Aspectos importantes PALESTRA
da cadeia produtiva da carne suína.
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ASPECTOS IMPORTANTES DA CADEIA
PRODUTIVA DA CARNE SUÍNA
Fernando Gomes de Castro Júnior
Instituto de Zootecnia
Andradina - SP
E-mail: [email protected]
RESUMO
A modernização e a competitividade do processo produtivo da
carne suína decorre da melhoria da eficiência, vislumbrada não somente na atividade (produção primária), mas também nos segmentos situados à montante e a jusante. À montante: suporte tecnológico
(zootécnico, sanitário, sócio-econômicos e de impacto ambiental),
indústria de ração, produção de milho e soja, industria de saúde animal, material genético, equipamentos, consultorias, assistência técnica e associação de criadores. Produção primária de suínos estratificada de acordo com: a área,
a estrutura social, o grau de tecnologia, o adensamento de suíno, a produção, as propriedades, os
sistemas de produção, o tipo de exploração, os indicadores de produtividade e sanitário. À
jusante: consumo e abate estadual, capacidade de abate instalada, destinação das carcaças e distribuição dos produtos processados e in natura. A cadeia de suíno brasileira congrega o complexo
industrial que representa 54% da produção brasileira, apresentando desde 1999 uma taxa de
crescimento superior a produção de suíno do Estado de São Paulo, que é aproximadamente 25%
da demanda. No intuito de estimular a cadeia produtiva de suíno do Estado de São Paulo há
necessidade de: fortalecer a agricultura familiar através da identificação de nichos de mercado a
nível regional, estimular o modelo associativista do condomínio e agregar os agentes do
agronegócio paulista.
PALAVRAS-CHAVE: Cadeia produtiva, complexo industrial, suíno, Estado de São Paulo.
ABSTRACT
IMPORTANT ASPECTS OF THE SWINE MEAT PRODUCTIVE CHAIN. The modernization
and the competitiveness of the productive process of swine meat begin with the improvement of
the efficiency, seen not only in the activity, but also in the segments placed before and after he
primary production. Segments before the primary production: technical support (animal
production, animal health, socioeconomic and environment impact), food industry, soybean
and corn production, animal health industry, genetic materials, equipment, consultant, technical
assistance and breeding association. Primary swine production stratified according with: areas,
social structure, technology grade, swine density, production, livestock, production system,
exploration type, productive indicator and animal health. Segments after the primary production:
meat consumption, slaughter capacity installed, carcass destination and distribution of processed
and in natura products. The Brazilian swine meat chain involves the industrial complex that
represents 54% of the Brazilian production, presenting as of 1999 a rate of superior growth to the
swine production of the state of São Paulo, which is approximately 25% of the demand. With the
aim of stimulating the swine meat chain in state of São Paulo it is necessary to: invigorate of the
family farms, stimulate the condominium associated model and aggregate the agribusiness
agents.
KEY WORDS: Productive chain, industrial complex, swine, São Paulo state.
As cadeias resultam da crescente divisão do
trabalho e maior interdependência entre os agentes
econômicos, sendo criados pelo processo de desintegração vertical e especialização técnica e social. As
pressões competitivas por maior integração e coorde-
nação entre as atividades ao longo das cadeias, ampliam
a articulação entre os agentes. Assim, a cadeia produtiva seria um conjunto de etapas consecutivas pelas
quais passam e vão sendo transformados e transferidos
os diversos insumos. Este conceito abrangente permite
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incorporar diversas formas de cadeias, que quando
segmentadas longitudinalmente seria uma cadeia
produtiva empresarial, onde cada etapa representa
uma empresa ou um conjunto de empresas, que participam de um acordo de produção estabelecendo-se
assim os complexos industriais.
A atividade suinocultura em uma visão ampla
dentro do conceito de complexo agro-industrial é o
produto meio de um enfoque meso-econômico que
considera três sistemas: a produção, a transferência e
o consumo. A modernização e a competitividade do
processo produtivo da carne suína decorre da
melhoria da eficiência, vislumbrada não somente na
atividade (produção primária), mas também nos segmentos situados à montante e a jusante, bem como na
sincronia de articulação entre eles (PEETZ et al., 1996).
Constatações
À montante
O desempenho deste segmento, acompanhando e
subsidiando a modernização da produção primária,
está intimamente relacionado ao desenvolvimento da
pesquisa científica, particularmente nas áreas de
suporte e de aplicação com destaque aos aspectos
zootécnicos, sanitários, sócio-econômicos e de impacto
ambiental. Atuam diretamente neste segmento os órgãos da Secretaria da Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo (Agência Paulista de
Tecnologia Agropecuária, Coordenadoria da Defesa
Agropecuária e Coordenadoria da Assistência Técnica
Integral), bem como órgãos federais, universidades e
fundações de pesquisa.
Destacam-se como vetores: indústria de ração (estimado em 710 mil toneladas); produção de milho (3,34
milhões de toneladas) e soja (1,56 milhões de toneladas);
indústria de saúde animal (movimento anual de US$ 3,8
milhões); material genético (oito granjas reprodutoras e
três centrais de inseminação); equipamentos; consultorias
e assistência técnica, bem como todos os demais serviços
decorrentes desses agentes (estimativas realizadas para
o ano de 2000/2001). Destaca-se, ainda, a Associação
Paulista de Criadores de Suínos, que atuou desde 1966
como guardiã do patrimônio genético (Registro
Genealógico), estimulando os índices produtivos (feiras,
exposições e teste de performance e progênie), o consumo
e a comercialização da carne suína (bolsa de suínos) participando efetivamente dos estímulos oriundos dos órgãos governamentais.
Produção primária de suínos
As propriedades que exploram a suinocultura comercial no Estado de São Paulo podem ser
estratificadas de acordo com: a área (84,25%
estabelecidas em áreas de até 100 ha e 15,75% em áreas
superiores a 100 ha), a estrutura social (60% utilizam
mão-de-obra estritamente familiar, 24% recorrem ao
trabalho assalariado em menor proporção que o familiar, 10% ao trabalho assalariado em maior proporção
que o familiar e 6% totalmente ao assalariado) e o
grau de tecnificação (6% classificam-se em alta
tecnologia, 34% em média tecnologia e 60% em baixa
tecnologia). Os maiores adensamentos de suínos no
Estado de São Paulo encontram-se nas regiões de
Sorocaba (25%) e Campinas (24%) (PEETZ et al., 1996 e
CASTRO JR. et al., 1996).
Segundo o cadastramento realizado em 2000 pela
Coordenadoria da Defesa Agropecuária (CDA)
abrangendo um rebanho de 1.009.480 suínos em 2.344
propriedades (com a produtividade média de 17,8
cevados por matriz/ano) o sistema de produção
apresentou o seguinte panorama: quanto ao tipo de
exploração (368 unidades produtoras de leitões, 158
granjas de terminação, 966 ciclo completo e 844
explorações caseiras) e quanto à densidade (1.957
granjas com menos de 100 matrizes e 427 com mais
de 100 matrizes). Indicadores de produtividade:
número de parto/porca/ano (90% superior a dois),
leitões nascidos vivos por parto/porca/ano (82,6%
maior que oito), leitões desmamados por parto/porca/
ano (64,7% maior que oito), leitões comercializados
(32% de 12 a 20 kg) e leitões terminados (28,2% até 80
kg e 39,8% maior que 80 kg). Outros indicadores: assistência veterinária (56,6%), sem controle de acesso
(72,1%), desinfecção (65,9%), teste de diagnóstico
(9,2%), vacinação (41,6%), e alimentação composta de
misturas aleatórias e restos alimentares (53,8%).
À jusante
O Estado de São Paulo possui uma população de
37 milhões de habitantes distribuídos em uma área
de 248,2 mil km2. Estima-se o consumo de carne suína
em 13 kg/habitante/ano e o estadual em aproximadamente 481 mil toneladas/ano. O abate de suínos
atingiu cifras de 324.240 abatidos no SISP e 912.842
abatidos no SIF, totalizando 1.237.082 abatidos (CDA,
2000), produção inferior a 100 mil toneladas de
carcaça de suínos. Segundo PEETZ et al. (1996) a capacidade de abate instalada no Estado de São Paulo
permite abater e processar 306 mil toneladas de
carcaça/ano, distribuídas regionalmente em 26 unidades (24 matadouros-frigoríficos e 2 matadouros).
Cerca de 75 a 80% das carcaças são submetidas ao
processamento industrial (mais de 100 produtos
diferenciados), o restante é destinado à comercialização in natura. Na distribuição dos produtos processados e carne in natura participam: os supermercados
e hipermercados (45 a 50%), açougues, padarias,
restaurantes, hotéis e refeições industriais (35 a 40%),
bem como feiras livres (5%). Com relação aos atributos
requeridos pelo consumidor associa-se a qualidade e
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o preço para a carne in natura e a marca e o preço para
os industrializados.
Considerações Finais
O volume de abate em São Paulo é
aproximadamente 25% da demanda, fortalecendo a
sua posição estratégica nas vendas para o mercado
interno e atuando como reexpedidor da produção
oriunda de outras Unidades Federativas. As
transações de carne suína em nível do mercado
mundial atingem patamares de 3,7 milhões de
toneladas. A cadeia de suíno brasileira congrega o
complexo industrial que representam 54% da
produção brasileira, que foi de 2,2 milhões de toneladas
em 2001 exportando 283,3 mil toneladas e desde 1999
tem apresentado uma taxa de crescimento superior à
produção de suínos do Estado de São Paulo. Os
complexos industriais promovem o desenvolvimento
a nível regional, são altamente competitivos, geram
emprego de alta qualidade, fixam o homem no campo,
bem como atende a demanda do cotidiano tornando
os preços acessíveis à população consumidora sem
perder de vista a qualidade do produto. Entretanto
exige dos produtores não alinhados aos complexos o
estabelecimento de um novo paradigma que não à
oportunidade escala, principal atributo da
competitividade frente às inovações tecnológicas
impostas ao setor. A própria Comunidade Comum
Européia busca a economia de escala, pois
subsídios governamentais não são mais passíveis
quando da colocação do produto no mercado
internacional, que estabelece uma igualdade de
competitividade. O Estado de São Paulo frente às
constatações realizadas sinaliza o fortalecimento
das propriedades familiares e a identificação de
nichos de mercado a nível regional. Seria ainda
tema de discussão o estimulo do modelo
associativista de condomínio. Frente à vulnerabili–
dade mercadológica apresentada a gestão do
agronegócio suinícola exige uma visão holística
que permita agregar em uma só associação todos
os integrantes da cadeia produtiva no intuito de
propiciar mecanismos de gestão que possam
distribuir os ativos de maneira igualitária entre
todos os seus agentes.
Agradecimentos
Dr. Júlio César A. Pompei, Dra. Sonia Maria M.
Vitagliano e Dr. Fernando Antônio M. Penteado
(CDA/APTA/ Secretaria de Agricultura e Abastecimento) pelos dados de produção de suíno do
Estado de São Paulo e Michele V. Terra na obtenção do material.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO JR., F.G. Panorama da suinocultura Paulista.
In: Porcicultura’96. 1996, (Cidade), Cuba. (Resumo, ou Anais), (qual volume), p.23., 1996
P EETZ, V.; (nome dos demais autores). Cadeia produtiva de carne suína no Estado de São Paulo.
São Paulo: (Quem publicou?) s. I. p., 1996. 57p
Biológico, São Paulo, v.64, n.2, p.159-161, jul./dez., 2002
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