sido várias horas. Qual meu próximo passo? A partir de agora, você irá apenas limpar latrinas. Mas Mestre eu meditei. Latrinas. Quando Satyánanda de fato meditou entendeu a recomendação. Ele estava entrando por uma via de meditação que não conduz a expansão da consciência e sim o seu oposto. Se você viveu várias horas e vivenciou somente alguns minutos é sinal que sua consciência se retraiu. Por tanto, esse é um dos sinais mais importantes se você está indo pelo caminho certo da meditação ou não. Se quando faz o exercício tem a sensação de que passou muito mais tempo, a técnica está correta. Caso contrário, pare as meditações e dediquese somente aos respiratórios e ásanas por alguns meses e somente depois volte. Módulo Conforto Corporal O objetivo deste módulo é aprimorar a parte mais perceptível e densa de todo o processo, o corpo físico. Aumentar o controle do corpo é essencial dentro do trilho da meditação. No entanto, este refinamento exige um bom grau de dedicação. Estabilizar o corpo é lutar contra uma tendência muito forte da natureza humana - a agitação. Até mesmo quando dormimos continuamos nos movendo. Quanta instabilidade! Em estado de vigília, a coisa ainda piora. O corpo se movimenta o tempo todo, mesmo que internamente. Reduzir esse tipo de dispersão é um grande desafio para todo praticante. A boa notícia é que as células são receptivas aos ditames da nossa vontade. Quando você começa a aprender a conversar com o corpo, descobre que pode controlar uma boa parte da sua dispersão. Entende como estabelecer diálogos internos para modificar as sensações. Todos que já praticaram algum esporte de resistência sabem do que estou falando. Esse diálogo, que neste tipo de esporte é usado para sustentar o esforço por mais tempo, neste módulo do PYM, será direcionado para acalmar o corpo, tirar um pouco dessa frenesi pela agitação. Consequência Estabilidade da mente. VAMOS À #PRÁTICA Múdra Shiva Múdra Sinta as mãos, o toque de uma mão a outra, o calor de ambas, sinta o sangue alimentando de vida as suas mãos. Uma boa vivência do Shiva múdra exige aquietamento interno. Mantenha a mente serena e deposite sua atenção no gesto, possibilitando uma redução nas interferências dos sentidos e da memória. Desde o início da prática, busque a redução das dispersões. A medida que você aquieta o corpo, emoções e pensamentos, vivencie o gesto. Inicie a observação interna que será essencial para a boa prática de todos os demais exercícios deste módulo. Coloque as mãos em forma de concha sobre os pés ou as pernas, conforme a posição que esteja sentado e aquiete-se. Ásana Paschmottanásana 6 minutos 2'- sukha - fácil, foco na respiração e percepção de todo corpo 2'- ardha - moderado, foco na região mais trabalhada 2'- rája - completo, foco na melhoria do alongamento, autosuperação Paschmottanásana significa distensão posterior. O ássana leva esse nome porque essa anteflexão atua ao longo de todo o corpo. Começando nos calcanhares, subindo pelas panturrilhas, joelhos, coxas, toda musculatura das costas até o pescoço. Siga as orientações de execução, levando em conta o tempo e a atitude esperada neles. Puranásana 1 minuto Purána significa antigo e a posição leva este nome pois provavelmente foi uma das primeiras a ser executada. Ela é ideal para capturar os efeitos que a posição anterior gera. Tombe a cabeça para trás e permaneça executando a respiração mais profunda que você conseguir. Katikásana ou Purvottasana 2 minutos 1'- fácil, foco na respiração e percepção de todo corpo 1'- moderado, foco na região mais trabalhada 1'- completo, foco na melhoria do alongamento, auto-superação Katikásana ou Purvottasana - katika significa gato. O nome provavelmente vem da forma alongada como os gatos se espreguiçam, pois a ideia na hora da execução é exatamente essa - espreguiçar-se. Jogue o corpo para trás como se quisesse mergulhar. Mantenha os quadris altos, mas se não conseguir ficar os três minutos solicitados, permaneça o máximo que der, sempre respeitando o seu corpo. Pránáyáma Raja Pránáyáma Lembra da palavra rája que vimos na descrição das variações (sukha, ardha, rája)? Rája siginifica completo certo? Faremos a respiração completa, utilizando 100% da capacidade pulmonar. Geralmente faremos os exercícios respiratórios em posições sentadadas, entretanto nas primeiras vezes, o ideal é fazer deitado. O corpo provavelmente ainda não estará acostumado a sentar confortavelmente sem apoios. Comece observando sua respiração, mas não atue sobre ela. Nesse momento, perceba que a respiração é um ato muscular. Você não precisa fazer força nas narinas para que o ar entre ou saia, precisa apenas movimentar determinados músculos para que isso aconteça. Observe que os músculos se expandem para o ar entrar e se retraem para o ar sair. Por uma questão didática, vamos dividir a respiração em três partes - baixa, média e alta. Respiração Baixa A respiração baixa ou abdominal é responsável por cerca de 60% da nossa capacidade pulmonar. Não obstante, a grande maioria das pessoas não tem ideia de como utilizar esta parte do corpo na respiração. Esvazie completamente os pulmões e faça uma leve sucção abdominal. Sem ar, traga o abdómen para dentro. Ao inspirar, projete o a abdómem para fora. A regra é simples - quando o ar entra o abdómen sai, quando o ar sai, o abdómen entra. Respiração Média A respiração média ou inter-costal requer um pouco mais de atenção. Iremos movimentar músculos que estão abaixo ou entre as costelas, mais que músculos movimentaremos ossos como as costelas flutuantes. Apoie suas mãos no peito e comece a expirar fazendo uma uma leve pressão contra as costelas até que os dedos se toquem. Quando inspirar, fará o movimento contrário, afastando os dedos. Observe os dois movimentos pra fora e pra cima na inspiração e se aproximando e baixando na expiração. A respiração média é responsável por cerca de 30% da capacidade pulmonar. Temos por tanto, 60% para parte baixa, 30% para a média, sobrando apenas 10% para a alta. Respiração Alta Coloque as mãos no alto do tórax. Mantenha o abdómen e as costelas imóveis. Movimente apenas o alto do tórax. Inspire sentindo ele subir, expire fazendo-o descer. Se pensarmos em termos de porcentagens, a respiração alta é praticamente dispensável dentro da respiração completa. Entretanto, toda vez que passamos por uma situação de stress ou de medo, a respiração se altera e usamos bastante a respiração alta, muito pouco a média e praticamente nada da baixa. Inegavelmente, estados emocionais interferem nos padrões respiratórios. Por tanto, se você consegue controlar melhor sua respiração, conseguirá administrar melhor o desgaste que emoções pesadas produzem no corpo. Não é que você vai deixar de sentir tensão quando alguém bater no seu carro. Pode ter certeza que por mais treinado que você esteja, sua respiração vai se acelerar, vai haver uma descarga de adrenalina e outras toxinas no sangue e os músculos irão se contrair. Isto é inevitável! O que você pode fazer é ir aos poucos tornando sua respiração mais profunda e consequentemente alterando o padrão emocional, não ficando tanto tempo preso ao estado emocional. Respiração Completa Para fazer a respiração completa deve-se observar a ordem ascendente para a entrada do ar (parte baixa-média-alta) e descendente para a saída (alta-médiabaixa). Um recurso que lhe ajudará a lembrar da ordem, é pensar num copo se enchendo de água. Quando a água entra, enche primeiro embaixo, depois no meio e por último em cima. Quando sai, de cima, no meio e embaixo. Continue repetindo essa respiração. Observando também as 4 fases da respiração. Inspiração, retenção com ar, expiração e retenção sem ar. Chaturánga pránáyáma Nossa respiração é arrítmica por natureza e isso interfere também no fluxo inconstante dos nossos pensamentos. Disciplinar a respiração a manter uma cadência é disciplinar a mente a manter foco. O ritmo é algo que nossa mente não gosta. Ela prefere a distração. Veja por exemplo, quando você começa a batucar uma música. Em sua introdução é mais fácil manter o ritmo. Quando a voz entra entonando a melodia, se você não estiver muito concentrado naquilo irá se atrapalhar e perder a cadência. Manter o mesmo tempo para todas as fases contribui para o foco mental e um estado de estabilidade. Comece contando 3 segundos para cada fase. Inspire em 3s, retenha com os pulmões cheios por 3s, expire em 3s e retenha sem ar 3s. A medida que você for dominando esse ritmo vá aumentando um segundo de cada vez. Sempre respeitando os limites do corpo. Neste respiratório, mais importante que conseguir longas retenções é sustentar o ritmo por bastante tempo. Sugestão: hoje há inúmeras opções gratuitas de apps de metrônomo para celular. O metrônomo ajuda muito na contagem do ritmo. Dhyána Surya Dhyána A meditação no sol. O sol tem sido, ao longo de toda a história humana, objeto de admiração e devoção e isto favorece sua contemplação. O exercício consiste em criar a imagem mais nítida que você tem de sol, nascendo ou se pondo, naquele momento em que ele está muito próximo do horizonte e que possui a cor característica de um alaranjado quase vermelho. O sol parece parar pois naquele momento a sua atenção é tamanha que o tempo parece parar. Mantenha sua mente concentrada nessa imagem. Durante esta primeira semana, pratique as técnicas deste módulo e procure observar os efeitos no seu dia a dia. O foco desta primeira etapa é o conforto corporal. Além do treinamento das posições, procure observar mais seu corpo durante esta semana. Sinta-o mais enquanto caminha, pratica esportes ou mesmo quando estiver sentado. Isto será muito importante para o desenvolvimento da base que ajudará você a sustentar o foco por mais tempo e recarregar suas energias com a meditação! Boas práticas e semana que vem publicaremos o Módulo 2 - RESPIRAÇÃO CONTROLADA. Aguarde!