Ano XXXII | ed. 366 | Set | 2015
COALIZÃO SAÚDE:
SETOR CRIA INSTITUTO
PARA TRANSFORMAR A
REALIDADE COM INICIATIVAS REAIS
Oito temas centrais formam os grupos de trabalho,
como Ética, Inovação e Sustentabilidade.
Páginas centrais
Cálculo do Fator de Qualidade da
ANS é absurdo, dizem entidades
Página 5
Congresso Abramge aborda política,
corrupção e economia sob a ótica da Saúde
Páginas 10 e 11
Editorial
A IRRESPONSABILIDADE PESA NO BOLSO
Foto: NEUZA NAKAHARA
Para cobrir um rombo de mais de R$ 30 bilhões no orçamento de 2016, a equipe econômica anunciou a recriação
da CPMF, o imposto sobre operações financeiras. Com alíquota de 0,20%, o governo pretende arrecadar R$ 32 bi no
próximo ano. Esse imposto foi criado por iniciativa do ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, durante o governo FHC,
diante da escassez de recursos para a Pasta. Os brasileiros amargaram dez anos de cobrança, de 1997 a 2007, com
alíquotas que variaram de 0,20% a 0,38%, e o dinheiro não foi direcionado para a Saúde, como se sabe.
A saúde é apontada pela população como um dos principais problemas do país há anos. Precisamos melhorar a
infraestrutura da área e, para isso, os recursos previstos no orçamento para este fim precisam ser realmente investidos.
Estudo recente do Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que, de 2001 a 2013, o governo federal destinou
para isso R$ 80,5 bilhões, mas somente R$ 33 bi foram investidos, ou seja, para cada R$ 10 previstos para melhoria da
infraestrutura, apenas R$ 4 foram aplicados. A carência de leitos no país já é latente. Entre 2007 e 2012, 16 mil leitos
privados foram fechados.
Os setores público e privado podem implantar uma rede de cuidados que torne o sistema mais eficiente e aumente a qualidade dos serviços. A palavra-chave para isso é cooperação. Hoje, 25% dos cidadãos possuem planos de
saúde, mas 56% do total dos gastos no setor no país estão na esfera privada. Além disso, 64% dos leitos hospitalares
são geridos por instituições privadas, e metade deles atende SUS.
Infelizmente, o governo vem empurrando essas discussões com a barriga, temendo a adoção de medidas
impopulares. Essa falta de vontade política de consertar o que é necessário
é típica de governos populistas. A atual crise é o retrato desses desmandos.
Como resultado, podemos retroceder aos anos 80 do século passado, a chamada “década perdida”, com estagnação econômica, retração industrial e
aumento do déficit público.
A esperança diante das más notícias é que temos a oportunidade de debater com a sociedade os reais problemas do país e implementar as mudanças
necessárias. Isso inclui as reformas fiscal, tributária, política e da Previdência Social. Mas que a Saúde não fique à margem das discussões. O setor necessita de
uma avaliação técnica, totalmente desprovida de ideologias, e que garanta sua
sustentabilidade e serviços mais dignos aos brasileiros.
presidente
Yussif Ali Mere Jr
SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo • Diretoria
| Efetivos • Yussif Ali Mere Jr (presidente) • Luiz Fernando Ferrari Neto (1o vice-presidente) • George Schahin (2o vice-presidente) • José Carlos Barbério (1o tesoureiro) • Antonio Carlos de Carvalho (2o tesoureiro)
• Luiza Watanabe Dal Ben (1a secretária) • Ricardo Nascimento Teixeira Mendes (2o secretário) / Suplentes • Sergio Paes de Melo • Carlos Henrique Assef • Danilo Ther Vieira das Neves • Simão Raskin
• Irineu Francisco Debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • Roberto Nascimento Teixeira Mendes • Gilberto Ulson Pizarro • Marina do Nascimento Teixeira Mendes / Suplentes
• Maria Jandira Loconto • Paulo Roberto Rogich • Lucinda do Rosário Trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif Ali Mere Jr • Luiz Fernando Ferrari Neto | Suplentes • José Carlos Barbério
•
Antonio
Carlos
de
Carvalho
•
Escritórios
regionais
•
BAURU
(14)
3223-4747,
[email protected]
|
CAMPINAS
(19)
3233-2655,
[email protected]
RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529, [email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected]
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030, [email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected]
JORNAL DO SINDHOSP | Editora – Ana Paula Barbulho (MTB 22170) | Editora interina: Aline Moura (MTB 42946) | Reportagens – Aline Moura • Ana Paula Barbulho • Fabiane de Sá • Rebeca Salgado
Produção gráfica – Ergon Art (11) 2676-3211 | Periodicidade Mensal | Tiragem 15.300 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa
e autoridades. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP R. 24 de Maio, 208, 9o andar, São Paulo, SP, CEP 01041-000
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2 | Jornal do SINDHOSP | Set 2015
Em dia
SINDHOSP E ENTIDADES SE REÚNEM
COM A UBM BRAZIL
160 lugares cada), realizar o 2O Encontro Nacional de
Empreendedorismo e Startups na Saúde, e dar continuidade ao Projeto Vip, que planeja levar 1.200 pessoas
para visitar o local.
Foto: DIVULGAÇÃO
Após a aquisição do grupo Hospitalar pela UBM Brazil, o SINDHOSP, a FEHOESP e o
IEPAS realizaram a primeira reunião de trabalho para planejar as ações da próxima edição da
Feira, em 2016. Em 18 de setembro, o vice-presidente do SINDHOSP e diretor da FEHOESP,
Luiz Fernando Ferrari Neto, e o gestor do IEPAS, Marcelo Gratão, estiveram no escritório da
empresa, em Alphaville. No encontro estiveram também
Jean-François Quentin, presidente da
UBM Brazil; Monica Araújo, diretora de
Marketing, e do portfólio da Hospitalar estiveram Viviane Silva, gerente de
Marketing, José Maria Lasry, diretor comercial da Hospitalar, Thomas Santos,
diretor institucional e Ana Jussara Leite,
responsável pela área de conferências. A edição 2016 será entre os dias
17 e 20 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo. Conforme apresentou Gratão, o IEPAS objetiva ampliar
sua participação na Feira, incluindo a
promoção de 20 workshops instrutivos em seu stand (em 2015 foram
10), abrir os Congressos de Gestão de
Thomas, Monica, François, Luiz Fernando,
Gratão, Viviane e José Maria
Laboratórios e de Clínicas para auditórios maiores (com capacidade de
MAIS DE UM TRILHÃO DE IMPOSTOS
Em 14 de setembro último, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) chegou à impressionante marca de R$ 1,4 trilhão. Isso significa que os brasileiros bateram, sem querer, mais um recorde: chegaram a tal cifra de impostos, contribuições e taxas 16
dias antes do que no ano passado.
“O governo não pode fazer com que as despesas cresçam mais do que a arrecadação.
Precisamos de esforços para que o Orçamento vá para o azul, mas sobretudo esforços do
governo, pois a população e o setor empresarial já fizeram sua parte e continuam contendo
despesas. Se toda dona de casa corta gastos quando a situação aperta, por que o governo
não consegue?”, diz Roberto Mateus Ordine, presidente em exercício da ACSP e da Facesp
(Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).
Pesquisa do Instituto Data Popular indica que sete de cada dez brasileiros acham que
pagam muitos impostos. Uma parcela semelhante (72%) acredita que haverá aumento de
tributos até o próximo ano. Segundo o estudo, o maior descontentamento da população
em relação aos impostos é a ausência de retorno em serviços públicos. 69% concordam
com a afirmação “não vejo retorno nos impostos que eu pago”. Ainda 2/3 afirmou que
preferiria a melhoria na prestação dos serviços públicos
à diminuição de impostos.
O levantamento do Data Popular realizou 2.501 entrevistas, entre os dias 1O e 4 de setembro, em 143 cidades
do país. A margem de erro é de 1,96 pontos percentuais.
Para acompanhar o Impostômetro (que fica na
sede da ACSP, no centro da capital paulista), basta acessar o portal www.impostometro.com.br. Lá é possível
levantar os valores que as populações de cada estado
e município brasileiro pagam em impostos e também
visualizar o que dá para os governos fazerem com todo
o dinheiro arrecadado. Também é possível estimar, por
meio de uma calculadora virtual, quanto se paga de
imposto por mês, por ano e ao longo de toda a vida,
considerando salários e gastos.
Set 2015 | Jornal do SINDHOSP | 3
Em dia
JOSÉ CARLOS BARBÉRIO É
HOMENAGEADO PELA SBMN
PRESIDENTE DO IEPAS É ETERNIZADO EM GALERIA PERMANENTE NA SEDE DA SOCIEDADE
Galeria homenageia
ex-presidentes da SBMN
4 | Jornal do SINDHOSP | Set 2015
desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas
de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo
atividades científicas e de intercâmbio
entre profissionais de todo o país.
“Além de relembrarmos a nossa
história, o Dia do Médico Nuclear vem
sedimentar um processo que temos há
muito caminhado, em busca do recoEvento reuniu homenageados,
nhecimento da especialidade e de seu
amigos e familiares na sede da SBMN
potencial no campo da medicina”, avalia
Claudio Tinoco, presidente da SBMN.
“Hoje, a medicina nuclear atua em diversas áreas como cardiologia, oncologia, hematologia, neurologia, e usa quantidades mínimas de substâncias radioativas para diagnosticar diversas doenças.
Entre os principais recursos estão a cintilografia e o PET-CT. Recentemente, vimos ainda o registro
do primeiro radiofármaco para tratamento de câncer de próstata”.
A cerimônia de inauguração da galeria de ex-presidentes contou com a presença não só dos homenageados, mas também de seus familiares e amigos. O casal Ted e Verônica de Eston, fundadores
da Sociedade e já falecidos, foram lembrados carinhosamente por sua filha, Verena Rapp de Eston.
“Meus pais se conheceram na Faculdade de Medicina da USP, se formaram, foram para o exterior e
voltaram ao Brasil cheios de ideias para alavancar a medicina nuclear. E foi assim que, em 1961, numa
sala de reuniões do Centro de Medicina Nuclear, foi fundada a Sociedade que estamos hoje”, disse.
“Eu tenho em casa mais de 90 reportagens sobre o pioneirismo dos meus pais, com destaque para
minha mãe, uma mulher titular na Faculdade de Medicina, o que na época era inédito”, completou.
Além de Verônica, a SBMN teve duas mulheres em seu comando ao longo da história. Marília
Martins Marone, que presidiu a entidade entre 2001 e 2002, esteve na cerimônia, e contou um
pouco de sua história. “Tive a honra de conhecer todos os ex-presidentes, não desde os primórdios,
mas acompanhando a história através de minha especialização clínica e dos avanços da medicina.
Acho que este é um momento muito importante. É uma confraternização que em quase 50 anos
de carreira ainda não havia acontecido. Não houve nenhum presidente que não lutou, não batalhou e não viu o renascimento da medicina nuclear no Brasil. Poder comemorar e instaurar o 14 de
setembro como nosso dia é mais uma conquista extraordinária”.
Um dos primeiros presidentes, José Augusto Vilela Pedras, foi representado por seus netos
e também médicos nucleares, Felipe e Marcos, que contaram como o avô os influenciou na vida
profissional. “Meu avô tem hoje 94 anos e não é tão cotidiano vermos homenagens reconhecendo
o trabalho de pessoas que ainda estão vivas e que tanto fizeram para nossa área”, afirmou Felipe.
“Para nós é gratificante conhecer a história e ver a evolução que a medicina teve. Hoje, quando
vou estudar um radiofármaco, basta puxar um frasco e ele está ali”, explicou Marcos. “Sabemos que
tudo isso só foi possível graças a todas as pessoas que estão aqui, retratadas nesta parede. Somos
agora aquilo que vocês nos permitiram ao longo de seu tempo de pesquisa, estudo e dedicação
em prol da medicina nuclear”.
Fotos: DIVULGAÇÃO
No mês de setembro, José Carlos Barbério, presidente
do IEPAS e diretor da FEHOESP e do SINDHOSP, teve mais
uma vez sua jornada histórica na saúde reconhecida. No
dia 14, o farmacêutico viu seu retrato eternizado no hall da
Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), que inaugurou uma galeria permanente dos ex-presidentes, como
forma de manter a memória e o registro das personalidades
que compõem e compuseram seus 50 anos de trajetória. A
mesma data, que coincide com a fundação da SBMN, passa
a valer, a partir deste ano, como o “Dia do Médico Nuclear”.
Barbério foi o único não médico a presidir a SBMN. Aos
84 anos, o farmacêutico é reconhecido nacionalmente pelo
pioneirismo na produção de radiofármacos, matéria-prima
que revolucionou a medicina nuclear no país. Com doutorado em Farmacologia e longa carreira no setor de laboratórios, esta foi sua sétima homenagem em vida.
“Muitos não eram nascidos aqui quando, em 1957, fui
convidado para ser assistente técnico de laboratório de
radioisótopos, e só tratava inicialmente de problemas de tireoide. Constituí uma família maravilhosa, e pude colaborar
e muito com a área de medicina nuclear. Graças a Deus o
que fiz foi em prol de uma saúde melhor, desenvolvendo
metodologias que facilitassem algumas etapas do nosso setor”, disse, em seu discurso de agradecimento.
Atualmente, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear
– que iniciou suas atividades em 1961, no Centro de Medicina Nuclear, anexo à Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo – é constituída por médicos especialistas e por
outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos,
biólogos, físicos e químicos, contando com cerca de 500
sócios. A entidade tem por objetivo integrar e favorecer o
Em dia
FATOR DE QUALIDADE DA ANS
AINDA GERA DEBATES
ENTIDADES CONSIDERAM CÁLCULO ABSURDO
Foto: NEUZA NAKAHARA
No dia 10 de setembro, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem
rários por conta de um fator de qualidade.
abordando um tema que tem sido objeto de inúmeros debates entre os presInfelizmente, é provável que no próximo
tadores de serviços e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS): o fator
encontro a Agência já venha com o texto
de qualidade.
da Instrução Normativa pronto.”
Na reportagem, o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali
Antônio Carlos Endrigo, diretor de
Mere Jr, falou sobre o assunto com a repórter Natália Cancian. Para ele, a regra
Tecnologia da Informação da APM e
criada pela ANS é “absurda”. “Nada contra usar a qualidade. Mas isso deveria
ex-gerente da ANS, lembrou que a disser algo a mais, não um redutor”, disse, referindo ao fato de que o IPCA (Índice
cussão sobre o fator de qualidade coNacional de Preços ao Consumidor) será usado como teto do reajuste para
meçou em sua época na Agência, como
quem possui algum tipo de certificado de qualidade, e não como ponto de
forma de beneficiar os profissionais mais
Qualidade não pode funcionar
partida. Segundo ele, menos de 10% dos hospitais do país possuem acreditaespecializados e experientes, e não para
como redutor de valores, diz Yussif
ção, cujos custos variam, em média, de R$ 60 mil a R$ 80 mil.
desqualificar prestadores: “Houve uma
Previsto na Regulamentação da Lei 13.003/14, por meio das resoluções normativas 363, 364
distorção da proposta original”.
e 365 e pela Instrução Normativa 56, o Fator de Qualidade, do jeito que provavelmente será
No encontro na APM - que teve a presença de repreimplantado, preocupa hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais de saúde. Uma reunião de
sentantes das entidades médicas estaduais, dos cirurgiões
trabalho foi realizada em 14 de setembro, na sede da Associação Paulista de Medicina (APM)
dentistas, hospitais e laboratórios, sociedades de especiapara debater a proposta.
lidades e Regionais da APM - também foi apresentado
um balanço das cerca de 60 reuniões de negociação de
honorários com operadoras de planos de saúde realizadas até agora.
“O modelo de contrato padrão construído pela Associação Paulista de Medicina em conjunto com esse grupo
já foi encaminhado para todas as sociedades de especialidades e operadoras de planos de saúde, mas ainda não
percebemos nenhum movimento de repactuação dos
contratos, de acordo com o previsto pela Lei 13.003/14”,
afirmou Meinão.
Na ocasião, o presidente da APM, Florisval Meinão, manifestou a discordância dos médicos
em relação à nova regra, que deve valer a partir de dezembro deste ano para hospitais, clínicas
e laboratórios, e a partir de dezembro de 2016 para profissionais de saúde. “Queremos deixar
registrada nossa discordância com a maneira pela qual a ANS está implantando o fator de qualidade no âmbito da saúde suplementar. Segundo a metodologia, quando os
prestadores atingirem todos os indicadores de qualidade, receberão peso um.
Se isto não ocorrer, será aplicado um redutor, o que significará honorários menores. O esperado e o mais lógico seria o incentivo àqueles que conseguirem
melhor qualificação de seus serviços, e não uma punição àqueles que mantém
o padrão atual”.
O coordenador do departamento de Assistência à Saúde da FEHOESP,
Danilo Bernik, disse que a entidade defende o reajuste pelo IPCA para todos os
prestadores de serviços da saúde suplementar e até 0,25% a mais de fator de
qualidade para quem tiver acreditações, títulos etc. “Participamos das três reuniões sobre o assunto na ANS e não concordamos com essa redução dos hono-
DISTORÇÕES
Uma reclamação histórica das entidades que representam os prestadores de serviços em saúde é que os
reajustes, autorizados ou não, das mensalidades dos planos não são repassados para os contratos com hospitais,
clínicas, laboratórios e profissionais.
Para se ter uma ideia, em 2014 levantamento do Idec, baseado em informações da própria ANS, identificou
reajustes de até 73% aplicados pelas
operadoras para contratos coletivos
com até 30 vidas – e que representam
88% das operadoras do mercado. Em
comparação, o IPCA de 2014 fechou
em 6,4%. O de 2015 possui parcial de
7,06% até o mês de agosto.
Set 2015 | Jornal do SINDHOSP | 5
Manchete
LIDERANÇAS CRIAM INSTITU
PROPOSTAS PARA O SISTEM
COALIZÃO SAÚDE ACREDITA QUE O PAÍS PRECISA DE POLÍTICAS PÚBLICAS MAIS CONSISTENTES
E QUE ATENDAM ÀS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO
As entidades do setor tentam, há alguns anos, propor discussões sobre temas específicos da
área, com o intuito de contribuir para o aprimoramento do sistema de saúde brasileiro. Mas isso
vem sendo feito de forma isolada, e as propostas acabam não se transformando em iniciativas reais.
Cientes desse cenário e dos desafios, um grupo de representantes da cadeia produtiva da saúde
se reuniu, em outubro de 2014, para discutir o futuro do setor. “Esse encontro foi chamado de
Coalizão Saúde. Daí nasceu o Instituto que leva o mesmo nome e que pretende contribuir para o
debate e a busca de avanços em saúde”, afirma o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP – e um
dos fundadores e integrantes do Coalizão Saúde, Yussif Ali Mere Jr.
A palavra coalizão vem do latim coalescere, que significa crescer em conjunto. Por isso, integram
o Instituto lideranças dos prestadores de serviços, operadoras de planos de saúde, indústria farmacêutica e da indústria de materiais e equipamentos médicos, como Anahp, Fenasaúde, Interfarma,
Abimo, Abramge, Abramed, Abimed, Unidas, Confederação Nacional da Saúde (CNS), entre outras. As lideranças se propõem a discutir os temas sem preconceitos, com foco na melhoria do
sistema de saúde. “O problema da saúde é amplo, diverso. Por isso, começamos as discussões por
temas consensuais, como ética, redução de desperdício, inovação, aperfeiçoamento dos processos
regulatórios, além de prevenção e promoção da saúde”, explica Yussif.
O Coalizão Saúde selecionou oito temas para discussão. São eles:
Ética e Conduta Empresarial; Inovação; Integração Público-Privada; Judicialização; Promoção; Racionalização da Regulação; Sustentabilidade
Financeira do Setor; e Parceria com o Corpo Técnico-Assistencial. Esses
temas foram divididos em quatro grupos de trabalho, dois para cada. O
presidente do SINDHOSP participa dos grupos que debatem Racionalização da Regulação/Integração Público-Privado e Sustentabilidade Financeira do Setor/Judicialização.
Para a presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica
(Abramed), Cláudia Cohn, são várias as ações para as melhorias da saúde
brasileira, dentre elas, uma maior integração entre as normas municipais,
Yussif Ali Mere Jr , um dos
fundadores do Coalizão
estaduais e federais, além da desburocratização na implementação das
inovações tecnológicas para a área médica. “Nossa função no setor privado de diagnóstico, como prestadores de serviços, é prover o acesso à saúde para todos os brasileiros que utilizam a saúde suplementar, porém, de forma racional e com viabilidade para todos os
players do setor”, afirmou, em uma das reuniões do Coalizão.
BUROCRACIA
O setor da saúde lida diariamente com uma gama de normas, leis, instruções, resoluções,
portarias e uma variedade de regulações emanadas das agências reguladoras, autarquias, órgãos
e poderes do Estado. Isso ocorre nas três esferas governamentais (federal, estadual e municipal).
“Muitas vezes, uma norma estadual contradiz a norma federal e assim sucessivamente. É claro
que a saúde, por ser um setor tão importante para o país, precisa ser regulada, mas esse ambiente
deve ser bem construído. O excesso de normas e processos prejudica o interesse público, pois
gastamos tanto tempo preocupados com o desembaraço burocrático que não focamos no que
realmente interessa: o bom atendimento aos pacientes”, defende Yussif Ali Mere Jr. Um levantamento recente do Coalizão Saúde verificou que alguns hospitais precisam, no mínimo, de 41
licenças, cadastros, autorizações e permissões de órgãos diversos para funcionar, desde a Agência
6 | Jornal do SINDHOSP | Set 2015
Nacional de Aviação Civil ao Conselho Nacional de Energia Nuclear.
Um ambiente regulatório bem
construído, segundo Yussif, é aquele
que corrige eventuais falhas do mercado, confere transparência, segurança jurídica e permite que a atividade
econômica tenha um bom desempenho. Hoje, infelizmente, o grupo de
trabalho (GT) do Coalizão Saúde que
discute o assunto acredita que viveClaudia Cohn é membro do
mos exatamente o oposto disso no
Conselho de Administração
Brasil: a atual regulação cria incertezas
para os negócios, aumenta o risco financeiro da atividade e reduz a atratividade dos investimentos. Além disso, muitas das novas regras são feitas sem que
sejam criadas estruturas adequadas de fiscalização e controle. “Temos que lembrar também que o setor regulado muitas vezes não é chamado para discutir as novas normas. Isso
faz com que muitas delas tragam consequências desastrosas
para alguns segmentos do mercado”, frisa Yussif. Há, ainda,
outro ponto a ser destacado: a morosidade do Estado, que
acaba atrasando projetos, traz prejuízos financeiros e priva a
população de um atendimento mais adequado.
O Coalização Saúde entende que é necessário racionalizar a regulação, simplificar, agilizar os processos e permitir
que aqueles que atuam no setor possam cumprir as suas
vocações de cuidar bem da saúde das pessoas. Nesse ponto,
a cooperação entre os setores público e privado, com uma
rede integrada de cuidados contínuos, também é fundamental para tornar o sistema mais eficiente. “A Constituição
prevê a participação do setor privado
de forma complementar ao SUS. Para
que seja complementar, entretanto, os sistemas precisam integrar-se,
para que um possa contribuir para o
melhor funcionamento do outro”,
defende o presidente da FEHOESP e
do SINDHOSP. Os números atestam
a importância da iniciativa privada na
prestação de serviços de saúde: 64%
dos leitos existentes no país pertenClaudio Lottenberg , do Einstein,
cem aos hospitais privados, e mais da
foi eleito para presidir o Instituto
metade deles atende SUS. Além disso,
Manchete
UTO PARA DISCUTIR
MA DE SAÚDE
25% da população possui plano de saúde, mas 56% do total
de gastos em saúde no país estão na esfera privada.
O GT que debate Integração Público-Privada defende
a ampliação das Parcerias Público-Privadas
(PPPs), com compartilhamento de riscos
operacionais e financeiros e que empresas
com fins lucrativos possam participar do
processo. Outro modelo defendido pelo
Instituto são as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs). Segundo o
GT, elas podem fomentar a inovação e a
competitividade na área, aumentar a produtividade das empresas, reduzir o déficit
da balança comercial no setor e promover
redução de preços.
tentabilidade da área. Outra proposta defendida pelo GT é a implantação de contratos de gestão
com metas qualitativas e quantitativas.
Se de um lado há preocupação com reformas profundas que almejam mais eficiência, qualidade, integração e sustentabilidade, de outro o país assiste a um fenômeno crescente que traz grande impacto econômico e pode desestabilizar o sistema: a judicialização. Cresce no país o número de ações judiciais pleiteando tratamentos,
medicamentos e insumos terapêuticos, muitas vezes não contemplados na lista
de procedimentos do SUS e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Esse fenômeno evidencia dois problemas graves. O primeiro é a incapacidade ou as dificuldades do governo na incorporação de novas tecnologias, o que
obriga as famílias a buscarem na Justiça alternativa para as inovações disponíveis
no mercado. O segundo é a falta de critérios para a decisão sobre incorporação
tecnológica no SUS, que abre margem para todo o tipo de pleito, justo ou não.
O GT que discute a Judicialização acredita que os critérios para análise de
incorporação de novas tecnologias no SUS poderiam ser aperfeiçoados, minoGiovanni Guido Cerri é vicerando o peso econômico-financeiro e dando maior relevância às relações de
presidente do Instituto Coalizão
SUSTENTABILIDADE
custo-benefício e custo-efetividade. Os processos também poderiam ser mais
O setor de saúde representa 9,2% do
transparentes, considerando metodologias e critérios adotados em outros paíProduto Interno Bruto (PIB) e gera mais de quatro milhões
ses, onde a aprovação de um pedido de incorporação é mais ágil.
de postos de trabalho diretos. Apesar da sua importância,
“O tema judicialização é tão complexo que o Coalizão Saúde pretende promover, ainda este
a saúde encontra dificuldades para o seu desenvolvimento.
ano, um evento para discuti-lo. Precisamos barrar o crescimento dessas ações judiciais, pois isso
Entre elas, destacam-se a elevada carga tributária que incide
pode trazer insegurança jurídica, prejuízo aos prestadores de serviços e desorganização do SUS”,
em cascata sobre bens e serviços essenciais, modelos de relembra Yussif Ali Mere Jr. Nas próximas edições do Jornal do SINDHOSP, conheça os outros temas
muneração inadequados que geram elevação de custos e a
de discussão do Instituto Coalizão Saúde.
escassez de mão de obra e de financiamentos.
Todos os elos da cadeia produtiva da saúde reconheINTEGRANTES DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO:
cem que o atual cenário é insustentável em longo prazo e
Presidente
que mudanças são necessárias e urgentes. Há, por exemClaudio Luiz Lottenberg (Hospital Albert Einstein)
plo, uma incompatibilidade entre os objetivos propostos
Vice-Presidente
pelo país para a saúde da população e os recursos que o
Giovanni Guido Cerri (Faculdade de Medicina da USP)
Estado investe. Em países europeus que oferecem um sistema público de saúde, aproximadamente 75% dos gastos
no setor são de responsabilidade do Estado. No Brasil, 56%
dos gastos estão na esfera privada e, o público responde
pelos 44% restantes. “A discussão sobre saúde entre nós
tem sido marcada pela falta de prioridade e o excesso de
preconceitos, transformando-se mais em uma repetição
de posições antigas e ideológicas do que em um diálogo
voltado ao futuro, como espera e demanda a população
brasileira”, afirmaram Giovanni Guido Cerri e Claudio Luiz
Lottenberg, em artigo na Folha de S. Paulo, na ocasião de
criação do Instituto, em outubro de 2014.
“O Brasil precisa aumentar os gastos públicos com saúde e buscar maior eficiência na aplicação dos recursos”, defende Yussif Ali Mere Jr, fazendo coro aos integrantes do GT
que debate a Sustentabilidade Financeira do Setor dentro
do Coalizão Saúde. Uma maior integração entre os setores
público e privado torna-se fundamental também para a sus-
Demais Membros
Antônio Britto (Sindusfarma)
Carlos Alberto Goulart (Abimed)
Eudes de Freitas Aquino (Unimed Brasil)
Francisco Balestrin (Anahp)
Henrique Sutton Neves (Hospital Albert Einstein)
Marcio Serôa da Araújo Coriolano (Fenasaúde)
Rui Salvari Baumer – (Sinaemo)
Edson Rogatti (CMB) Luiz Carlos Saraiva Neves (Unidas)
Cláudia Cohn (Abramed)
Conselho Consultivo
Gabriel Portella (SulAmérica)
Paulo Chapchap (Hospital Sírio Libanês)
Diretoria Executiva
Denise Eloi
Set 2015 | Jornal do SINDHOSP | 7
Em dia
NOVAS INSTALAÇÕES MARCAM
MELHORIAS DO SINDHOSP, FEHOESP E IEPAS
Em 27 de julho de 2015, mais uma etapa de inaugurações foi concluída pela tríade de entidades
formada pelo SINDHOSP, pela FEHOESP e pelo IEPAS (Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da
Saúde). Foi a vez do nono andar do Sindicato ser reinaugurado, completamente repaginado. As
instalações, que reúnem os departamentos Jurídico, de Arrecadação, Cadastro, Comunicação e
Marketing, Biblioteca e Tecnologia da Informação, seguem as mais inovadoras tendências do “open
office”, e ainda contam com salas de reuniões e de interlocução, central de impressão e uma copa
confortável e arejada. Levando em conta a necessidade de crescimento das demandas, as obras
previram novos espaços para colaboradores, e locais para a implantação de futuros serviços, como
o Plantão da Receita Federal e a Certificação Digital. Ambos estarão disponíveis em breve para os
associados, e facilitarão o acesso a atendimentos relacionados ao Fisco.
Concomitante à inauguração, iniciaram-se as obras do 13O andar. Os departamentos de Recursos Humanos, Financeiro, Secretaria e as salas de Diretoria foram remanejados para as instalações da FEHOESP, no 14O andar. Inaugurado em julho de 2014, o escritório da Federação também foi planejado como “open office” e possui uma ampla sala de reuniões com equipamentos
para videoconferência. Lá, funcionam os departamentos de Assistência à Saúde, Projeto IN$truir,
Operações Regionais, Administração, Gestão de Pessoas e Central de Atendimento. Junto com a
FEHOESP, o IEPAS ganhou sua sede em julho de 2014, no mesmo andar, na ala direita, com duas
salas de reuniões, sala do presidente, estações de trabalho e espaço para estúdio de filmagem
(em elaboração).
As obras do 13O, em curso, devem ficar prontas em 2016. Um novo auditório abrigará a realização dos eventos das entidades, equipado com tecnologia para transmissões simultâneas, além de
um espaço para um call center e outras comodidades. Atualmente, os eventos que eram realizados
no antigo auditório estão sendo remanejados para o espaço Ellu do Brasil, na Avenida Paulista (mais
informações em www.iepas.org.br).
Na visão do presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, acompanhar a evolução do sistema
sindical patronal paulista é gratificante. “Nossos antecessores iniciaram esta jornada em 1938, ano
da fundação do SINDHOSP. Na época o Sindicato funcionava num local alugado, na Rua Barão de
Itapetininga. Em 1979 foram comprados os dois andares do prédio na Rua 24 de maio, e depois
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5
8 | Jornal do SINDHOSP | Set 2015
mais um andar em 2011. Além da necessidade da reforma
física, seguimos o conceito de integração que permeia o planejamento estratégico das entidades”, comenta.
Segundo conta o vice-presidente do SINDHOSP, Luiz Fernando Ferrari Neto, a atual diretoria tem investido na gestão
participativa, e criado diversas comissões formadas por líderes
dos departamentos, a fim de auxiliar na tomada de decisões.
“Seja qual for assunto, sempre queremos ouvir o que pensam
e quais as necessidades dos colaboradores, afinal são eles que
estão na ponta do atendimento, no dia a dia e no contato direto com os associados. E com a reforma nos andares não foi
diferente. Criamos uma comissão formada por áreas estratégicas, e estamos todos muito satisfeitos com o resultado”.
Ferrari ainda lembra a importância da integração do trabalho da Federação com todos os seus sindicatos. “Nossos
colaboradores hoje atuam de maneira muito mais próxima
a toda nossa área de representação. Quebramos barreiras
e hoje somos um só. O staff do SINDHOSP, da FEHOESP
e do IEPAS é um time só, e está alinhado. Graças a este alinhamento, somos capazes de produzir, por exemplo, cinco
publicações impressas, manter oito sites atualizados diariamente, e incrementar em 50% o número de eventos realizados, de 2014 para cá”. Segundo os dados mais recentes
levantados pelo IEPAS, em 2014 foram oferecidos, no total,
87 eventos – entre cursos e palestras – atingindo um público
de aproximadamente duas mil pessoas Em 2015, apenas no
fechamento no primeiro semestre (até junho), tinham sido
realizados 71 eventos, com a participação de 1474 pessoas.
3
6
1 - Áreas de trabalho seguindo tendência
open office
2 - Nova copa do SINDHOSP
3 - Sala de interlocução com vista para a Biblioteca
do SINDHOSP
4 - Salas de reuniões equipadas com teleconferência
5 - Secretaria da nova sede da FEHOESP
6 - Recepção da nova sede da FEHOESP
Em dia
INTERIOR INVESTE EM CAPACITAÇÃO
Equipe de Campinas, em treinamento
sobre atendimento ao cliente
Em 19 de setembro, foi a vez de Santos realizar o evento voltado ao cliente, com Márcia Fonseca Vieira, que englobou temas como a compreensão da excelência no atendimento na contribuição de competências humanas consideradas de alto valor no mercado; como reconhecer práticas
que geram satisfação com o atendimento prestado; e capacitação para lidar de maneira eficaz com
situações cotidianas, da recepção ao cliente. E no dia 22, representantes de Recursos Humanos da
Baixada Santista reuniram-se na regional no litoral, para discutir a importância do treinamento nas
organizações.
Nesse mesmo dia, Pina Pellegrini ministrou o curso “Dez passos para um faturamento eficaz”,
na regional de São José dos Campos. A aula abordou a importância de cada setor e suas respectivas
atribuições e responsabilidades no processo de faturamento, por meio da integração dos dados e
Foto: DIVULGAÇÃO/REGIONAIS
Com o objetivo de promover a capacitação e atualização profissional, durante todo o mês de setembro os escritórios regionais do SINDHOSP realizaram cursos, palestras,
workshops e reuniões para seus associados.
Abrindo o mês, “Gestão de glosas e seus impactos na
receita dos prestadores de serviço de saúde” foi o tema de
curso realizado na regional de Sorocaba, no dia 4. Pina Pellegrini, médica e administradora hospitalar, abordou a atualização e troca experiências com os participantes sobre gestão
para se obter um bom resultado nas negociações a partir
do conhecimento dos contratos de prestação de serviços,
por meio do entrosamento entre as áreas comercial e de
credenciamento.
Em 14 de setembro, a regional Bauru realizou em Marília o curso “Formação e aperfeiçoamento de lideranças
para processos de feedback e gestão de equipes”, que visa
explicar os modelos de liderança, o perfil de um líder e suas
responsabilidades no gerenciamento das equipes de trabalho, além de abordar as relações intra e interpessoais. A aula
foi ministrada pela psicóloga e doutoranda em administração de empresas, Claudiane Reis da Paixão, e contou com a
presença de profissionais da região. “Faça o cliente curtir seu
atendimento” foi o workshop promovido pela coach do Instituto para Evoluir, Márcia Fonseca Vieira, que ocorreu nessa
mesma data, na regional São José dos Campos.
A gestão de custos para instituições de serviços de
saúde foi o tema do curso ministrado pelo mestre em administração de empresas e consultor da Planisa, Marcelo
Tadeu Carnielo, no dia 18, em São José do Rio Preto. Voltado a profissionais que atuam na área de custos de hospitais,
clínicas, consultórios e laboratórios, o treinamento tratou
da fundamentação teórica e prática dos conceitos e fundamentos da gestão e de custos hospitalares, com ênfase
no desenvolvimento, gerenciamento e apuração de custos,
com noções gerenciais inclusive de organização e atividades práticas.
São José dos Campos recebeu
informações sobre gestão de custos
informações para resultados eficazes, e foi voltada para profissionais envolvidos no processo de
faturamento das contas médico-hospitalares.
OUTROS EVENTOS
As atividades estão sendo intensas no interior do Estado desde agosto, quando as regionais
de Campinas, Bauru, Sorocaba e São José do Rio Preto promoveram encontros, cursos, palestras e
debates sobre temas variados.
A regional de Campinas promoveu, naquele mês, cursos e encontros que discutiram o atendimento ao cliente, a profissionalização de clínicas de pequeno porte e recebeu, em sua reunião de RH,
realizada no dia 25, o advogado do departamento Jurídico do SINDHOSP, Durval Silvério de Andrade. Na oportunidade, ele abordou as principais causas de afastamento do trabalhador no emprego,
suspensão e interrupção do contrato de trabalho e suas consequências, os benefícios concedidos
pela empresa, situações que garantem a continuidade e a perda do
recebimento de benefícios e a postura atual do Poder Judiciário.
O atendimento humanizado foi tema do curso realizado
em Araçatuba pelo escritório regional de Bauru, no mês passado,
quando também promoveu, em sua sede, um treinamento de
atendimento ao cliente na área laboratorial. Esse mesmo escritório
regional foi responsável pelo curso gestão de pessoas em tempos
de crise, realizado em Ourinhos, no fim de agosto.
Formação e aperfeiçoamento das lideranças e atendimento
humanizado foram temas de treinamentos promovidos entre 18 e
24 de agosto pela regional de Sorocaba. Esse último também mereceu espaço em São José do Rio Preto, no dia 28 de agosto, e foi
ministrado pela administradora Solange Marcos.
Set 2015 | Jornal do SINDHOSP | 9
Em dia
POLÍTICA, CORRUPÇÃO E ECONOMIA
SOB A ÓTICA DA SAÚDE
ABRAMGE DIVERSIFICA E LEVA CONVIDADOS DE OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO PARA SEU CONGRESSO
Os problemas da saúde suplementar, e os seus princiSempre crítico, porém otimista, Jabor disse acreditar nas recentes prisões de políticos e empais interlocutores, todo mundo já conhece. E falar sobre
preiteiros envolvidos com o mensalão e com os desvios da Petrobrás – investigados pela operação
as dificuldades, mesmo que elas sejam antigas e pareçam
Lava Jato da Polícia Federal – como uma transformação. “O Brasil está passando por uma mutação
insolúveis, é essencial para a evolução deste mercado tão
histórica extremamente importante, para melhor, com o surgimento de uma nova cidadania”. E
complexo. Este ano, no entanto, a Abramge decidiu sair da
declarou: “Nunca mais seremos os mesmos depois da vitória do Judiciário sobre o Executivo e o
caixa e levou, para o seu 20O Congresso
Legislativo, como aconteceu recentemente na história do nosso país. A esperança
– e 11O Congresso Sinog –, convidados de
prevalece sobre o nosso medo. Sejamos todos otimistas.”
diferentes áreas do conhecimento, para
Na saúde, a questão da corrupção veio à tona com grande força com a
que pudessem contribuir com uma visão
denúncia da máfia das próteses, em meados de 2014. De maneira explícita, as
inovadora. E foi neste ambiente que cerreportagens mostraram como as cobranças abusivas e/ou indevidas prejudicam
ca de 300 representantes de operadoras
o financiamento do setor, já que o dinheiro dispendido poderia ser mais bem
médicas e odontológicas e demais modaaplicado, como em remuneração médica ou em menores reajustes dos valores
lidades da cadeia discutiram os rumos da
das mensalidades dos planos de saúde. Estes foram os pontos apresentados pelo
saúde no Brasil, em 27 e 28 de agosto, no
diretor da Abramge, Pedro Ramos. Segundo ele, desde julho de 2014, quando a
Hotel Renaissance, na capital paulista.
máfia das próteses estourou na mídia, uma enxurrada de informações e uma sé“O setor, que responde por 10% do
rie de medidas foram tomadas para combater a má conduta. Entre os resultados,
Arnaldo Jabor, comentarista
Produto Interno Bruto (PIB), vem evoluinda TV Globo
estão a criação de três Comissões de Parlamentares de Inquérito (CPIs) – na Câdo como uma plataforma de desenvolmara dos Deputados, Senado Federal e Assembleia Legislativa do Estado do Rio
vimento social e econômico no país. E a integração desses
Grande do Sul –, elaboração de diversos projetos de leis – com destaque para o de criminalização
elos e com o setor público deve ajudar a responder com
de condutas da máfia das próteses, como superfaturamento e indicação de cirurgias desnecessáurgência perguntas recorrentes, como quais as perspectivas
rias –, e as prisões ocorridas em Montes Claros (MG).
e desafios para que tenhamos uma saúde de qualidade para
Ramos afirmou que ainda há muito por vir, pois os acordos de delações premiadas nas investitodos. Debatendo esses temas, estamos buscando essas
gações da Polícia Federal continuam. “Estamos buscando uma solução para a questão das OPMEs.
respostas”, disse o secretário-geral da Associação Brasileira
Analisando propostas e negociando o modelo mais adequado, que pode ser com um escritório
de Medicina de Grupo (Abramge) e presidente do Sindicato
americano ou seguir um modelo europeu, o importante é que atenda bem o setor.” Para finalizar,
Nacional das Empresas de Medicina de Grupo (Sinamge),
garantiu: “Ainda ocorrerão prisões em todo o Brasil”.
Reinaldo Scheibe, na abertura dos congressos. Ao lado dele,
esteve o presidente do Sindicato Nacional
TALK SHOW
das Empresas de Odontologia de Grupo
Outros desafios da saúde suplementar foram discutidos em um talk show
(Sinog), Geraldo Lima.
com representantes do mercado, operadoras e da Agência Nacional de Saúde
Uma análise geral sobre o cenário
Suplementar (ANS). Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor executivo do Sistema
político do país ficou a cargo do cineasta e
Abramge, Sinamge e Sinog, alertou para a importância dos planos de saúde: tercomentarista da TV Globo, Arnaldo Jabor,
ceiro maior desejo do cidadão brasileiro, de acordo com recente análise realizada
que falou durante conferência magna. A
pelo Ibope Inteligência. Na contramão deste desejo, no entanto, dados da ANS
corrupção foi o destaque de sua apreregistram, pela primeira vez na história desde que a agência reguladora foi criada,
sentação. Ela é um vício, segundo Jabor,
em 2000, que houve queda do número de beneficiários de planos médico-hoscom vários irmãos, como o clientelismo,
pitalares, com perspectiva de encerrar o ano com índice negativo. Em dezembro
o coronelismo e a burocracia. “Isso tudo
de 2014, 50,7 milhões de pessoas no país possuíam plano privado de assistência
Deborah Ciocci, conselheira
representa atraso à modernização, que é
do CNJ
à saúde. Em junho deste ano, o contingente caiu para 50,5 milhões, registrando
a democracia em sua plena essência”, afiruma queda de 0,4%. “Esses números ainda não contabilizam os dados de julho,
mou, lembrando que a falta de educação e valores da poque teve um índice de desemprego muito maior que os meses anteriores. De janeiro a agosto deste
pulação brasileira são reflexos do atraso imposto ao país há
ano, já foram perdidos 550 mil postos de trabalho. Isso representa menos pessoas com planos de
séculos. ”O nosso atraso é milenar e a corrupção é uma das
saúde empresarial. O sinal de alerta foi acionado”, disse Abbatepaolo.
grandes causas, porque ela provoca uma reação em cadeia
As dificuldades encontradas pelos empresários e comerciantes em continuar pagando a crescenque vai contaminando até a iniciativa privada, e atropela o
te conta decorrida dos planos de saúde, que atualmente alcançam entre 13% e 15% das despesas emdesenvolvimento.”
presariais, foram apresentadas por Albucacis de Castro Pereira, da Confederação Nacional do Comér10 | Jornal do SINDHOSP | Set 2015
Em dia
cio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ele acredita que é preciso alterar o modelo de remuneração
dos prestadores e avaliar melhor a incorporação de novas tecnologias, que corroboram para o aumento dos custos. Também defendeu que a cadeia da saúde suplementar encontre um meio de todos
ganharem, com foco no consumidor, que não está mais conseguindo pagar pelo seu plano de saúde.
Ainda no debate, Reinaldo Scheibe e Geraldo Lima comentaram que as operadoras também
estão preocupadas com os custos administrativos, com os altos valores das multas aplicadas pela
ANS e com a grande demanda gerada pela ininterrupta regulamentação do setor.
José Carlos Abrahão, diretor-presidente da ANS, disponibilizou-se a ouvir todos os envolvidos para tentar melhorar a situação. Assegurou que a agência está preocupada com a condição,
principalmente dos consumidores, mas sem se esquecer de prestar a devida atenção aos demais
envolvidos do segmento de saúde suplementar. Para ele, são cinco os desafios do mercado: transição demográfica de rápida evolução; transição epidemiológica; evolução tecnológica; modelo
de remuneração e heterogeneidade concorrencial. “A solução que vejo é a regulação. Precisamos
trabalhar com o tripé garantia de acesso, sustentabilidade e garantia da qualidade para ofertarmos
bons serviços aos usuários”, justificou, avisando que se o setor não se acertar, a agência irá interferir
na negociação. “O foco é melhorar o atendimento do consumidor, sempre.”
As mudanças de perfil da população também estiveram presentes na palestra do filósofo, escritor e ensaísta Luiz Felipe Pondé, que abordou o cenário social brasileiro. Ele disse que, há quatro ou
cinco anos, o país tem passado por importante transição democrática com o apoio de pessoas jovens, que possuem uma mentalidade mais liberal, aberta a novos conhecimentos e experiências. “A
preocupação com a saúde, não apenas no Brasil, é um tema sempre recorrente. Sua importância vai
além do cidadão, ela reflete na mídia, na política e na sociedade. O segmento
da saúde suplementar vem evoluindo gradativamente e, consequentemente,
os desafios aumentam e as perspectivas mudam.”
JUDICIALIZAÇÃO
Somente em 2014, o Ministério da Saúde gastou, aproximadamente, R$
844 milhões com judicialização no país. Na opinião da desembargadora e
conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Deborah Ciocci, este é
um dado parcialmente positivo, uma vez que a Justiça se torna um instrumento de incorporação de novas políticas. “Com a implantação da Constituição Federal, em 1988, onde ficou estabelecida a saúde como um direito
Henrique Meirelles, ex-presidente
do Banco Central
de todos e um dever do Estado, a população se mobilizou para fazer valer o
que diz a lei”, explicou. “Na década de 1990, tivemos o boom com os medicamentos para Aids, por exemplo, e hoje lidamos com ações para vagas em hospitais, custeios de
tratamentos e principalmente ações contra planos de saúde. Cada um tem a sua razão, precisamos
descobrir a melhor maneira de lidar com isso sem causar danos ao orçamento da saúde.” Uma das
soluções, segundo ela, é investir na especialização dos magistrados, e na criação de varas específicas
para agilizar os processos.
“Apesar de tudo, pouco se investe em prevenção e em conscientização. No caso da saúde suplementar então, os contratos precisam ser adaptados para atender às novas realidades, pois temos
de um lado o consumidor, que muitas vezes busca o que não tem direito, e de outro a operadora,
que não adequa a prestação do serviço. A saúde suplementar não é universal, mas deve respeitar
os direitos do consumidor”, disse.
FUTURO DA ECONOMIA
Encerrando os congressos, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não demonstrou otimismo ao falar sobre o cenário econômico do país. Por meio de dados compilados,
demonstrou possíveis projeções econômicas brasileiras – pessimista, básica e otimista.
Informou que, no curto prazo, há vários problemas conjunturais. É necessário reduzir a inflação, ajustar o setor externo, aumentar o superávit fiscal. “Temos um complexo sistema de tributos
hoje instalado no país. O governo insiste em querer taxar tudo que se move, não dá mais. Em curto
prazo, há vários problemas conjunturais. O principal é reduzir a inflação”, frisou.
Para gerar crescimento sustentável, existem questões estruturais a serem resolvidas: fatores
que reduzem a atratividade de investimento (infraestrutura, burocracia, impostos elevados) e educação baixa. “O
contínuo avanço da educação permite uma distribuição
de renda cada vez mais justa, impulsionando o consumo
de bens duráveis, porém o que estamos ensinando nas escolas? A qualidade da educação é um desafio importante
para a produtividade no Brasil”, disse.
Debate reuniu o presidente da ANS e
representantes das operadoras e do mercado
Nas projeções, apresentou, dentro de um cenário econômico otimista, que uma melhoria no ambiente de negócios, tornando os investimentos mais atraentes, pode fazer o
Brasil crescer mais do que 4% ao ano. Mas deixou claro que
em 2015 a recessão será elevada, com a inflação próxima a
6,5%. O próprio Banco Central, no entanto, revisou a estimativa da inflação para 9,5% este ano.
No cenário básico, onde são feitos somente os ajustes
necessários para um “respiro”, o crescimento ficaria em
2,6%. Já vislumbrando um cenário pessimista, o crescimento
seria de 1,2% para menos. “O fato é que a perspectiva para
Barbério, Yussif e Luiz Fernando
estiveram nos congressos
2017 é de melhora. Dependerá somente do cenário que
será alcançado”, finalizou.
O presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali
Mere Jr, o diretor Luiz Fernando Ferrari Neto, e o presidente
do Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS),
José Carlos Barbério, participaram do evento.
Set 2015 | Jornal do SINDHOSP | 11
Em dia
8O SHS DEBATE O DESAFIO DA SAÚDE
FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Foto: DIVULGAÇÃO
O presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali
Mere Jr, participou do Seminário Hospitais Saudáveis (SHS
2015), realizado no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital
Sírio-Libanês, nos dias 1O e 2 de setembro. Em sua 8a edição,
Plateia lotou o auditório
do HSL para o debate
o evento é uma realização da coalizão de organizações composta pelo Centro de Vigilância Sanitária
da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (CVS), SPDM - Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Hospital Sírio-Libanês, Pró-Saúde, Rede Global Hospitais Verdes e Saudáveis,
Saúde sem Dano e Projeto Hospitais Saudáveis (PHS).
O tema este ano foi “O desafio do setor saúde frente às mudanças climáticas”, considerada a matéria da maior importância, que já afeta dramaticamente à saúde pública e
que terá seus impactos significativamente potencializados no curto, médio e longo prazos.
O seminário ofereceu formatos diferentes de atividades, visando melhor aproveitar o potencial de cada tema e da contribuição de cada um dos participantes.
O gerente de Operações Regionais da FEHOESP, Erik Von Eye, participou do evento como moderador de gestão de RSS no fórum que debateu o tema da conteinerização no acondicionamento dos
resíduos sólidos perigosos como medida fundamental para a segurança na armazenagem, transporte
e destinação final desses resíduos e os desafios para sua padronização, e implementação no Brasil.
O 8O SHS também foi palco do Prêmio Amigo do Meio Ambiente (AMA). Criada pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, com apoio técnico do Centro de Vigilância Sanitária, a
premiação tem como objetivo estimular iniciativas sustentáveis no âmbito do SUS em todo o Brasil.
Desde 2008, o Prêmio AMA recebeu mais de 360 projetos. Os trabalhos premiados estão
disponíveis no site www.hospitaissaudaveis.org/biblioteca.
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