Ação social e tipo ideal Ação social é qualquer ação que um indivíduo faz orientandose pela ação dos outros. Por exemplo, um eleitor define seu voto orientando-se pela ação dos demais eleitores. Embora o ato de votar seja individual, a compreensão do ato só é possível se percebermos que a escolha feita por ele tem como referência o conjunto dos demais eleitores. Os tipos de ação social identificado por Max Weber são: Tipos de ação social Racional por valor Racional por fim Tradicional Afetiva Elemento polarizador Valor (determinado pela crença em um valor considerado importante) Finalidade (determinado pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios) Tradição (determinado por um costume ou hábito) Sentimento (determinado por afetos ou estados sentimentais) A partir desta classificação é possível perceber que o homem dá sentido à sua ação. Cada sujeito age levado por um motivo que se orienta pela tradição, interesses racionais ou pela emotividade. Ponto de reflexão O ato de comprar uma mercadoria pode ser considerado uma ação social? O tipo ideal é um recurso metodológico que permite dar um enfoque ao pesquisador em meio à variedade de fenômenos observáveis na vida social. Consiste basicamente em enfatizar determinados traços da realidade, mesmo que estes não se apresentem assim nas situações efetivamente observáveis. 16.1 A tarefa do cientista Há uma fronteira que separa o cientista, homem do saber – do político, homem da ação. E qual a relação entre ciência e política, ou entre o cientista e o político? Concebendo o cientista como o homem do saber, das análises frias e penetrantes, e o político como o homem de ação e decisão, comprometido com as questões práticas, identifica dois tipos de ética: a ética do cientista é a ética da convicção, e a ética do político é a da responsabilidade. Cabe ao cientista oferecer ao político o entendimento claro de sua conduta. 16.1.1 A ética protestante e o espírito do capitalismo Busca examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos indivíduos. Através de pesquisas, constatou-se que para algumas seitas protestantes puritanas, o êxito econômico era um indício da bênção de Deus. A partir de dados estatísticos, que mostram a proeminência de adeptos da Reforma entre os grandes homens de negócio, procuram-se estabelecer as conexões entre a doutrina protestante e o desenvolvimento do capitalismo. Conclui-se que os valores como a disciplina, a poupança, a austeridade, a propensão ao trabalho foram fundamentais para o desenvolvimento do capitalismo. Portanto, é possível estabelecer relação entre religião e sociedade, na medida que a primeira dá aos indivíduos um conjunto de valores que são transformados em motivos de ação. A motivação protestante para o trabalho é encará-lo como uma vocação, como um fim absoluto em si mesmo, e não com o ganho material obtido através dele. Ao buscar sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano adapta-se facilmente ao mercado de trabalho. Ao analisar os valores do catolicismo e do protestantismo, conclui-se que os últimos revelam a tendência ao racionalismo econômico que predomina no capitalismo. 16.1.2 Teoria da burocracia e os tipos de dominação A burocracia tem uma presença marcante na sociedade moderna e é definida como uma estrutura social na qual a direção das atividades coletivas fica a cargo de um aparelho impessoal hierarquicamente organizado, que deve agir segundo critérios impessoais e métodos racionais. Burocracia designa poder, controle e alienação e é baseada na razão e no direito. A burocracia surge das necessidades técnicas de coordenação e supervisão, da necessidade de planejar a produção. Ela protege o indivíduo e dá tratamento igualitário às partes interessadas. Eis abaixo algumas características da burocracia: 1. Todas as burocracias têm uma divisão explícita de trabalho, com cada posição com um conjunto limitado de responsabilidades. 2. As normas que governam o comportamento em qualquer posição são explícitas, claras e codificadas em forma escrita. 3. Posições diferentes são ordenadas hierarquicamente, com posições e postos mais altos supervisionando os mais baixos. 4. Os indivíduos devem reprimir emoções e paixões quando desempenham seus papéis designados. 5. As pessoas ocupam posições por competência técnica e não por atributos pessoais. 6. As posições e postos não pertencem à pessoa, mas às organizações. A burocratização tende a se generalizar a todos os setores da vida social: a economia, a política e a cultura. Ponto de reflexão: A burocracia é necessária? Sim, pois sem ela as organizações se perderiam na improvisação e no arbítrio. Para Weber, a função da burocracia é reduzir conflitos e as regras economizam esforços, pois eliminam a necessidade de encontrar uma nova solução para cada problema, além de facilitar a padronização e igualdade no tratamento de muitos casos. Os tipos puros de dominação encontrados em uma sociedade são classificados em: - Dominação tradicional - a legitimidade deste tipo de dominação vem da crença dos dominados de que há qualidade na maneira como nossos antepassados resolveram seus problemas. É caracterizada por uma relação de fidelidade política. - Dominação carismática - a legitimidade vem do carisma, da crença em qualidades excepcionais de alguém para dirigir um grupo social. Neste tipo de dominação, há uma devoção afetiva ao dominador, que geralmente é portador de um poder intelectual ou de oratória. - Dominação racional legal - a legitimidade provém da crença na justiça da lei. Neste caso o povo obedece porque crê que ela é decretada segundo procedimentos corretos. Ponto de reflexão: Como a dominação é exercida em seu trabalho? Max Weber não considerava o capitalismo injusto, irracional ou anárquico. As instituições, como a grande empresa, constituíam demonstração de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de eficiência e precisão1. Sua crítica à burocracia é que ela levou a um desencantamento do mundo, tirando seu caráter mágico e mecanizando as relações humanas. A racionalidade do capitalismo conduzianos a um mundo cada vez mais intelectualizado e artificial que abandonaria para sempre os aspectos mágicos e intuitivos do pensamento. Sua visão dos tempos modernos era melancólica e pessimista.