890 Natacha John, Rachel Cardone & Sergionei Correa Nossa Constituição Federal, por sua vez, concebeu o caráter de direito e dever fundamental de todos à preservação de um meio ecologicamente equilibrado24, assim, impõe tanto ao Poder Público como à coletividade o dever de preservá-lo e defendê-lo para as presentes e futuras gerações. Observa-se ainda ser o nosso sistema jurídico ambiental constituído por vasta legislação protetiva do ambiente, incluindo as águas. No entanto, a explícita degradação que o homem vem causando à natureza e sua inércia sobre a real existência de uma sociedade de risco demonstra que as normas ambientais vigentes, embora modernas, carecem de real eficácia, tanto jurídica quanto social. Em uma época em que as indetermináveis consequências da evolução tecnológica e do desenvolvimento representam concretas ameaças à sociedade, tal constatação toma graus assustadores e preocupantes25. Diante do cenário atual, o que se percebe é que a legislação sobre águas subterrâneas seja ela federal estadual ou municipal se tornou muito pouco operacional, cabendo à sociedade exigir o seu cumprimento, através dos mecanismos legais 24 25 Sivini Ferreira, José Rubens Morato Leite (Orgs). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. p. 119. “O que é importante – escrevemos de outra feita – é que se tenha a consciência de que o direito à vida, como matriz de todos os demais direitos fundamentais do Homem, é que há de orientar todas as formas de atuação no campo da tutela do meio ambiente. Cumpre compreender que ele é um fator preponderante, que há de estar acima de quaisquer outras considerações como as de desenvolvimento, como as de respeito ao direito de propriedade, como as da iniciativa privada. Também estes são garantidos no texto constitucional, mas, a toda evidência, não podem primar sobre o direito fundamental à vida, que está em jogo quando se discute a tutela da qualidade do meio ambiente. É que a tutela da qualidade do meio ambiente é instrumental no sentido de que, através dela, o que se protege é um valor maior: a qualidade de vida.” SILVA, José Alfonso da. Direito Ambiental Constitucional. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 70. Nas palavras de Ilya Prigogine, “assistimos ao surgimento de uma ciência que não mais se limita a situações simplificadas, idealizadas, mas nos põe diante da complexidade do mundo real”. PRIGOGINE, Ilya. O fim das certezas. Tempo, caos e as leis da natureza. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Unesp, 1996. p. 14. I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia Os Direitos Humanos e a sua Proteção 25 e 26 de abril de 2013