Universidade Federal do Vale do São Francisco
Colegiado de Psicologia
Luís Augusto Vasconcelos da Silva
 Promoção
da Saúde
Prevenção de doenças e
Promoção da saúde

OS CONCEITOS SURGEM A PARTIR DA
NOÇÃO DA HISTÓRIA NATURAL DA
DOENÇA (Leavell & Clark, 1965);
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

“Conjunto de processos interativos
compreendendo as inter-relações do agente, do
suscetível e do meio ambiente que afetam o
processo global e seu desenvolvimento, desde as
primeiras forças que criam o estímulo patológico
no meio ambiente, ou que em qualquer outro
lugar, passando pela resposta do homem ao
estímulo, até as alterações que levam a um
defeito, invalidez, recuperação ou morte”
(LEAVELL & CLARK, 1976 p. 17)
Três níveis de prevenção
Adaptado de Buss (2003: 35)
Promoção
da
saúde
Proteção
específica
Prevenção
primária
Período de prépatogênese
Diagnóstico
e
Reabilitação
tratamento
precoce
Limitação da
invalidez
Prevenção
secundária
Período de
patogênese
Prevenção terciária
Período de
patogênese
História natural da doença
PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE
FATORES SOCIAIS







FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS
FATORES SOCIOPOLÍTICOS
FATORES SOCIOCULTURAIS
FATORES PSICOSSOCIAIS
FATORES AMBIENTAIS


FATORES GENÉTICOS
MULTIFATORIALIDADE
HISTÓRIA NATURAL DA
DOENÇA
PERÍODO DE PATOGÊNESE
INTERAÇÃO ESTÍMULO-SUSCETÍVEL



ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS,
HISTOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS

SINAIS E SINTOMAS

CRONICIDADE
Três níveis de prevenção
Adaptado de Buss (2003: 35)
A prevenção primária (período de pré-patogênese):
medidas destinadas a desenvolver uma saúde geral ótima
pela proteção específica do homem contra agentes
patológicos ou pela estabelecimento de barreiras contra os
agentes do meio ambiente (Buss, 2003, p.18).
Enfoque centrado no indivíduo, com uma projeção para a
família ou grupos, dentro de certos limites.
História natural das doenças


A extensão dos conceitos de Leavell e Clark é
inapropriada para o caso das doenças crônicas nãotransmissíveis
Com a segunda revolução epidemiológica, o
movimento da prevenção das doenças crônicas, a
promoção da saúde passou a associar-se a medidas
preventivas, sobre o ambiente físico e sobre os estilos
de vida, não mais voltados exclusivamente para
indivíduos e famílias. (Buss, 2003).
Antecedentes da promoção da
saúde


Sigerist (1946): um dos primeiros a fazer referência ao
termo promoção da saúde, qdo definiu as quatro tarefas
essenciais da medicina: promoção da saúde, prevenção
das doenças, recuperação dos enfermos e reabilitação.
Winslow (1920) afirma que promoção da saúde é um
esforço da comunidade organizada para alcançar
políticas que melhorem as condições de saúde da
população (...) – BUSS (2003, p.17).

A promoção da saúde moderna vai resgatar,
ainda com qualidade distinta, as proposições de
sanitaristas do séc. XIX, como Villermé, na
França, Chadwick, na Inglaterra, e Virchow e
Neumman, na Alemanha, para quem as causas
das epidemias eram tanto sociais e econômicas,
como físicas, e os remédios para as mesmas
eram prosperidade, educação e liberdade (Terris,
1992, apud Buss, 2000).
Moderno movimento de promoção
da saúde (Canadá)
1974 - Informe Lalonde: uma nova perspectiva sobre a
saúde dos canadenses (A New Perspective on the
Health of Canadians
Conceito de campo da saúde (reúne os chamados
determinantes da saúde: biologia humana , ambiente,
estilo de vida e organização da assistência à saúde.
A promoção da saúde como uma das estratégias para abordar
os problemas no campo da saúde: relacionadas a fatores
específicos do estilo de vida (dieta, tabaco, álcool,
drogas e condutas sexuais).
Excessiva ênfase em intervenções comportamentais
(responsabililização de indivíduos).
Promoção da saúde

Três importantes conferências internacionais
sobre o tema: Ottawa (1986); Adelaide (1988) e
Sundsval (1991) – bases conceituais e políticas
da promoção da saúde.

Conferências seguintes: Jakarta (1997); México
(2000). Na América-Latina, ocorreu a
conferência Internacional de Promoção da
Saúde (Colômbia, 1992).
Conferências internacionais sobre
Promoção da Saúde

1988 – Declaração de Adelaide sobre Políticas Públicas Saudáveis - II
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Austrália)

1991 – Declaração de Sundsval sobre Ambientes Favoráveis à Saúde – III
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Suécia).

(1992 – Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento
(RIO 92)

1992 – Declaração de Santafé de Bogotá – Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde na região das Américas (Colômbia)

1997 – Declaração de Jakarta sobre promoção da saúde no século XXI em
diante – IV Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde

2000 – V Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (México)
1986 - I Conferência Internacional Sobre Promoção
da Saúde (Ottawa/Canadá)
(abordagem sócio-ambiental)
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e
saúde, incluindo uma maior participação no controle deste
processo.
Cinco campos centrais de ação para a promoção da saúde:
1)
Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis
2)
Criação de ambientes favoráveis à saúde
3)
Reforço da ação comunitária
4)
Desenvolvimento de habilidades pessoais
5)
Reorientação dos serviços de saúde
Carta de Ottawa (novembro de 1986)






Equidade: um dos focos da saúde
Aponta para os determinantes múltiplos da saúde e para a
intersetorialidade: para além da idéia de estilos de vida saudáveis, a promoção
da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde (Buss, 2003).
Saúde é um conceito positivo – saúde como recurso para a vida e não como
objetivo de viver... enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades
físicas (p. 19).
Pré-requisito para a saúde (condições e recursos): paz, habitação, educação,
alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e
equidade.
Ambientes favoráveis, acesso à informação, habilidades para viver melhor, bem
como oportunidades para fazer escolhas mais saudáveis, estão entre os principais
elementos capacitantes (a promoção da saúde visa assegurar a igualdade de
oportunidades e <proporcionar os meios – capacitação – que permitam a todas as
pessoas realizar completamente seu potencial de saúde. (Buss, 2003, p. 26).
3 ESTRATÉGIAS FUNDAMENTAIS PARA A PROMOÇÃO DA
SAÚDE : DEFESA DA SAÚDE; CAPACITAÇÃO E
MEDIAÇÃO.
Carta de Ottawa


Estratégias fundamentais da promoção da saúde:
Defesa da saúde: lutar para que os fatores
políticos, econômicos, sociais, culturais,
ambientais, comportamentais e biológicos, bem
como de outros pré-requisitos, sejam cada vez
mais favoráveis à saúde
Capacitação

Assegurar a igualdade de oportunidades e
proporcionar os meios (CAPACITAÇÃO) que
permitam a todas as pessoas realizar
completamente seu potencial de saúde. Os
indivíduos e as comunidades devem ter a
oportunidade de conhecer e controlar os fatores
determinantes de sua saúde.
Mediação

Os profissionais e grupos sociais, assim como o
pessoal de saúde, têm a responsabilidade de
contribuir para a mediação entre os diferentes
interesses, em relação à saúde, existentes na
sociedade.
Políticas públicas saudáveis
(destaque na conferência de
Adelaide)

Políticas públicas saudáveis – expressam-se por
diversas abordagens complementares, que
incluem legislação, medidas fiscais, taxações e
mudanças organizacionais, entre outras, e por
ações coordenadas que apontam para a equidade
em saúde, distribuição mais equitativa da renda e
políticas sociais (Buss, 2003). Questão da
intersetorialidade e responsabilização do setor
público
Criação de ambientes favoráveis à
saúde (ênfase em Sundsval)

Passa a compor a agenda da saúde: proteção do meio
ambiente, conservação dos recursos naturais,
acompanhamento sistemático do impacto que as
mudanças no meio ambiente produzem sobre a saúde,
bem como a conquista de ambientes que facilitem e
favoreçam à saúde, como o trabalho, o lazer, o lar, a
escola e a própria cidade.

Ambiente não se restringe à dimensão física ou natural,
mas implica dimensões social, econômica, política e
cultural.
Reforço da ação comunitária


Incremento do poder técnico e político das comunidades
(empowerment) na fixação de prioridades, na tomada de decisões
e na definição e implementação de estratégias para alcançar um
melhor nível de saúde
A conferência de Jacarta (1997) – Dá ênfase a esta estratégia.
Subtítulo da conferência: novos atores para uma nova era. Cinco
prioridades: 1) promover a responsabilidade social com a saúde,
através de políticas públicas saudáveis e comprometimento do
setor privado; 2) aumentar os investimentos no desenvolvimento
da saúde, através do enfoque multissetorial; 3) consolidar e
expandir parcerias para a saúde; 4) Aumentar a capacidade para a
comunidade para influir nos determinantes da saúde; 5) definir
cenários preferenciais para a atuação
Desenvolvimento de habilidades pessoais

É imprescindível a divulgação de informações
sobre a educação para a saúde, o que deve
ocorrer no lar, na escola, no trabalho e em
muitos outros espaços coletivos. Diversas
organizações devem se responsabilizar por tais
ações. Avanço na noção de empowerment:
processo de capacitação (aquisição de
conhecimento) e de poder político por parte dos
indivíduos e da comunidade.
Empowerment psicológico X
comunitário (Carvalho, 2004)



Incremento do poder das comunidades . Empowerment
comunitário = aquisição de poder técnico e consciência política
para atuar em prol de sua saúde (BUSS, 2003, p.27)
Enfoque psicológico do empowerment = imagem de pessoa
comedida, independente e autocofiante. Fortalecer a auto-estima
e a capacidade de adaptação ao meio e desenvolver mecanismos
de auto-ajuda e de solidariedade. Contribuir para a consciência
sanitária do indivíduo. Ideologia política da responsabilidade
pessoal.
Enfoque comunitário = implica disputa pelo controle de
recursos e redistribuição de poder. Suscita a elaboração de
estratégias que procurem promover a participação visando ao
aumento do controle sobre a vida por parte de indivíduos e
comunidades, a eficácia política, uma maior justiça social e a
melhoria da qualidade de vida. Espera-se o aumento da
capacidade dos indivíduos e coletivos para definirem, analisarem
e atuarem sobre seus próprios problemas. Desenvolvimento da
Reorientação dos serviços de saúde

Fica proposta a superação do modelo
biomédico, centrado na doença como fenômeno
individual e na assistência médica curativa
desenvolvida nos estabelecimentos médicoassistenciais como foco essencial da intervenção
Buss, 2000

Promoção da saúde – partindo de uma concepção
ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes,
propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a
mobilização de recursos institucionais e comunitários,
públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução
(p.165).

Promoção da saúde = surge como reação à acentuada
medicalização da saúde (na sociedade e no interior do
sistema de saúde).

Mudança do conceito: de um nível da atenção
(medicina preventiva) (Leavell & Clark) para
representar um enfoque político e técnico em torno do
processo saúde-doença-cuidado (BUSS, 2003).

Promoção da saúde: termo associado a um
conjunto de valores (vida, saúde, solidariedade,
equidade, democracia, cidadania,
desenvolvimento, participação e parceria, etc) +
combinação de estratégias: políticas públicas
saudáveis (ações do Estado); reforço da ação
comunitária; desenvolvimento de habilidades
pessoais, reorientação do sistema de saúde e
ações de parcerias intersetoriais
(responsabilização múltipla).



Problemas com multideterminação = propostas
(respostas) com múltiplas estratégias.
Discurso prevalente no campo da promoção da saúde
= integralidade (entendimento dos problemas no
processo saúde-doença-cuidado e nas respostas
propostas aos mesmos).
Valorização do conhecimento popular e da participação
social (articulação com outros movimentos sociais, por
exemplo, movimento feminista). AÇÃO
INTERSETORIAL PARA ENFRENTAMENTO
DOS PROBLEMAS IDENTIFICADOS.
Promoção da saúde



Dois grandes grupos (conceituações disponíveis).
(1) atividades dirigidas à transformação dos comportamentos dos
indivíduos. Foco sobre os estilos de vida, localizando os
comportamentos no seio da família e, no máximo, no ambiente das
culturas da comunidade em que se encontram. Por exemplo:
aleitamento materno, hábito de fumar, atividades físicas, etc. (em parte
sob controle do indivíduo).
Mais modernamente (2): determinantes gerais sobre as condições de
saúde (atividades voltadas mais ao coletivo de indivíduos e ao ambiente
por meio de políticas públicas, ambientes favoráveis ao
desenvolvimento da saúde e do reforço da capacidade dos indivíduos e
das comunidades (EMPOWERMENT). Saúde = produto de amplo
espectro de fatores relacionados com a qualidade de vida, padrão
adequado de alimentação e nutrição, de habitação e saneamento, boas
condições de trabalho, ambiente físico limpo, oportunidades de
educação ao longo de toda a vida, apoio social para famílias e
indivíduos, estilo de vida responsável, e um espectro adequado de
cuidados de saúde.
Promoção de saúde no Brasil – breve
cronologia (Buss, 2000).

Década de 70: críticas ao modelo assistencial vigente, centrado na assistência
médico-hospitalar; surgimento dos primeiros projetos de atenção primária
(medicina comunitária). Surgimento do « movimento” sanitário.

Década de 80: movimento de redemocratização do país; protagonismo
político do movimento sanitário; VIII Conferência Nacional de Saúde (1986),
com afirmação dos princípios da promoção da saúde (sem este rótulo):
determinação social e intersetorialidade. Processo constituinte, com grande
participação do movimento sanitário (1986-1988). Constituição Federal, com
características de promoção da saúde (1988).

Década de 90: Lei orgânica da Saúde (1990); Rio 92 – Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992). A partir de 1995 –
PACS e PSF; NOB 96 (Piso Assistencial Básico); debate sobre municípios
saudáveis. Anúncio do I Fórum Nacional sobre Promoção da Saúde (1999).
VIII conferência Nacional de saúde
(1986)

Em seu relatório final, frisou-se: o direito à saúde
significa a garantia, pelo Estado, de condições dignas de
vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços
de promoção, prevenção e recuperação da saúde, em todos
os níveis, a todos os habitantes do território nacional,
levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua
individualidade (p. 382).
1988 – Constituição Federal brasileira


Reforça o tema da promoção da saúde.
Art.196: < saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco
de doenças e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços
para a promoção, proteção e recuperação>
Lei 8080 de 1990

Incorpora a noção ampla de saúde, dentro do contexto da
promoção.

Art.2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

Inciso 1 O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de
doenças e outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.
Lei 8080 de 1990


Art 3º. A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes,
entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o
lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da
população expressam a organização social e econômica do País.
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
por força do dispositivo no artigo anterior, se destinam a garantir
às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
social.
Promoção da saúde


Resgata o papel dos determinantes sociais do
processo saúde-doença – ideário da medicina
social (sec. XIX). Deve levar em conta a
articulação intersetorial, abordagens
interdisciplinares e participação social.
É possível, também, que o discurso da
promoção da saúde possa reforçar as estratégias
voltadas para a regulação e a vigilância sobre os
corpos sociais e individuais
Promoção da saúde X prevenção das doenças
(Buss, 2003)




Promoção = procura identificar e enfrentar os macrodeterminantes do
processo saúde-doença; conjunto de ações e decisões COLETIVAS
favoráveis à saúde e à melhoria das condições de bem-estar.
Dois elementos-chave para a promoção: necessidade de mudanças no
modo de vida e, também, das condições de vida. (Carvalho, 2004). A
promoção da saúde apresenta-se como uma estratégia de mediação
entre as pessoas e o meio ambiente, combinando escolhas pessoais
com responsabilidade social pela saúde (Buss, 2003).
Objetivo: nível ótimo de vida e de saúde. Estratégias de promoção da
saúde = mais integradas e intersetoriais. Efetiva participação da
população.
Prevenção das doenças = foco na doença; busca que os indivíduos
fiquem isentos das mesmas (ações de deteccção, controle e
enfraquecimento dos fatores de risco ou causais de enfermidades

Prevenir – “preparar; chegar antes de; dispor de
maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize”
(Czeresnia, 2003, p. 45);

A prevenção em saúde “exige uma ação antecipada,
baseada no conhecimento da HND a fim de tornar
improvável o progresso posterior da doença”
(Czeresnia, 2003, p. 45);

“Ações preventivas definem-se como intervenções
orientadas a evitar o surgimento de doenças
específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas
populações” (Czeresnia, 2003, p. 45).

Promover – “dar impulso a; fomentar; originar; gerar”
(Czeresnia, 2003, p. 45).

Mais amplo que prevenir, refere-se a medidas que “não
se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas
servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais”
(Czeresnia, 2003, p. 45);

As estratégias de promoção enfatizam a transformação
das condições de vida e de trabalho que conformam a
estrutura subjacente aos problemas de saúde,
demandando uma abordagem intersetorial” (Czeresnia,
2003, p. 45).

O contexto de implementação das práticas
de saúde mantém uma tensão entre duas
definições de vida:
A nossa experiência subjetiva;
 Os mecanismos físico-químicos que estruturam
o funcionamento cognitivo das intervenções da
medicina e da saúde pública. (Czeresnia, 2003,
p. 46)


“A idéia de promoção envolve a de fortalecimento da
capacidade individual e coletiva para lidar com a
multiplicidade dos condicionantes da saúde [...] vai além de
uma aplicação técnica e normativa, aceitando que não basta
conhecer o funcionamento das doenças e encontrar
mecanismos para o seu controle” (Czeresnia, 2003, p. 47-48)
Fortalecimento da saúde por meio da construção de capacidade de escolha.
(Czeresnia, 2003, p.48).

Um dos eixos básicos do discurso da promoção de saúde
“é fortalecer a idéia de autonomia dos sujeitos e dos grupos
sociais” (Czeresnia, 2003, p. 39). Entretanto, no contexto
das sociedades capitalistas neoliberais (discurso da ‘nova
saúde pública’), deve-se perguntar: qual a concepção de

“A perspectiva conservadora da promoção de
saúde reforça a tendência de diminuição das
responsabilidades do Estado, delegando,
progressivamente, aos sujeitos, a tarefa de tomarem
conta de si mesmos” (Czeresnia, 2003, p. 40);
(Referência: Deborah Lupton). Autonomia
regulada, estimulando a livre escolha. Lógica de
mercado.

“As perspectivas progressivas ressaltam a
elaboração de políticas públicas intersetoriais,
voltadas à melhoria da qualidade de vida das
populações” (Czeresnia, 2003, p. 40)
Quadro 3 -Diferenças esquemáticas entre promoção
e prevenção
(BUSS, 2003: 35)
Categorias
Promoção da saúde
Prevenção de doenças
Conceito de
saúde
Positivo e
multidimensional
Ausência de doença
Modelo de
intervenção
participativo
Médico
Alvo
Toda a população, no
seu ambiente total
Incumbência
Principalmente os
grupos de alto risco da
população
Rede de temas da saúde Patologia específica
Categorias
Promoção de saúde
Prevenção de
doenças
Estratégias
Diversas e complementares
Geralmente única
Abordagens
Facilitação e capacitação
Direcionadoras e
persuasivas
Direciona
mento das
medidas
Objetivos dos
programas
Executores
dos programas
Oferecido à população
Impostas a gruposalvo
Mudanças na situação dos
indivíduos e de seu ambiente
Org.não-profissionais, mov.
sociais, governos locais,
municipais, etc.
Focam em indivíduos
e grupos de pessoas.
Profissionais de
saúde
Referência bibliográfica




BUSS, P. M. Uma introdução ao conceito de promoção da
saúde. In: CZERESNIA, D; FREITAS, C. (org.) Promoção da
saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
p. 15-38.
BUSS, P.M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência &
Saúde Coletiva, v.5(1), p.163-177, 2000.
CARVALHO, S.R. Os múltiplos sentidos da categoria
« empowerment » no projeto de promoção à saúde. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v.20 (4), p.1088-1095, 2004.
CZERESNIA, D. O conceito de saúde e a diferença entre
prevenção e promoção. In: CZERESNIA, D; FREITAS, C.
(org.) Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2003. p 39-53.
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