EDUCAÇÃO INFANTIL: O JOGO COMO FERRAMENTA DE CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA Priscila Azevedo Amorim-FECLESC/UECE 1 Mayane Almeida da Silva- FECLESC/UECE ² Antonia Gleidivania Pinheiro -FECLESC/ UECE³ Resumo: O jogo, presente desde o início da humanidade, tem ganhado panoramas cada vez mais significantes no campo educacional. Dessa forma, o presente artigo tem por finalidade analisar o jogo como ferramenta de aprendizado, na sala de aula, a fim de identificar quais as suas contribuições e de que forma ele colabora para o desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil. Para alcançarmos tais objetivos e conseguirmos as informações necessárias, utilizamos das teorias de Vygotsky, Piaget, entre outros, sendo assim o trabalho se configura como uma análise bibliográfica. Esses autores, entre outros, destacam que o “jogo”, quando utilizado de maneira pedagógica, pode ser um instrumento indispensável para o desenvolvimento da aprendizagem (cognitiva, educacional, psicológica e social) das crianças. A partir disso, mostraremos de que maneira os jogos, podem ser importante para o desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças. De acordo com a análise obtida, constatamos que o “Jogo” exerce um papel importante na aprendizagem das crianças, dos quais os mesmos proporcionam o desenvolvimento cognitivo, emocional, psicológico e social da criança. A partir do exposto concluímos que é de fundamental importância a utilização do jogo em sala de aula da educação infantil, pois facilita a assimilação dos conteúdos matemáticos. Palavras – chave: Jogo. Aprendizagem. Contribuição. Matemática. INTRODUÇÃO O presente estudo tem por objetivo analisar a ferramenta do jogo como facilitador da aprendizagem da matemática na sala de aula. Com o intuito de identificar qual a sua contribuição no processo de desenvolvimento raciocínio lógico e de que forma ele vem a contribui. Ao longo do tempo este tema vem ganhando panoramas cada vez mais significantes, principalmente na educação infantil, no qual o brinquedo, onde jogo se faz presente, é a característica marcante da infância, seu uso esta cada vez mais presente em sala de aula, por muitos acreditarem que ele contribui para uma melhor elaboração do trabalho pedagógico, como também, possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento. Na história das antigas civilizações, o brincar era visto como forma de pecado. Ao longo do desenvolvimento, dessas civilizações, o ¹,²,³Alunas de graduação em pedagogia, Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC. Universidade Estadual do Ceará. brincar e o jogar se tornou atos indispensáveis á saúde física, emocional e intelectual. As primeiras aproximações ao jogo situam-se historicamente em torno da segunda metade do século XIX e começo do século XX. A explicação mais conhecida é a teoria do excedente energético, elaborado na metade do século XIX, por Herbet Spencer (1855), segundo a qual o jogo aparece como consequência do excesso de energia do indivíduo. Piaget fala das atribuições cognitivas que o jogo proporciona, relacionando-os diretamente a brincadeira com gênese da inteligência, no qual afirma que “o jogo está regulado, do ponto de vista dos mecanismos que conduz a adaptação, pela assimilação, ou seja, através da brincadeira a criança adapta a realidade e os fatos ás suas possibilidades e esquemas de conhecimento”. Outro enfoque que aborda a contribuição do jogo, deriva da perspectiva sociocultural desenvolvida por Vigotski (1933, citado por Ortega, 1992). Para esse autor “O jogo mais representativo da atividade lúdica da criança é o símbolo, pelo qual ela aprende a se conhecer como ser individual e ser social”. Tendo em vista todas essas abordagens, é de suma importância a elaboração desse estudo, a fim de identificar quais as reais contribuições do jogo para o processo de aprendizagem da matemática e de que forma ele contribui. Pretendo, através desse estudo, contribuir significativamente para o processo de construção e desenvolvimento das idéias a cerca da utilização do jogo como ferramenta pedagógica. O estudo é baseado na análise bibliográfica tendo como referencial os conceitos de vários estudiosos do tema, tais como; Buytendijk (1923) que diz “a brincadeira é uma atividade própria da infância”; Piaget (1971) que afirma “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, efetivo e moral”, entre outros. No entanto é importante ressaltar que o lúdico (jogo) não é a única alternativa para a melhoria no intercambio ensino-aprendizado, porém ele é visto por muitos, como sendo uma ferramenta que auxilia na melhoria dos resultados. A Origem da Palavra “Jogo” e seus Significados Ao analisar a palavra jogo, identificaremos que, em diversos tipos de sociedade, existira um significado (linguagens) diferente para tal palavra, porém todos remetem a um mesmo sentido, como podemos identificar através dos estudos feitos por Buytendijk (1923), o mesmo oferece-nos uma análise etimológica da palavra “jogo”. Nos fala do “movimento do vaivém”, da espontaneidade, da alegria e do lazer. Afirma ainda que a criança distingue muito bem o que é jogo e o que não merece sê-lo. O significado vocábulo da palavra jogo aparece em indoeuropeu como aing, que significa duvidar, oscilar e mover-se. Em antigo índio, temos a forma éjati e também íngati, que significa algo que se move. Em chinês, a palavra mais importante para se referir à função lúdica: wan, relativo ao jogo infantil; Tscheng, para se referir a qualquer jogo competitivo, e Sai, competição em que se obtém prêmio ou então campeonato, torneio. Em inglês play, tem sentido de jogo, diversão, jogada, brincar, tocar um instrumento. Na idade média a apalavra jogo era usada para se referir ao significado de burla. Murcia (2005) citando Huizinga, afirma que: “a palavra ludus, ludere faz relação com jogo infantil, o recreio, a competição, a representação litúrgica e teatral e os jogos de azar”. Ao longo do tempo a palavra jogo, ganhou várias interpretações. Como vimos, foi associado a todo ato de falta de seriedade ou aspectos de forma leviana. Para Petrovski (citado por Elkonin, 1980), o significado de “jogo” apresenta algumas diferenças entre povos distintos. A palavra juego (jogo, play, game, etc) começa a significar em todas as línguas ações que não requerem muito esforço e proporciona alegria, satisfação, diversão, ocupando aspecto que aborda a vida da criança, do jogo mais infantil, a vida adulta, em que ver o jogo como uma forma de ganhar dinheiro. Segundo Huizinga, o jogo pode ser definido como sendo: Uma ação ou atividade voluntária, realizada dentro de certos limites fixados no tempo e no lugar, seguindo uma regra livremente consentida, mas completamente imperiosa, com um fim em si mesma, acompanhada de um sentido de tensão e de desfrute e da consciência de ser diferente da vida cotidiana (1938, p. 24). Dessa forma, a atividade lúdica esta interligada ao jogo, ambos se relacionam. A esse propósito, afirma Macedo: A atividade lúdica é aquela que se executa no jogo. Lúdico relacionase tanto com o jogo como brinquedo; refere-se a qualquer objeto ou atividade que vise mais divertimento que a qualquer outro propósito; por fim, é o que se faz por gosto, sem outro objetivo que o próprio prazer de fazê-lo (2006, p.35). Com base na análise de diferentes estudos sobre o tema, é complexo e difícil sabermos em que momento apareceu e qual o significado real da palavra “jogo”, porém o que se vê é que elas existem e em diferentes civilizações. O Jogo como Processo de Aprendizado Diversos pesquisadores apontam, em diferentes contextos históricos, a contribuição do jogo para o desenvolvimento da criança. Podemos destacar Delval (1994), o qual evidencia a função do jogo no processo educativo. Ele afirma que: Através do jogo, a criança pode aprender uma grande quantidade de coisas na escola e fora dela, e a brincadeira não deve ser tratada como atividade supérflua (...). A criança deve sentir que na escola está brincando, e através dessa brincadeira, poderá aprender muitas coisas (p. 46). A brincadeira proporciona aprendizagem espontânea, adesão de novos conhecimentos e habilidades, no entanto, sabemos que o mesmo possui limitações, conforme propôs Ortega (1998), sem perder de vista o fato de que o tipo de jogo é limitado pelas possibilidades cognitivas, físicas e sociais do indivíduo. Os jogos que estabelecem regras são visto como uma ótima ferramenta para estimular a cooperação, é ideal para que a criança aprenda a estabelecer relações de caráter cooperativo e competitivo, os mesmos proporcionam o sentido de grupo, dessa forma, muitas vezes a criança adia seus desejos, caso seja o momento apropriado, para realizá-los, a fim de respeitar os demais. Ortega (1998) aponta três áreas que estabelecem ganhos importantes na criança: conhecimento sobre a família e as rotinas cotidianas, conhecimento sobre o meio social em que se desenvolve o microssistema (meios de transporte, serviço sanitário) e conhecimento da cultura. Esses três aspectos, segundo ela, podem ser vivenciados através dos jogos, independente da classe social, econômica ou cultural da criança. Friedmann (1996) analisou a atividade lúdica ou jogo infantil, sob diferentes enfoques, e apresentou as suas diferentes possibilidades. No quadro abaixo poderemos identificar essas contribuições caracterizando-o o campo da atuação, a atividade, o brinquedo e os resultados de sua utilização. Aspectos Atividade/ Objeto Brinquedo Resultado Socialização, Sociológico Representações Sociais Educacional Ampliação conhecimento Psicológico Compreensão emoções personalidade criança Antropológico Folclórico Bonecas, Carrinhos interação dos valores mercadológicos. Adquirir Quebra-cabeça, jogos conhecimentos do de montar, caça ao específicos de tesouro. determinadas habilidades cognitivas e motoras. das Jogos de confronto, Raiva, e jogos de competição. cooperação, da ganhar. Reflexo dos costumes Expressão da cultura infantil através das gerações, bem como tradições e costumes. Brincar de casinha, representações das Conhecimento atividades dos características adultos. cada cultura. medo, perder, das de Pião, cavalo de pau, Manutenção das amarelinha. tradições e costumes das brincadeiras. Fonte: Friedmann (1996). Através das ideias expostas no quatro, identificamos que o aprendizado não se limita só pelos conteúdos, o trabalho lúdico, realizado através do brinquedo (quebracabeça, jogos de confronto, brincar de casinha, bonecas carrinhos, etc), como se observa, também proporciona contribuições dos mais variados aspectos (sociológico, educacional, psicológico, etc) e formas para o desenvolvimento da criança. No quadro se observa que a utilização do brinquedo, incluindo o jogo, proporciona resultados, significativamente positivos, pois possibilita a socialização, a cooperação o desenvolvimento cognitivo, motor, psicológico e acaba que contribuindo para a manutenção dos costumes, tradições de brincadeiras vivenciadas por nossos pais avós fazendo com que essas, apesar do desenvolvimento tecnológico, que fez surgir um novo modo de brincar, não sejam esquecidas ao longo do tempo. Segundo Marta (2008, p.35) os jogos contribui da seguinte maneira: Eles aumentam a motivação da criança para aprender, desenvolve a autoconfiança, a capacidade de organização, a imaginação, a concentração, a atenção, o raciocínio lógico-dedutivo e, a sociabilidade, pois jogando ela interage com outras pessoas. Os jogos também estimulam a comunicação e o trabalho em equipe, facilitam a aquisição de novos conhecimentos, proporcionam experiências, desenvolvem o aspecto físico e mental e estimulam a criança a procurar alternativas para solucionar problemas. Neste sentido, a brincadeira, na qual o jogo está inserido, pode ser vista como sendo uma atividade condutora que vai, em parte, determinar o desenvolvimento da criança, na perspectiva em que a mesma é considerada um ser ativo e construtor. Nessa abordagem, observa-se que o jogo se constitui como sendo um recurso pedagógico de grande importância na aprendizagem significativa da criança. Jurema Nogueira (2003) afirma que o jogo na sala de aula é estimulador da construção do pensamento, do conhecimento e da autonomia. Chateau (1973, p.5), ressalta a importância da educação na vida das pessoas. Diz o autor: “É preciso preparar a pessoa para a vida e não para o mero acúmulo de informações”, ou seja, é necessário considerar o aluno um sujeito completo. Neste sentido, faz-se necessário uma educação que contemple o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, afetivo, emocional, cultural, crítico, etc. Por isso, o jogo tem um papel pedagógico extremamente importante, justamente por acreditar que ele possibilita o desenvolvimento integral da criança. Chateau, ainda acrescenta que “... o jogo para a criança é, (...) uma atividade séria em que o faz-de-conta, as estruturas ilusórias, o geometrismo infantil, a euforia, etc, tem importância considerável” (ibid, p.11). O jogo na educação infantil Durante os primeiros anos de vida da criança, elas constroem e desenvolve maneiras particulares de ser e esquemas de relações com o mundo e com as pessoas. Elas vão construindo sua personalidade a partir de sua interação com o meio: o seu comportamento emocional, individual, consciência de si, são processos paralelos e complementares do desenvolvimento da criança, em seus primeiros anos, e é nesta fase que prevalecem os critérios afetivos sobre as lógicas e objetivos. Neste sentido, a criança na escola, não deve ficar submetida a práticas conservadoras, é preciso que ela desenvolva a autonomia, a fim de procurar encontrar por si mesma, novos caminhos. Esta autonomia, segundo vários estudiosos do tema, pode e deve ser proporcionada pelos jogos. Macedo (2006, p.20-21), estudioso da teoria piagetiana, e também, da importância do jogo para a educação escolar, enfatiza a perspectiva genética apontada por Piaget sobre o jogo, o qual destaca que, pelo prazer funcional do jogo, a criança em seus primeiros anos de vida, pode repetir esquemas de ação como levantar, pegar, olhar, bater, montar, desmontar, esconder e descobrir. De acordo com Piaget, as crianças adquirem valores morais não só por internalizá-los ou observá-los de fora, mas por construí-los interiormente através da interação com o meio ambiente. Nesta fase, brincar, principalmente com jogos, entre outras atividades, segundo ele, é possibilidade real de desenvolvimento e aprendizagem. Para determinar a importância do jogo na educação infantil, é necessário esclarecer que durante esta fase as crianças estão em processo de desenvolvimento da linguagem (raciocínio simbólico, vocabulário), psicológico (consciência de si, autoconfiança e autoestima), emocional (expressão dos sentimentos) social (interação social), cognitivo (capacidade de raciocínio) e principalmente físico (desenvolvimento motor, coordenação e equilíbrio). A capacidade lúdica desenvolve-se articulando as estruturas psicológicas globais (cognitivas, afetivas e emocionais) mediante as experiências sociais das crianças (Ortega, 1998). Um dos aspectos mais relevantes da presença do jogo na educação infantil é o fato de ele proporcionar o desenvolvimento da motricidade, ou seja, a coordenação motora. Esta é uma das primeiras etapas do desenvolvimento da criança, seguido do surgimento dos avanços cognitivos. Na educação infantil, existe uma preocupação voltada para o desenvolvimento motor e psicológico da criança, dessa forma, muitas escolas tem utilizado o jogo como ferramenta pedagógica. O jogo acaba que contribuindo de forma global para o ensino da criança, pois ele abrange não só o desenvolvimento cognitivo, psicológico, social, como também, o motor. Segundo Piaget e Inheder (1982, p.61) existem três fases primordiais do desenvolvimento da aprendizagem da criança, chamadas por eles de: sensório-motor, que vai do nascimento até aproximadamente os 2 anos. Nessa fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. O estágio pré-operacional que vai dos 2 anos ao 7 anos caracteriza-se pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos, aqui, a criança continua egocêntrica e ainda não é capaz de se colocar no lugar de outra pessoa. O estágio das operações concretas, dos 7 anos 11 ou 12 anos, tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge à lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. Nesse estágio a criança já pode dominar conceitos de tempo, número. Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais, essa fase marca a entrada na idade adulta, em termo cognitivo. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita á experimentação mental, isso implica entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e relacionar sobre hipóteses. Estes estágios podem variar de acordo com a idade, contexto sócio-econômico ou de um grupo para outro. Ainda na perspectiva de Piaget (1971, p.61), a brincadeira ocorre de acordo com os estágios do desenvolvimento da criança. Dessa forma, podemos dizer que a construção do pensamento surge em cada uma das fases, sendo aprimorado conforme o desenvolvimento da criança em relação as suas capacidades e aos estímulos os quais lhes são expostos. A mudança do nível simbólico exercita a imaginação. Ao alcançar o período das operações concretas, a criança torna-se capaz de jogar atendo-se a normas. Dessa forma, acrescentam-se os jogos de regras, para os quais ela terá que abandonar a arbitrariedade que tinha, no período anterior, a fim de adquirir novos conhecimentos, desse modo, ocorre o desenvolvimento do seu intelecto. Piaget (1976), afirma que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Segundo ele: O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real á atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu, por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça as crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores á inteligência infantil. (Piaget 1976, p.160). Dessa forma, Piaget, assim como outros educadores, acredita que o jogo, na sua essência, quando utilizado de maneira pedagógica, oferece grandes contribuições para o desenvolvimento integral da criança, que acaba por contribuir com os professores na dinâmica em sala de aula. Dentro da sala de aula na educação infantil, o jogo é considerado uma ferramenta de fácil aceitação pelas crianças, eles acabam que brincando e ao mesmo tempo aprendendo, porém cabe ressaltar que é muito importante que o educador saiba relacionar o jogo proposto com o aprendizado, para que dessa forma exista uma real contribuição para a construção do conhecimento. Vários estudiosos acrescentam que quando se utiliza o jogo, como ferramenta de aprendizagem, em sala de aula, obtém-se um maior desenvolvimento na aprendizagem por parte dos alunos, sendo esta prazerosa e dinâmica. O jogo possui um espaço muito importante nas áreas de estimulação da educação infantil, o mesmo, segundo Martins (2009), é uma das formas mais naturais da criança entrar em contato com a realidade. O jogo é uma característica do comportamento infantil, a criança dedica a maior parte de seu tempo a ele. O jogo como instrumento no ensino de matemática A educação infantil marca início da vida escolar, é nela que as crianças dão os seus primeiros passos rumo à vida social. Nessa fase as brincadeiras, os jogos estabelecem papel fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem. Os mesmos facilitam a assimiliação de conteúdos, estabelece relações entre o imaginário e a prática do cotidiano e proporciona situações desafiadoras. Ao longo dos anos, acreditava-se que as brincadeiras, os jogos tinham somente a função de entreter, hoje, já sabemos que elas oportunizam tanto o brincar como o educar, ocorreu assim a união entre brincadeira e educação, ou seja, a necessidade que a criança tem de brincar passava a ser respeitada pela sociedade e vista como uma possibilidade de educá-la. (SOUSA, p. 07). A utilização dos jogos pedagógicas na educação infantil hoje é algo constante, pois já se sabe das suas potencialidades, entendemos que nem todo jogo possibilita esse desenvolvimento, no entanto, quando se tem presente o jogo pedagógico aliado com a boa prática docente, direcionado de fato ao aprendizado, isto possibilitará o desenvolvimento infantil. E devido a estes aspectos que chamamos a atenção para a utilização destes, os jogos, para o ensino da matemática, já que esta, historicamente é tida como um bicho de sete cabeças. Sousa (2010), também acredita na importância da utilização do jogo como ferramenta de aprendizagem da matemática. Por isso apontamos para a importância do uso do brinquedo em situação matemático-cognitivas dentro do ambiente escolar, fato que proporcionará ao aluno o desenvolvimento do raciocínio, a construção da noção de número, a capacidade de dedução (raciocínio lógico) e o desenvolvimento de instrumentos intelectuais para a futura compreensão das operações como adição, subtração, divisão e multiplicação, que serão vistas no Ensino Fundamental. O jogo vem a contribuir para que este aprendizado se torne mais prazeroso e divertido, desmitificando o chamado “bicho de sete cabeças”, eles acabam que enriquecendo e facilitando a construção do conhecimento dentro da sala de aula. Ainda segundo Sousa (2010) há três aspectos fundamentais que justifica a incorporação do jogo nas aulas. São eles, o caráter lúdico, o desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais. Outro motivo para a introdução de jogo nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos estudantes que temem a matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. (BORIN, 1996. P. 53). Vários estudiosos defendem que por meio do lúdico as crianças podem desenvolver suas capacidades de atenção, memória, imaginação, concentração, organização. Desse modo, a criança acaba desenvolvendo também sua autonomia e sua capacidade de solucionar problemas de forma prazerosa participando ativamente de seu processo de aprendizagem. A utilização dos jogos no ensino da matemática tem o objetivo de fazer com que as crianças gostem de aprender essa disciplina, transformando a rotina da classe e consequentemente, impulsionando o interesse delas. São exemplos de jogo que podem ser usado nesse processo: as palavras cruzadas, que estimula o raciocínio, a tenção; o dominó e o “palitinho”, possibilitam à contagem, estratégia, a coordenação; o tangran, a compreenção das propriedades das figuras geométricas planas, das classificações, comparação, representação de resolução de problemas usando modelos geométricos: bloco lógico, as cores, formas, espessuras; material dourado, que contribui para a assimilação e visualização das operações matemáticos (adição, multiplicação, subtração e soma) entre muitos outros jogos pedagógicos. O papel do professor enquanto mediador desse aprendizado tem caráter fundamental, pois é através dele que existirá a relação ensino-aprendizagem. Mas o jogo por si só não garante isso, o que vem a garantir é a mediação que o professor estabelecerá. Dessa forma, no caso do ensino de matemática, cabe ao professor investigar os modos e estratégias como os alunos estão entendendo determinados conceitos, para que realizem sua intervenção no sentido de promover a aprendizagem com compreensão. Considerações finais Ao longo desse trabalho foram expostas as grandes contribuições que o jogo proporciona, quando utilizado de forma pedagógica, para o desenvolvimento da criança. Dessa forma, o estudo do jogo como ferramenta de aprendizagem da matemática nos leva a concluir que de fato ele proporciona uma ampla contribuição, não só para o processo de aprendizado, como também, para o modo de ensino. Ao passar dos tempos os educadores tem cada vez mais se apropriado dessa ferramenta, o “jogo”, a fim de possibilitar uma melhor dinâmica em sala de aula e através dessa, obter um maior desenvolvimento do aprendizado de seus alunos. Com isso, o jogo tem sido visto por estes, como sendo uma ferramenta de ampliação do conhecimento, sendo utilizado de diversas formas e área de atuação, tanto para o desenvolvimento cognitivo, psicológico, social entre outros aspectos. O fato é que essa prática realmente tem contribuído é muito para o desenvolvimento das nossas crianças. Cabe a nós, educadores, fazermos o uso apropriado dessa ferramenta e aplicá-lo nas salas de aulas não só como forma de divertimento, que proporcione o prazer, mais de alcançarmos o maior desenvolvimento do aprendizado. Dessa forma, é importante que o professor conheça as etapas do desenvolvimento psicomotor da criança, bem como, suas características, conforme sua faixa etária, seus interesses e necessidades, a fim de adequar a prática do jogo as necessidades do aluno e seu nível cognitivo. Identificamos que o jogo estabelece grandes contribuições no processo de aprendizado da criança. Sua contribuição em relação a sua não contribuição é muito maior, destacando assim o interesse de se fazê-lo utilizar, dentro e fora de sala de aula, como um instrumento que impulsiona a aprendizagem, pois ajuda a criança a se desenvolver globalmente. Assim como Piaget (1976), percebemos que através do brinquedo, do qual o jogo esta inserido, a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, em vez de uma esfera visual externa. Dessa forma, é incorreto ver o brinquedo (o jogo) como uma atividade sem propósito, pois o mesmo proporciona a criança o conhecimento amplo, desde o desenvolvimento da linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa ate a elevação da sua autoestima. Referências bibliográficas BUYTENDIJK, F. J. O Jogo e seus significados. Revista de Ocidente. Madrid: 1935. CHATEAU, J. "O jogo e a criança". 2 ed. Summus, São Paulo: 1987. FREUD, S. Além do Princípio do Prazer. Obras completas. Biblioteca Nueva. Madrid: 1920. HUIZINGA, J. O Jogo como elemento da cultura. Perspectiva. S. São Paulo: 2004. LEBOVICI, S. DIATKINE. R. Significado e função do brinquedo na criança. Artes Médicas. Porto Alegre: 1985. MOREIRA, M. e MASINI, E. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. Moraes, São Paulo: 1982. MOYLES, Janet. R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil.. Artmed, São Paulo: 2002. MURCIA, Juan. A. Aprendizagem Através do jogo, Artmed, Porto Alegre, 2005. ORLICK, T. O Jogo Cooperativo. Cadernos de Pedagogia, 1988. 163p. ORTEGA, R. O jogo infantil e a construção social do conhecimento, Edição Alfar, Sevilla: 1992. PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Tradução de Nathanael C. Caixeira. Petrópolis: Vozes, 1971. 110p. VIGOTSKI; LEONTIEV; LURIA. Psicologia e pedagogia. São Paulo: Moraes, 1999. ZAPATA, O. Escola Brincar e Aprender. Estádio, México, 29, 144, 39-40, 1988. SPENCER, H. Princípios de psicologia. Madrid: Espasa Calpe. 1855. DELVAL. J. O Desenvolvimento Humano. Madrid, 1994. GRUPPE, O. Teoria Pedagógica da Educação Física. Madrid: INEF. ELKONIN, D.B. Psicologia do Jogo. Visor. Madrid, 1980.