Hipertensão Arterial na Infância
ESCS / Hospital Regional da Asa Sul
Brasília, 2006
Nícolas Thiago Nunes Cayres de Souza - 01/0062
Marcelo Oliveira Prata - 01/0082
Internos da Escola Superior de Ciências da Saúde
Drª Elisa de Carvalho
Drª Sueli Falcão
Orientadoras
Clube de Revista
Artigo de revisão
Hipertensão arterial na infância
Cláudia Maria SalgadoI; João Thomaz de
Abreu CarvalhaesII
J Pediatr (Rio J) 2003; 79 Suppl 1: S115-24
I Mestre em Pediatria - UNIFESP. Médica do Departamento de Pediatria e Puericultura
e da Liga de Hipertensão Arterial, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO
IIProfessor Adjunto do Departamento de Pediatria - UNIFESP. Chefe do Setor de
Nefrologia da Disciplina de Especialidades Pediátricas, Departamento de Pediatria
- UNIFESP
Objetivo:

Realizar uma revisão crítica da
literatura atual, enfocando aspectos
práticos e relevantes para o
diagnóstico e tratamento ambulatorial
da criança com hipertensão arterial.
Fontes de Dados

Artigos
clássicos
e
revisão
sistemática da literatura atual
através de busca eletrônica nos
bancos de dados Medline e Lilacs,
nos últimos 10 anos, utilizando-se
as
palavras-chave hipertensão
arterial, recém-nascido, lactente,
pré-escolar, criança e adolescente,
selecionando-se
aqueles
que
trouxeram informações relevantes.
Hipertensão Arterial
Conceito
III Consenso Brasileiro de H.A.:
 multifatorial;
 níveis tensionais elevados;
 alterações metabólicas,
 alterações hormonais
 fenômenos tróficos (hipertrofia
cardíaca e vascular).
Pressão arterial normal
em crianças


População adulta → definição
epidemiológica;
Crianças e adolescentes
definição estatística.
→
Pressão arterial normal
em crianças
Relatórios da Força Tarefa (Task Force);

1993: Rosner et al → valores limites (p90
e p95) específicos para cada percentil de
estatura, separados para idade e sexo;
 1996: mais recente atualização adotando
os conceitos do trabalho de Rosner et al.

Pressão arterial normal
em crianças
Resoluções da atualização de 1996:
 5º som de Korotkoff → define a pressão diastólica;
pressão normal: P. A . sistólica e diastólica < p90;
pressão normal-alta ou limítrofe: P. A . sistólica ou
diastólica entre o p90 e p95;
hipertensão arterial: P. A . sistólica ou diastólica > p 95,
(três ocasiões diferentes);
hipertensão arterial do jaleco branco: no consultório,
que não é confirmada através das medidas na
monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA).
Medida da pressão arterial
Segunda Força Tarefa Americana (1987):



> 3 anos → pressão arterial aferida ao
acompanhamento pediátrico ambulatorial,
segundo normas apropriadas;
< 3 anos → métodos automáticos: única
maneira de diagnosticar precocemente
doenças potencialmente graves;
Ao menos duas medidas em ocasiões
diferentes para classificar a P.A. em
crianças e adolescentes.
Prevalência


1% a 13% → Relatos de diversos
autores nacionais e estrangeiros;
Valor 1% →medida repetidas
vezes, como recomendado p/ Dx.
Evolução no fase adulta
 Bogalusa e Muscatine: Pressão arterial na infância
como fator de risco de hipertensão no adulto;
 Forte correlação entre hipertensão arterial X sobrepeso
e obesidade;
 Triagem de crianças c/ risco de tornarem-se adultos
hipertensos → intervenção precoce.
Determinantes da PA
Genéticos:



Anormalidades dentro de um conjunto
complexo de sistemas (transporte de
eletrólitos, os mecanismos de controle
simpático e endócrino, etc) cada qual com
alterações genéticas em potencial;
Alteração em algum desses genes ou uma
combinação de alterações = manifestação
clínica de hipertensão arterial;
Hereditários: 20 – 50% da variação da PA.
Determinantes da PA
Ambientais:






Fatores perinatais (PC, Estatura, Apgar,
prematuridade e peso) →``Hipótese de Barker``;
Sódio / sensibilidade;
Potássio;
Obesidade;
Estresse;
Outros.
Etiologia
Recém-nascidos:

trombose de artéria renal;
Cateterização: ↑ risco

estenose de artéria renal;
 trombose venosa renal;
 anormalidades renais congênitas;
 coarctação da aorta → observar >15 d / vida;
 displasia broncopulmonar (menos comum);
 PCA (menos comum);
 hemorragia intraventricular (menos comum).
Etiologia
Primeiro ano de vida:

coarctação da aorta

doença renovascular;

doença do parênquima
renal.
De 1 a 6 anos:
 doença do
parênquima renal;
 doença renovascular;
 coarctação da aorta;
(pós-ictal);
 hipertensão
essencial;
 causas endócrinas
(menos comum).
Etiologia
De 6 a 12 anos:
 doença do parênquima
renal;
 doença renovascular;
 hipertensão essencial;
 coarctação da aorta;
 causas endócrinas
(menos comum);
 iatrogênicas (menos
comum).
De 12 a 18 anos:
hipertensão essencial;

iatrogênicas;

doença do parênquima
renal;

doença renovascular
(menos comum);

causas endócrinas (menos
comum);

coarctação da aorta (menos
comum).

Investigação – algoritmo da força tarefa
História clínica bem detalhada :
- história pré-natal e do parto (peso de nascimento, história de
sofrimento fetal, anóxia neonatal, cateterismo umbilical, etc.);
-
- sintomatologia específica da hipertensão (cefaléia, vômitos,
escotomas, etc.);
-
- doenças renais e urológicas atuais ou pregressas (ex. infecções
urinárias);
-
- uso de medicações (vasoconstritor nasal ou oral, corticóides,
anticoncepcionais);
-
- sintomas sugestivos de causa endócrina (ex. perda de peso,
sudorese, taquicardia, palpitação, febre, câimbras e fraqueza
muscular);
-
- história familiar de hipertensão essencial e suas complicações, ou
doença genética associada à hipertensão secundária (ex. doença
policística, etc.).
Investigação – algoritmo da força tarefa
Exame físico:
- medida da pressão arterial em membro superior e inferior e a
palpação cuidadosa de pulsos em quatro extremidades, auxiliando
o diagnóstico de coarctação da aorta e arterite de Takayassu;
-
achados sugestivos de genitália ambígua lembram hiperplasia
congênita de supra-renal;
-
- sinais físicos sugestivos de doenças genéticas (ex.:neurofibromas e manchas café-com-leite na neurofibromatose);
-
- sinais sugestivos de causa endócrina - obesidade central,
fáscies de lua cheia, estrias, hirsutismo,  da tireóide, etc.;
-
- sinais de doença renal ou renovascular - massa renal ou rins
aumentados de volume, edema, sopro abdominal.

Fundoscopia (angiopatia hipertensiva), ECG, Ecocardiograma;
Investigação – algoritmo da força tarefa
Tratamento não farmacológico




Prevenção da obesidade;
 da ingestão do sal /álcool;
Exercícios físicos regulares;
Não utilização de drogas
que  PA.
Tratamento farmacológico
Indicações:
* hipertensão arterial secundária;
* hipertensão arterial sintomática;
* hipertensão arterial com lesão em
órgão-alvo;
* hipertensão arterial grave: níveis
pressóricos > 20% do p95;
* hipertensão arterial que não melho-ra
com a terapia não farmacológica.
Tratamento farmacológico




Bloqueadores do canal de
cálcio → Crise hipertensiva;
Inibidores da ECA;
Renovascular
Diuréticos;
Betabloqueadores → SNC.
Conseqüências da hipertensão
na infância
Aterosclerose;
 Hipertrofia ventricular
esquerda (HVE );
 Angiopatia Hipertensiva;
 Alterações/distúrbios
renais.

Conclusão
O reconhecimento precoce da pressão
arterial anormal e a intervenção
(investigação e tratamento) adequada
são necessários para diminuir a
morbidade/mortalidade cardiovascular e
renal futura.
Acesse este artigo integral no Medline
Salgado CM, Carvalhaes JT.Related
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childhood]
J Pediatr (Rio J). 2003 May;79 Suppl 1:S11524.
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