MaquinaNews - Insper Instituto de Ensino e Pesquisa
3. Usar parte do FGTS pode ser bom negócio. Mas é preciso cautela
17/12/2009 O Estado de S. Paulo SP Jornal Insper B8
Renée Pereira
Especialistas alertam que retorno em infraestrutura não será o mesmo obtido com Vale e Petrobrás
A possibilidade de investir parte do saldo do Fundo de Garantia (FGTS) tem se mostrado um ótimo negócio para o
trabalhador. Isso porque a remuneração do FGTS nos últimos anos tem ficado abaixo até mesmo da inflação. Por isso,
especialistas acreditam que a alternativa aberta esta semana pelo governo de permitir a aplicação de até 30% do FGTS em
cotas do FI-FGTS (um fundo que aplica em projetos de infraestrutura) terá uma grande demanda.
Mas não se deve esperar a mesma remuneração dos investimentos feitos em ações da Vale e da Petrobrás, destaca o
advogado Flávio Porta, do escritório Libertuci Advogados Associados. Ele calcula que quem aplicou em ações da Petrobrás
ganhou 13 vezes mais que a remuneração do fundo entre 10 de agosto de 2000 e 10 de dezembro de 2009 - 892,22%
contra 61,29%. Já na Vale, o ganho foi de 988,2%, ante 49,33% do fundo, entre 10 de abril de 2002 e 10 de dezembro de
2009.
No caso do FI-FGTS, a remuneração nos últimos 14 meses foi de 11,7%. Embora distante dos resultados em ações, os
números se mostram vantajosos. Além de poder ganhar mais, ele estará diversificando a carteira de investimentos, afirma o
professor do Instituto de Ensino e Pesquisa, Alexandre Chaia.
Ele destaca, porém, que cada um precisa avaliar seus objetivos. "No longo prazo, o investimento tende a ser vantajoso.
Mas, para quem está perto da aposentadoria, pode não ser um bom negócio." De acordo com a regra estipulada pelo
governo, o dinheiro terá de ficar aplicado no FI-FGTS durante, pelo menos, 12 meses.
Outro alerta dado pelos especialistas refere-se aos riscos. O fundo vai investir em um projeto ou empresa do setor de
infraestrutura, como energia e transporte. Portanto, os ganhos do trabalhador estarão associados ao sucesso do
empreendimento. "É a mesma lógica de investir no papel de uma empresa. O ganho está vinculado aos lucros que a
companhia tiver", diz Chaia. "Por isso, é preciso estar ciente que você pode ganhar, perder da inflação ou perder parte do
capital investido", completa Porta.
Mas, como as previsões em relação à economia são positivas, haverá uma demanda grande por infraestrutura. Os aportes
dos trabalhadores estarão limitados a um montante de R$ 2 bilhões. Caso a demanda supere esse valor, haverá rateio entre
os participantes, nos mesmos moldes daquele que ocorreu na compra das ações da Petrobrás e Vale.
PRINCIPAIS DÚVIDAS
Como será o investimento?
O trabalhador vai comprar cotas do FI-FGTS. Inicialmente serão investidos R$ 2 bilhões
Quanto do FGTS poderá ser investido no novo fundo?
Até 30% do saldo da conta do FGTS
A aplicação pode superar os 30% do saldo do FGTS?
Na realidade, pode até ser inferior, pois se a demanda superar os R$ 2 bilhões haverá rateio proporcional entre os
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trabalhadores
Onde serão aplicados os recursos?
Em obras do nos setores de energia, rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e saneamento
Qual será o rendimento do novo fundo?
Ainda não dá para saber, mas, segundo o governo, uma carteira hipotética projetada para o FI-FGTS apresenta uma
rentabilidade em torno de 9%, mais a TR
Há riscos para o trabalhador?
Sim. É uma aplicação financeira como outra qualquer e não tem, como o FGTS, a garantia de rendimento de 3% mais TR
A partir de quando poderá ser feita a aplicação?
Entre março e abril deve ocorrer a primeira oferta pública, pois a operação ainda depende de aprovação da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM)
O trabalhador poderá sacar a qualquer momento?
Não. Feita a aplicação, precisará permanecer 12 meses no fundo.
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