Prof. Custódio O Mercado Monetário 05/11/2015 1 Origem e conceito de moeda. Banco central e base monetária. Bancos comerciais, meios de pagamento e multiplicação monetária. Instrumentos de controle monetário. Equilíbrio monetário. Equilíbrio no mercado monetário. Derivação gráfica do equilíbrio no mercado monetário. Determinação da curva LM. Variações exógenas e introdução à política monetária. O Mercado Monetário 05/11/2015 2 • Os primeiros agrupamentos humanos, em geral nômades, realizavam trocas diretas em espécie, denominadas escambo. • As necessidades eram limitadas a itens vitais como alimentação e proteção. • Os membros do grupo desenvolviam primitivos processos de conservação de produtos extraídos da natureza, acumulando excedentes que se destinavam, num estágio mais avançado, as trocas. • Tornava-se relativamente fácil a ocorrência de dupla coincidência numa operação rudimentar de troca, onde a compra não se distinguia da venda. • A troca traduzia uma operação típica de escambo, sem intervenção de instrumentos monetários. O Mercado Monetário 05/11/2015 3 • A partir da primeira revolução agrícola a vida social tornou-se mais complexa. • A especialização e a divisão social do trabalho, ainda que em estágio primitivo, começaram a manifestar-se: guerreiros, agricultores, pastores, artesãos e sacerdotes, são algumas das funções. • Para permitir o desenvolvimento das trocas, fundamentais para o progresso social, o escambo foi dando lugar, gradativamente, a processos indiretos de pagamento. • A generalizada aceitação de determinados produtos, recebidos em pagamento das transações econômicas, configura a origem da moeda. O Mercado Monetário 05/11/2015 4 • A moeda, mesmo em seu estágio mais primitivo, pode ser conceituada como um bem econômico qualquer de aceitação geral que desempenha as funções básicas de: • Intermediário de trocas; • Medida de valor; • Reserva de valor. • Cabe observar que aceitação geral é um fenômeno essencialmente social. O Mercado Monetário 05/11/2015 5 • Função de intermediária de trocas Superação da economia de escambo para economia monetária. • Função de medida de valor Os bens e serviços passam a ter seus valores expressos em unidade monetária. • Função de reserva de valor Poder de aquisição, forma alternativa de guardar riqueza. • Função liberatória Poder de saldar dívidas, de liquidar débitos. • Função de padrão de pagamentos diferidos Capacidade de distribuir pagamentos ao longo do tempo. O Mercado Monetário 05/11/2015 6 • Função de instrumento de poder Os que detêm moeda possuem direitos de haver sobre os bens e serviços disponíveis no mercado, tanto maiores e mais amplos, quanto maior for a reserva de valor em moeda. A moeda é um contrato social. O Mercado Monetário 05/11/2015 7 • Indestrutibilidade e inalterabilidade A moeda deve ser suficientemente durável, à medida que é manuseada na intermediação das trocas. • Homogeneidade Duas unidades monetárias do mesmo tipo e distintas, mas de igual valor, devem ser rigorosamente iguais. • Divisibilidade A moeda deve possuir múltiplos e submúltiplos de forma que as transações possam realizar-se sem dificuldades. • Transferibilidade Facilidade de transferência da moeda de um possuidor para outro. O Mercado Monetário 05/11/2015 8 • Facilidade de manuseio e transporte O manuseio e o transporte da moeda não podem prejudicar nem dificultar sua utilização. O Mercado Monetário 05/11/2015 9 • As moedas-mercadorias. • A origem e a evolução do metalismo. • O aparecimento da moeda-papel. • A criação da moeda fiduciária. • A moeda bancária ou escritural. O Mercado Monetário 05/11/2015 10 • O requisito necessário para que se depositasse confiança na moeda era sua utilidade para todos. • O valor de uso servia, assim, de garantia para o valor de troca. • Sal, arroz, trigo e o gado são alguns exemplos de moeda-mercadoria. O Mercado Monetário 05/11/2015 11 • Em razão das características que uma moeda precisa possuir, os metais passam a substituir as moedas-mercadorias, principalmente, porque seu valor de uso não compromete nem compete tão diretamente com seu valor de troca. • A utilização dos metais viabilizou o processo de cunhagem, o que garantiu a certificação do peso da moeda e de sua circulação. • Na Idade Média, os senhores feudais assumiram o poder exclusivo de cunhar moedas e de alterar seu valor nominal. • Inicialmente, os metais empregados foram o cobre, o bronze e, notadamente, o ferro. A abundância desses metais comprometia a função básica de reserva de valor. • Progressivamente os metais não nobres foram sendo substituídos pelo ouro e pela prata que eram suficientemente escassos. O Mercado Monetário 05/11/2015 12 • As moedas de ouro e prata apresentavam riscos de assaltos, comuns à época, ao serem transportadas por comerciantes que, na Idade Média, iam fazer negócios em lugares distantes. • Passou-se a adotar o costume de depositar as moedas em instituições denominadas Casas de Custódia, que assumiam o compromisso de guardar tais valores para seus proprietários. • Essas casas forneciam Certificados de depósito e, progressivamente, tais certificados passaram a ser usados como moeda. • A moeda-papel teve por característica ser uma moeda representada por um papel, mas que era lastreada integralmente por metal precioso. O Mercado Monetário 05/11/2015 13 • O uso generalizado da moeda-papel abriu campo para o surgimento de uma modalidade de moeda, não integralmente lastreada. • A experiência da custódia e da conversibilidade mostrou que o lastro metálico integral (100%) em relação aos certificados em circulação não era necessário para a operacionalização desse novo sistema monetário. • A confiança dos comerciantes e, de forma geral, da comunidade, nos fiéis e honrados depositários do ouro e da prata ensejou a criação da moeda fiduciária ou papel-moeda. O Mercado Monetário 05/11/2015 14 • O desenvolvimento do sistema bancário e da intermediação financeira levou ao surgimento da moeda bancária ou escritural. • A moeda escritural é representada pelos depósitos do público nos bancos comerciais e que são movimentados pelos seus titulares através de cartão ou cheques. • É importante notar que a moeda , nesse caso, é o depósito e não o cheque. O Mercado Monetário 05/11/2015 15 Banco Central — Trata-se de uma instituição, normalmente pública, cuja principal tarefa é a execução da Política Monetária visando a manutenção do valor da moeda nacional, assegurada pela estabilidade dos preços dos bens e serviços transacionados nos limites do país. Base Monetária — Corresponde ao estoque líquido de papelmoeda, o que sugere a possível ocorrência de sua desacumulação. Por meio dela o Bacen executa parte da Política Monetária e garante a liquidez da economia. Bacen emite base monetária Bacen destrói base monetária O Mercado Monetário 05/11/2015 16 Fontes primárias de criação ou destruição de base monetária: Externa — materializada nas trocas de moeda nacional por divisas, gerando aumento ou queda nos níveis, tanto das reservas internacionais como da base monetária. Interna — Ocorre quando o Bacen aumenta ou reduz o montante dos créditos ao governo (através da compra ou venda de títulos públicos) ou ao setor privado (através do mecanismo do redesconto), sobre os quais normalmente mantém controle. O Mercado Monetário 05/11/2015 17 Outras definições de Base Monetária: • Base Monetária = PMC + Reservas Bancárias • PMC = PMPP + Caixa dos Bancos Comerciais • Encaixes Banc. = Cx. Banc. Com. + Res. Bancárias • Base Monetária = PMPP + Encaixes Bancários O Mercado Monetário 05/11/2015 18 Balanço Sintético do Bacen Ativo Passivo Reservas internacionais Base Monetária Crédito doméstico —Papel-moeda em circulação • ao setor privado • Em poder do público • ao setor público • Cx. Bancos comerciais —Reservas bancárias Base Monetária é um passivo do Bacen e, como tal, não é uma propriedade sua e sim um compromisso que ele tem com a sociedade. O Mercado Monetário 05/11/2015 19 MEIOS DE PAGAMENTO (M1) São os recursos monetários utilizados na economia para fazer pagamentos entre os agentes econômicos, também conhecidos como oferta de moeda, compreendem: PAPEL MOEDA EM PODER DO PÚBLICO É o chamado dinheiro vivo carregado pelas pessoas e pelas organizações não bancárias por meio de seus caixas. DEPÓSITO À VISTA NOS BANCOS COMERCIAIS É o dinheiro depositado em conta corrente no banco, também conhecido como moeda escritural. Por meio deles os bancos criam moeda ao emprestar dinheiro para outras pessoas, gerando um ciclo de depósitos (passivo) e empréstimos (ativo). O Mercado Monetário 05/11/2015 20 Além do conceito tradicional de oferta monetária, tem-se desenvolvido outras definições que abrangem a quasemoeda, em virtude da relativa facilidade da conversibilidade desta em moeda. No Brasil, o Banco Central divulga, além do M1, os seguintes conceitos de moeda: M2 M1 + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias CDB’s). M3 M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas registradas no SELIC. M4 M3 + títulos públicos de alta liquidez. 05/11/2015 O Mercado Monetário 21 Deve-se entender criação ou destruição de moeda como sendo a mesma coisa que criação ou destruição de meios de pagamento (no conceito tradicional, ou seja, M1). Criação ou destruição de moeda envolve uma transação entre o setor bancário e o setor não bancário da economia. Então teremos criação de moeda quando ocorrer uma troca entre um ativo não-monetário (de liquidez não imediata) do setor não-bancário por um ativo monetário do setor bancário. Teremos destruição de moeda se a troca for entre um ativo monetário do setor não-bancário por um ativo não-monetário do setor bancário. O Mercado Monetário 05/11/2015 22 Existe uma relação bastante estável e previsível entre base monetária e meios de pagamento. Assim, sabese que: M K m M K m .B B Sendo M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e Km o multiplicador da base monetária. O Mercado Monetário 05/11/2015 23 Definem-se os seguintes coeficientes de comportamento: Proporção de caixa do público (c): P c M Proporção que o público prefere manter sob a forma de depósito (d): D d M Relação encaixe/depósitos (r): 05/11/2015 R r D O Mercado Monetário 24 Assim, podemos obter o Multiplicador da Base Monetária: 1 Km 1 d(1 r) Quanto maior o d, maior o valor de Km. Este é um fato lógico, pois quanto maior a propensão do público a utilizar a moeda escritural (medida por d), maior será a expansão da mesma e, por conseqüência, dos meios de pagamento. Quanto maior o r , menor o valor de Km. Isto também é lógico, pois quanto maiores os encaixes bancários, menos recursos disponíveis os bancos têm para emprestar, o que reduzirá o processo de expansão da moeda escritural. O Mercado Monetário 05/11/2015 25 Dinâmica do Mercado O Mercado Monetário 05/11/2015 26 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA Depósitos Compulsórios Regula a expansão de M1 (moeda em circulação). Se: Dep. Compulsório M1 Se: Dep. Compulsório M1 O Mercado Monetário 05/11/2015 27 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA Redesconto ou Empréstimo de Liquidez Empréstimo aos bancos para fazer frente à necessidade momentânea de caixa. As taxas cobradas têm um caráter punitivo (SELIC + spread de 14 a 20% a.a.). Se: Taxa de juros M1 Se: Taxa de Juros M1 O Mercado Monetário 05/11/2015 28 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA Open Market Mais ágil de todos os instrumentos, pois permite o controle diário da oferta de moeda (M1) e o custo primário do dinheiro, através das operações de Overnight. Compra de títulos: M1 taxa juros primária Venda de títulos: M1 taxa juros primária O Mercado Monetário 05/11/2015 29 Mercado de Reservas Bancárias Taxa Selic Mercado Financeiro Financiamento Poupança, CDB etc. Empréstimo O Mercado Monetário 05/11/2015 30 O MECANISMO DE TRANSMISSÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA Taxas de Mercado Investimento Privado Preço dos Ativos TAXA SELIC Expectativas Consumo de Bens Duráveis Exportações Líquidas Demanda Agregada INFLAÇÃO Crédito Choques Externos Taxa de Câmbio Preços Externos O Mercado Monetário 05/11/2015 31 Oferta de moeda Criação primária de moeda por parte do Bacen. Multiplicação pelo sistema bancário até se chegar aos meios de pagamento (M1), também denominado oferta nominal de moeda (Ms). Admite-se que o Bacen consegue manter um controle total sobre a emissão primária de moeda e sobre o seu processo de multiplicação pelos bancos. Logo a oferta nominal de moeda é exógena, ou seja, não depende de qualquer outra variável econômica. A oferta real de moeda (ms) é, por sua vez, a razão entre a oferta nominal e o índice de preços (P) ms = Ms/P O Mercado Monetário 05/11/2015 32 Demanda por moeda No modelo macroeconômico que se está desenvolvendo, supõe-se a existência de apenas dois ativos: Moeda e Títulos ( toda a riqueza dos agentes econômicos está guardada, exclusivamente, nas formas de moeda ou de títulos). Diferenças fundamentais entre moeda e títulos: • Somente a moeda tem a característica de ser generalizadamente aceita nas transações; • A moeda não tem qualquer forma de rendimento, enquanto os títulos oferecem sempre algum tipo de ganho. Se os títulos rendem juros, por que então os agentes econômicos mantêm moeda? O Mercado Monetário 05/11/2015 33 Demanda transacional por moeda os agentes econômicos ao comprar bens e serviços precisam dela. • Parece razoável que, quanto maior é a renda de um agente econômico, maior é a sua demanda por moeda transacional. • Então, quando a renda aumenta, espera-se que se eleve a quantidade demandada de moeda com finalidade transacional. • Trata-se de uma demanda por moeda em valor real, já que se destina a transações. Se os preços dos bens e serviços aumentam, o volume de moeda necessário para adquiri-los eleva-se igualmente. Podemos então escrever: T M T T m m ( y) k(y) P O Mercado Monetário 05/11/2015 34 y k ( y) m = M/P Gráfico 2.1 Demanda transacional de moeda. O Mercado Monetário 05/11/2015 35 Demanda especulativa de moeda Outra motivação para a retenção de moeda é a especulativa. Se, somente os títulos rendem juros quanto maior é a taxa real de juros, maior é a demanda pelos títulos. Como toda riqueza é distribuída entre títulos e moeda, uma maior demanda por um dos ativos significa uma menor demanda pelo outro. Então, quando a taxa de juros se eleva, aumenta a quantidade demandada de títulos e reduz-se a quantidade demandada de moeda para fins especulativos. Pode-se então, escrever: E M E E m m ( r ) ( r ) P O Mercado Monetário 05/11/2015 36 r ( r ) m = M/P Gráfico 2.2 Demanda especulativa de moeda. O Mercado Monetário 05/11/2015 37 Função demanda por moeda: MD T E m m ( y) m (r) k(y) (r) P D Gráfico 2.3 Demanda total (transacional e especulativa) de moeda. O Mercado Monetário 05/11/2015 38 O equilíbrio no mercado monetário ocorre quando, como em qualquer outro mercado, as quantidades ofertadas e demandadas forem iguais, isto é: MS k(y) (r ) P O lado esquerdo é um valor conhecido, já que se sabe qual é o índice geral preços (P) e a oferta nominal de moeda (MS) , restando portanto, uma equação com duas variáveis (y e r). Isso significa que não se tem uma solução única (um ponto) e sim infinitas situações (uma curva) de equilíbrio do mercado monetário, ou seja, existem infinitos pares de valores da renda e da taxa de juros que podem equilibrar o mercado monetário. O Mercado Monetário 05/11/2015 39 y mD(r2) A y2 A2 mD(r1) y1 A1 y0 A0 0 mD(r0) MS/P0 m = M/P Equilíbrio do mercado monetário. O Mercado Monetário 05/11/2015 40 r B r2 A2 mD(y2) r1 A1 r0 A0 mD(y1) mD(y0) 0 MS/P0 m = M/P Equilíbrio do mercado monetário. O Mercado Monetário 05/11/2015 41 r C LM(P0) r2 A2 r1 A1 r0 0 A0 y0 y1 y2 Y Gráfico 2.4 Equilíbrio do mercado monetário. O Mercado Monetário 05/11/2015 42 Gráfico 2.4 Equilíbrio do mercado monetário. O Mercado Monetário 05/11/2015 43 Gráfico 2.5 Obtenção da curva LM pelo diagrama de quatro quadrantes. O Mercado Monetário 05/11/2015 44 Gráfico 2.6 Aumento da oferta de moeda. O Mercado Monetário 05/11/2015 45 Gráfico 2.7 Informatização do sistema financeiro. O Mercado Monetário 05/11/2015 46