UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – DQMC QIE0001 – Química Inorgânica Experimental Prof. Fernando R. Xavier Prática 05 – O Processo de Cristalização: Síntese do Alúmen de Potássio 1. Introdução Conforme visto em aulas anteriores, o campo de estudo chamado Química Sintética é de fundamental importância tanto do ponto de vista puramente científico (desenvolvimento de novas substâncias e métodos de síntese) quanto nas ciências mais aplicadas e ainda no âmbito industrial. Tanto na área de síntese orgânica quanto em síntese inorgânica, muitas vezes o desenvolvimento e geração de uma nova substância não é a etapa determinante e/ou mais complexa. Um dos grandes desafios dos químicos sintéticos a purificação da subtância sintetizada. Atualmente são conhecidas diversas formas de purificação de subtâncias sendo, sem dúvida, o ramo da cromatografia um dos mais proeminentes. Entretanto os processos de cristalização também consistem uma forma muitas vezes viável para a obtenção de compostos com elevado grau de pureza. A técnica de cristalização consiste basicamente em criar condições específicas de solubilidade de um dado composto dissolvido em um solvente (ou mistura de solventes) em que esta substância precipite de um modo lento e ordenado. Desta forma, quando uma solução se torna supersaturada (concentração de soluto acima da capacidade de solubilição desta em um determinando solvente) dá-se inicio ao processo chamado de nucleação. A nucleação, tida como a primeira etapa do processo de cristalização, consiste a aproximação de partículas dispersas no solvente e a consequente formação de aglomerados (“clusters”) ainda em escala nanométrica. Estes clusters são estáveis apenas a partir de um tamanho crítico que depende das condições de cristalização. Quando o cluster não atinge a estabilidade necessária ele acaba por se redissolver na solução. Dentre diversos fatores que influenciam o processo de nucleação a temperatura e grau de supersaturação são os dominantes. A partir do momento em que o processo de nucleação é consistente, ou seja, as partículas estão organizadas de forma coesa e organizada, dá-se inicio a segunta etapa do processo de cristalização caracterizado pelo crescimento do cristal propriamente dito. O crescimento nada mais é que a repetição da estrutura organizacional criada pela nucleação. Quanto maior número de partículas justapostas de forma periódica e ordenanda, maior será o cristal obtido. Paralelamente, a força motriz do processo de cristalização é o grau de supersaturação da solução em questão pois, os cristais continuarão crescendo enquanto a solução estiver supersaturada. A qualidade dos cristais é então fruto de fatores internos e externos à solução. Como fator interno, provavelmente a pureza da solução é fundamental, pois quanto menor o número de impurezas dissolvidas melhor será a qualidade e tamanho dos cristais obtidos. Quanto a fatores externos tais como temperatura e fontes de vibração podem também influenciar a qualidade e tamanho dos cristais a serem obtidos. De fato, quanto melhor a qualidade dos cristais obtidos, mais puros estes podem ser considerados assim, a obtenção de cristais pode ser considerado um método eficaz de purificação de um composto. Esta prática trata da obtenção de cristais de alúmen de potássio através do processo de síntese partindo-se do alumínio metálico. Quimicamente, alúmens são sulfatos duplos onde temos a presença de dois tipos de cátions: um monovalente e outro trivalente. Normalmente, ocorrem em sua forma polihidratada. O alúmen de potássio, KAl(SO 4)2 . 12H2O, é um composto utilizado como coagulante na purificação de água, na indústria de papel e na produção de picles. Uma maneira alternativa de escrever-se a fórmula do composto é: Al2(SO4)3 . K2SO4 . 24 H2O. 2. Objetivos Obter cristais de KAl(SO4)2 . 12H2O sintetizados a partir da reação redox do alumínio metálico em um meio fortemente alcalino. 3. Pré-laboratório a) Qual a nomenclatura oficial para sais duplos recomendada pela IUPAC? b) Escreva a semi-reação de oxidação do alumínio. c) Por que o alumínio metálico se torna solúvel em meio alcalino concentrado? Explique. d) Qual a massa de KOH necessária para se preparar 100 mL de uma solução aquosa 4,0 mol L-1? e) Ao efetuarmos uma diluição de um ácido concentrado, H2SO4, por exemplo, devemos sempre adicionar o ácido à água ou água ao ácido? Justifique sua resposta. 4. Materiais e Métodos 4.1 Materiais 02 béqueres de 100 mL Espátulas Funil Balão Volumétrico Papel filtro Pipetas graduadas de 5 e 10 mL Agitador magnético c/ aquecimento 4.2 Reagentes Alumínio metálico em lascas KOH 4,0 mol L-1 H2SO4 concentrado Água destilada 4.3 Procedimento Experimental Com o auxílio de uma balança semi-analítica, pese 0,4 g do alumínio metálico em lascas. Se necessário corte o mesmo em pequenos pedaços para otimizar o processo. Coloque o alumínio em um béquer de 100 mL e acrescente 20 mL de uma solução 4,0 mol L-1 de KOH. Deixe a mistura reagir até que a liberação de gás hidrogênio não seja mais observada. Filtre a mistura, coletando o filtrado em um béquer limpo de 100 mL. Sob agitação, adicione lentamente ao filtrado 12 mL de uma solução 9,0 mol L-1 de ácido sulfúrico. Mantenha agitação até que todo o sólido tenha se dissolvido. Caso necessário aqueça o sistema e/ou adicione um pouco de água ao sistema. Identifique seu béquer com uma etiqueta contendo o nome da dupla, código da disciplina (QIE0001) e turma. Coloque o béquer no fundo da capela indicada pelo professor e deixe-o repousar até a próxima aula. Na semana seguinte colete o sólido obtido, lave-o com um mistura de etanol água 50% v/v, meça a massa resultante e calcule o rendimento da reação. 5. Resultados e Questionário Com base no experimento realizado respoda as seguintes questões: (a) Equacione quimicamente o processo de dissolução do alumínio metálico em KOH 4,0 mol L-1. Mostre as semi-reações de oxidação e redução, bem como a reação global. (b) Escreva a reação química ocorrida quando o ácido sulfúrico 9,0 mol L-1 é adicionado a mistura. Que tipo de reação é esta? (c) Por que no início da dissolução do alumínio em KOH o processo é lento e, depois de alguns minutos, se torna mais rápido? (d) Que volume de H2SO4 9,0 mol L-1 é necessário para a total neutralização de 50 mL de KOH 4,0 mol L-1? (e) Por quê em regiões costeiras é comum a utilização de portões e grades de alumínio ao invés de ferro? Explique quimicamente.