Quem Somos? Ideias novas precisam-se - por Paulo Fernandes http://quemsomosideiasnovasprecisam-se.blogspot.com Este obra pretende mostrar a importância dos estados de consciência, emoções, ideias e pensamentos na construção da nossa identidade individual e colectiva. Somos também aquilo que pensamos e isso pode ser facilmente mudado de forma consciente para o atingimento de um estado de equilíbrio e bem estar mais elevado. Ao longo desta obra são passados em revista vários aspectos do nosso quotidiano e da nossa sociedade para serem analisados e revistos à luz de novas ideias. 2 Índice Introdução..................................................................................5 O Ser Humano............................................................................8 A consciência.......................................................................13 O corpo físico......................................................................17 A percepção da vida............................................................20 O conceito de Deus.............................................................26 Os outros.............................................................................33 O corpo mental....................................................................35 As ideias.........................................................................36 Os valores éticos.............................................................38 O corpo emocional..............................................................40 As emoções.....................................................................41 A auto-estima..................................................................43 O tratamento emocional.................................................44 A meditação....................................................................46 Limpeza energética.........................................................47 O bocejo..........................................................................47 As lágrimas.....................................................................49 A inteligência emocional................................................50 As relações pessoais............................................................52 A comunicação...............................................................56 A comunicação com os guias espirituais........................59 As vidas passadas...........................................................64 A Sociedade.............................................................................66 O Estado..............................................................................70 A família..............................................................................72 A educação..........................................................................74 A economia..........................................................................76 A política.............................................................................82 A cultura..............................................................................83 A religião.............................................................................84 A possessão espiritual.....................................................87 A saúde................................................................................89 A assistência social.........................................................97 A morte..............................................................................101 Considerações finais..........................................................104 Anexos...................................................................................105 Anexo A: Meditação “Ligação à Terra”............................106 Anexo B: Meditação com controlo da respiração.............108 Anexo C: Meditação “Esvaziando a mente, abertura ao novo”.................................................................................110 Anexo D: Meditação “Lavagem das emoções”.................112 Anexo E: Autotratamento com Reiki................................114 4 Introdução Vivemos numa época de rápidas mudanças. Ambientais, éticas, sociais, políticas, e até económicas. Para sermos sinceros, a todos os níveis dos nossos seres. São os efeitos do crescimento económico, dirão uns. O motor desta mudança é, sem dúvida, a Internet, dirão outros. Tudo isto se deve a um fenómeno de globalização que leva a entrelaçar e a absorver todas as sociedades existentes no mundo, todas as culturas, todas as religiões, todos os modelos económicos, políticos e sociais, dirão outros mais refletidos. Mas onde é que isto nos leva? Será que tudo acaba profeticamente em Dezembro de 2012, perguntarão uns? Ou seremos irremediavelmente extintos num crescendo de aquecimento global, perguntarão outros? Ou a extinção estará reservada para a idade do gelo que se seguirá, perguntarão ainda outros? Será que os seres humanos conseguirão sobreviver a tudo isto, terão essa capacidade de superação? E o que dizer das transformações ocorridas nos nossos corpos? Certamente alguns de nós já se deram conta de algumas transformações físicas muito subtis. Mais evidentes nuns do que noutros. Quase sempre associadas a uma tomada de consciência, a uma mudança de valores das crenças herdadas do colectivo, a um apuramento dos sentidos, a uma maior tranquilidade na forma de encarar a vida... Envelhecimento, dirão uns. Cansaço, perca de combatividade, dirão outros. Desenvolvimento espiritual, dirão ainda outros, mais entendidos. Mas, seguindo a tese deste último grupo, o que é isso de desenvolvimento espiritual? Ir mais à missa? Alguma parte do cérebro que se desenvolve mais em detrimento das outras? Ou será apenas uma mudança de ideias sobre nós próprios, os outros, o planeta em que vivemos, a vida em geral? Será que, para experimentarmos estas transformações, teremos de abandonar o nosso estilo de vida materialista, cheio de “pequenos prazeres” consumistas? Será que temos de contratar um “guru”? E se eu mudar a minha maneira de pensar: − Como vou conseguir viver nesta sociedade? − Como me vou manter competitivo? − Como vou assegurar o meu sustento ou o da minha família? − Tenho de abdicar do meu conforto? E se eu mudar, a sociedade não pode mudar também? Ir-me-ei sentir irremediavelmente deslocado, um extra-terrestre? Utópico, dirão uns! Vejam ao que conduziram os modelos políticos baseados no marxismo, por exemplo. E se em vez da revolução ficarmos só pela evolução? Não é isso que fazemos diariamente todos nós? Não nos adaptamos diariamente a novos desafios? Estas e outras questões irão ser abordadas ao longo desta obra descomprometida. Não filiada em nenhum partido político, não sendo sócia de nenhum clube de futebol, nem membro de nenhum grupo religioso. Quem Somos? Ideias novas precisam-se O Ser Humano Nascemos, recebemos uma educação dos nossos pais e das escolas que eles criaram, que nos ensina muitas coisas que damos como certas. Algumas suscitam-nos algumas dúvidas, fazemos muitas perguntas e temos que nos contentar com as respostas que nos dão. Simplesmente não temos tempo nem os meios para montar um departamento de investigação que vá confirmar tudo isso. Damos como certo e pronto. As experiências limitam-se aquilo que conseguimos experimentar com o nosso corpo físico. É o que está mais à mão. Numa idade mais juvenil, organizamos investigações conjuntas com outros seres, normalmente nossos amigos, que compartilham a nossa vontade de experimentar e nos ajudam a criar uma consciência de grupo. O nosso ser vai crescendo, alimentando-se do dia a dia de experiências que vivemos. Uns tiveram uns pais mais liberais, que lhes deram oportunidade de experimentar muitas coisas. Outros tiveram de ajudar os pais a obter meios de sustento para a família, limitando o seu campo de experiências. Outros ainda, tiveram 8 Quem Somos? Ideias novas precisam-se pais possessivos que os “acorrentaram” no dia-a-dia e os levaram a poder usufruir de um campo de experiências muito limitado, atrofiante. Mas por muito liberal que seja a nossa educação, simplesmente não temos tempo de investigar em todas as áreas do conhecimento, de comprovar todas as coisas que nos ensinam com experiências práticas. Para isso foi criada a área de investigação científica, que vai alimentando a nossa sede de conhecimento com factos investigados e comprovados através das chamadas “experiências científicas”. Que permitem embrulhar estes conhecimentos e colar um rótulo “Comprovado cientificamente”, de grande autenticidade e indiscutível em termos de validade. Tão indiscutível que muitos de nós dizem orgulhosamente que só acreditam na Ciência, qual Deus Omnisciente, que não deve ser questionado. Ora estas experiências são efectuadas normalmente com parâmetros planeados a partir de uma base de conhecimento actual, de um conjunto de “conhecimentos científicos” armazenados na base de dados do “conhecimento colectivo”, até à data. Muitos destes “conhecimentos científicos” são baseados em suposições, ou em conclusões possíveis tiradas do conjunto de dados disponíveis como a melhor aproximação. Muitas destas conclusões chegam mesmo a ignorar dados discordantes 9 Quem Somos? Ideias novas precisam-se obtidos numa minoria de experiências, na esperança de que estas experiências tenham sido executadas de forma incorrecta, de forma a simplificar o modelo de conclusões obtido, de forma a tornar a realidade “mais simples” e entendível. Para o ser confuso e questionante, dá algum conforto as coisas terem uma explicação simples e lógica. Porque é através da lógica que o nosso cérebro trabalha e o cientista não é diferente dos outros seres humanos neste capítulo. Ora muitos de nós apercebem-se que esta base de dados de “conhecimentos científicos” não explica tudo o que se passa à nossa volta. Que acontecem coisas estranhas que não encaixam neste modelo. Que a ciência não tem explicação para tudo e é necessário procurar algumas respostas fora da ciência. Alguns apercebem-se da existência de algo superior a nós, de uma dimensão que controla a nossa existência de alguma forma. Uns chamam-lhe Deus, Ser Divino, Fonte Divina. Outros chamam-lhe dimensão espiritual. Alguns acham que estamos individualmente ligados a essa dimensão. A ciência também deu recentemente algumas achegas a esta percepção, ao concluir que se alguém desse um “encontrão” ao nosso planeta e este se desviasse alguns graus (poucos) na sua trajectória, deixava de haver condições para a vida se manter à face da Terra, tal como a conhecemos. Um autêntico trabalho de “relojoaria” planetária que nos leva a aceitar que as nossas condições de vida podem estar a ser mantidas e geridas a partir de uma dimensão mais elevada. 10 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Alguns de nós, que passaram por experiência próximas da morte, na sequência de acidentes ou doenças súbitas, descrevem uma dimensão etérica por onde viajaram, para lá da dimensão física e após terem atravessado um túnel de luz, libertos do seu corpo físico e das sensações a ele associadas. Alguns, nessa dimensão, chegaram a encontraram-se e a falar com parentes já falecidos. Depois terão regressado à vida e retomaram a consciência no seu corpo físico. Devemos ignorar estas experiências apenas por que não “cabem” no modelo da base de dados de “conhecimentos científicos”? Não confiamos nas pessoas que nos relataram estas experiências simplesmente porque estavam doentes ou traumatizadas e poderiam estar a sofrer de alucinações? E que dizer das regressões a vidas passadas, efectuadas sob hipnose ou durante o sono, em que recordamos experiências de vidas como outras pessoas em outras épocas, algumas delas envolvendo algumas pessoas nossas conhecidas, mas de aspecto totalmente diferente, que reconhecemos de imediato como sendo o mesmo ser. E que dizer das recordações de sensações hiper-realistas, quer a nível das imagens, quer dos sons ou até dos cheiros? Devemos ignorar estes fenómenos apenas porque não conseguimos estabelecer uma experiência que os comprove cientificamente? 11 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Para não falar da complexidade dos nossos organismos biológicos que, na sua eficácia de funcionamento, deixa a anosluz os nossos esforços de criar organismos cibernéticos, a partir de bases puramente mecânicas. Não levará este facto a suspeitar da criação das formas de vida à face do planeta ter sido um acto levado a cabo por seres mais evoluídos do que nós somos actualmente? Tenhamos a coragem de não fechar os olhos a nada do que nos rodeia, por desconfortável que isso possa ser! Admitamos a nossa ignorância! A humildade é uma virtude pouco apreciada e muito incompreendida, numa sociedade em que se valoriza a competitividade das pessoas pela sapiência que elas aparentam nas respectivas áreas de especialização. “Sei fazer coisas como mais ninguém”, parece ser o lema da sobrevivência... 12 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A consciência Para arrumar melhor as ideias daqui para a frente, vamos admitir que temos 2 armários na cabeça: o armário do “conhecimento científico” e o armário do “pacote cultural”. Por “pacote cultural” entenda-se o conjunto de ideias já feitas sobre o que nos rodeia, possuam ou não uma base científica. Adquirimos estas ideias “em pacote” com a nossa educação e, ao longo da vida, vamos substituindo, adicionando ou eliminando ideias a esse pacote, que guardamos no armário do “pacote cultural”. O armário do “conhecimento científico” é “cheio” com a nossa “educação” e vai sendo alimentado ao longo da vida, à medida da curiosidade científica ou das necessidades laborais. Comecemos por instalar uma ideia nova (ou não) no nosso armário do “pacote cultural”, que expressa algo que muitos de nós já intuímos ser verdade: Somos seres criadores. Esta ideia expressa o conceito de que somos seres capazes de 13 Quem Somos? Ideias novas precisam-se criar o nosso próprio destino. Os seres mais empreendedores experienciam este conceito mais facilmente do que outros. Quando desenvolvem esforços para criar algo de novo que, normalmente, virá a ser útil para a comunidade, e esses esforços resultam em êxito. Quando estes esforços criadores seguem um plano de realização que parece estar em sintonia com as necessidades da comunidade, os esforços parecem resultar mais facilmente em sucessos. Por oposição, quando estes esforços têm apenas objectivos egoístas (enriquecer de forma fácil, por exemplo), parecem ser sempre mais difíceis de conseguir. Passemos a instalar outra ideia nova no nosso armário do “pacote cultural”, que passou a ser mais divulgada a partir dos anos 80 do século passado, mas cuja existência é tão antiga como o mundo, tendo sido investigada pelas “escolas esotéricas” de várias religiões123: 1 As canalizações de Kryon através de Lee Carol (http://www.kryon.com/k_25.html) são 2 3 uma das fontes de informação mais completas da “Nova Espiritualidade”, abrangendo áreas tão dispares como espiritualidade e ciência. Gratuita e disponível integralmente via Internet, pode ser pesquisada com o auxílio de motores de busca. Disponíveis também em áudio algumas sessões gravadas. A série “Conversas com Deus”, de Neale Donald Walsch, é uma das mais intelectualmente enriquecedoras obras de reflexão dos tempos modernos, oferecendo uma experiência inolvidável e verdadeiramente transformadora. Mais do agrado dos amantes de “teorias da conspiração”, a série de canalizações de Barbara Marciniak iniciada com “Os Mensageiros do Amanhecer” proporciona uma visão complementar sobre as origens da vida. 14 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Somos todos UM. Esta ideia expressa o conceito de unidade existente entre todos os seres vivos. Não só entre todos os seres humanos. Por oposição à individualidade, em que o indivíduo se vê a si próprio como um criador, senhor do seu próprio destino. Esta unidade é percepcionada na prática em ocasiões especiais, em que um grande número de indivíduos se reune e reage emocionalmente em conjunto (espectáculos musicais e desportivos, celebrações religiosas) ou em situações trágicas, que suscitam a compaixão entre os seres humanos. Porquê instalar esta nova ideia? Será fiável? Será arriscado? É uma ideia familiar, da qual temos consciência apenas em determinadas situações. Mas quando ela ocorre, logo a reconhecemos como verdadeira. É uma questão de intuição. Apenas estou a pedir que a tenhamos sempre presente, mesmo quando estivermos absortos a gerir a nossa própria vida, no meio dos dramas, das dificuldades e dos sucessos. Aonde é que isto nos leva? A nossa consciência do dia a dia oscila entre 2 pólos. É uma consciência dual. Por um lado temos a consciência do eu criador, que atinge o seu valor máximo quando os nossos esforços aturados resultam 15 Quem Somos? Ideias novas precisam-se em sucessos, que nos satisfazem e trazem também benefícios para a comunidade. É a consciência da individualidade. Por outro lado, temos a consciência da unidade entre todos os seres vivos, que falámos. É a consciência do grupo. Os nossos maiores sucessos e os nossos melhores momentos de felicidade são obtidos quando mais nos situamos num dos 2 extremos de consciência. A realização permanente do indivíduo depende de, no dia a dia, poder permanecer o maior tempo possível num dos 2 extremos de consciência e poder passar de um extremo ao outro sem permanecer nos níveis intermédios. Parece uma impossibilidade mas, paradoxalmente, pode ser conseguida se mantivermos sempre presente estes 2 conceitos: Somos seres criadores. Somos todos UM. 16 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O corpo físico O nosso corpo físico é aquilo que temos de mais “palpável”, que nos permite suspeitar que estamos vivos. A corrente de estímulos e sensações que ele permite coleccionar é o nosso “cordão umbilical” de ligação à Vida. No entanto, ao elevar a nossa consciência, o nosso corpo deixa de ser identificado com o nosso Eu e passa por uma despromoção. O corpo passa a ser apenas um “veículo”, uma forma, que nos liga à realidade em que vivemos. Um “veículo” que transporta uma consciência, pensamentos e emoções, que não são nada físicas. É como se possuíssemos vários corpos, dos quais, o único visível é o corpo físico. É como se fosse uma cebola, em que os vários corpos parecem ser camadas sobre camadas, das quais a mais interior é o corpo físico e as mais exteriores estarão reservadas aos corpos mais etéricos. Podemos facilmente imaginar a existência de um corpo emocional e de um corpo mental, portadores das nossas emoções e dos nossos pensamentos, que deixam para trás o 17 Quem Somos? Ideias novas precisam-se corpo físico na morte, ou em situações “pós-morte”, antes do regresso à vida. Porque não um corpo espiritual, envolvendo todos os outros, portador da nossa consciência? Este tipo de organização encontra-se descrita em inúmeras obras de conhecimento das civilizações asiáticas mais importantes, a hindu e a chinesa, algumas com milhares de anos. Mas apesar de remetido à condição de “veículo”, o papel do corpo físico continua a ser muito importante. Se o “veículo” não for saudável, não estiver em boas condições físicas, não for atraente, não projectar uma boa imagem de nós para os outros, então podemos ter alguns problemas para resolver. Quanto à saúde, esta depende em grande medida da atitude que assumimos face ao corpo, dos nossos hábitos, e um pouco do nosso conceito sobre nós próprios, da nossa auto-estima. Depende da forma como escolhemos ocupar o nosso tempo livre, das actividades laborais, e da forma como encaramos a vida e os relacionamentos com os outros. Quanto ao ser atraente e projectar uma boa imagem para os outros, depende essencialmente do nosso conceito sobre nós próprios, da nossa auto-estima. Verifico que existe uma predominância dos factores subjectivos (auto-estima, conceitos sobre a vida e os relacionamentos com 18 Quem Somos? Ideias novas precisam-se os outros) sobre os objectivos (escolha de actividades laborais e forma de ocupação de tempos livres). E mesmo estes últimos resultam de escolhas que podem ser rectificadas. O que não é bom para o nosso corpo, não é bom para nós! Temos então uma “boa margem” para controlar o estado do nosso corpo físico. 19 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A percepção da vida A percepção da vida muda com o aprofundamento dos estados de consciência. Temos um corpo físico que transporta uma consciência, que é capaz de produzir ideias e pensamentos, que sente emoções. Podemos imaginar que o corpo físico está rodeado de um corpo mental, de um corpo emocional e de um corpo espiritual. Só o primeiro é fisicamente perceptível, os restantes são virtuais. Então, o que nos liga aos outros seres? O que provoca aquelas reacções conjuntas e simultâneas de um conjunto de pessoas? O que suporta a comunicação à distância entre duas pessoas sem telemóvel? Os estados emocionais são altamente contagiantes. Em grupo, uma emoção viaja rapidamente de um indivíduo, que a expressa, para os restantes membros do grupo. Mesmo as emoções não expressas verbalmente (alegria, tristeza) alastram imperceptivelmente a todos os membros do grupo, por mecanismos subconscientes. Há aqui utilização de formas de comunicação não verbal, como leitura de expressões faciais, gestos, etc. Por outro lado, as ideias têm que ser expressas e discutidas antes de poderem eventualmente ser aceites. 20 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Quanto aos estados de consciência, que não têm formas de expressão directa, “sentem” a unidade entre os elementos do grupo. Há aqui verdadeiramente uma ligação escondida. Apostaria mais na existência de uma ligação imperceptível ao nível do corpo espiritual entre todos os seres. Expandindo o modelo, e englobando as experiências pósmorte, podemos desconfiar da existência de toda uma dimensão “paralela” espiritual, não visível a partir da nossa dimensão física a 3 dimensões. Ou 4, se quisermos incluir a dimensão temporal, de que também temos consciência. A partir daqui, deixamos de poder utilizar a experiência pessoal para obter comprovações e aumentar o nosso “conhecimento científico”. Tudo aquilo que “imaginarmos” assume um caracter especulativo. Será aqui o fim do conhecimento? Nem por isso. Alguns de nós passam por experiências invulgares, que noutros tempos nos levariam directos a um hospital psiquiátrico, mas que nestes tempos já podem ser aceites como parte da “loucura quotidiana” do mundo em que vivemos. Estou a falar de sonhos premonitórios de acontecimentos 21 Quem Somos? Ideias novas precisam-se presentes ou futuros, recordações de vidas passadas (confirmadas por factos registados), comunicação com seres já falecidos, etc. Quando essas experiências são na primeira pessoa, é mais fácil a aceitação, sobretudo quando a pessoa tem que optar entre terem sido fruto de um estado de loucura passageira ou serem algo de estranho que realmente aconteceu. Quando essas experiências são relatadas por outras pessoas, o seu grau de aceitação deriva do grau de confiança que essa pessoa nos inspira. Deixa de ser um conhecimento especulativo? Certamente que não. No entanto, é um conhecimento do qual conhecemos a origem e estaremos mais facilmente prontos a revê-lo, a pô-lo em causa. O próprio conhecimento científico conhece alguns revezes, alguns arrepios de caminho, devido a pressupostos errados que são assumidos na busca do aperfeiçoamento dos modelos científicos. Mas numa via de conhecimento não suportada pela ciência teremos de ser nós próprios a efectuar as experiências para validar e sedimentar esse conhecimento. A única forma de sedimentar o conhecimento já adquirido e de 22 Quem Somos? Ideias novas precisam-se querer continuar em busca de novo é a experienciação. Mas do que trata a vida afinal, não é um imenso laboratório de experiências e de evolução? A nossa “força de viver” está naturalmente orientada para adquirir conhecimento desta forma. Acumulamos um conjunto de experiências ao longo da nossa vida que vão determinar a ideia que fazemos das coisas. Trata-se de um caminho pessoal, em que todos os conceitos armazenados são classificados com graus de probabilidade ou de confiança (normalmente inferiores a 100%), e em que a intuição pessoal serve de orientação para essa elaboração de conceitos e respectiva classificação. E o que é a intuição pessoal? Há quem lhe chame o “sexto sentido”. A capacidade de advinhar o que se vai passar, o que é “melhor”. No meio dos nossos raciocínios, aplicamos sistematicamente a lógica. Tem a ver com a forma como funciona o nosso cérebro. No entanto, há situações em que temos um “palpite”, em que optamos por algo que à partida a lógica desaconselharia. Estamos a seguir a nossa intuição. E é um bom princípio, especialmente se tivermos uma sensação bastante forte de que estamos no bom caminho e se já seguimos as nossas intuições noutras ocasiões com bons resultados. 23 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Até que ponto podemos confiar em nós próprios? Cada indivíduo possui um grau de confiança em si próprio (auto-confiança) diferente, dependente das experiências passadas. De uma forma geral, a acumulação de sucessos com as nossas escolhas aumenta a nossa auto-confiança, enquanto a acumulação de fracassos a diminui. Indivíduos com uma grande dose de auto-confiança são, em geral, bastante teimosos nas suas escolhas, difíceis de contrariar. Por isso, tendem a liderar os outros, não no sentido de “mandar fazer”, mas no de mostrar as alternativas e aconselhar na escolha da melhor. Por outro lado, a “independência” da personalidade permite guardar ideias próprias sobre quem somos e aceitar as críticas dos outros, separando as “positivas” ou construtivas das “negativas” ou destrutivas, e conseguindo preservar os níveis de auto-confiança. Caso contrário, o indivíduo poderá ser permeável a assumir conceitos sobre si próprio vindos de outra pessoa, não conseguindo estabelecer um ponto de equilíbrio. Alguns pais, mesmo sem se aperceberem, abusam da sua posição de tutela para “destruir” a auto-estima dos filhos, projectando as suas frustrações e “fazendo crer” aos seus filhos 24 Quem Somos? Ideias novas precisam-se que são melhores do que eles. Quando conseguem quebrar a sua “independência”, resultado de uma educação demasiado “tutelada”, sem margem para a evolução e a experienciação, atingem resultados verdadeiramente desastrosos. O “humanismo”, ou seja, a capacidade de compreender os seres humanos (nós e os outros), vai-se desenvolvendo com a acumulação de experiências ao longo da vida. Depende em grande medida do número de interacções que tivermos com outras pessoas, e da possibilidade de sermos confrontados com pessoas “diferentes” de nós. Normalmente, é nas pessoas que “correram mundo” que encontramos as ideias mais sensatas sobre o Ser Humano e sobre a vida em geral. 25 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O conceito de Deus A percepção da vida determina o nosso conceito de Deus. Primordialmente, tudo aquilo que não compreendíamos era obra de Deus. Pertenciam a esse domínio as origens da vida, o que acontecia depois da morte, o Sol, o próprio suporte de vida proporcionado pelo planeta (a terra arável, os cereais, as árvores de fruto, os outros animais). Nasceram religiões que exaltavam alguns destes elementos, de uma forma particular. Alguns seres humanos mais “iluminados”, com uma maior visão espiritual, surgiram com novas ideias sobre a vida, que foram perpetuadas através da escrita. Foram o caso Zoroastro, Sidhartha Gautama (mais conhecido por Buda), Lao Tze, Confúcio, Jesus de Nazaré (mais conhecido por Jesus Cristo), Maomé, para citar os mais conhecidos do mundo ocidental. Fundaram-se religiões, baseadas em algumas das suas ideias, estabelecendo “boas práticas” para um relacionamento com Deus e exaltando o portador dessas ideias. 26 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Da reunião de todas essas ideias, extraindo aquilo que é comum a muitas delas, temos material mais que suficiente para caracterizar Deus. No mundo ocidental, prevalece o conceito de um Ser omnipresente, amoroso e justo, que pune depois da morte os que não seguirem determinados critérios de justiça. No mundo muçulmano, embora haja uma interpretação semelhante, por prática cultural, acrescenta uma descriminação de género em relação ao sexo feminino. No mundo oriental, prevalecem as descrições de seres divinos (vários), uns amorosos, outros maléficos, que interagem com os seres humanos, sendo adorados ou receados conforme os casos. Estas descrições são normalmente de caracter mítico, reportando a “factos” que ocorreram há muitos milhares de anos. Por outro lado, as acções de um indivíduo ao longo da sua vida têm a capacidade de determinar aquilo que poderá obter de volta para o resto desta vida, ou em vidas futuras. É a lei do kharma. O budismo, mais filosófico, aponta um caminho para a evolução pessoal, baseado na tomada de consciência da impermanência da matéria e na separação que existe entre o ser (espírito) e a matéria (forma). Em África e nas culturas de origem africana predomina a ligação sagrada à natureza, tida como divina, e a aceitação do convívio com os antepassados já falecidos. Organizam a possessão espiritual temporária em cerimónias de grupo, para apaziguar os seus antepassados e conseguir a sua colaboração. 27 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Em quase todas estas religiões surgiram “departamentos de investigação”, de acesso reservado, para o estudo mais aprofundado das relações entre os Seres Humanos e Deus. Estas “elites” quase todas chegaram à mesma conclusão: existe uma ligação íntima entre cada ser humano e Deus e essa ligação deve ser procurada dentro de cada um de nós. É o chamado esoterismo. Algumas destas escolas tiveram uma existência bastante conhecida e prestigiada. Foi o caso dos Sufistas na religião Muçulmana. No caso da Igreja Católica Romana, poderosa o suficiente para mandar “calar” qualquer pensamento ou voz discordante, essas escolas assumiram um caracter “clandestino”, organizações cuja existência só era conhecida dos seus membros, que tinham que obedecer a um conjunto de princípios de secretismo para a sua protecção. Foi o caso das “escolas de mistérios”, dos Rosacrucianos na Alemanha, das Lojas Maçónicas europeias. A partir dos anos 80 do século passado, surgiu bastante material novo nesta área, uma verdadeira “explosão” de esoterismo. Destaco as ideias principais: − Somos todos UM, ou seja, todos os seres vivos vivem em unidade com Deus; 28 Quem Somos? Ideias novas precisam-se − Deus, Amor e Vida são sinónimos, são a mesma “coisa”; − Somos seres co-criadores, criamos em conjunto a nossa realidade. Esta corrente, etiquetada de “New Age” ou “Nova Espiritualidade”, sugere que todos “fazemos parte” de Deus. Temos um Eu Superior, ou Eu Divino (um dos nossos corpos não físicos), que comanda a nossa existência em termos de objectivos e está ligado a todos os outros Eus Superiores. Desta forma, a busca de Deus pode ser satisfeita buscando dentro de nós próprios aquilo que temos de mais elevado, os nossos melhores sentimentos, os nossos pensamentos mais puros. Sobre os “nossos objectivos” prevalece, no entanto, o “livre arbítrio”, uma característica fundamental do nosso planeta. Somos levados a situações de escolha entre vários caminhos, várias opções, e essa escolha é inteiramente livre. A justiça sobre as nossas acções, em estados de consciência mais elevados, é aplicada por nós próprios, para ficarmos bem com a nossa “consciência”, e não deixada para depois da morte após ter levado uma vida cheia de irresponsabilidades. Esta corrente de pensamento recupera do mundo oriental a 29 Quem Somos? Ideias novas precisam-se antiga lei do kharma, por ser uma das regras que regula o funcionamento de um mundo de “livre arbítrio”. Vamos enunciá-la de uma das suas múltiplas formas: O resultado das nossas acções volta para nós de forma redobrada Segundo esta regra, quem semeia o bem colhe ainda mais bem, “quem semeia ventos, colhe tempestades”. É claramente um conceito presente na cultura ocidental. Outro conceito retomado do mundo oriental é o da reencarnação. O Ser Humano reencarna sucessivamente em várias vidas consecutivas (normalmente separadas por algumas dezenas de anos), em épocas diferentes. As experiências acumuladas são transportadas para as vidas seguintes, sendo recordadas facilmente recorrendo a estados hipnóticos. Há indivíduos que acedem a estas recordações durante o sono, sob a forma de sonhos. Alguns destes conceitos não são inteiramente novos. Estavam presentes, por exemplo, há 2000 anos, nos ensinamentos de Jesus de Nazaré e fazem parte de alguns 30 Quem Somos? Ideias novas precisam-se evangelhos gnósticos (nomeadamente o de Maria Madalena e o de Judas Iscariotes, encontrados recentemente), que não foram incluídos na Bíblia, o texto sagrado dos Cristãos modernos. Como alguns saberão, esta obra resultou de uma “compilação” de textos mandada fazer pelo imperador Constantino, quando o Império Romano resolveu tornar o Cristianismo na sua religião oficial. A escolha dos evangelhos, por si só, foi bastante polémica. Adicionalmente, sobre os evangelhos escolhidos foram cometidos alguns erros de tradução que desvirtuaram boa parte dos conceitos originais, tornando a figura de Jesus mais “endeusada” e a prática religiosa mais masculina do que feminina. Era a mensagem conveniente para a cultura da época. As comunidades gnósticas, que viviam de acordo com os ensinamentos originais de Jesus de Nazaré, acabaram por ser marginalizadas, perseguidas e levadas à extinção, tendo-se perdido a prática desses ensinamentos originais. Conseguimos hoje ter um vislumbre dessa prática religiosa entre os coptas, os cristãos do Egipto e da Etiópia, mas já com assimilação de elementos culturais de outras religiões. Um aspecto importante a reter é que a maioria das mensagens religiosas surgiu por “canalização”, acto em que o ser humano que as proferiu em público estava algo “apático” fisicamente ao verbalizar a “torrente” de pensamentos, como se estivesse sob uma forte inspiração dos seus guias espirituais. Só depois foram passadas a escrito, quase sempre por terceiras pessoas. Foi assim no passado, com Jesus e Maomé, por exemplo. É assim na actualidade, com os novos ensinamentos 31 Quem Somos? Ideias novas precisam-se “canalizados” por Lee Carol de um conjunto de entidades chamado Kryon, ou com Neale Donald Walsch através da série “Conversas com Deus”, por exemplo. Normalmente intuímos que um texto é canalizado pela simplicidade e clareza da apresentação das ideias, por um certo rigor “matemático” na apresentação de conceitos complexos, próprio de um QI superior. 32 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Os outros Somos seres co-criadores. Criamos em conjunto a nossa vida. Isto significa que os nossos actos mais bem sucedidos têm de estar alinhados com o interesse comum. De outra forma sentimos uma maior resistência em levá-los a cabo, como se estivessemos a remar contra a maré. Podemos determinar se encontrámos o “caminho” da nossa vida pela facilidade em fazer coisas, em avançar. Há indivíduos que persistem num determinado caminho a vida inteira sem encontrar satisfação, sem procurar vias alternativas, esbarrando continuamente em dificuldades. O nosso “destino” é planeado a um nível mais elevado, no sentido em que procuramos com maior avidez determinado tipo de experiências, que nos permitem completar o nosso “portfólio” de experiências acumuladas ao longo de várias vidas. No entanto, o “livre arbítrio” nas escolhas que fazemos é sempre respeitado. À nascença vimos equipados com determinadas energias magnéticas, das experiências acumuladas de vidas anteriores, que nos predispõem a procurar determinados tipos de situações 33 Quem Somos? Ideias novas precisam-se (agradáveis ou desagradáveis) que nos permitem experimentar determinado tipo de sensações. Os “outros” actuam como facilitadores desse tipo de experiências, participando nas experiências de vida de todos os que estão à sua volta. Nós próprios participamos conjuntamente em experiências de vida que influenciam todas as partes envolvidas (a nossa, os nossos amigos e inimigos, os conhecidos). Ao tomar consciência desse papel, podemos elevar mais facilmente a nossa consciência e superar com facilidade os desafios mais difíceis. Essa superação pode ter como objectivo apenas atingir determinado tipo de compreensão, não havendo necessidade de se voltar a repetir a mesma experiência desagradável após ter atingido essa compreensão. Se houver uma próxima vez, saberemos ter uma resposta pronta mais adequada, que nos permitirá ultrapassar o desafio mais rapidamente, evitando o sofrimento. As experiências mais agradáveis são normalmente registadas como “boas recordações”, talvez esquecidas mais facilmente, mas poderão ser o resultado de decisões acertadas e “alinhadas” com os nossos objectivos. 34 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O corpo mental Os nossos pensamentos e ideias acompanham e precedem normalmente as nossas acções. Parecem habitar à nossa volta. Dificilmente os imaginamos confinados a uma pequena porção de cérebro, dentro da nossa cabeça. Por telepatia, conseguimos adivinhar os pensamentos de outros indivíduos com os quais sentimos uma forte afinidade, uma forte “ligação”. Essa ligação, conseguimos imaginá-la mais facilmente como uma ligação etérica no espaço do que como um “raio” que viaja do cérebro de um indivíduo ao cérebro do outro indivíduo, transportando a informação. Experiências pós-morte descrevem “viagens” que o indivíduo faz, abandonando o corpo físico e todas as sensações a ele associadas, mas mantendo a sua capacidade racional, os seus pensamentos e ideias. A gestão da nossa vida é feita, de forma consciente, a partir do corpo mental. As nossas acções são normalmente determinadas pelos 35 Quem Somos? Ideias novas precisam-se pensamentos que as precedem. Excepção para as acções automáticas, ou reacções. Fica ainda de fora a gestão do corpo físico, normalmente efectuada de forma inconsciente. O nosso coração não precisa de um pensamento para bater compassadamente nem nos esquecemos de respirar ou de digerir os alimentos. Tudo isso é gerido por uma inteligência inconsciente. Dependendo do estado de consciência do indivíduo, a acção que hoje foi resultado de um pensamento prévio de análise, pode-se tornar amanhã numa reacção e vice-versa. A nossa “disponibilidade” mental permite controlar, através de pensamentos conscientes, grande parte das nossas acções, fortalecendo a nossa “presença” no momento presente. A “indisponibilidade” ou cansaço mental, geram reacções automáticas e “ausência” do momento presente. O cansaço mental ou pensamentos demasiado absorventes impedem assim que nos situemos ao “nosso melhor nível” para enfrentar o presente, que possamos dar “o nosso melhor” na relação com os outros. As ideias Os pensamentos que passam pela nossa “cabeça” vão proporcionando informação complementar às nossas sensações e ajudando a armazenar em memória ideias e conceitos. As ideias do “pacote cultural” são normalmente “adquiridas” 36 Quem Somos? Ideias novas precisam-se sem grande esforço pela nossa educação, pelos meios de comunicação social, ou pelo convívio com outros indivíduos que, entretanto, já aquiriram essas ideias. Quando nos tornamos membros de um grupo, assimilamos naturalmente as ideias defendidas por esse grupo. Com tantas ideias “à venda”, torna-se difícil a um indivíduo arranjar espaço para ter as suas próprias ideias. Para além de que requer tempo e um esforço de reflexão. No entanto, com a utilização massificada da Internet, a troca de ideias tornou-se num dos bens mais banalizados dos tempos modernos. Arranjamos mais facilmente tempo para trocar umas ideias num blog do que para visitar um amigo. O potencial da substituição de velhas ideias por outras mais adequadas tornou-se assim enorme. E é esta interação que produz a “evolução” da nossa sociedade. A realidade pouco muda. Muda, isso sim, a “ideia” que fazemos dela. Aquilo que tradicionalmente associamos à “juventude de espírito” nas pessoas idosas, trata-se afinal de uma boa capacidade de absorção de novas ideias. 37 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Por oposição, a “velhice”, no sentido degradado do termo, tem mais a ver com um fechamento às ideias novas, uma desistência deste tipo de interacção4. Os valores éticos Os valores éticos são o resultado das ideias armazenadas pelo grupo a que pertencemos, a nossa sociedade, acerca dos melhores práticas para viver em conjunto. É natural que estes valores tenham que ser ajustados à medida que a sociedade vai evoluindo e surgem novos desafios que têm que ser superados. É difícil tentar aplicar uma lista de valores surgida numa “escritura” milhares de anos depois e ser bem sucedido. Então será que precisamos que nos mandem a actualização? Não seremos nós próprios capazes de redigir uma lista? A falta de disponibilidade para pensar das vidas modernas tornou mais fácil “comprar” ideias já feitas, como no “prontoa-vestir”. Confiamos nos nossos políticos para serem eles a descobrir quais os valores éticos que nos convêem? 4 No anexo C apresenta-se uma meditação para auxiliar a “rejuvenescer” as suas ideias. 38 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Infelizmente, para quem conhece a tradição dos chamados “Países Mediterrânicos”, a corrupção é uma actividade generalizada na política e uma espécie de disciplina especializada na destruição de qualquer tipo de valores. Temos de ser nós próprios a fazer a lista e a escolher os nossos políticos em função da capacidade de cumprir um maior número de objectivos presentes nessa lista. Voltemos ao “pacote cultural”, aquilo que ensinamos aos nossos filhos. A dinâmica dos valores éticos implica uma revisão permanente do “pacote cultural”. Até que ponto confiamos nos “outros” para essa revisão? Estaremos dispensados desse processo? Não é boa ideia! 39 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O corpo emocional As nossas emoções comandam a nossa experiência de vida. Podemos dizer que vivemos buscando intensamente novas emoções. O deixar de o fazer corresponde a uma certa forma de auto-punição, racionalizada ou inconsciente, ou uma forma de desistência, que vai limitar a nossa experiência de vida. Podemos imaginar que todas as nossas emoções residem numa pequena parte do cérebro? Em grupo as emoções propagam-se através de comunicação maioritariamente não verbal, de forma inconsciente. Precisam de um meio de comunicação. No entanto, a forma como recordamos experiências mais intensas ou traumatizantes, desta vida ou de vidas passadas, e a forma como resolvemos conflitos com outras pessoas pela simples compreensão dos motivos que levam ao seu comportamento (colocarmo-nos no “lugar” delas), “sacode” autenticamente todo o nosso corpo. É um “motor” com uma força incrivel! Dificilmente se imagina que uma pequena parte do cérebro possa ter uma tal influência sobre a totalidade do corpo físico. Há nas emoções algo de etérico, que pode ser transportado, 40 Quem Somos? Ideias novas precisam-se após a morte, de uma vida para a seguinte, enquanto o corpo físico é abandonado. Quem já efectuou regressões a vidas passadas, começou por recordar experiências com uma grande carga emocional, que estavam armazenadas no insconsciente, que “saltam” à memória na primeira oportunidade. As emoções Ao longo do tempo vamos acumulando experiências, boas e más, das quais guardamos em memória recordações associadas às emoções que nos provocaram. Podemos pesquisar as nossas recordações associadas a um qualquer estímulo, e elas surgirão ordenadas pela intensidade das emoções a elas associadas, as mais intensas nos primeiros lugares. Não é de estranhar que as emoções mais fortes, aquelas que nos marcaram de alguma forma, sejam a causa da maioria dos nossos problemas, especialmente se não forem nada agradáveis. E nós guardamos mais facilmente a recordação de emoções negativas do que de positivas, para o mesmo nível de intensidade de estímulo. Aquilo que designamos vulgarmente de stress, não passa de uma torrente de emoções que ultrapassou o limite tolerável para o respectivo processamento ou “assimilação”. Não se trata de um simples cansaço físico mas antes de um cansaço emocional, de recuperação mais difícil. Enquanto numa 41 Quem Somos? Ideias novas precisam-se situação de cansaço físico, um período de descanso adequado e uma boa refeição podem ser uma solução simples, no caso do cansaço emocional, precisamos de ser reanimados (restabelecer a ligação com a nossa alma) para dele recuperar. Praticar uma actividade que nos dá um prazer especial, ou conversar com alguém de quem gostamos, por exemplo. Não é tão fácil e tão imediato de conseguir... Estas emoções não processadas, que nos perturbaram, acabam muitas vezes por nos desiquilibrar, primeiro a um nível emocional, aumentando o cansaço e baixando a nossa capacidade de resistência emocional, posteriormente a um nível físico, somatizando-se em problemas físicos concretos. Exemplo de um caso extremo emocional é a Síndrome PósTraumática, que surge na sequência de uma experiência “traumatizante”, que temos dificuldade em recordar pelas emoções negativas que provocaram (medo, terror, por exemplo) e que não queremos voltar a reviver. No outro extremo temos a depressão, que se pode caracterizar por um nível de auto-estima demasiado baixo e por uma ausência de “boas” recordações face às “más”, que nos estimulem a continuar a experimentar, a continuar a viver. A vida parece ser apenas uma colecção de más recordações, pelo que não merece o “esforço” de viver. Há exemplos de sobra que podemos invocar (em nós ou nas outras pessoas) que permitem estabelecer uma correlação entre a ocorrência de determinadas emoções, com uma dada intensidade, e o surgimento de problemas físicos posteriores. 42 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O estudo das relações entre as doenças correntes e as possíveis causas emocionais, psíquicas ou psicológicas é, por si só, uma área bastante vasta de conhecimento, que vai para além dos objectivos desta obra5. A auto-estima A auto-estima pode ser caracterizada pela medida do conceito que temos de nós próprios em comparação com as restantes pessoas. Uma auto-estima mais elevada do que a média tende a tornar o indivíduo mais confiante. Nalguns casos, transforma o indivíduo num lider. Em quase todos os casos, é acompanhada de uma certa teimosia e de convicções fortes. Por outro lado, uma auto-estima abaixo da média leva a situações de inibição, de melancolia. Uma auto-estima demasiado baixa pode levar à depressão e a vários tipos de problemas psíquicos. De uma forma geral, um indivíduo “bem sucedido”, que acumulou uma série de sucessos nas suas escolhas, tem uma auto-estima elevada. Por oposição, uma colecção de fracassos pode levar o indivíduo a diminuir a sua auto-estima. 5 Recomendo, para um aprofundamento deste tema, a obra “Pode curar a sua vida” de Louise Hay, que fez um trabalho pioneiro com alguma profundidade. 43 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A educação que recebemos no “pacote cultural”, ao definir aquilo que podemos esperar de nós próprios ou dos outros, da sociedade, estabelece uma medida de auto-estima inicial que vamos contrabalançando com as nossas experiências. A educação que recebemos dos nossos pais, as experiências emocionais em família, são um importante factor na formação dessa auto-estima. Pais dominados pela frustração, transmitem com facilidade essa frustração para os filhos, ainda que de forma inconsciente, ajudando a criar seres com uma baixa auto-estima. A sociedade actual, dominada pela pobreza maioritária, pela desigualdade no acesso aos recursos, cria seres com baixo nível de auto-estima. Não fosse a capacidade natural de “crescimento” existente em todos os seres humanos, a nossa geração estaria irremediavelmente “perdida”. Baixos níveis de auto-estima e a convicção generalizada de que não há o suficiente para todos, criam problemas emocionais generalizados. O tratamento emocional Grande parte das pessoas, com maior incidência no sexo feminino, ocupam grande parte do seu tempo livre a discutir com pessoas amigas situações de confronto que experienciaram 44 Quem Somos? Ideias novas precisam-se e a justeza das atitudes de ambas as partes nesses confrontos. Esta forma de obter apoio para as suas atitudes, por um lado, é uma forma de defender que se agiu com “razão”. Neste mundo de dualidade não há nada que esteja 100% certo ou errado. Há sempre vários pontos de vista diferentes sobre o mesmo assunto. Isto cria alguma insegurança nas nossas decisões. A não ser que só consigamos ver o nosso ponto de vista... Por outro lado, é uma forma de aferir os critérios de justiça utilizados. A justiça é uma “medida” do grau de cumprimento das regras aceites pela maioria como “boas práticas” para vivermos em conjunto. Quando algum aspecto não está claro na legislação, regra geral, aplica-se o “olho por olho, dente por dente”. A não ser que se seja um “coração mole”, se tenha níveis de amor acima da média e seja capaz de perdoar a “ofensa”! Mas há ainda uma outra faceta. O reviver das situações passadas e das emoções a elas associadas é uma forma de cura, de superação. As situações mais “fortes”, que nos “sacudiram” emocionalmente, têm que ser discutidas com pessoas amigas. Temos que “desabafar” com alguém. Simplesmente não aguentamos a “pressão”. Após uma conversa de revisão de cada situação, sentimo-nos mais calmos. 45 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Na ausência de um amigo para desabafar, existe outra forma mais “à mão”: desabafar consigo mesmo6. A meditação A meditação é uma forma de tratamento do corpo físico baseada na calma e descontração dos diversos corpos (físico, emocional, mental). O seu objectivo é melhorar a saúde dos vários corpos, pela sua execução regular, potenciando o desempenho do ser a todos os níveis: melhoria da saúde do corpo físico, melhoria da capacidade de concentração, “humanização” do sentido de justiça, aumento da capacidade de atingimento de estados de consciência elevados. Utilize o conceito de maneira diferente das filosofias orientais, como o yoga. Isole-se para não haver interferências de outras pessoas. Vai precisar do máximo de concentração na tarefa que conseguir obter. A descontração do corpo físico consegue-se assumindo uma posição sentado confortável. O objectivo é não sentir qualquer pressão ou dor sobre qualquer parte do corpo. A utilização de um método de controlo da respiração permite o 6 No apêndice D está descrito uma forma de tratamento, envolvendo meditação, que lhe permite “lavar” as emoções e reequilibrar o corpo emocional, melhorando a sua saúde. 46 Quem Somos? Ideias novas precisam-se relaxamento e a descontração dos restantes corpos7. Limpeza energética Podemos caracterizar a “limpeza energética” associada à meditação como um abrandamento da tensão psíquica, acompanhado de acalmia nervosa. A um nível invisível mas sensório, é transmutada energia das partes do corpo mais desequilibradas, acompanhada de pequenas “curas” localizadas. Se tivermos alguma dor, por infecção de alguma parte do corpo, por exemplo, sentimos um alívio imediato. Muitas vezes, a “limpeza energética” é associada a bocejos ou a verter lágrimas. O bocejo O bocejo é um acto muito incompreendido, que merece uma secção desta obra pela sua importância. Todos nós bocejamos ao deitar, quando nos “rendemos” ao 7 No apêndice B está descrito um método de controlo de respiração. No apendice D está descrita uma meditação para “lavagem das emoções”, com aplicabilidade terapêutica. 47 Quem Somos? Ideias novas precisam-se descanso. Há um certo abrandamento da actividade física que acompanha a tomada de decisão de “ir descansar”. Há também uma intenção de abrandamento da actividade mental, que acaba por se concretizar pouco tempo depois. É a altura em que normalmente começamos a bocejar. É um processo de limpeza, muito semelhante ao que ocorre no início de uma meditação. Limpeza a nível energético, que equaliza os vários corpos e os restitui a um estado de maior equilíbrio. Pode-se dizer que é uma limpeza acelerada, porque tem efeitos imediatos. Normalmente sentimos um imediato alívio de tensão, se tínhamos uma percepção do estado de tensão em que nos encontrávamos. É um processo que envolve também uma ligação ao nosso corpo espiritual, à nossa alma, e por isso auxiliado pelos nossos guias espirituais. O bocejo é também um interessante fenómeno de grupo. Diz-se que é contagioso porque, num grupo, quando alguém começa a bocejar, o acto rapidamente se espalha aos restantes elementos do grupo. É uma autêntica cerimónia de “limpeza energética” de grupo, em que todos os “eus superiores” estão ligados e a trabalhar em conjunto. 48 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Trata-se de uma equalização energética entre os elementos do grupo. Se houver alguém mais equilibrado em termos energéticos do que a média, é possível que essa pessoa boceje muito menos. Enquanto isso, os mais “abalados” tendem a bocejar descontroladamente. As lágrimas As lágrimas são outro interessante fenómeno, bastante incompreendido. Numa meditação, ou acompanhando uma sequência de bocejos, associados à “limpeza energética” surgem normalmente as lágrimas. São uma importante ferramenta de cura, que parece ter efeitos muito fortes a nível do nosso magnetismo corporal, agindo principalmente sobre o corpo emocional. Se não forem reprimidas de alguma forma, se não houver nenhuma interferência, numa primeira fase invadem as cavidades oculares, provocando um alívio sobre os olhos. Numa segunda fase rolam pela face até pararem e ficarem suspensas em sítios improváveis, desafiando as leis da gravidade. Não as limpe! Elas são um mecanismo de limpeza. Uma boa parte desce pelo interior da cavidade nasal, aliviando de imediato os sintomas da “rinite alérgica” ou o “stress” emocional. Retarde ao máximo a vontade de se assoar. 49 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Conceitos como “lágrimas é coisa de mulheres” ou as “lágrimas são algo de sujo” são completamente inapropriados, e fazem mal à saúde. As lágrimas provocam um alívio muito forte das tensões emocionais. Como são normalmente as mulheres a viverem as emoções mais intensamente, são também elas que mais recorrem a elas no dia-a-dia, de forma inconsciente. É uma necessidade fisiológica. A inteligência emocional A inteligência emocional é um tema que tem vindo a ser pesquisado pela ciência nos tempos mais recentes. O papel das emoções nas relações humanas é hoje reconhecido como muito importante. E os “motores” da economia, as empresas, pretendem gerir os seus recursos humanos de forma eficiente, para melhorar a competitividade no mercado. Este facto tem levado ao aprofundamento do estudo da influência das emoções no comportamento humano. Hoje, reconhecemos às mulheres uma maior capacidade na utilização das emoções, uma maior inteligência emocional. 50 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Da forma mais negativa, o “esgrimir” com emoções entre um homem e uma mulher leva facilmente o homem à exaustão. “Lá em casa, quem manda é ela!”, é uma expressão muito frequente. Essa capacidade de resistência emocional é também um sinal de inteligência na utilização das emoções para manipular, para “levar a sua avante”. De uma forma positiva, a utilização das emoções de forma inteligente melhora a capacidade de relacionamento com os outros seres humanos, de chefiar uma equipa de forma motivada, extraindo o máximo de produtividade, de persuadir um cliente a comprar, de convencer um grupo de pessoas, os potenciais clientes, a seguir os nossos conselhos, as nossas ideias, a confiar nos nossos serviços. Basta aplicar inteligentemente as emoções consciente que uma empresa, uma sociedade ou um país, são uma “grande família”. Juntemos a isso uma boa capacidade para gerir conflitos, para procurar consensos, fruto de um temperamento conciliador, com pouca agressividade, cheio de amor. Não quer dizer que os homens não possam utilizar as emoções de forma inteligente. Hoje, cada vez mais o fazem. O problema é que o “pacote cultural” adquirido desaconselha essa prática. E a “gestão emocional” da família é aquilo que as mulheres fazem desde o início dos tempos. 51 Quem Somos? Ideias novas precisam-se As relações pessoais Aquilo a que vulgarmente chamamos “amor” consiste na relação íntima entre 2 pessoas, normalmente, um homem e uma mulher. Há um entendimento, uma vontade de viver juntos partilhando sentimentos e experiências. Numa relação mais “avançada”, pode incluir a vontade de ter filhos e de os criar no seio de uma nova “família”. O nosso “pacote cultural” aconselha a que estas “uniões” sejam efectuadas para toda a vida, para isso celebrando um contrato, que envolve este e outros compromissos de natureza moral, chamado “casamento”. Interpretações erradas deste contrato levam alguns a acreditar que o “outro” passou a ser uma parte de si próprio, algo de que se tomou posse. Acreditam também que este tipo de contrato não se “deve” quebrar, sob pena de terríveis consequências. Esta é uma das maiores causas de infelicidade entre os seres humanos. Os chamados “crimes passionais” dominam as secções dos jornais dedicadas ao crime. Quase sempre foram fundamentados pela “traição” do outro aos termos do acordo de casamento. 52 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O primado da liberdade do Ser Humano não se compadece com estes contratos de “casamento” para toda a vida. É uma contradição! Devíamos contentar-nos com a duração “enquanto ambas as partes o entendam” ou “até que alguma diferença irreconciliável os separe”. De facto, os Seres Humanos são basicamente diferentes entre si. Mesmo os gémeos! E o estado de “paixão” entre 2 Seres Humanos é um estado passageiro. A sua duração varia bastante conforme as características dos indivíduos envolvidos. Rapidamente é substituído por um estado de “amizade” e é normalmente este que rege a constituição de uma nova família. Para terminar uma “boa relação” não é preciso um esforço muito grande. Basta um desiquilíbrio de uma das partes em relação à outra. Quanto ao nível de auto-estima, quanto à realização pessoal ou profissional, quanto ao peso relativo da sua contribuição (empenho) para a vida familiar... Após o surgimento de um destes factores, a capacidade de “sofrimento” de uma das partes poderá prolongar a relação por mais algum tempo, mas o primeito passo já foi dado. 53 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Mas o que procuram os seres humanos numa relação a dois? Em primeiro lugar, um ambiente em que possam partilhar os seus sentimentos mais íntimos com absoluta confiança na outra parte. A sinceridade é a “qualidade” mais apreciada. Qualquer suspeita de engano é motivo suficiente para terminar uma relação. Só depois vem a partilha dos prazeres do sexo. Quem inverte esta ordem, talvez levado por crenças enganadoras do “pacote cultural”, não pode aspirar a mais do que um encontro fortuito. É evidente que para haver partilha, tem de haver “pontos comuns” de interesse. Num primeiro contacto, exploram-se as referências culturais comuns, depois as ideias e opiniões, só depois os sentimentos, à medida que cresce a intimidade. O reconhecimento da existência de pontos “irreconciliáveis” pode interromper a busca de uma relação a dois, mas não impede o estabelecimento de uma boa amizade. O “acaso” parece juntar as pessoas de uma forma aleatória. No entanto, se observarem bem, atraímos a nós determinado 54 Quem Somos? Ideias novas precisam-se tipo de pessoas, conforme a nossa forma de pensar no momento, do nosso “estado de espírito”. Quando “esbarramos” com a mesma pessoa mais do que uma vez tendemos a pensar que pode não se tratar de uma coincidência. Essa “lógica” é aproveitada pelos nossos guias espirituais nos colocar no caminho de determinadas pessoas. oportunidades para relacionamentos “interessantes”, experiências “enriquecedoras”. Não temos que “casar” todas elas... para São para com Será que alguém encontra verdadeiramente a sua “alma gémea”? O conceito da existência de uma “alma gémea” para cada pessoa, ideal para um relacionamento com partilha total de sentimentos, num “máximo” de intimidade e de felicidade, tem origem nas descrições de Platão, o famoso filósofo grego. As almas interactuam em grupo, ao longo de muitas vidas, planeando e executando reincarnações conjuntas, mas com papéis trocados. A mãe e filha de uma vida podem voltar a encontrar-se noutra vida com troca de papéis, por exemplo. Um casal numa vida pode voltar a encontrar-se noutra vida como casal, mas com o sexo trocado, por exemplo. Pode-se dizer que temos várias “almas gémeas”, almas com as quais sentimos uma maior “familiaridade”, uma espécie de reconhecimento mútuo quando as encontramos “casualmente”. Precisamente por estarmos “habituados” a viver com elas em 55 Quem Somos? Ideias novas precisam-se vidas anteriores. Então o “destino” existe mesmo? Não! Estamos num mundo de “livre arbítrio”, em que as escolhas pessoais são livres e determinantes. Mas há “planeamento” de interacções entre “seres humanos” que decorre a um nível “superior”. Esse “planeamento” é realizado por todas as partes envolvidas, com a ajuda dos respectivos guias espirituais, e tem como objectivo a criação de possibilidades. O encontrarmos certas pessoas na nossa vida não é inteiramente “por acaso”. Sejam as “agradáveis”, sejam as “chatas”. Às vezes, pensando na forma como “esbarrámos” com certas pessoas, encontramos situações verdadeiramente hilariantes. O sentido de humor é uma característica universal, extensível aos nossos guias espirituais. Imaginem o que eles se devem divertir a “planear” certas situações... A comunicação A comunicação entre 2 seres humanos realiza-se a vários níveis. A nível consciente, comunicamos pela fala e por expressões faciais e gestos, a que chamamos comunicação não verbal. A nível subconsciente, alguns de nós recebem pedidos de ajuda 56 Quem Somos? Ideias novas precisam-se “telepaticamente” para entrarem em contacto com outra pessoa, ou têm a “informação” que determinada pessoa acabou de ter um acidente, que precisa da nossa ajuda. No primeiro caso, sucede frequentemente a pessoa entrar em contacto com a outra e ela dizer que estava nesse momento a pensar em falar com ela. Ao segundo caso chamamos ter um “pressentimento”. “Tecnicamente”, isto é algo que pode suceder com a ajuda dos guias espirituais de ambos os indivíduos. Não é necessário nenhum meio de comunicação “ultra-sofisticado”! Na comunicação com animais domésticos, a expressão através da fala está obviamente ausente. Predomina a comunicação por gestos e expressões, mas a fala e os sons são também usados para transmitir emoções. É uma comunicação predominantemente emocional. É inegável o “bom entendimento” que os donos de animais domésticos têm com eles. É muito fácil “contagiar” o outro com bom ou mau humor! A comunicação com uma criança de colo é também uma comunicação emocional. Às vezes damos por uma criança estar a “olhar para nós”, a apreciar os nossos gestos ou expressões na conversa com outra pessoa e rir-se para nós ao ser “interpelada”. Está a devolver 57 Quem Somos? Ideias novas precisam-se uma emoção associada à nossa “boa disposição”. A nossa “presença” suscita, só por si, alterações no meio circundante. Quantos de nós já repararam, em dias em que nos sentimos “bem dispostos”, pouco depois de termos entrado num café, nas conversas a “animarem-se” ao nosso lado, mesmo sem estarmos a “prestar atenção” a essas pessoas. Mesmo em dias em que nos sentimos “mais sérios”, em que estamos mais “preocupados com assuntos sérios”, as conversas das mesas do lado tornam-se também “mais sérias”, a discussão de ideias aumenta de profundidade. E o que dizer quando uma criança de colo, à nossa chegada, que estava distraída na sua cadeira à mesa dos pais, se vira para nós e começa ostensivamente a sorrir? Podemos facilmente “medir” a nossa energia, sorrindo para uma criança de colo e observando a sua reacção. O nosso “magnetismo pessoal” está associado com a energia que nos rodeia, à nossa “aura”. Uma criança de colo, mais do que sentir, pode ver essa aura. Uma capacidade que perdemos com a idade. Alguns de nós, em determinadas situações “traumáticas”, na sequência de pancadas, quedas ou movimentos bruscos do corpo, também já viram a sua aura. O nosso corpo rodeado por pequenos pontos de luz dourada. “Até vi estrelas”, costumamos dizer. 58 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A comunicação com os guias espirituais A comunicação com os nossos guias espirituais difere da comunicação entre 2 seres humanos pelo facto de ser efectuada através do corpo mental. Os nossos guias têm acesso a “ler” a nossa mente e a nela “escrever”, depositar pensamentos. Aquilo a que chamamos vulgarmente de “intuição”, depende em grande parte deste tipo de comunicação. O próprio “desencadear” dos acontecimentos é muitas vezes “preparado” de forma a “transmitir” determinadas mensagens. Nós muito provavelmente também já fomos guias de alguém no passado. Acompanhar a vida dos outros do “lado de fora”, sempre a “dar conselhos”, não é tarefa fácil. É uma tarefa restrita a um pequeno grupo de entidades. Mas nunca ninguém, quando vai a casa de banho, por exemplo, poderá dizer que está completamente só. Nem no meio de uma crise de solidão! As pessoas que acordam com uma ideia brilhante para resolver um problema importante, raramente atribuem os “créditos” dessa ideia a terceiras partes ou ao Universo, por exemplo. 59 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Donde é que julgam que vêm as ideias “geniais” que fazem avançar este mundo? Desde o início da sua vida que o ser humano é acompanhado por “almas” dedicadas a essa tarefa, que estão do “outro lado do véu”. Como em qualquer conversa educada, o agradecer (ou estar agradecido) pelas “boas ideias” concedidas pode levar a que sejam concedidas “boas ideias” mais facilmente. Uma pessoa distraída, que não liga a “avisos” enviados pelos seus guias e só faz “aquilo que lhe apetece”, desencoraja este tipo de comunicação. Uma pessoa que tem em conta os “avisos” recebidos e age de acordo com a totalidade de informação disponível, mais facilmente é “avisado” da próxima vez. Os “avisos” são um tipo muito particular de informação. Passamos a nossa vida a tomar decisões, a escolher um caminho em detrimento de outro. Um ponto de vista mais elevado pode ver o cenário completo, incluindo consequências imprevistas que se avizinham com fortes probabilidades. Intuitivamente recebemos estes avisos como “fortes sensações” de que algo “não vai correr bem”, ou de que algo poderá ser o “caminho certo”. 60 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Outro tipo de informação frequente são as “chamadas de atenção”. As chamadas de atenção para determinados pormenores, que poderiam passar despercebidos, evitam a ocorrência de decisões precipitadas, tomadas na ignorância. Intuitivamente os nossos sentidos parecem ser atraídos para determinados pormenores, quase imperceptíveis. Temos ainda a considerar as “coincidências”, que pela sua repetição deixam de o ser. Quando passamos a vida a “esbarrar” com uma determinada pessoa, por exemplo, é altura de estabelecer contacto, de tentar extrair a “mensagem importante” que essa pessoa tem para nos dar. Não vale a pena continuar a ignorá-la porque ela vai continuar a aparecer à nossa frente quando menos esperarmos. As mensagens através dos animais são tão antigas como o mundo, estando descritas em vários livros históricos. A aparição repentina de animais no nosso caminho, expondo-se às vezes ao perigo, é uma forma bastante forte de aviso. Atrai completamente a nossa atenção pela invulgaridade da situação. Por convenção, o tipo de aviso envolve perigo eminente relacionado com a circunstância em que estamos envolvidos. Se estamos a conduzir, por exemplo, poderá significar que 61 Quem Somos? Ideias novas precisam-se devemos ter mais cuidado e abrandar a marcha devido a um acidente mais à frente ou à presença de um radar de controlo de velocidade, ou que as condições de aderência da estrada aconselham a ir mais devagar. Numa circunstância contemplativa, por exemplo, a aparição de um animal poderá ser uma mensagem no sentido de adoptar mais a personalidade tradicional desse animal, para “combater” e superar o problema que ocupa os nossos pensamentos. Se virmos uma aranha, por exemplo, isso poderá significar que não nos devemos preocupar porque o acesso ao meios de sustento está garantido, não está em perigo. A simbologia é uma disciplina muito vasta que assenta em referências culturais, do domínio do senso comum. Podemos extrapolar os significados a partir de referências históricas sobre outras culturas ou a partir da nossa “cultura popular”, que é uma filtragem de uma amálgama de conhecimentos obtidos no passado pelo contacto com outras culturas. Finalmente, uma forma mais “grandiosa” de comunicação, que poderá facilmente afastar os mais cépticos. Um raio de sol em dia nebulado a “sublinhar” positivamente um pensamento importante, por breves instantes, no preciso momento em que este é concluído. Não é preciso ser um ministro ou Presidente da República para ter acesso a estas “mordomias”! Não queria deixar de referir este exemplo por ser um 62 Quem Somos? Ideias novas precisam-se verdadeiro desperdício não reparar num acontecimento de tal “grandeza”, capaz de encher o nosso ego “até transbordar”. Quem está consciente deste tipo de comunicação, facilmente estabelece um diálogo bidireccional, através de sinais “préacordados” (carícias ou pressões em determinadas zonas do corpo, por exemplo). Desta forma, pode ter acesso a “opiniões” mais rapidamente. Claro que esta prática depende da existência de um clima de confiança entre ambas as partes. Se a experiência passada foi positiva, o nível de confiança aumenta. Não é de excluir a hipótese de um guia mais brincalhão pregar alguma partida de vez em quando. O sentido de humor está sempre presente! Num mundo de “livre arbítrio”, caso o indivíduo rejeite a existência de “realidades paralelas”, algo que os seus sentidos não conseguem detectar, a sua “posição” é respeitada e os seus guias espirituais “tratam” de que assim seja, de que não aconteça nada que o possa perturbar. Esta posição deve ser extensiva às outras pessoas. Devemos respeitar a individualidade de cada um e esta matéria não é excepção. Se chegou até aqui na leitura, é porque este tipo de conhecimento não o “ofende” ou está quase a “deixar de o ofender”. Não tente forçar ninguém a tomar contacto com ele! 63 Quem Somos? Ideias novas precisam-se As vidas passadas Transportamos connosco as emoções mais importantes recolhidas durante a vida e essas emoções vão acumular recordações a elas associadas. Essas recordações são transportadas de uma vida para a seguinte. Os “problemas” emocionais parece terem sido deixados em suspenso no final da vida e retomados na vida seguinte, após o nascimento. Como um casaco que se despiu e se torna vestir. Alguns de nós conseguem aceder a elas sob a forma de sonhos. Poucos acedem a elas acordados. Todos conseguimos aceder a essas memórias sob hipnose, nas chamadas “regressões a vidas passadas”. Estas regressões têm um papel terapêutico. As recordações mais fortes e dominadoras têm a ver normalmente com relacionamentos conflituosos, que nos provocaram grande desgosto, ou por ter havido alguma “injustiça” na forma como fomos tratados pela outra parte ou por termos sido nós a tratar o outro ser com “injustiça”. Está implicita sempre uma necessidade de “reparação”. Essa “injustiça” às vezes é “transmutada” com a simples recordação dos acontecimentos, pela compreensão dos motivos ocultos da outra parte, por exemplo. A compreensão das ligações que existiram noutras vidas entre 64 Quem Somos? Ideias novas precisam-se os mesmos seres, que se voltaram a encontrar nesta vida, numa outra época, como pessoas diferentes, vivendo vidas diferentes, possibilita a resolução de conflitos pessoais ou a cura de doenças prolongadas, por exemplo. São revelações bastante libertadoras, que podem proporcionar mudanças de vida “radicais”. 65 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A Sociedade Vivemos numa sociedade dominada pelo pressuposto: Não há o suficiente para todos. A competição pelos recursos entre os seres humanos, de forma consciente ou inconsciente, atingiu proporções nunca antes vistas. A chamada “sociedade materialista” que construímos, estimula constantemente o consumo, a compra de novos equipamentos, de novos “gadgets”. Casos comuns, é a constante substituição dos receptores de TV por causa de uma nova tecnologia ou a substituição de telemóveis por causa da côr ou forma. Os fabricantes dos novos aparelhos chegam a diminuir o respectivo tempo de vida útil para permitir a sua substituição mais acelerada. Por outro lado, o medo de ser despedido no emprego, leva algumas pessoas a práticas menos honestas para com os colegas, na defesa da sua “posição”. Enquanto isso, nos países mais pobres reina a pobreza generalizada das populações e os líderes respectivos são dominados pela corrupção, tentando amealhar o máximo até 66 Quem Somos? Ideias novas precisam-se serem destituídos. Para este tipo de problemas existe uma solução, uma ideia nova para substituir o conceito em vigor: Há o suficiente para todos. Estão é mal distribuídos os recursos! Podemos acrescentar. Esta ideia tem vindo a ser divulgada pela corrente da “Nova Espiritualidade”. Raciocinando um pouco, não custa muito aceitar que seja verdade. Se reorganizassemos a distribuição do acesso aos recursos do planeta, de forma a que os países mais ricos cedessem os direitos de exploração de matérias-primas aos países mais pobres que as detêm, ou se distribuíssemos os excedentes de produção agrícola dos países mais ricos pelos países mais pobres, certamente muitas desigualdades seriam corrigidas. Se bem que as mais recentes projecções da evolução da capacidade de produção agrícola parecem não prever um crescimento tão acentuado como o aumento previsto da população a nível mundial. Mas não aconteceu já isso no passado? Não estivemos já à 67 Quem Somos? Ideias novas precisam-se beira da rotura e não apareceram soluções novas que revolucionaram os processos de produção agrícola, permitindo compatibilizar a produção com a crescente demanda? Há que ter confiança na espécie humana para encontrar soluções que respondam aos novos desafios! Há que ter mais confiança em nós próprios! A ideia de um planeta “gerido” a partir de um nível mais elevado, continuamente se adaptando de forma a prover o sustento necessário a todos os seres nele “embarcados”, qual nave espacial gigante e cheia de vida, é para ser instalada num lugar de destaque da nossa consciência. Em relação à utilização dos recursos, é uma “boa prática” habituarmo-nos a ver as coisas que adquirimos como “empréstimos a longo prazo”. Podemos transmiti-las aos nossos filhos de forma automática, na morte, mas, enquanto cá andamos, é algo que “reservamos” para nossa utilização no dia a dia, porque tencionamos dar-lhe uso concreto. É bom que tenhamos noção que “açambarcar” uma colecção de livros, por exemplo, só para termos uma estante preenchida, pode privar outros do prazer da leitura. Ter uma colecção de carros na garagem, quando só necessitamos de um, pode levar a que muitos tenham uma vida mais pobre, com mais privações, do outro lado do mundo ou do outro lado da cidade. Por outro lado, a quem já se reservou o direito de usar muitos recursos, torna-se mais difícil poder continuar a reservar mais 68 Quem Somos? Ideias novas precisam-se recursos, à medida que as condições de vida forem mudando e eles possam vir a ser necessários. Um ser humano que viaja “leve”, só com a “carga” estritamente necessária, pode se adaptar mais facilmente a novas condições de vida com sucesso. É um ser mais eficaz, mais bem sucedido naquilo que faz, num mundo em constante mudança. 69 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O Estado O tecido social em que vivemos é um produto dos estados modernos, que gerem a vida das pessoas segundo o chamado “modelo capitalista”. Outros modelos foram tentados no passado e falharam. Este modelo implica uma economia liberalizada, dando primazia à iniciativa privada, com uma maior ou menor intervenção do Estado no papel de regulador. O Estado é também o responsável pelos serviços de protecção social, saúde e educação, sendo estes últimos quase sempre gratuitos ou bastante subsidiados. Esta “máquina” requer um investimento constante, sob a forma de pagamento de impostos e descontos, quer das empresas, quer dos cidadãos, de forma a subsidiar o seu funcionamento. Por outro lado, o sector dos serviços tem assumido um papel dominante na economia. Cada vez mais, vivemos a prestar serviços uns aos outros. Um exemplo típico, do sector da informática, é a crescente disponibilização de software “open source” gratuito, acessível a toda a gente, para as mais variadas áreas. Os investimentos são efectuados pelas empresas na adaptação e personalização 70 Quem Somos? Ideias novas precisam-se desses softwares de forma a melhor servir os respectivos casos. Esses investimentos implicam uma prestação de serviços por empresas especializadas nessas adaptações. O próprio Estado, que determina a competitividade de um País, deve ser visto como um prestador de serviços aos cidadãos. Quanto mais eficiente for o Estado, do ponto de vista da utilização de recursos face à qualidade dos serviços prestados, mais eficiência permite criar no sector económico por ele gerido. Um Estado “pesado”, que consome demasiados recursos às empresas sem gerar contrapartidas, acaba por “afundar” a sua economia, num mundo de grande competitividade entre os diversos países. Quando se pensa que aquilo que é verdadeiramente necessário para a sobrevivência no dia a dia é a produção agrícola e as pescas (a caça já só é praticada por algumas tribos), compreendemos quão “virtuais” são a nossa economia e a nossa sociedade. Isso significa que têm um grande potencial para mudança, para adaptação a novas condições. 71 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A família A família sempre foi o grupo de suporte para o acolhimento de novos seres, o acompanhamento do seu crescimento e a sua “educação”, a sua adaptação às regras de funcionamento da sociedade a que esta pertence. A aceleração da vida quotidiana a que temos assistido, ao aumentar a troca de experiências entre as pessoas, leva a uma cessação das uniões e casamentos em prazos cada vez mais curtos, prejudicando a estabilidade emocional dos jovens. Em contrapartida, essa “precariedade” da família estimula o desenvolvimento do sentido de independência e cria seres humanos mais auto-suficientes. Por outro lado, as dificuldades económicas crescentes criadas às famílias, levam ao retardamento da emancipação dos jovens que se mantêm integrados nas respectivas famílias. O tradicional “casamento para toda a vida”, defendido por quase todas as religiões, parece ter os dias contados. Por opção das partes envolvidas. É essencial garantir mecanismos fáceis de união e separação entre casais, para que não haja lugar a chantagens ou traumas emocionais de culpabilização do outro por terem sido obrigados a viver juntos mais tempo do que o necessário. 72 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Parece mais lógico ser o Estado a criar a figura da sociedade familiar, não necessariamente monogâmica nem heterosexual, em substituição do casal tradicional. Tal como o casal, essa sociedade familiar deve ter benefícios fiscais que estimulem a sua manutenção, o que é positivo do ponto de vista da integração das famílias e respectivos membros na sociedade. As sociedades familiares devem ter prioridade sobre os cidadãos individuais relativamente à adopção de crianças, por exemplo, pela simples razão de poderem oferecer maior estabilidade económica e emocional. 73 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A educação A educação dos jovens requer algumas adaptações. Desde muito novas, as crianças modernas parecem estar cada vez mais inquiridoras e opinadoras. Deixaram de aceitar fazer as coisas simplesmente porque alguém mais autoritário lhes diz para o fazerem. Querem compreender os “porquês”. É uma verdadeira geração de “teimosos”. Mas não vamos “baptizá-los”, porque alguém já o fez. É a chamada “geração indigo”, em atenção à cor predominante das suas auras8910. Teremos de confiar em quem tem a capacidade de ver as cores das auras. Estatisticamente, o número de “prodígios” parece ter aumentado nos últimos tempos. São crianças de uma inteligência viva, muito intuitivos, que parecem saber sempre a melhor solução, o que fazer em cada situação. E quando não sabem, encontram uma solução rapidamente. 8 Para informações mais detalhadas, leia a obra “The Indigo Children”, de Lee Carrol e Jan Tober. 9 Mais informações “on-line” em http://www.kryon.com/k_37.html. 10 Em Portugal, destaque para as actividades da Fundação Casa Indigo (http://www.casaindigo.com). 74 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Alguns têm a capacidade irritante de adivinhar os nossos pensamentos e de completar as nossas próprias frases antes de nós. Estas crianças necessitam de uma motivação mais forte para aprenderem, algo que cative a sua atenção de uma forma mais estimulante. Dado o aumento significativo destes casos em percentagem da população escolar, é urgente tornar o ensino mais “atraente”, sob pena de estarmos a desperdiçar um potencial enorme. O tradicional “despejar” da matéria do programa tem de ser substituído por um ensino mais interactivo, mais “emocional”. Estes alunos têm que sentir que o professor é um ser humano completo, com sentimentos e emoções, tal como eles. Os professores têm que estar à vontade para poderem usar todos os “truques” de uma ligação paternal ou maternal, para cativarem os seus alunos. Não há mais espaço para o ensino maquinal e abstracto. A compreensão aprofundada desta “problemática” deverá conduzir a uma reforma significativa dos métodos de ensino. 75 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A economia O direito de propriedade tem de ser revisto à luz de novos princípios. Comprar um pedaço de terra sem lhe dar uso, é um luxo que esta sociedade não pode permitir. Um terreno, enquanto meio de produção agrícola, não faz sentido que esteja reservado para uma única pessoa, para o resto da vida, mesmo que essa pessoa deixe de o explorar. Com a globalização, a actividade agrícola diminuiu bastante a sua rentabilidade e deixou de ser um “terreno” para especulação capitalista. Só trabalha no “campo” quem precisa, para a sua própria sobrevivência. Parece-me mais lógico que seja o Estado a dividir e a controlar a exploração de terrenos agrícolas, planeando o tipo de exploração, concedendo licenças de exploração por concurso, controlando o atingimento dos objectivos de produção para cada exploração, penalizando ou subsidiando os responsáveis. No comércio, há quem tenha proposto a afixação do preço de compra junto com o preço de venda dos produtos. Desta forma, o conhecimento da margem de lucro do comerciante tornaria o processo mais “transparente”. 76 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Pessoalmente, preocupa-me mais o facto de os modernos circuitos de distribuição das grandes superfícies comerciais promoverem a venda de fruta “verde”, sem as necessárias propriedades de sabor e maturação que lhe dão o tradicional valor alimentar. Isso torna o acto de consumir fruta madura comprada a um agricultor num verdadeiro prazer para os sentidos, a procurar avidamente. Quantos de nós, num passeio por uma região mais “interior”, perdida no “campo”, ao comer uma salada chegámos à conclusão que os legumes se podiam efectivamente trincar e que parecia que antes nunca tinhamos consumido verdadeiros legumes? Parece-me que algo está profundamente errado nos circuitos de distribuição alimentar… Monopólio nunca foi sinónimo de boa qualidade de prestação de serviços! Por outro lado, somos nós, cidadãos, que, ao escolher onde vamos comprar, estamos a condicionar como vai ser o futuro, estamos a investir numa solução em detrimento das outras. Queremos perder o sabor dos alimentos? Ou vamos incentivar a manutenção de circuitos de distribuição de alimentos que preservem a sua qualidade tradicional? Na indústria, o panorama hoje é dominado pelo fenómeno “Made in China”. As desigualdades salariais entre a China e os países ocidentais justificam a “encomenda” do fabrico de produtos industriais à China, com custos mais enonómicos. 77 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Mas por quanto tempo mais é que estas desigualdades se vão manter? A tendência geral é para um maior equilíbrio das condições de vida em todos os países. E quando isso acontecer, os ordenados de miséria e a “escravidão” laboral vão passar a ser difíceis de encontrar. As empresas “capitalistas” vão ser obrigadas a deslocalizações cada vez mais curtas até os custos dessas deslocalizações tornarem insustentável o facto de andarem sempre a mudar de um lado para o outro. Cabe aos Estados proteger o seu “tecido industrial” com medidas de incentivo, planeando uma dimensão industrial compatível com o nível de consumo interno da sua população. A tendência futura é para a autosuficiência ao nível dos países e das respectivas regiões. Qualquer disposição que contrarie a auto-suficiência de um país (porque o seu vizinho tem excedentes, por exemplo), como se verifica na União Europeia, por exemplo, é simplesmente “ilegal”. A grande peocupação dos dias de hoje é o ambiente. Os dados sobre o “aquecimento global” são indesmentíveis. Como continuar a manter o nosso estilo de vida à medida que os diversos países se desenvolvem, aumentam os seus níveis de consumo, reduzindo ao mesmo tempo o impacto das nossas actividades sobre o ambiente? É uma resposta difícil de encontrar! 78 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Os países mais desenvolvidos, cujas actividades têm um maior impacto sobre o ambiente, já perceberam que têm que ser eles a dar o exemplo, a comprometerem-se na diminuição das respectivas emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera. Mas como colocar isto em prática? Basta conseguir encontrar e obrigar a aplicar processos de transformação industrial mais “económicos” em termos de emissões? Não é fácil! A solução poderia passar por descobrir rapidamente novas fontes de energia mais “limpas”, que substituissem as tradicionais baseadas no carvão ou na queima de combustíveis. Mas enquanto esta solução não surge, os cidadãos mais conscientes têm uma oportunidade para mudar os seus hábitos de consumo, torná-los mais ecológicos, dando um exemplo para os outros. Não quero dizer com isto que passemos todos a ir de bicicleta para o trabalho. Eu iria com prazer, em dias de sol, se trabalhasse mais perto de casa. Será que precisamos de conduzir tão depressa, gastando mais combustível que o necessário? Porquê acelerar bruscamente para aplicar a força dos travões um pouco mais à frente? E os transportes públicos não funcionam bem, não são suficientemente rápidos quando precisamos de nos deslocar para o centro da cidade? 79 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Há aqui muitas oportunidades para melhorias. Temos que criar uma consciência colectiva que exija alterações à classe política. As certificações de qualidade das empresas são uma “moda” recente que trouxe uma certa dinâmica às empresas, uma “cultura” de repensar constantemente os processos de produção buscando melhorias. É bom para a competitividade e será bom para o ambiente se houver objectivos de optimização do consumo energético impostos pelo Estado. Os Estados que quiserem optimizar o “desempenho energético” da sua economia vão ter de subsidiar empresas que busquem ou adoptem soluções mais eficientes, bem como penalizar as que não mostrarem vontade em mudar coisa nenhuma. Quanto ao consumo dos recursos naturais, o crescimento populacional e o desenvolvimento acelerado das “economias emergentes”, principalmente da China e da India, tem levado ao crescimento constante da procura, havendo já hoje tabelas com a previsão do prazo de esgotamento das diversas matérias primas a nível mundial. Predominam as poucas dezenas de anos nas previsões para o esgotamento das matérias primas mais importantes. Não há grande coisa a fazer. Quando acabarem, deixam de ser extraídas e obrigam a parar os processos de fabrico onde são utilizadas, ou a substituí-los por processos de fabrico alternativos. 80 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Mas o que dizer da desflorestação das zonas tropicais ou das zonas árticas? Estas florestas são as responsáveis pela conservação da vida no planeta, tal como a conhecemos. O abate constante de árvores nestas florestas vai trazer problemas agravados para todos, não só ao nível da poluição global, mas também ao nível do clima. Estamos a interferir com mecanismos vitais que ainda não conhecemos suficientemente. Cabe aos países mais ricos (e não só) a iniciativa de criar organizações que protejam essas florestas, de contribuir financeiramente indeminizando os países que as tutelam pelas perdas económicas resultantes do abrandamento da exploração madeireira. Acima de tudo é preciso um compromisso político alargado, a nível internacional. 81 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A política A política pode ser caracterizada, de forma simplista, como a forma de gerir o Estado e a sociedade a que pertence. Para gerir são necessários objectivos. É na definição desses objectivos que todos nós temos uma palavra importante a dizer. Numa sociedade em mutação constante, novos problemas são colocados diariamente. Para novos problemas são necessárias novas soluções. Para que estas surjam, são necessárias novas ideias. Novas ideias é “coisa” de pequenos partidos, de grupos de reflexão independentes. Os grandes partidos estão demasiado ocupados na luta pelo poder, para poderem ter espaço para a reflexão. É à custa dos “pequenos” que a sociedade evolui. É necessária uma maior intervenção social do cidadão comum. É necessária a criação de espaços de reflexão fora dos grandes partidos políticos, livres e descomprometidos, onde as ideias possam fluir. A Internet é um meio acessível a todos, que proporciona ferramentas para este efeito: os blogs, as redes sociais, informação inesgotável e actualizada. 82 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A cultura A cultura dos povos transporta consigo ideias e conceitos herdados do passado. Do ponto de vista da preservação do património cultural, da diversidade cultural dos povos, é interessante proteger essa informação. No entanto, essa informação deve ser catalogada e datada devidamente, e revista no dia a dia. Não faz sentido aplicar os mesmos conceitos ano após ano, vida após vida, só porque os nossos antepassados já o faziam, sem questionar a sua actualidade, a sua adequação. A tendência actual é de ver a cultura como um espectáculo mediático, ao mesmo tempo que as diferentes formas culturais vão sendo integradas numa única cultura global, partilhada por todos. 83 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A religião Religião, no sentido estrito do termo, é a forma como o indivíduo se relaciona com Deus, com o Todo. As religiões estabelecidas associam conceitos abstractos sobre Deus a regras de conduta, “boas práticas” para um melhor relacionamento com Deus. Com esse objectivo, cada uma delas criou um conjunto de conceitos e valores que regulam o que pensar e quais as atitudes correctas a adoptar, que podem ir até ao nível do gesto. Um gesto cerimonial em falso e Deus pode deixar de “gostar” de nós ou de nos agraciar com os seus favores. Tradicionalmente, foi tal o papel atribuído aos gestos cerimoniais em algumas religiões, que muitas pessoas, embora saibam reproduzir os gestos de forma impecável, desconhecem a maior parte das mensagens correspondentes aos ensinamentos que estiveram na origem da formação da sua religião. Quase todas as religiões começaram por ser um grupo de transmissão de novos ensinamentos, a partir de ideias divulgadas por algum ser humano mais iluminado, e acabaram, ao fim de muitos anos, por se tornar num grupo que pratica um conjunto de rituais. 84 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Aquilo que as novas correntes de pensamento ligadas à espiritualidade nos vêm dizer é que a ligação a Deus, ao Todo, é um acto individual. Devemos procurar Deus dentro de nós, pois é através do melhor de nós que vislumbramos uma parte de Deus. Sendo Deus a Totalidade, os seres humanos em conjunto formam uma parte desse Todo. Assim como os restantes seres vivos: os animais, as plantas, os minerais. Parece difícil comparar os minerais com os restantes seres vivos, mas é apenas uma questão de percepção. Pelo que sabemos da forma como o planeta Terra (Gaia de seu nome cósmico) sustenta a vida de todos nós, não é difícil considerálo um ser vivo, embora a sua composição seja maioritariamente constituída por minerais, por água e por gases. Sendo a ligação ao Todo um acto individual, está presente em todos os momentos, em todos nós, mesmo naqueles ditos ateus. A maior parte das pessoas que se dizem ateus, apenas mostram a sua discordância com os princípios e práticas defendidos pelas principais religiões. No entanto, a sua consciência do Todo está por vezes mais desenvolvida do que nos indivíduos ditos religiosos. Por outro lado, o medo do desconhecido leva muitas pessoas a afirmar que a única coisa em que acreditam é na Ciência. Dessa forma, não têm que lidar com a sua ignorância, limitando os 85 Quem Somos? Ideias novas precisam-se seus pensamentos àquilo que os outros já descobriram e afirmam como certo. Temos que concordar que, nesta sociedade, ninguém gosta de admitir que é ignorante, que desconhece algo, mesmo para consigo próprio. As pessoas que passam a vida a estudar, e que estudaram aquilo que os outros pensadores da Humanidade descobriram, sentemse “esmagados” pelo peso desse conhecimento. Antes de pensarem por si próprios tentam sempre referenciar se mais ninguém, dos pensadores que conhecem, teve aquela ideia ou semelhante, ficando aprisionados facilmente a conceitos já existentes. Os conceitos novos que surgem são quase sempre reformulações de conceitos existentes, mudando um ou outro pormenor. Nada é completamente novo. Voltando à religião, esta deve evoluir para formas mais enquadradas na vida do dia-a-dia, apoiando as pessoas a relacionar-se com o Todo, elevando os seus níveis de consciência, ensinando-as a pensar e a agir pela sua cabeça. Ao descobrirem o melhor de cada uma delas, as pessoas estarão também a descobrir melhores soluções para a sua vida em conjunto. Estarão mais “ligadas” ao Todo. 86 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A possessão espiritual Trata-se de um fenómeno incompreendido e, por isso, merece uma secção desta obra. Em África e nas comunidades de origem africana é uma prática comum. O indivíduo que aceita ser “possuído” durante uma cerimónia de grupo é ajudado no final, pelos restantes membros do grupo, a recuperar completamente a consciência, a “livrar-se” da entidade que o possuiu. Um antepassado, segundo as suas crenças. Talvez não seja uma boa ideia! As entidades que se disponibilizam para “possuir” seres humanos são, normalmente, as almas de outros seres humanos falecidos que ainda não ascenderam. São almas “perturbadas”. Mesmo que haja uma ligação emocional com essa entidade, que seja um verdadeiro antepassado, este tipo de posse vai perturbar o equilíbrio energético do indivíduo, podendo trazer consequências negativas a todos os níveis: saúde, distúrbios emocionais ou mentais. Os manicómios deste mundo estão cheios de indivíduos com 87 Quem Somos? Ideias novas precisam-se espírito mais fraco, que foram ou ainda estão possuídos por outra entidade. Em situações normais do nosso mundo de “livre arbítrio”, este fenómeno não ocorre. De facto, a melhor defesa contra este tipo de situação é não permitir que ocorra. Em termos de saúde pública, é um fenómeno que requer compreensão e aplicação de métodos de cura mais eficazes. O processo de cura passa pela presença de seres humanos com nível de consciência elevado e pela recuperação psíquica do indivíduo, da sua auto-estima. Requer um acompanhamento psicológico adequado, plenamente consciente do fenómeno em causa. 88 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A saúde Como suporte do ser, a saúde de que goza o corpo físico vai determinar o sucesso no desempenho das suas actividades. Por outro lado, o desempenho de actividades tem uma influência directa na saúde do corpo físico, e seria muito ingénuo pensar que os estados de consciência, os pensamentos e as emoções não têm nenhuma influência. Se bem que, se cairmos e aleijarmos algum membro, as alterações sobre o estado de saúde são visíveis de imediato. Já as alterações provocadas por estados de consciência, pensamentos e emoções só são visíveis a médio prazo. Claro que a hereditariedade é importante. Um corpo frágil à nascença, devido à constituição genética, é sujeito, ao longo da vida, a um maior número de problemas que um corpo saudável. Claro que o “tratamento” dado ao corpo, influenciado pelas condições de vida, é importante. Um indivíduo que trabalhou em condições difíceis para a saúde grande parte da sua vida, só por milagre não termina os seus dias com uma doença grave surgida na sequência desses factores. Mas com a mudança das condições de vida características da vida moderna, com maior conforto no local de trabalho, maior 89 Quem Somos? Ideias novas precisam-se apoio de saúde às viroses e outras doenças do meio ambiente, o peso das doenças geradas por estados de consciência, pensamentos e emoções tem-se tornado mais evidente. Doenças como o “stress”, a depressão, o esgotamento, o cancro, a anemia, problemas com o funcionamento de orgãos internos em geral, que não sejam problemas secundários gerados por outras doenças, grande parte teve início por estados de consciência, pensamentos ou emoções. O corpo “avisa” da existência de problemas através da dor. É um mecanismo subconsciente de defesa que permite lançar o “estado de alerta”, que avisa que é preciso tomar medidas correctivas. Mas antes de a dor se manifestar, como é que surge o problema, a “doença”? O nosso organismo é um sistema complexo em equilíbrio “precário”. Na realidade, somos habitados por milhões de formas de vida, de menores dimensões (vírus, bactérias, ácaros, etc.), todas elas lutando pela sobrevivência. Estes seres mais pequenos viajam facilmente pela atmosfera, de um ser humano para outro, ou entre um ser humano e um animal. Quando todas as partes envolvidas estão de “boa saúde”, estabelece-se um equilíbrio, uma situação de “boa convivência”. 90 Quem Somos? Ideias novas precisam-se O ser humano possui mecanismos biológicos de auto-defesa, de “auto-regeneração”, que lhe permitem recuperar de situações em que esse equilíbrio foi perturbado. Tudo isso se processa a um nível subconsciente, de forma automática, controlada pelo chamado “sistema imunitário”. Mas quando o desiquilíbrio é suficientemente forte, pela existência de factores externos prolongados (um cansaço extremo do corpo físico, por exemplo), pode-se gerar um “problema” para uma parte do corpo, para um orgão interno ou para um sistema de orgãos que trabalham em conjunto. A fraqueza de uns torna outros mais fortes. O equilíbrio existente desaparece e os mecanismos de luta pela vida dos organismos mais pequenos tornam-nos mais fortes. Sentem-se com maior capacidade para se reproduzirem. Surgem as “infecções”, que têm um som parecido com “invasões”. Para que serve esta “história” toda? Se tivermos consciência do que está a acontecer, no preciso momento em que está a acontecer, podemos transformar o mecanismo de cura insconsciente num mecanismo de cura consciente, reforçado, controlado pela nossa vontade. Claro que devemos reforçar esta vontade com a nossa “disponibilidade” para fazer uma meditação adequada, por exemplo. 91 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Não quero dizer com isto que deixemos de tomar medicamentos, de procurar uma consulta médica. O que quero dizer é que um ser humano consciente tem mais facilidade em se auto-curar e o acto de adoecer deve ser entendido como uma “nota negativa” no seu “curriculum”. As doenças também possuem outra “faceta”. Servem como “avisos” do corpo contra situações ao qual este é submetido, provocadas por pensamentos, emoções e estados de alma, as chamadas situações “invisíveis”. Uma dor de dentes surge no momento em que o dente tem uma raíz ou a gengiva infectada. Mas, antes disso, normalmente esteve uma situação de indecisão, uma “escolha” que se atrasou ou uma situação que terá ficado por resolver. Problemas de vesícula e fígado, por exemplo, têm uma raíz mais esotérica. A pessoa vive uma situação kharmica intensa, em que luta “desesperadamente” contra uma situação para a qual foi “atraída”, que não tem hipóteses de “vencer”, e cuja “superação” se encontra normalmente num afastamento dessa situação. Anda a “remar contra a maré”. Já o cancro indica claramente uma “desistência” da vida, uma vontade subconsciente em morrer. Pode surgir numa fase de “impasse”, em que a vida parece ter “estagnado” e não parece haver objectivos, conscientes ou inconscientes, suficientemente motivadores para continuar a viver. 92 Quem Somos? Ideias novas precisam-se De uma forma geral, os problemas nos diversos orgãos surgem associados à sua função “externa”, ao papel que “aparentam” desempenhar. O cérebro, por exemplo, representa a “sede” do pensamento, da individualidade. Qualquer problema no cérebro pode ser entendido como uma “falta” de individualidade, de personalidade, que poderá ter “fragilizado” essa zona (submeter-se à vontade de outrem anulando a sua personalidade, por exemplo). No caso de uma enxaqueca, poder-se-à dizer que se foi demasiado exigente consigo próprio, se levou o “esforço” até ao limite, até à ocorrência da dor. Os olhos representam a capacidade de ver, de observar. Problemas nos olhos podem significar que há algo que não queremos ver na nossa vida, relativamente à “situação” presente. Podemos andar muito ocupados e não prestar atenção aos pormenores. Os ouvidos representam a capacidade de ouvir, de escutar. Problemas nos ouvidos podem significar que há algo que não queremos ouvir do que se está a passar à nossa volta. Podemos não estar a dar a devida atenção às opiniões dos outros. O nariz representa a “porta de entrada” do aparelho respiratório. É facilmente irritável quando respiramos pós ou pólens directamente. Uma sinusite pode significar que alguém nos anda a “irritar” profundamente, nos anda a “pressionar”. A boca é o ponto de entrada dos alimentos, do nosso sustento vital. Problemas na boca em geral podem significar que não 93 Quem Somos? Ideias novas precisam-se estamos a prestar a devida atenção ao nosso corpo, ao nosso sustento, não estamos a reservar tempo suficiente para nós próprios. O pescoço é um importante ponto de sustentação. Representa a flexibilidade. Problemas no pescoço podem significar que estamos a ser demasiado “inflexíveis” com os outros, não querermos ver outros “pontos de vista” que não o nosso. A garganta é o centro da expressão vocal. Problemas de garganta podem representar que não estamos a exprimir devidamente as nossas ideias, que algo importante ficou por dizer. As costas são o nosso “tronco” de sustentação. Problemas nas costas podem significar que nos sentimos “desapoiados”, nos sentimos “impotentes” para enfrentar as dificuldades. Podemos sentirmo-nos desapoiados emocionalmente pela nossa companheira (parte superior) ou sentirmo-nos desapoiados materialmente (parte inferior). Os seios são a representação da maternidade. Problemas nos seios podem significar que as mães não estão a conseguir “lidar” com o seu “papel”, entre aceitar conceber, criar ou “libertar” o seu filho. O coração é o “motor” da circulação sanguínea, da distribuição do sangue (o líquido vital) pelas diversas partes do corpo. O sangue transporta energia e vida, que é também amor e alegria. Problemas no coração podem significar falta de amor e alegria na nossa vida (um “desgosto” emocional, por exemplo). Os pulmões são o centro do aparelho respiratório, o sistema 94 Quem Somos? Ideias novas precisam-se através do qual recebemos “alimento” directamente da atmosfera. Representam a capacidade de “aceitar” a vida. Problemas nos pulmões podem significar a não aceitação das condições da vida, tal como ela se apresenta. O estômago é o orgão responsável por digerir os alimentos. Problemas no estômago podem significar incapacidade em “digerir” alguma situação nova, algumas ideias com as quais foi confrontado. Os intestinos são responsáveis pela absorção dos nutrientes (intestino delgado) e pela eliminação das substâncias excedentes (intestino grosso). Problemas no intestino grosso podem significar a existência de um apego excessivo ao mundo material, dificuldade em “deixar ir” aquilo que já não precisa. Os rins, entre outras funções, são responsáveis pela flexibilidade do tronco. Problemas nos rins podem significar que a pessoa está a sentir demasiadas dificuldades em “mudar de rumo” na sua vida. A bexiga é responsável pela eliminação de toxinas, de substâncias nocivas do organismo. Problemas na bexiga podem significar que a pessoa está muito chateada com alguém, de quem não se consegue “livrar”. Os orgãos sexuais representam o princípio masculino ou feminino. Problemas nos orgãos sexuais podem significar dificuldades em lidar com o papel tradicional do seu sexo nas relações com os outros. A pele é responsável pela protecção dos nossos orgãos internos. Representa o aspecto exterior da pessoa. Problemas na pele 95 Quem Somos? Ideias novas precisam-se podem significar que a pessoa não se sente bem na sua “pele”, consigo própria. Os braços representam a capacidade e habilidade de “abraçar” a vida. Problemas nos braços podem significar que a pessoa se sente incapaz ou com pouca habilidade para gerir alguma situação nova. As mãos representam a capacidade de “agarrar” e “largar”. Problemas nas mãos podem significar que a pessoa é demasiado “agarrada” às coisas, às situações, e tem dificuldades em “pegar” nas novas oportunidades quando elas se apresentam. As pernas são os “meios de transporte” do nosso corpo. Problemas nas pernas podem significar que a pessoa está a sentir dificuldades em se “mover” através da vida. Os joelhos representam a flexibilidade para a evolução. Problemas nos joelhos podem significar que a pessoa está a ser demasiado teimosa, demasiado inflexível. Os pés representam a nossa compreensão da vida, a nossa aceitação do “caminho”. Problemas nos pés podem significar que a pessoa está a sentir que o “caminho” se apresenta complicado. Esta convenção completa-se com a noção de lateralidade, no caso de se tratar de orgãos que temos aos pares. A localização dos problemas no lado esquerdo tem a ver com problemas relativos ao passado enquanto a sua localização do 96 Quem Somos? Ideias novas precisam-se lado direito tem a ver com problemas relativos ao futuro. No caso de um canhoto, essa lateralidade é invertida. Os sintomas descritos atrás de forma não exaustiva, são como uma forma de comunicação entre o corpo e a mente. Através destes “avisos”, a mente tem a capacidade de refletir e “arrepiar caminho”, protegendo o corpo da ocorrência de novos problemas. Esta forma de comunicação é também utilizada pelos nossos guias espirituais, que podem “provocar” ou “reforçar” estas mensagens quando necessário. A assistência social A medicina é hoje em dia uma ciência muito “desenvolvida”, com um grande nível tecnológico. Mas a chamada medicina “ocidental” concentra-se no tratamento reactivo a sintomas, baseado em substâncias químicas, os fármacos, para atalhar o prosseguimento da doença até à sua remissão. No entanto, ao ignorar as influências que podem causar uma doença, é um fracasso completo em termos de medicina preventiva. Nesta área, limita-se a propôr a realização de análises regulares e a vigiar a tensão arterial, para despistar possíveis problemas. 97 Quem Somos? Ideias novas precisam-se No outro extremo temos a medicina chinesa, que alcança graus de eficácia notáveis tanto ao nível da cura como ao nível da prevenção, sobretudo quando associada a práticas culturais tipicamente chinesas. Ou a medicina tradicional indiana, Ayurveda, que quando voltou a ser aplicada de forma oficial nas comunidades mais pobres, reduziu em cerca de 40% os custos com a saúde. Hoje em dia, existe o conhecimento estatístico, pelo menos, que as doenças ocorrem mais em situações em que os respectivos portadores ficaram sem objectivos de vida. Desemprego, emancipação dos filhos, solidão, são algumas das causas mais comuns. São situações em que há também um baixo nível de interacção social: pessoas que vivem isoladas, tipicamente em cidades, com pouca integração na comunidade, sem poder beneficiar da solidariedade tradicional das pequenas comunidades. A forma com algumas pessoas se “esgotam” na busca de condições para a educação dos seus filhos e na manutenção de um emprego que lhes oferece condições cada vez mais precárias de vida, leva a que a sua autosuficiência enquanto seres humanos seja muito fraca e que “fracassem” psicologicamente ao mínimo revés. A educação é uma oportunidade importante para formar seres humanos autosuficientes, capazes de tirar partido da aprendizagem de coisas novas, de evoluir ao sabor de condições em constante mutação. Por diversos factores, incluindo os emocionais e psicológicos, nem toda a gente pode 98 Quem Somos? Ideias novas precisam-se tirar o melhor partido dessa oportunidade na devida altura. Para além disso, cabe ao Estado reconhecer o papel importante de uma Assistência Social activa, apoiando os mais desfavorecidos e alargando a sua actuação às famílias com estruturas mais precárias. Um pouco à semelhança do papel desempenhado pela Igreja Católica nos Países Mediterrânicos, em termos de assistência social. Na prática, o dinheiro investido em assistência e formação é recuperado posteriormente em custos de saúde e outros. Numa época em que anda tanta gente preocupada com a segurança, é bom lembrar que os desgraçados de hoje são os “ladrões” de amanhã. Mas o papel da assistência social não deve ser exclusivo do Estado ou de organizações religiosas. Uma ideia de um amigo meu, que é muito do meu agrado, é a criação de certificações sociais para as empresas que se destacaram em actividades com benefício directo para a comunidade em que se inserem. Quem melhor do que os seus empregados conhece as necessidades da sua comunidade? O papel do mundo empresarial na manutenção do tecido social, para além do emprego dos seus trabalhadores, deve ser valorizado e premiado. A atribuição de uma Certificação Social, à semelhança da Certificação de Qualidade ou da Certificação Ambiental, 99 Quem Somos? Ideias novas precisam-se premiaria a actuação da empresa nesta área e serviria de referência, quer para a concessão de benefícios pelo Estado, quer para a escolha do tipo de fornecedor no mercado. 1 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A morte A morte é quase um assunto tabu na nossa sociedade. Não se fala nela talvez com receio de atrair desgraças. O nosso “pacote cultural” ensina-nos que é o fim da existência do nosso ser. Muitos de nós acreditam que uma vez mortos, deixamos de ter consciência, deixamos de existir. No entanto, é um dos actos mais naturais que existe. Tão natural como o nascimento. No final da vida, quando o corpo perde as suas capacidades e a saúde estatisticamente apresenta mais problemas, transitamos de estado, abandonamos o nosso corpo físico e ascendemos para outra dimensão. É uma decisão do nosso Eu Superior, o como e o quando. Às vezes, embora se propiciem as condições para abandonarmos o corpo físico de vez (em caso de acidente grave, por exemplo), acabamos por voltar porque ainda não é chegado o momento ideal (e saímos de um estado de coma de regresso à vida, por exemplo). Por vezes, trazemos connosco recordações desse acontecimento e das sensações ligadas ao abandono temporário do corpo físico, em que nos vimos a pairar sobre ele e nos sentimos de alguma forma desligados dele. 101 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Em caso de morte, o que fazemos nessa outra dimensão já não é da nossa conta. Entre outras coisas, podemos preparar um novo regresso, uma nova incarnação, e voltar a nascer passado algum tempo, buscando novas experiências para completar a nossa “formação”. Essa busca leva à escolha da nova família onde vamos incarnar, pelo potencial em nos proporcionar experiências adequadas aos nossos objectivos. A morte é para o ser humano que transita, um acto “libertador”. É uma libertação do sofrimento, quase sempre associado aos últimos momentos de vida. Nem toda a gente tem acesso a uma morte rápida, provocada por um problema cardíaco, por exemplo, em que a transição se processa de forma a não gerar quase nenhum sofrimento. De facto, com os modernos equipamentos de suporte de vida, morrer tornou-se num acto quase heróico, só possível de consumar quando se apanha toda a gente de surpresa. É cada vez mais difícil morrer, encontrar situações propícias, em que não haja oportunidade de nos irem ligar a uma máquina para impedir o avanço do processo. O mais ridículo de tudo é o prolongamento de estados de coma durante meses, com as pessoas ligadas a máquinas sem qualquer consciência. Ninguém concebe que, ao ponto a que chegou, a pessoa já merece ir descansar! 1 Quem Somos? Ideias novas precisam-se É doloroso para qualquer pessoa ver um ente querido partir. Mas não é razoável interferir com a “vontade de partir” de um ser humano. Muito menos ficar “agarrado” à ideia de o ter sempre presente, para receber ajuda, por exemplo. Após a morte, o ser tem a sua própria agenda para cumprir. 103 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Considerações finais É evidente que a Vida apresenta matéria para discussões infindáveis e nada está completamente dito sobre o que quer que seja. Todos nós temos oportunidade de contribuir com os nossos pontos de vista que não são necessáriamente iguais aos de mais ninguém. Nesta era de “globalização” a todos os níveis, o verdadeiro desafio está na aceitação das “diferenças” que nos unem e na habilidade de encontrar consensos, pontos de entendimento. Só assim poderemos crescer enquanto seres humanos, ficando a conhecermo-nos um pouco melhor ao mesmo tempo que procuramos conhecer o “mundo” que nos rodeia. O Ser Humano alia um potencial infinito (literalmente) a uma preguiça natural e paralisante. Não desperdice o seu potencial! Bem aja! 1 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Anexos Nos anexos seguintes apresentam-se alguns tipos de meditação, com vários tipos de profundidade. A “Ligação à Terra” é um tipo de meditação instantânea que pode ser aplicada em qualquer ocasião, para reduzir os níveis de stress individual ou de um grupo através do indivíduo. É indicada para situações conflituosas. A meditação com controlo de respiração é, na realidade, um preâmbulo para qualquer outro tipo de meditação. Reduz substancialmente os níveis de stress mas necessita de privacidade para a sua execução. A meditação “Esvaziando a mente, abertura ao novo” é um exemplo de uma meditação mais completa com um objectivo, neste caso, para facilitar a aceitação de novas ideias, para manter a juventude da mente. “Lavagem das emoções” é uma meditação de auto-tratamento com o objectivo de manter o corpo emocional “sob controlo” e melhorar o desempenho mental e a saúde em geral. Finalmente, em “Autotratamento com Reiki” tecem-se algumas considerações sobre a utilização desta forma de autotratamento com energia. 105 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Anexo A: Meditação “Ligação à Terra” O objectivo desta meditação é manter a consciência da nossa ligação permanente à Terra. Independentemente da quantidade de cimento ou betão que possam estar de premeio, a nossa ligação com a Terra realiza-se a nível energético, a cada momento. O nosso estado de “ligação” à Terra varia a cada momento, conforme o “estado de alma”. Num lugar “paradisíaco”, cheio de beleza natural, sentimos mais essa ligação. Num moderno edifício de escritórios, com muitos andares, sentimos menos essa ligação. Passamos mais tempo da nossa vida em edifícios de escritórios do que em situações descontraídas, no meio da natureza. Surgem-nos com frequência algumas situações de conflito, que gostaríamos de resolver de forma mais calma, mais ponderada. Mas a “agressividade” com que fomos abordados despertou em nós os nossos piores instintos. É neste tipo de situação que podemos aplicar a seguinte meditação: Feche os olhos por um momento (apenas o tempo necessário). Imagine-se a sós com a Terra. No ponto onde se encontra, do 106 Quem Somos? Ideias novas precisam-se seu chacra da base, junto ao anus, sai uma raíz grossa de luz branca que vai direito à Terra e, ao entrar em contacto com a Terra, se começa a ramificar indefinidamente. Em alternativa, em vez de se ramificar, imagine que essa raiz luminosa se prolonga a direito e vai até ao núcleo metálico do planeta. Esta curta meditação deve trazer-lhe uma “calma” extra para resolver uma reunião conflituosa a seu favor, por exemplo. Ou para ter a calma suficiente para ouvir com atenção todas as partes antes de tomar uma decisão, por exemplo. Pode aplicar esta meditação como protecção, ao chegar a um novo lugar, em antecipação à ocorrência de situações “stressantes”. 10 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Anexo B: Meditação com controlo da respiração Esta meditação pode ser executada como preâmbulo de qualquer outra. O controlo de respiração é um mecanismo “automático” para diminuir a actividade dos diversos corpos, até atingirmos um estado próximo do vegetativo, ideal para prosseguirmos com uma meditação mais elaborada. Se o tempo escassear, ou se o objectivo for apenas uma diminuição rápida do nível de “stress”, podemos ficar por esta actividade apenas. Sente-se confortavelmente. Não exerça nenhum tipo de “repressão” sobre os seus pensamentos. Exerça apenas uma ligeira concentração que lhe permita contar com regularidade enquanto exerce determinados movimentos respiratórios em sincronização. Mantenha-se vigilante o suficiente para verificar que o exercício está a ser bem executado. Conte até 4 enquanto inspira fortemente, enchendo bem o peito de ar. 108 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Conte até 4 enquanto sustem a respiração. Conte até 8 enquanto vai soltando o ar devagar até esvaziar “completamente” os pulmões. Repita com um sucessivamente. novo ciclo de contagens e assim Para aprofundar mais a meditação, se entender, vá recolhendo “impressões” de várias zonas do seu corpo (o que está a sentir), de forma exaustiva, da cabeça aos pés, enquanto decorrem as contagens. 10 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Anexo C: Meditação “Esvaziando a mente, abertura ao novo” Esta meditação tem como objectivo rejuvenescer a mente, manter uma boa capacidade de circulação de ideias. Com a idade, o ser humano tem tendência a perder a “elasticidade” do pensamento. Quando somos jovens, há uma abertura total para a aprendizagem, para a discussão de ideias, para analisar e reanalisar conceitos. À medida que vamos envelhecendo, depois de termos travado alguns “conflitos”, vamo-nos agarrando a ideias que temos dificuldade em abandonar. Até porque justificaram algumas das nossas atitudes e para as abandonar e substituir teriamos de classificar essas atitudes como “erradas” ou “não totalmente certas”, e isso é algo “doloroso” de fazer. No entanto, a nossa sociedade está em mudança constante e acelerada. O ritmo das mudanças parece aumentar de dia para dia. E não se compadece com pessoas que vão ficando “desajustadas”. A “flexibilidade” das ideias, a capacidade de adaptação ao novo é algo essencial para se ter sucesso. Inicie a meditação com o controlo da respiração, tal como descrito no anexo B. Quando tiver reduzido substancialmente o 110 Quem Somos? Ideias novas precisam-se ritmo cardíaco e o “ruído” dos pensamentos, prossiga com os seguintes passos: Imagine as circunvalações do seu cérebro compactadas. Imagine um vento lateral que começa por soprar ligeiramente e atravessa os interstícios das circunvalações do seu cérebro até ao lado oposto, levando consigo pequenas partículas de “poeira”, as suas ideias mais velhas, aquelas que não “visita” há mais tempo e que não lhe são úteis e, por isso, não se importa de as substituir para arranjar espaço para ideias novas. Deixe soprar o vento o tempo “necessário”, até ter atingido um bom efeito, até “sentir” a existência de pequenos espaços entre as circunvalações onde poderão “caber” novas ideias. Na sequência deste tratamento, arranje espaço diário para a leitura, compre livros com a intenção de aprender coisas novas, que lhe despertam uma curiosidade quase infantil. Deixe “correr” a sua intuição na hora de escolher um livro novo. Aja por impulso. 111 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Anexo D: Meditação “Lavagem das emoções” Esta meditação tem por objectivo “reparar” o seu corpo emocional das situações mais conflituosas ou “dolorosas” a nível emocional. Ao fazê-lo, reduzimos o “stress” emocional e potenciamos a nossa capacidade de concentração e o desempenho do corpo mental, melhoramos a nossa saúde e poupamos o nosso corpo físico a problemas que surjam por somatização dos problemas emocionais. Inicie a meditação com o controlo da respiração, tal como descrito no anexo B. Quando tiver reduzido substancialmente o ritmo cardíaco e o “ruído” dos pensamentos, prossiga com os seguintes passos: Tente recordar os acontecimentos mais relevantes dos últimos dias, aqueles que deixaram uma “impressão” mais forte. Ao fazê-lo tente analisar as reacções dos 2 lados (o seu e o outro), o que lhe pareceu certo ou errado, as reacções que provocou, o que mudaria no seu comportamento se pudesse. Nos primeiros momentos, a meditação pode tornar-se bastante activa, talvez até mesmo cansativa, mas, à medida que os 112 Quem Somos? Ideias novas precisam-se pensamentos vão correndo e as emoções vão sendo analisadas, deve conseguir uma acalmia progressiva até ser invadido por uma sensação de bem estar, acompanhada de um abrandamento profundo de actividade do seu ser consciente. Se bocejar ou lacrimejar, deixe fluir. É um processo de “limpeza energética”. Quando deixar de “ouvir” o “barulho” do seu cérebro, estará em condições de terminar a meditação. Pode escolher a altura ideal dependendo de querer gozar por mais ou menos tempo o prazer do momento. 11 Quem Somos? Ideias novas precisam-se Anexo E: Autotratamento com Reiki O Reiki é uma técnica de auto-tratamento energético por estimulação directa dos chacras, em que o praticante actua como um canal de energia, se deixa atravessar por uma energia curativa. A palavra Reiki significa algo como “Energia Divina”. O austríaco Mesmer, no século XVIII, efectuou um trabalho científico nesta área que foi bastante incompreendido. A sua investigação passou para a clandestinidade devido à perseguição que sofreu por parte da Igreja Romana. Mesmer descobriu o que chamou de “magnetismo animal”, a possibilidade da cura através do contacto com o magnetismo de outra pessoa, o curador. Utilizava principalmente a estimulação do chacra do plexo solar. No entanto, foi já no início do século XX que esta prática foi estabelecida, através do trabalho do japonês Dr. Usui. Os chacras de energia do nosso corpo são pontos de “troca”, de entrada e saída de energia. O bloqueio dos chackras ou o seu funcionamento parcial podem provocar diversos problemas de 114 Quem Somos? Ideias novas precisam-se saúde nas respectivas áreas de influência. A execução regular de auto-tratamentos Reiki é muito importante para a saúde, a todos os níveis, sendo uma das formas de medicina preventiva mais importantes da actualidade. Poder-se-à dizer de um praticante de Reiki que adoeceu, que se “deixou relaxar”. A medicina chinesa possui este tipo de conhecimento há milhares de anos, embora os ocidentais só muito recentemente tenham tomado consciência da sua importância, por experiência prática. Embora tenhamos um número considerável de chacras distribuídos pelo corpo, existem 7 chacras principais que registam uma maior actividade e concentram as atenções dos tratamentos Reiki. O chacra da base, situado entre o ânus e os orgãos sexuais, é o chacra da nossa ligação à Terra, que nutre a nossa “energia vital”. O chacra sexual, situado abaixo do umbigo, junto dos ureteres, nutre a nossa energia sexual, a nossa ligação aos outros. O chacra “plexo solar”, situado no centro do abdómen, abaixo do externo e acima do umbigo, nutre a nossa “fábrica” de energia que é o aparelho digestivo. O chacra do coração, situado na zona central junto ao coração, nutre o corpo emocional. O chacra da garganta, situado na base do pescoço, nutre a nossa 11 Quem Somos? Ideias novas precisam-se capacidade de comunicação com os outros. O chacra da 3ª visão, situado no centro da testa, nutre a nossa intuição. O chacra coronário (da coroa), situado no centro da “tampa” superior da cabeça, nutre o corpo mental e a nossa ligação aos corpos superiores. Em posição secundária, mas muito importante nos tempos que correm, temos o chacra do timo. É uma espécie de 7+1. Situado na zona central entre a base do pescoço e o chacra do coração, está ligado à nossa evolução espiritual. Há quem prefira estimulá-lo em conjunto com o chacra do coração. Outros preferem estimulá-lo separadamente. Um tratamento de Reiki requer algumas técnicas, que estão fora do âmbito desta obra, e uma transmissão prática de conhecimentos proporcionada por um “mestre”, numa cerimónia de iniciação. Esta iniciação pode ser obtida com facilidade, hoje em dia, uma vez que este tipo de conhecimento está largamente difundido. Existem 3 vertentes nestas cerimónias de iniciação: − A utilização do Reiki como técnica de cura; 116 Quem Somos? Ideias novas precisam-se − O contexto teórico expiritual; − A “abertura” dos chacras. A primeira é garantida por qualquer “mestre”. A segunda é dispensável para os leitores deste livro que leiam alguns livros aqui aconselhados. A terceira pode ser proporcionada por um “mestre” mais habilitado mas, caso não aconteça, pode ser obtida pelo “iniciado” efectuando uma série de 21 (número sagrado) autotratamentos nos 21 dias seguintes à cerimónia de iniciação. Tendo em conta que um tratamento completo poderá “levar” cerca de 1 hora, não deixa de ser um sacrifício acordar 1 hora mais cedo 21 dias seguidos. Mas a vida é assim, um sacrifício aqui em troca de um benefício acolá. Ficam aqui mais algumas notas sobre a prática do Reiki. Como sinal de uma boa iniciação e de uma prática correcta, deve conseguir identificar a localização correcta dos seus chacras. Se forem bem estimulados, estes vibram com movimentos circulares e ondulatórios que são perceptíveis ao tacto. Algumas pessoas podem chegar a sentir “dores” na “tampa” da cabeça, junto ao chacra coronário. São pequenos “deslocamentos” temporários da ossatura, que retoma a forma 11 Quem Somos? Ideias novas precisam-se normal após o tratamento. Estes sintomas também podem surgir associados a determinadas emoções “especiais”, que ressoam a um nível superior, ao nível da alma, por despertarem recordações de vidas passadas num nível subconsciente. Por outro lado, no caso de ter problemas psíquicos e estar a efectuar algum tratamento (tomar medicação), a prática do Reiki pode trazer problemas graves, pelo que é desaconselhada nesta situação. A solução neste caso passaria pela interrupção da medicação e por um conjunto de tratamentos de Reiki ministrados por um “mestre” experiente, que manteria o acompanhamento regular do estado de saúde do paciente. O Reiki pode ser aplicado por um iniciado no tratamento de outras pessoas. Tanto em presença como à distância (entre o praticante e o paciente). Para melhor fiabilidade, os tratamentos em presença são preferenciais. Enquanto energia de cura e sendo um método natural, o Reiki pode “piorar” temporariamente o estado de saúde de um paciente, em caso de doença, antes de atingir um estado de saúde mais elevado. Um pouco à semelhança do estado febril para debelar uma infecção. Se deixarmos o corpo “mergulhar” na febre para combater uma virose, por exemplo, a capacidade de resistência do organismo a este tipo de ataque fica reforçada. Se formos logo tomar comprimidos aos primeiros sintomas de febre para que esta não avance, a capacidade de resistência do corpo a este tipo de microorganismo ficará bastante diminuída. 118 Quem Somos? Ideias novas precisam-se A energia do Reiki ajuda o corpo a restabelecer o equilíbrio, a combater os microorganismos e a restabelecer a saúde. É uma energia de amor. Não é um ataque com “napalm” aos organismos invasores, que traga a sua destruição! Um praticante de Reiki “equilibrado” é um curador com uma capacidade notável. Analise as situações à sua volta, antes de oferecer os seus serviços. Tal como em qualquer outra forma de tratamento, a experiência do praticante de Reiki é fundamental ao tratar de pessoas doentes. Comece por situações menos graves. Como regra base, nenhum tratamento deve ser ministrado sem o consentimento expresso do doente, que serve também como uma espécie de “compromisso assinado” para a cura. Nenhuma cura pode ser obtida sem a vontade do paciente em se curar! 11