115 5 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA Seguindo a proposta do capítulo anterior, a Rede Angeloni é caracterizada sob o ponto de vista das particularidades de sua história, a realidade onde está situada e as perspectivas que focaliza. 5.1 Histórico 1958 – Em 15 de maio de 1958, Antenor Angeloni, depois de concluir o serviço militar em São Paulo, abre em Criciúma, SC, uma fiambreria tendo como sócio um comerciante local. Figura 33: Foto dos anos 70 da filial da Rua 6 de janeiro em Criciúma (Loja 1). Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda 116 1965 – Após comprar a parte do antigo sócio, Antenor associa-se com o irmão Arnaldo Angeloni e amplia a fiambreria transformando-a num mercado de gêneros alimentícios (Loja 1 – Figura 33). 1966 – Uma segunda filial é aberta na Rua Henrique Lage na cidade de Criciúma, depois transferida para a Praça Nereu Ramos, sendo fechada dois anos após. 1969 – Um pequeno mercado de 350 m² é inaugurado no Balneário Rincão, operando somente na temporada de verão (Loja 3). 1972 – Aberta a 1ª loja, no formato atual de supermercado, próxima ao Hospital São José, também na cidade de Criciúma (Loja 2 – Figura 34). Neste ano a empresa instala sua primeira loja fora de Criciúma com uma filial na margem direita do rio em Tubarão (Loja 5). Entra em operação o Depósito Central no Bairro N.Sra. da Salete, em Criciúma, onde hoje se encontra a Administração Central. Figura 34: Foto da Loja 2, Criciúma, após sua inauguração em 1972. Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda 1973 – Enchentes no sul do Estado de Santa Catarina inundam as lojas da rede. A loja de Tubarão é totalmente inundada e saqueada. A empresa pede concordata, saldada no mesmo ano. 1974 – A cidade de Laguna recebe uma filial do Angeloni (Loja 4). 117 1976 – Tubarão recebe sua segunda loja localizada na margem esquerda do rio (Loja 6). 1978 – De acordo com conceitos da época é inaugurado o 1° hipermercado de SC, o Supercenter, em Criciúma (Loja 7). Inicia a operação de um engenho de beneficiamento de arroz com marca própria, Super A, além de empacotar diversos grãos, como feijão, e farinha com a marca Angeloni. A empresa define uma logomarca que retratava o slogan da época: “O Angeloni tem de tudo” (Figura 35). Figura 35: A logomarca do “O Angeloni tem de tudo”. Fonte: Diretoria de Marketing da Rede Angeloni 1981 – Adquirindo uma pequena rede regional o Angeloni abre três novas filiais: uma no bairro Próspera em Criciúma (Loja 8), outra no bairro Oficinas em Tubarão (Loja 9) e uma na cidade de Braço do Norte (Loja 10). Atualmente suas atividades estão encerradas. 1983 – Ocorre o divisor de águas na estratégia de expansão da empresa: O Angeloni abre sua 1ª filial em Florianópolis, a capital do Estado (Loja 11). 1986 – A cidade de Lages recebe uma filial da rede (Loja 12). É contratado o primeiro profissional, com curso superior, na empresa para ocupar um cargo diretivo. 1987 – A empresa contrata uma agência de propaganda, adota o slogan “Você merece o melhor” e adquire seu primeiro computador. O bairro de Capoeiras, em Florianópolis, recebe, de acordo com a conceituação atual, a construção de uma loja com 24 mil m², o 1° hipermercado de SC (Loja 13). 1988 – É implantado na rede, na loja 1, em teste, o sistema que seria a base de toda a automação comercial da empresa. Abre seu primeiro posto de combustível, bandeira Esso, para atender a frota de 103 veículos. É criado o Pague Fácil, cartão 118 para agilizar a passagem do cliente no caixa. A comunicação muda com o surgimento do gimmick 34, Ângelo Tôni. 1989 – O Angeloni solidifica sua posição em Florianópolis com a inauguração da loja da Beiramar (Loja 14) com o ponto de venda automatizado e com um strip-center (galeria de serviços), isto é, lojas de apoio ao dia-a-dia do consumidor como banca de revista, lavanderia, chaveiro e floricultura. A informática torna-se um setor ligado à direção na empresa. 1992 – Blumenau recebe um hipermercado Angeloni (Loja 15) de 20 mil m² de área construída. No dia da inauguração acontece mais uma enchente na cidade, deixando a loja fechada por três dias. 1995 – A rede inaugura uma filial no Shopping Mueller na cidade de Joinville (Loja 16). A Diretoria de RH é implantada na empresa. É o início do processo de profissionalização da empresa. Com a junção das figuras geométricas (triângulo, quadrado e círculo), o Angeloni cria o A estrelado para ser sua nova logomarca (Figura 36). Figura 36: A logomarca atual da empresa. Fonte: Diretoria de Marketing da Rede Angeloni 1996 – Início de um ciclo de reformas e ampliação na rede com a reforma da Loja 6 de Tubarão onde foi implantado o 1° sistema próprio de geração de energia elétrica, substituindo a companhia geradora de energia durante o horário de pico (das 19 às 22 horas). A página na internet entra no ar (www.angeloni.com.br). 1997 – O setor de supermercados do SESI encerra suas atividades, assim o Angeloni chega a Jaraguá do Sul (Loja 10), ocupando uma das lojas fechadas. Entra 34 Efeito que faz com que um anúncio, programa de rádio, de TV ou texto se destaque dos demais por sua originalidade, despertando interesse do público (SILVA, 2005). 119 em operação a 2ª filial de Blumenau (Loja 17) com 22 mil m² de obra, agregando a primeira farmácia Angeloni. É criada a figura do Ombudsman, atendimento pessoal e personalizado aos clientes. Começa o Marketing de Relacionamento. Com a criação da Diretoria Comercial a empresa define sua primeira diretoria profissional. 35 1998 – A logística chega com o Centro de Distribuição em São José, SC. É lançado o Clube Angeloni, cartão de recompensas e de fidelização, parte importante da estratégia de relacionamento com clientes da rede. O número inicial do cadastro de clientes era de 60 mil. A loja da Beiramar é reformada e ampliada dentro do conceito one-stop-shop, juntamente com o 2° posto de combustível, bandeira Shell e com mais uma farmácia. 1999 – Balneário Camboriú (Loja 9) recebe a 1ª loja com novos conceitos de lay-out e com outra farmácia. Passa a operar, em Florianópolis, o Tempo, serviço de entregas em domicilio (delivery). É instalada uma rádio interna para entreter e informar a clientela. 2000 – Com o fechamento dos Supermercados Santa Mônica, a empresa assume as filiais de Joinville (Loja 8) e no bairro homônimo (Loja 18) em Florianópolis. Na filial de Joinville a empresa buscou implantar um novo conceito na rede, o de delicatessen, com o nome de Super Sabor; dois meses após, com resultados abaixo do projetado, o projeto foi abortado e a loja retornou como um supermercado convencional Angeloni. Num prédio de 25 mil m², em Barreiros, município de São José, a empresa implanta um Centro de Distribuição, dando início a nova estratégia de distribuição. 2001 – Inaugurado em Itajaí moderno hipermercado (Loja 19). Numa operação cobranded o Clube Angeloni lança seu cartão de crédito com a bandeira Visa e a empresa implanta o CRM. 35 Antenor Angeloni: Diretor Presidente; Arnaldo Angeloni: Diretor Vice-Presidente; Atanázio dos Santos Neto: Diretor de Recursos Humanos; Clementino Bolan Filho: Diretor Administrativo-Financeiro; José Augusto Fretta: Diretor Comercial; Nereu Guidi: Assessor da Presidência; Norberto Colla: Diretor de Informática; Roberto Angeloni: Diretor de Operações; Sílvio Lummertz Silva: Diretor de Marketing e Expansão e Valdir Vieira: Diretor Regional. 120 2002 – O Angeloni abre sua 1ª loja fora do estado de SC em Curitiba, PR (Loja 20 – Figura 37). O bairro da Trindade, em Florianópolis, recebe o 3° posto de combustível com bandeira Shell juntamente com uma farmácia. Figura 37: Foto da Loja 20 em Curitiba na época de sua inauguração em 2002. Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda 2004 – Após encerrar as atividades no Shopping Mueller em Joinville, o Angeloni inaugura um hipermercado próprio no bairro América da cidade (Loja 21). Neste ano adquire as filiais catarinense da rede de farmácias Drogamed, de Curitiba, PR, agregando ao negócio farmácias mais 11 lojas. 2005 – A 2ª filial (Loja 22), um hipermercado, abre no centro de Jaraguá do Sul. 2006 – Começa a operar na BR101, em Porto Belo, o novo Centro de Distribuição da rede (Figura 38), centralizando a operação logística em 38 mil m². Junto ao CD foi desenvolvido um centro de conveniências e o 4° posto de combustível com bandeira BR. A empresa ultrapassa o montante de 1 bilhão de reais anuais em seu faturamento bruto. O Angeloni anuncia a construção, em 2007, de mais 3 filiais: no bairro Jardim Atlântico em Florianópolis, a 2ª loja de Curitiba e o fechamento da loja locada em Joinville com a inauguração de outro hipermercado na cidade. 121 Figura 38: Foto do Centro de Distribuição da empresa Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda 5.2 Realidade 5.2.1 Cultura Organizacional Desde a época em que foi implantada a fiambreria, a Rede Angeloni, norteou sua filosofia de trabalho na base na disciplina, dedicação e transpiração de seus colaboradores para proporcionar aos clientes, variedade, qualidade e conforto em suas compras, num ambiente extremamente higiênico e de muita comodidade. Isto veio através do que se chama da mão forte de quem dirige, de quem detém o poder. Bacharach e Lawler (1980) apud Hall (2004) citam quatro fontes do poder nas organizações. São elas: (1) cargo ou posição na estrutura; (2) características pessoais, como carisma; (3) especialização, conhecimento específico e (4) 122 oportunidade, ou uma combinação destes fatores. “Muitas organizações são comandadas por administradores autoritários que exercem considerável poder devido a suas características pessoais, ligações de família ou habilidade em conseguir influência e prestígio dentro da organização” (MORGAN, 2006, p. 180). No início, pelo fato de ser uma empresa predominantemente familiar, a empresa funcionou como uma autocracia, a autoridade de “um” indivíduo, com habilidades pessoais para o negócio e uma forte dose de carisma. Depois, com crescimento ordenado e arrojo na implantação de novidades duráveis, muito mais do que filosofia, estes princípios instituídos há cerca de 50 anos pelos irmãos Angeloni, tornaram-se o foco de todas as estratégias adotadas pela empresa para enfatizar que o trabalho da empresa tem responsabilidade social, é agregador e profundamente comprometido com o desenvolvimento local, regional e nacional. Aqui cabe lembrar duas definições colocadas por Johnson, Scholes e Whittington (2007, p. 155): “Competências são as atividades e os processos através dos quais uma organização dispõe de seus recursos efetivamente” e que “capacidades iniciais são as capacidades essenciais para que a organização possa concorrer num determinado mercado”. A empresa, que nasceu e abriu seus braços pelo território catarinense e paranaense, tem hoje como maior objetivo o crescimento, como maior sonho a harmonia no local de trabalho e como maior riqueza o seu nome, geradas por suas capacidades e competências iniciais. Apostando no diferencial e na ampliação de seus serviços, a rede trabalha de forma a criar sempre novas alternativas para sua clientela, dentro da já estabelecida estratégia de fazer do Angeloni o grande parceiro do consumidor na hora das compras por seus próprios produtos, da comunicação com o cliente através, principalmente, da ouvidoria, de suas farmácias, dos postos de combustíveis, do clube de relacionamento, da entrega em domicílio e de suas lojas de supermercado (DIRETORIA DE MARKETING, 1998). Na maioria das organizações, essas competências estão embutidas na cultura. Elas não são entendidas de forma explícita e desta forma a coordenação entre as várias atividades ocorre naturalmente, pois as pessoas sabem seu papel num quadro mais amplo ou simplesmente assumem que as atividades são feitas de determinada maneira. Assim é muito simplista assumir que, se as competências 123 levam décadas para se desenvolver em uma organização, é possível que outra empresa possa imitá-las de forma fácil ou rápida. Altos níveis de serviço a clientes, o encorajamento à inovação ou manter os custos num nível mínimo podem parecer tarefas fáceis, mas, se tiverem sido inseridas na cultura de uma organização durante anos, talvez décadas sejam difíceis de imitar. Deve-se observar que há risco de que as competências culturalmente embutidas, construídas durante esses períodos de tempo, se tornem tão enraizadas que sejam difíceis de mudar; ou seja, se transformam em rigidez básica (JOHNSON, SCHOLES e WHITTINGTON, 2007). O sucesso de uma empresa, assim com o sucesso militar, depende de quatro condições: objetivo comum, reação ao ambiente, liderança capaz, e fluxo de informação eficiente escreve, citando Sun Tzu, Fernández (2005). Continua o autor que uma empresa na qual os líderes e os funcionários se unam em torno de um objetivo, ela será bem-sucedida. Portanto, a maior responsabilidade do líder é unificar a empresa em torno de um objetivo comum. O papel da liderança reveste-se de especial responsabilidade quanto à sua permanente auto-educação, auto-cuidado e compromisso evolutivo, pois o líder é o modelo a ser seguido, mesmo porque, normalmente é quem ocupa posições estratégicas de influências nas questões de elevado alcance e suas respectivas decisões organizacionais, que estarão afetando diretamente pessoas e equipes que confiam na sua ética profissional. Robbins (1999) confirma que não há dúvida de que o êxito de uma organização, como aconteceu na Rede Angeloni, depende em grande parte da qualidade de sua liderança. Essa importância vem da necessidade de coordenação e controle. Embora a própria organização seja um mecanismo de coordenação e controle, com suas regras, políticas, descrições de postos e hierarquias de autoridade, a liderança é quem contribui para a integração de várias atividades laborais. Coordena a comunicação entre os subsistemas organizacionais, monitora as atividades e controla o desvio das metas. Nenhuma quantidade de normas e regulamentos é capaz de substituir um líder experiente que pode tomar decisões rápidas e importantes (ROBBINS, 1999). Segundo Schein apud Teixeira Filho (1998), “A liderança está interligada com a formação da cultura. Construir a cultura de uma organização e influenciar sua evolução é a única e essencial função da liderança”. Há várias definições para liderança, mas uma definição ampla, que pode ser relacionada a todos os métodos 124 atuais sobre o tema seria: “Liderança é a capacidade de influenciar grupos para o atingimento das metas” (ROBBINS, 1999, p.347). Conforme Robbins (1999, p.382) é importante considerar que os líderes eficazes não utilizam um estilo único, ajustando seu estilo à situação. A isto chamamos liderança situacional, uma teoria da contingência enfocada nos seguidores. A cultura é um fator importante para determinar qual estilo de liderança será mais eficaz, adequado às características do grupo liderado. De acordo com Fleury e Fischer (1996), a principal atribuição do poder é manter a harmonia e o equilíbrio no interior da organização. O poder ordena, na medida em que é legítimo, estabelece fronteiras, homologa processos organizacionais e premia o que é considerado bom desempenho. Apresenta ainda, um aspecto de mantenedor, fiador e homologador da cultura da organização. Há no poder um elemento estático, que leva ao controle, o que é uma face nem sempre bela ou agradável da organização. Conforme as autoras, qualquer análise do poder sempre será ambivalente, tendo ele também a conotação do status social e organizacional, onde normalmente quem possui status está investido do poder (FLEURY e FISCHER, 1996). 5.2.2 Estrutura Organizacional A Rede Angeloni compõem-se de três unidades estratégicas de negócio: os supermercados, as farmácias e os postos de combustíveis. Dado sua origem histórica a Rede Angeloni é tida como uma cadeia do varejo alimentar, isto é, um supermercado. Supermercado que é a unidade estratégica que suporta as demais unidades de negócio: farmácias e postos. Estas por sua vez, além de integrarem a estratégia de crescimento da Rede Angeloni, complementam a operação de supermercados como exposto no capítulo que se segue. As UEN’s da Rede Angeloni (supermercados, farmácias e postos) são responsáveis por suplantar a marca de um bilhão de reais de faturamento bruto no ano de 2006, de acordo com o que demonstra o Gráfico 4: 125 FATURAMENTO DA REDE Fat. Bruto 1,200,000,000 1,081,733,787 992,810,531 966,787,796 1,000,000,000 800,000,000 739,438,939 598,646,881 R$ 542,869,554 600,000,000 483,359,009 379,724,033 400,000,000 317,574,324 283,541,585 243,187,906 218,612,346 200,000,000 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ANO Gráfico 4: Faturamento da rede de 1995 – 2006 Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. Nestes 11 anos, a moeda é o real e a Rede Angeloni cresceu 394,82% em seu faturamento enquanto neste mesmo período a inflação medida pelo IPC/FIPE (Índice de Preços ao Consumidor) foi de 130,21% (de janeiro de 1995 a dezembro de 2006). Outros indicadores demonstram o desempenho da Rede Angeloni: em 1995, 14 lojas estavam em operação contra as 19 operações de 2006, isto é, quase 36% mais no número de lojas; porém o dado mais significativo é que a área de venda passou de 29 mil m² em 1995 para 67 mil m² em 2006, um acréscimo de 131%. Isto confirma que o crescimento aconteceu tanto pelo acréscimo de pontos de vendas bem como pela reforma e ampliação das áreas de venda, iniciada em 1996. Este ‘mais com menos’ descrito no Gráfico 5 reflete-se também nos números de caixas (os check-out’s) que em 1995 eram 279 e agora em 2006 são 470 crescendo 68%. Desta forma, em 1995 a relação m² de área de vendas por checkout era de um caixa para cada 104 m² de área de vendas, sendo que em 2006 ela cresceu para 142 m² por caixa, ocorrendo um acréscimo de 36,5%. Este aumento ocorre pela maior produtividade advinda da informatização da frente de caixa 36. O Gráfico 5 auxilia o entendimento: 36 Frente de caixa é o setor da loja que compreende todos os check-out’s e a área de atendimento aos clientes na pré-venda e pós-venda. 126 ÁREA de VENDAS x CAIXAS x LOJAS Área Vendas em mil m2 Check-out's Lojas 500 349 350 319 306 292 292 300 QTE 470 470 428 394 400 279 279 254 252 250 200 454 439 450 292 265 244 192 193 150 100 50 18 13 0 18 21 13 22 22 14 14 28 28 28 15 14 14 30 29 15 37 15 15 14 39 42 46 49 15 17 17 14 59 57 63 65 67 18 18 18 19 19 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ANO Gráfico 5: Área de Vendas x N° de Check-Out’s x Lojas da Rede Angeloni Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda A relação do faturamento com funcionários é de R$94,76 mil em 1995 elevando-se para R$166,73 mil em 2006. Um acréscimo de 76%. Melhor desempenho por funcionário. O Gráfico 6 ilustra isto: FATURAMENTO/FUNCIONÁRIOS Fat. Milhões R$ Funcionários Fat/Fun R$ mil 7,000.0 6,488 6,056 6,000.0 5,307 5,000.0 6,033 5,420 4,608 VALORES 4,021 4,000.0 3,032 3,000.0 2,567 2,469 2,307 2,514 2,000.0 1,000.0 218.6 0.0 94.76 1995 243.2 98.50 1996 110.46 1997 379.7 317.6 283.5 126.32 1998 483.4 598.6 542.9 125.24 120.21 117.81 1999 2000 2001 739.4 112.80 2002 ANO Gráfico 6: Faturamento por Funcionários da Rede Angeloni Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. 966.8 992.8 136.43 159.64 2003 2004 1,081.7 164.56 166.73 2005 2006 127 5.2.2.1 Os Supermercados A Tabela 2 define os formatos de supermercados adotados pelo mercado. Tabela 2: Classificação de Supermercados TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE LOJAS DE SUPERMERCADO FORMATO DE LOJAS ÁREA DE VENDAS (M²) N° MÉDIO DE ITENS % DE VENDAS BAZAR N° DE CHECKOUT’s Conveniência 50 – 250 1.000 3 1–2 Mercearia, frios e laticínios, bazar, snacks. Sortimento limitado 200 – 400 700 3 2–4 Mercearia, hortifruti, frios e laticínios, bazar. Supermercado compacto 300 – 700 4.000 3 2–6 Mercearia, hortifruti, carnes e aves, frios e laticínios, bazar. Supermercado convencional 700 – 2.500 9.000 6 7 – 20 Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, peixaria, padaria, frios e laticínios. Superloja 3 a 5 mil 14.000 12 25 – 36 Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, peixaria, padaria, frios e laticínios, têxtil, e eletrônicos. Hipermercado 7 a 16 mil 45.000 30 55 – 90 Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, peixaria, padaria, frios e laticínios, têxtil, e eletrônicos. Loja de Depósito 4 a 7 mil 7.000 8 30 – 50 Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves, frios e laticínios, têxtil, e eletrônicos. Clube atacadista 5 a 12 mil 5.000 35 25 – 35 Mercearia, bazar, carnes e aves, frios e laticínios, têxtil, e eletrônicos. SEÇÕES Fonte: Adaptado de: Revista SuperHiper – Setembro, 1998, p. 77 O Quadro 14 mostra as lojas de supermercados em operação na Rede Angeloni. 128 Quadro 14 – Lojas de Supermercado em atividade da Rede Angeloni. LOJAS DE SUPERMERCADO DO ANGELONI Loja Localização 1 Criciúma – 6 de janeiro 1958 2 Criciúma – Hospital 1972 3 Balneário Rincão 1969 4 Laguna 1974 5 Tubarão – Mg. Direita 1972 6 Tubarão – Mg. Esquerda 1976 7 Criciúma – Centenário 1978 Criciúma – Próspera 1981 Joinville – Atiradores 2000 Tubarão – Oficinas 1981 Balneário Camboriú 1999 Braço do Norte 1981 Jaraguá do Sul - SESI 1997 11 Florianópolis – Centro 1983 12 Lages 1986 13 Florianópolis - Capoeiras 1987 14 Florianópolis – Beiramar 1989 15 Blumenau – Velha 1992 16 Joinville – Shop. Müller 1995 17 Blumenau – Fonte 1997 18 Florianópolis – S. Mônica 2000 19 Itajaí 2001 20 Curitiba (PR) Água Verde 2002 21 Joinville – João Collin 2004 22 Jaraguá do Sul – Centro 2005 8 9 10 Abertura Encerramento 1998 2001 1997 1995 1995 2004 Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. Tendo a Tabela 2 por referencial, a Rede Angeloni definiu e denominou assim suas lojas de supermercado: 129 SuperFácil – são as lojas de conveniência, de proximidade com determinada vizinhança, com área de venda até 900 m² e mix de produtos focados nos perecíveis, na cesta básica e na necessidade alimentar diária de cada família. SuperMercado – são as lojas com todos os setores: Bazar, Bebidas, Carnes, Eletroeletrônicos, Frios, Higiene, Hortifrutigranjeiros, Laticínios, Limpeza, Mercearia e Produção (Confeitaria, Lanchonete e Padaria). Tem área de venda até 4000 m² e uma variedade em torno de 18.000 itens. SuperCenter (sinônimo europeu para o hipermercado americano) – com área de venda superior a 4000 m² e um mix de produtos de mais de 35.000 itens. O supercenter diferencia-se dos supermercados por agregar o conceito one-stop-shop: a conveniência de ter em um único local uma gama de serviços para atender o cotidiano familiar como uma praça de alimentação, uma alameda de serviços (banco, banca de revista, chaveiro, farmácia, floricultura, lotérica, lavanderia, revelação rápida de fotos, sapataria, vídeo-locadora, etc.) e um posto de abastecimento de combustíveis. 5.2.2.2 As Farmácias Em 1997, a empresa constatou uma forte tendência, no exterior, na venda de medicamentos nos supermercados, expostos livremente em gôndolas no setor específico. Os medicamentos controlados por receita médica ficavam restritos num local apropriado, com atendimento de um farmacêutico, porém no interior da área de vendas, servindo para atrair fluxo e usando o fluxo de pessoas no supermercado. Vendo a necessidade de ampliar seus serviços, mas com a legislação vigente não permitindo comercializar medicamentos no interior em suas lojas de supermercado, a Rede Angeloni optou por abrir, no mesmo ano, em Blumenau, anexo a loja da Fonte Luminosa (Loja 17), a primeira Farmácia Angeloni. A Rede Angeloni iniciou desta forma, a transferência da sua experiência de servir, em supermercado, para a venda de produtos farmacêuticos com garantia de qualidade, de procedência e a permanência constante de farmacêuticos durante todo o expediente. Estava agregando valor a operação de supermercado. 130 Até 2004, a rede de farmácias era toda anexa às lojas de supermercado. Em 2002 abriu a primeira filial junto a um posto de combustível. A estratégia bem sucedida de operar as farmácias, junto às lojas, auxiliou na tomada de decisão de adquirir as lojas catarinenses da rede de farmácias Drogamed em 2004. Em 2006 a Rede Angeloni estava operando 26 farmácias como mostra o Quadro 15: Quadro 15 – Farmácias em atividade na Rede Angeloni. Loja FARMÁCIAS DO ANGELONI Localização Abertura Encerramento 80 Blumenau – Fonte – Lj. 17 1997 81 Florianópolis – Centro – Lj. 11 1998 82 Blumenau – Velha – Lj. 16 1999 83 Florianópolis – Beiramar – Lj. 14 1999 84 Tubarão – Mg. Esquerda – Lj. 6 1999 85 Baln. Camboriú – Nações – Lj. 9 1999 86 Florianópolis – Capoeiras – Lj. 13 2002 87 Itajaí – Rua Brusque – Lj. 19 2001 88 Lages – Centro – Lj. 12 2002 89 Florianópolis – S. Mônica – Lj. 18 2003 90 Curitiba – Água Verde – Lj. 20 2002 92 Criciúma – Av. Centenário – Lj. 7 2004 93 Jaraguá do Sul – SESI – Lj. 10 2004 94 Joinville – América – Lj. 21 2004 95 Florianópolis – Av. Rio Branco 2004 98 Florianópolis – R. Pedro Demoro 2004 99 Florianópolis – Posto Trindade 2004 100 São José – Kobrasol 2004 101 Palhoça – Av. Rio Branco 2004 102 Lages – Rua Cel. Córdova 2004 103 Baln. Camboriú – Av. Atlântica 2004 104 Joinville - Centro 2004 106 Blumenau – Centro 2004 107 Blumenau – Centro 2004 108 Joinville - Centro 2004 109 Jaraguá do Sul – Centro – Lj. 22 2005 Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. 131 5.2.2.3 Os Postos de Combustíveis Com o objetivo de atender sua frota de veículos que fazia a distribuição de mercadorias do Depósito Central para suas lojas o Angeloni inaugurou, em 1988 na cidade de Criciúma, um posto de combustível com a bandeira Esso. Nos anos 90 com o processo de descentralização de compras e de abastecimento direto nas lojas o posto ficou em segundo plano e a sua operação era incipiente, atendendo pequenas transportadoras, o restante da frota própria e sem maior esforço comercial, veículos particulares. Em 1998, ao ampliar sua loja na Beiramar, surgiu a oportunidade de adquirir um posto de combustível vizinho, que serviria para implantar o conceito one-stopshop. Assim a Rede Angeloni inicia a tendência de ampliar mais seus serviços e incorporou este Posto Shell (em 2005 foi escolhido o posto mais bonito do Brasil e tem uma das maiores vendas de combustível da cidade). Em 2002, adquire mais um Posto Shell, no bairro Trindade, em Florianópolis. Atualmente esta unidade de negócio conta com a quarta filial, um Posto BR, no Centro de Distribuição de Porto Belo, na BR-101, inaugurado em outubro de 2006. O Quadro 16 mostra a rede de postos de combustíveis como mais um dos serviços agregados à clientela da Rede Angeloni. Quadro 16 – Postos de Combustíveis em atividade na Rede Angeloni. POSTOS DE COMBUSTÍVEIS DO ANGELONI Loja Localização 60 Posto Criciúma 1988 61 Posto Beiramar – Florianópolis 1998 62 Posto Trindade – Florianópolis 2001 63 Posto Porto Belo 2006 Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. Abertura Encerramento 132 O Gráfico 7 mostra as UEN’s em operação que são: 19 lojas de auto-serviço: 1 Superfácil, 8 Supermercados e 10 Supercenter’s. Mais 4 postos de combustíveis: 1 Esso em Criciúma, 2 Shell em Florianópolis e 1 BR em Porto Belo e 26 farmácias: 15 localizadas em supermercados, uma junto ao Posto Shell Trindade e 10 em pontos comerciais locados (antiga rede Drogamed). UEN em operação Super Farmácia Posto 30 20 17 QTE 26 25 25 15 10 10 4 5 1 5 6 11 12 13 15 14 13 15 14 14 18 17 7 1 1 1 1 19 2 11 7 6 6 22 19 15 10 2 18 18 26 2 3 3 3 3 3 4 11 0 1958 1969 1972 1974 1976 1978 1981 1983 1986 1987 1988 1989 1992 1995 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ANO Gráfico 7: As UEN em operação na Rede Angeloni. Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. Atingiu R$1.081.733.787,00 de faturamento em 2006, com o trabalho realizado por 6.488 funcionários. Comercializa mais de 35 mil itens de estoque atendidos pelo Centro de Distribuição de 36.000 m² de área com 27 mil posições de paletes. Juntos atendendo um fluxo de um milhão e oitocentos mil clientes/mês (DIRETORIA de MARKETING, 2006). Suportada por uma estrutura operacional e administrativa que conta com uma sede administrativa organizada funcionalmente conforme o organograma da Figura 39. 133 5.2.3 – Organograma Funcional da Rede Angeloni Figura 39: Organograma Funcional da Rede Angeloni Fonte: A. Angeloni & Cia. Ltda. 134 5.3 Perspectivas A evolução da empresa tanto no setor supermercadista, bem como no cenário nacional é demonstrada pela posição ocupada no ranking dos 500 maiores supermercados e no das 500 maiores empresas do Brasil, editados pelas revistas SuperHiper (2003, 2004, 2005, 2006, 2007) e Exame (2004, 2005, 2006, 2007). O Gráfico 8 mostra as colocações apuradas pelo faturamento bruto de cada ano. RANKING DOS 500 MAIORES Ranking Abras Maiores e Melhores ANO 2002 2003 2004 2005 2006 0 11 12 10 9 307 295 289 9 50 100 COLOCAÇÃO 150 200 250 300 261 323 350 400 Gráfico 8: Ranking dos 500 maiores supermercados e das 500 maiores empresas do Brasil. Fonte: Adaptado de: Revistas SuperHiper (maio de 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007) e Exame (julho de 2004, 2005, 2006 e agosto de 2007). Como citado, novas lojas mais perto do consumidor, aprimoramento da relação com os clientes, serviços com valor, tecnologia e uma logística eficiente resumem as perspectivas do setor e a Rede Angeloni acompanha as perspectivas dominantes tanto regionais, como nacionais e mundiais. Traduzido, Ansoff (1965) afirma que uma empresa é uma criatura do seu ambiente. Seus recursos, seus 135 problemas, suas oportunidades e sua sobrevivência são geradas e condicionadas pelo seu ambiente. As perspectivas também. Não há como não colocar nas perspectivas do varejo alimentar e, em particular, para a Rede Angeloni, a contínua criação de valor. Quem compra valor? Todos os consumidores, respeitando seu status social e econômico. Portanto compreender a mudança do comportamento do cliente é fundamental. Durante muito tempo admitiu-se que o comportamento de consumo fosse dirigido para atender a necessidades descritas como básicas e supérfluas, sendo as primeiras consideradas legítimas e que deveriam ser privilegiadas, enquanto as segundas eram percebidas como desnecessárias. Hoje se admite que o consumo seja parte central da identidade dos indivíduos e de seus grupos, assim como o trabalho foi um marco para a sociedade industrial, delimitando seu espaço social (TURRA, 2006). Para conquistar mais seu consumidor, seu desejo de consumo, a Rede Angeloni, além de manter sua estratégia de crescimento, como será discorrido a seguir, buscou aprimorar e incorporar as mais recentes tecnologias em sua infraestrutura operacional. O início da operação do Centro de Distribuição, em prédio próprio, é um dos vetores que alicerça as perspectivas para os próximos anos. Além de ordenar todo o sistema de distribuição, o CD de Porto Belo atenderá as reformas e ampliações como ocorreu com a loja de Lages (Loja 12) bem como o projetado aumento da loja do centro de Florianópolis (Loja 11) para o final de 2008, início de 2009. As três novas operações que serão inauguradas em 2008/2009 – Estreito em Florianópolis, Batel em Curitiba e Atiradores em Joinville – também foram previstas para serem atendidas pelo centro de distribuição. Com a implantação de compras pelo celular, a Rede Angeloni antecipa o uso desta mídia como acesso e meio de pagamento, alavancando a operação Tempo (delivery). O constante treinamento do corpo interno de funcionários e a criação de um programa trainee para recém egressos das universidades mostra qual é a tendência dos diversos setores da empresa, principalmente TI e logística, com o desenvolvimento das competências humanas. 136 A conquista do cliente e poder atendê-lo em todos os locais, o uso da tecnologia como mídia (TV digital, rádio indoor), atendimento rápido (quiosques automatizados), mais cidades e bairros com lojas, a incorporação de novos serviços, a implantação de parcerias com fornecedores e até com concorrentes, a busca de reinventar o ponto-de-venda, o fortalecimento da cultura organizacional e seus valores, e a busca da diferenciação pela gestão de talentos são perspectivas de hoje e com certeza de amanhã. 137 6 AS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS DO ANGELONI Este capítulo é o tema central do estudo. Com base, principalmente, nas propostas de Michael Porter e apoiado por outros estudiosos da disciplina estratégia como Henry Mintzberg e Richard Whittington analisa-se o comportamento estratégico adotado pela Rede Angeloni no período de 1983 a 2006. 6.1 A Estratégia Corporativa Johnson, Scholes e Whittington (1998; 2007) definem que a estratégia em nível corporativo está relacionada com o escopo geral de uma organização e com o modo de agregar valor às diferentes partes (unidades de negócio) da organização. Numa empresa, no entendimento dos autores, a estratégia diz respeito a como concorrer de forma bem-sucedida em determinados mercados. Insere-se também na criação de valor para obtenção de vantagens sobre os concorrentes, de lucratividade a longo prazo e crescimento, como por exemplo, através de maior participação do mercado. Esta conceituação está vinculada aos objetivos e metas de crescimento, que mesmo não tendo sidos escritos como no caso da Rede Angeloni, inscrevem-se no continuum da existência da organização como bem colocou Hanan (1976, p. 50): ”uma empresa só pode ter sucesso na diversificação e na expansão quando o crescimento torna-se o objetivo predominante do empreendimento, como no caso dos pequenos negócios”. John Browne (1997) citado por Montgmery (2008) faz o seguinte comentário: 138 Uma empresa precisa ter um propósito claro. Se esse propósito não for cristalino, quem trabalha na empresa não saberá que tipo de conhecimento é crítico e o que é preciso saber para melhorar o desempenho (...) O que queremos dizer com propósito? Nosso propósito é aquilo que somos, o que nos torna únicos. É aquilo que nós, enquanto empresa, existimos para atingir e aquilo que estamos dispostos ou não a fazer para atingi-lo. Necessário lembrar as palavras do Vice-Presidente do Conselho Administrativo e também sócio da Rede Angeloni: o início foi de raça e intuição. A inflação era alta e distorcia qualquer análise... com muita raça e intuição a empresa foi crescendo. O mercado tinha poucos concorrentes. O investimento em novas lojas retornava de imediato. Hoje o retorno é mais lento, têm mais concorrentes... Neste sentido Montgomery (2008, p. 34) diz que criatividade e insight são cruciais, bem como a capacidade de tomar decisões sobre uma série de questões que não podem ser resolvidas apenas por meio de análise. Morgan (1998; 2006) coloca que indivíduos, grupos e organizações têm necessidades que precisam ser atendidas, assim eles dependem de um ambiente mais amplo para vários tipos de sustentação. A metáfora do autor é que as organizações, tal como, os organismos, são “abertas” para seu ambiente e precisam atingir uma relação apropriada com esse ambiente para poder sobreviver. Em grande parte, o amplo interesse pela estratégia corporativa é um produto deste entendimento de que as organizações precisam ser sensíveis ao que está ocorrendo no mundo exterior, conclui Morgan (1998; 2006). Esta forma de pensar de Morgan (1998; 2006) auxilia compreender o uso da Figura 2 neste estudo. Tal como organismos, as empresas são um conjunto de subsistemas (administrativo, humano, financeiro, operacional, tecnológico) quem tem suas funções bem determinadas no corpo chamado organização. Sendo orgânica a empresa pode ter sua estratégia corporativa disposta tal como um organograma. 139 Da experiência advinda da convivência profissional com a Rede Angeloni e da entrevista realizada com os integrantes do conselho e com os diretores executivos, o autor elaborou a Figura 40 que demonstra como a Rede Angeloni estruturou sua estratégia no período estudado: ESTRATÉGIA CORPORATIVA Estratégia de Crescimento e de Expansão Estratégia Operacional Estratégia de Crescimento Estratégia Tecnológica Estratégia de Expansão Informática Logística Localização Arquitetura Estratégia de Recursos Humanos Estratégia Comercial Estratégia AdministrativoFinanceira Estratégia de Operação Estratégia de Marketing Comunicação Relacionamento Figura 40: Organograma Estratégico da Rede Angeloni Fonte: elaborado pelo autor. 140 O conceito de estratégia já foi definido. É a direção de longo prazo da organização. Essa estratégia precisa ser gerida. Não é a gestão do processo de tomada de decisão estratégica e sim a gestão do todo. Johnson, Scholes e Whittington (2007, p. 52) definem: “Gestão estratégica inclui entender a posição estratégica de uma organização as escolhas estratégicas para o futuro e transformar estratégias em ação”. Complementam os autores afirmando que “a posição estratégica está relacionada a identificação do impacto do ambiente externo sobre estratégia, à capacidade estratégica da organização (recursos e competências) e as expectativas e influências dos stakeholders” 37. 6.1.1 A Estratégia de Crescimento e de Expansão Para Collins e Porras (2000) apud Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005), possuir um conjunto de objetivos claros e bem definidos é uma base importante para as empresas alcançarem suas metas de crescimento. Como já dito, mesmo não tido sido escritos, os objetivos são expressos pelas atitudes e pelas palavras de quem está dirigindo a empresa. Falando sobre a expansão da empresa, o fundador e presidente do conselho, no seu melhor estilo de falar pouco e escutar muito, disse: O crescimento foi acontecendo normalmente... Tivemos sorte com a escolha da equipe. O estreitamento da relação com fornecedores ajudou. Eu não tenho computador na sala, mas reconheço a importância da informática. Eu tenho minhas maneiras de controlar. A instalação de um centro de distribuição tem sido fundamental para nosso desenvolvimento. Toda nossa expansão foi normal, aconteceu. Foi conseqüência de nosso trabalho. Seu sócio, e irmão completa, dizendo que: 37 Grupos ou indivíduos, direta ou indiretamente, afetados pela busca de uma organização por seus objetivos (MOREIRA, Júlio César T.; PERROTTI, Pietrangelo P.; DUBNER, Alan G. Dicionário de Termos de Marketing. São Paulo: Atlas, 2003, p. 397). 141 O crescimento teve fases. Nunca houve época ruim para supermercados, a não ser a enchente de Tubarão que nos levou a concordata, levantada em 10 meses. Depois da recuperação a firma nunca parou de crescer. Tubarão foi o primeiro salto e veio Florianópolis, pois as redes da época não investiam na cidade e nós aproveitamos a oportunidade. Com a instalação da primeira loja e com a aceitação passamos a dominar o mercado. De Florianópolis foi só crescer. Com o apoio da indústria, que também queria evitar a concentração de redes, enfrentamos os grandes concorrentes e acho que nos saímos muito bem. Estamos em franca expansão, abrimos o CD e temos previsão de abrir duas ou três novas lojas. O atual presidente executivo lembra que: Os valores permanecem se adequando às mudanças. As lojas sempre foram limpas, bem organizadas, agradáveis de circular, as pessoas ainda usam o antigo slogan para confirmar nossa variedade: vou ao Angeloni porque tem tudo. A variedade de produtos aliada aos preços competitivos e a contínua procura por ferramentas para acompanhar os operadores internacionais orientam a expansão. Na busca da melhor compreensão por quem usar este estudo fica convencionado que a estratégia de crescimento é resultado da estratégia de expansão, isto é, uma nova UEN num novo mercado é expansão da Rede Angeloni que gera crescimento de postos de trabalho, do faturamento e de lucros que remuneram os acionistas e são reaplicados na expansão do negócio. No entender de Anselmo e Toledo (2003) as estratégias de crescimento, que contemplam a definição do escopo de atuação da empresa (seus negócios, produtos e mercados, e o escopo vertical ou grau de integração na cadeia de valor da indústria 38 ) e as formas de alcançar seus objetivos (via desenvolvimento interno, aquisições e/ou fusões, e alianças estratégicas). Charan e Tichy (1998) apud Anselmo e Toledo (2003) identificam nove fontes básicas de crescimento: 1. Crescimento natural, quando o mercado atendido é forte e está em expansão; 38 Indústria – conjunto de fabricantes http://www.artigos.com/index2php em 07/03/2008. de produtos ou serviços similares. 142 2. Ganho de participação de mercado através de baixo custo/alta produtividade, ciclo rápido e alto giro; 3. Tecnologia ou patente proprietária; 4. Canais de distribuição bem desenvolvidos e construídos ao longo do tempo; 5. Abrir novos mercados para os seus produtos atuais; 6. Ganhar força no mercado via aquisições, alianças e/ou integração vertical; 7. Expansão do “lago em que está o peixe”; 8. Resegmentação do mercado e 9. Movimentação para mercados adjacentes. Mesmo sendo o crescimento um processo natural de desenvolvimento das organizações, demonstrada pelo modelo de crescimento de Greiner (1998) ou pelo ciclo de vida de Adizes (1990; 2004) a estratégia de crescimento adotada pela Rede Angeloni identifica-se com a estratégia de diversificação discutida por Porter (1980; 2004). A diversificação no contexto da estratégia corporativa representa a presença empresarial em mais de um setor, com o intuito de reduzir as incertezas e dificuldades enfrentadas por empresas que atuam em um único setor. Quando se dá em negócios não relacionados (conglomerado), é motivada pelo desejo de capitalização das oportunidades de lucro em qualquer setor. Já a diversificação em negócios relacionados implica a atuação em negócios com semelhanças ou complementaridades entre si, em importantes dimensões estratégicas, resultando geralmente em ganhos sinérgicos e em riscos e incertezas menores (WRIGHT, KROLL e PARNELL, 2000 apud CAMARGOS e DIAS, 2003). A opção da Rede Angeloni por diversificar foi agregar aos supermercados, as farmácias e os postos de combustíveis. Já a estratégia de expansão da Rede Angeloni está representada pela instalação de novas unidades de negócios em diferentes localizações geográficas, por meio da exploração de novos mercados sem abandonar os já conquistados. A estratégia de expansão pode ser caracterizada pelo comportamento estratégico denominado por Miles e Snow (1978; 2003) de prospectivo e analítico. O 143 comportamento prospectivo é caracterizado por empresas que continuamente procuram novas oportunidades e constantemente respondem a novidades emergentes. No comportamento analítico as empresas buscam estabilidade sem deixar de buscar outros nichos. Parente (2000, p.79) escreve que existem várias estratégias que um varejista pode escolher para expandir seus negócios: penetração de mercado (mais lojas, maior tíquete médio, maior número de clientes, maior freqüência de visita), desenvolvimento de mercado (novos mercados geográficos, novas categorias de produtos, novos segmentos de mercado, evolução operacional), melhoria de produtividade e eliminação de desperdício (redução de custos, melhoria no mix de produtos, melhor composição de margens), integração vertical (a venda de eletro domésticos e eletrônicos) e integração horizontal (a aquisição de redes concorrentes). As mudanças econômicas ocorridas com a moeda (cruzeiro em 1983, cruzado de 1986 até 1989, cruzado novo de 1989 e novamente cruzeiro até 1993, cruzeiro real e por fim real em 1994) não permitem uma avaliação que espelhe o crescimento e a expansão no período 1983 até 2006. Mas este crescimento e expansão podem ser comprovados pelos dados demonstrados com a moeda vigente, o real, em períodos compreendidos entre 1995 e 2006. O crescimento pode ser avaliado pelo Gráfico 9 que mostra a evolução percentual das vendas e dos funcionários tomando-se o ano de 1995 como base 100. O crescimento em vendas quase quadruplicou crescendo 395% considerando R$ 1.081.733.787,00 de 2006 em relação aos R$ 218.612.346,00 de 1995. O número de postos de trabalho era de 2.307 em 1995 atingindo 6.488 em 2006, ou seja, 181% maior em apenas 11 anos. O dado mais revelador do crescimento no período é o fato que em 1995, um funcionário era responsável por R$ 94.760,44 de venda/ano, enquanto em 2006 este valor atingiu R$ 166.728,39 de venda/ano crescendo no período 76%. 144 CRESCIMENTO EM % Funcionários Vendas 600 495 500 442 454 PERCENTUAIS 400 338 274 300 281 248 221 200 263 230 174 100 100 100 111 130 145 262 235 200 174 131 107 111 109 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ANO Gráfico 9: Crescimento em % da Rede Angeloni. Fonte: A. Angeloni & Cia. Ltda. Na expansão há de se considerar que ela aconteceu de uma forma mais gradativa. Tendo o ano de 1995 como base a empresa tinha 14 lojas de supermercado e 1 posto de combustível, agregou somente mais 1 loja e mais 1 posto até 1999, pois tinha fechado 2 lojas adquiridas em 1981 de outra rede regional. Adequando-se a nova realidade proposta pelo Plano Real, a estratégia de expansão concentrou-se na reforma e ampliação das lojas existentes. O crescimento e a expansão ocorrida no período deve-se muito, como já explanado e demonstrado no Gráfico 5, ao fato de que a área de vendas cresceu 131% no período (1995 – 1999). Em 1995 a decisão de inaugurar a loja do Shopping Muller ocorreu por dois fatores: o fato da Rede Angeloni não possuir uma loja na maior cidade de Santa Catarina e pela falta de recursos próprios para construir sua própria loja. Cabe salientar que a decisão foi apoiada pelo excelente ponto do shopping e pelo fato da atração das demais lojas que alavancariam a operação. 145 A falta de recursos para implantar novas operações de supermercados dirigiu o foco da estratégia para a reforma e ampliação iniciada na cidade de Tubarão, em 1996 e culminando com a reforma total da loja da Beiramar em Florianópolis em 1998. O prédio dobrou de tamanho e a reforma foi feita com a loja operando. “No intenso e profundo processo de reestruturação das empresas e de seus negócios, a competitividade competências exige eficiência essenciais (core coletiva; empresas competences) e terão procurar de focar suas parcerias para complementar recursos e realizar seus objetivos” (FLEURY& FLEURY, 2003, p. 130). A saída do sul de Santa Catarina (Criciúma e Tubarão) para implantar uma loja com ar-condicionado e elevador em Florianópolis, em 1983, foi um marco na estratégia de expansão da Rede Angeloni. Dela decorreram todas as demais estratégias operacionais para poder gerir uma unidade “longe dos olhos” do proprietário. Na estratégia de expansão a loja da Beiramar, construída em 1989, aumentou em 1998 (Figura 41) o espaço de sua área de vendas para mais de 5000 m², ampliou o mix de lojas de seu strip-center e colocou sua marca num posto de combustível instalado no terreno contíguo. Nascia o conceito one-stop-shop. É comum nos Estados Unidos várias lojas prestadoras de serviço reunir-se em torno de um único estacionamento para proporcionar aos consumidores a solução de diversas necessidades cotidianas (alimentos, remédios, combustível, conserto de roupas e calçados, lavanderia, pagamento de contas, jornais e revistas, lazer) numa única parada (one-stop-shop). Este conceito do one-stop-shop produziu uma diferenciação competitiva, agregando valor aos produtos e serviços da Rede Angeloni e mostrou, através da análise de retorno do investimento, que a relação do capital empregado com o tamanho físico da loja, número de postos de trabalhos, quantidade de check-out’s (1 para cada 150 m² de área de vendas) e variedade de produtos seria o modelo a ser seguido. E foi. Nasciam os supercenter’s da Rede Angeloni. 146 Figura 41: Supercenter Angeloni Beiramar Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda. “Diferenciação é uma visão e uma decisão de dentro para fora mais do que uma informação de fora para dentro; são os recursos da empresa, consubstanciados em competências e capacitações que criam e exploram lucrativamente um potencial de diferenciação latente nos mercados” (FLEURY& FLEURY, 2003, p. 132). “Uma alternativa é buscar extensões da estratégia que alavanquem o sistema de atividades existentes de maneira a criar serviços ou especificações que os rivais considerem ser impossível combater em bases individuais” (PORTER, 1996 apud FLEURY& FLEURY, 2003, p. 132). O novo século e a estabilidade econômica advinda do Plano Real (1994) dos governos dos Presidentes Itamar Franco e FHC 39 , além da inclusão das classes C, D e E no paraíso do consumo, sustentam um novo ciclo de expansão. Assim foram projetados e construídos os novos supercenter’s (Figura 42) de Balneário Camboriú (1999) e Itajaí (2001). Em 2000, a Rede Angeloni concebeu um novo formato, com a variedade de produtos dirigida para uma diversidade nos alimentos. Denominada Super Sabor, abriu em Joinville, mas não teve aceitação do público. A intuição, sem o apoio de pesquisa qualificada junto ao público-alvo e outros erros de estratégia produziu 39 Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil entre 1995 e 2002. 147 resultados negativos e após dois meses foi tomada a decisão de abandonar o projeto e colocar a loja sob o consagrado formato da bandeira Angeloni. Foi em 2001 que a loja de Capoeiras (Figura 42) foi reformada e ampliada. A expansão segue, em 2004, abrindo o supercenter de Jaraguá do Sul. Em 2005, ocorre o fechamento da loja do Shopping Mueller com a respectiva abertura do supercenter do bairro América em Joinville. Supercenter B. Camboriú (Nov 1999) Supercenter Itajaí (Dez 2001) Supercenter Angeloni Capoeiras – Florianópolis - (Dez 2001) Figura 42: Maquetes dos projetos de Supercenter’s da Rede Angeloni. Fonte: A. Angeloni & Cia. Ltda. Em 2006, a loja de Lages tornou-se supercenter e a empresa adquiriu três novos terrenos para construir seus novos supercenter’s nos bairros do Estreito em Florianópolis, no Batel em Curitiba e no Atiradores em Joinville. O Gráfico 10 mostra os números da expansão da UEN’s da Rede Angeloni: 148 EXPANSÃO das UEN's em operação Super Farmácia Posto 30 20 17 QTE 26 25 25 15 10 10 6 4 5 1 11 12 13 14 15 14 13 15 14 18 19 18 19 15 11 10 7 6 5 2 18 17 26 1 1 1 1 1 0 2 2 6 2 7 3 3 3 3 3 4 1 2 1958 1969 1972 1974 1976 1978 1981 1983 1986 1987 1988 1989 1992 1995 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ANO Gráfico 10: Expansão das UEN’s em operação da Rede Angeloni. Fonte: A. Angeloni & Cia. Ltda. Diversos são os critérios que a revista Exame emprega para a escolha das melhores e maiores empresas do Brasil em cada exercício contábil. Para analisar os resultados do crescimento e expansão da Rede Angeloni destaca-se: o crescimento das vendas (dinamismo da empresa no ano analisado), lucro líquido ajustado (sem os efeitos da inflação), patrimônio líquido ajustado (atualizado pelos efeitos da inflação), rentabilidade ajustada (controle de custos, aproveitamento de oportunidades, geração de valor para o acionista), EBITDA (caixa gerado pela empresa) e a riqueza criada pelo empregado (REVISTA EXAME, 2007, p. 27). Os números dos exercícios contábeis dos anos de 2003 a 2006, demonstrados na Tabela 3, demonstram o comportamento do crescimento e da expansão da Rede Angeloni que a colocam, em 2006, na 261ª posição entre as 500 maiores empresas do país (MAIORES e MELHORES, REVISTA EXAME, 2007). 149 Tabela 3: Indicadores de Análise de Desempenho da Rede Angeloni INDICADORES DE ANÁLISE DE DESEMPENHO DA REDE ANGELONI ANO CRESCIMENTO LUCRO PATRIMÔNIO RENTABILIDADE EBTIDA RIQUEZA p/ VENDAS (%) LÍQUIDO (em LÍQUIDO (em (%) (em US$ EMPREGADO US$ milhões) US$ milhões) milhões) (em US$ mil) 2003 0,6 7,6 27,4 25,5 6,1 11,0 2004 12,2 17,4 123,3 13,8 21,3 14,2 2005 6,4 6,1 143,5 3,9 15,5 13,2 2006 11,3 1,9 162,2 1,2 17,1 7,1 Fonte: elaborado pelo autor com dados da Revista Exame – 2004, 2005, 2006 e 2007. A exposição dos números não pretende analisar de forma quantitativa o estudo qualitativo das estratégias aplicadas pela Rede Angeloni no período de 1983 a 2006. Os números servem para reforçar os argumentos apresentados e que também as estratégias de crescimento e de expansão foram motivadas por fatos/mudanças internos relacionados com fatores econômicos e políticos durante o período analisado. O Quadro 17 sintetiza estes fatos com os quais a empresa conviveu e definiu suas estratégias de crescimento e de expansão, além das estratégias operacionais que se verificará no transcorrer deste capítulo. Quadro 17 – Síntese dos Fatos relacionados com a Rede Angeloni ANO FATOS/ MUDANÇAS PRINCIPAIS 1983 A chegada da Rede em Florianópolis. 1986 Inaugurada a filial da cidade de Lages. CICLO DE VIDA (Adizes, 1990) POSIÇÃO NO SETOR Infância Dados indisponíveis. Toca-Toca Dados indisponíveis. FATORES ECONÔMICOS / POLÍTICOS Após a crise do petróleo agrava a crise econômica brasileira (Inflação = 110% em 1982) A inflação atinge 235,11% em 1986. O Governo Sarney edita o Plano Cruzado. 150 1987 Informática e Comunicação. O 1° Hipermercado, no bairro Capoeiras, em Florianópolis. Toca-Toca Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 34° Grupo Giassi: 133° 1988 Automação Comercial e Sistemas Gerenciais. O 1° Posto de Combustível. Toca-Toca Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 38° Grupo Giassi: 175° 1989 A 1ª loja com strip-center, na Av. Beiramar, Florianópolis. Toca-Toca 1992 1995 1996 1997 1998 Expansão para Blumenau com novo hipermercado. Abre uma loja no Shopping Mueller em Joinville. Nova marca (O A estrelado). Reformas e Geração própria 41 de energia. Home-page: www.angeloni.com.br A nova loja de Jaraguá do Sul. A 1ª farmácia. Ombudsman. Diretoria Profissional. Centro de Distribuição. O conceito one-stop-shop com a reforma da loja da Beiramar. O 2° Posto de Combustível. Nasce o Clube Angeloni Toca-Toca Adolescência Pão de Açúcar: 2° Rede Angeloni: 21° Grupo Giassi: 82° O SESI/SC fecha a operação supermercados. Adolescência Pão de Açúcar: 2° Rede Angeloni: 20° Grupo Giassi: 65° Estabilidade econômica. O avanço da tecnologia e da logística. Plenitude Pão de Açúcar: 2° Rede Angeloni: 15° Grupo Giassi: 58° As lojas virtuais. Mudança política cambial para reverter o processo recessivo. Pão de Açúcar: 2° Rede Angeloni: 11° Grupo Giassi: 40° Plenitude 2000 O fracasso do Super Sabor. Criado o CD de São José. Plenitude 2001 Cartão de Crédito co-branded com VISA, Implantação do CRM. Plenitude 2002 Chegada em Curitiba. O 3° Posto de Combustível. Plenitude 2006 Código de Barras (EAN). A queda do muro de Berlim. Fim da Guerra Fria. A globalização Plano Collor. CDC 40. Enchente no dia da inauguração fecha a loja de Blumenau por 3 dias. Instabilidade econômica e política. Disparada do dólar. Plano Real. O ataque das redes Internacionais. A chegada do Wal-Mart. Pão de Açúcar: 2° Rede Angeloni: 20° Grupo Giassi: 92° Tempo (delivery). Rádio indoor. Compra das Farmácias Drogamed. Plano Diretor Logístico. Expansão: O novo centro de distribuição. O 4° Posto de Combustível. Projetos de 3 novos hipermercados: Florianópolis, Curitiba, Joinville. Crises inflacionárias (a inflação acumulada do ano de 1988 foi de 1.037,56%) Adolescência 1999 2004 Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 33° Grupo Giassi: 117° Pão de Açúcar: 2° Rede Angeloni: 22° Grupo Giassi: 104° A Internet conquista o mundo. Plenitude Plenitude/ Estabilidade Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 11° Grupo Giassi: 39° Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 12° Grupo Giassi: 31° Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 11° Grupo Giassi: 26° Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 10° Grupo Giassi: 21° Pão de Açúcar: 1° Rede Angeloni: 9° Grupo Giassi: 19° Ampliação da concorrência (a disputa Carrefour x Pão Açúcar pela liderança). O bug (do milênio) que não ocorreu. Nasce o Euro e uma nova Europa. Pressão social (ONG’s). A insegurança no mundo (11 de setembro). As classes C, D e E ingressam no mercado de consumo. A mudança política com o PT. BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A China entra na OMC A globalização mostra os primeiros sinais de recessão Fonte: elaborado pelo autor. 40 Código de Defesa do Consumidor. Em outubro de 2003 a cidade de Florianópolis sofreu um ‘apagão’ (falta de energia elétrica total) durante 3 dias. Os supermercados Angeloni funcionaram sem nenhuma descontinuidade de serviços. 41 151 Além dos eventos mencionados no Quadro 17, vale frisar que a visão, o estilo de liderança e a intuição, dentre outros aspectos, também contribuíram para o crescimento e expansão da Rede Angeloni. Para Collins e Porras (2000) apud Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005), empresas visionárias se apresentam como instituições líderes em seus setores, muito admiradas pelas outras empresas e com um longo registro de impactos significativos sobre o mundo à sua volta. Citam também Birley e Muzyka (2001) que dizem que as empresas visionárias conseguem identificar e explorar oportunidades de modo a se destacar entre as suas concorrentes de mercado. Logo para Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005), cabe, assim, um papel fundamental à iniciativa e criatividade dos empresários para aproveitamento das oportunidades, até porque não necessariamente tal processo se dá como planejado. Reforçando a importância da visão para o crescimento da empresa, Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005), acrescentam a consideração de Pree (1998) que todos os empresários tendem a ver seu negócio, porém poucos conseguem ter uma verdadeira visão sobre o seu negócio. Uma forma sugerida de pensar na diferença entre a capacidade de ver e visão seria a seguinte: podemos aprender a ver as coisas como elas realmente são, mas somente com uma visão conseguimos começar a ver as coisas como elas podem ser. Pree (1998) apud Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005) diz que a visão de um grupo organizacional pode ser um ideal de direção alcançável através de trabalho contínuo. O desempenho do líder ou da liderança dentro de uma organização é crítica. Um líder, por exemplo, que não consiga separar os problemas ou que tenha medo das possíveis conseqüências que uma visão pode acarretar para a empresa contribui de forma negativa para a obtenção da meta estipulada, tornando-a confusa e sem direção correta a ser seguida. Já uma grande diferença ocorre quando, em outro exemplo, os líderes estimulam seus funcionários a participar de forma bastante ativa do processo de gestão, aproveitando a energia dos trabalhadores de forma a beneficiar a organização e todos poderem sair com ganhos. O texto do artigo de Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005) é adequado para entender a visão inicial do fundador da Rede Angeloni quando trouxe de São Paulo a 152 idéia de instalar o auto-serviço em Criciúma, iniciada em 1958, com a fiambreria e concretizada em 1972 com o primeiro supermercado da rede. Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005) citam Collins e Porras (2000) que afirmam que possuir um conjunto de objetivos claros e bem definidos é uma base importante para as empresas alcançarem suas metas de crescimento. A ideologia central de uma empresa visionária está em um conjunto de preceitos básicos que procura algo como plantar um pilar fixo no chão. Assim, a existência real de uma ideologia se configura não apenas com palavras, mas em todo conjunto de atitudes capaz de formar uma força vital para a sustentação da empresa. Suas ideologias andam lado a lado com a auto-exigência de crescimento, de mudanças e de progresso, sendo mesmo uma necessidade latente, independente das mudanças em seu ambiente macro. A busca pelo progresso, a necessidade de evolução, faz com que nunca estejam satisfeitas pelo status quo. Dessa forma, estimulam sempre o progresso e encontra harmonia nas suas estratégias, metas, táticas, estruturas, sistemas de incentivo e padrões de trabalho. Quando algo não vem de acordo com suas ideologias, tais empresas conseguem detectar rapidamente o entrave de forma a solucionar o problema o mais rápido possível, sem interferência em suas estruturas. Assim a Rede Angeloni forjou em preceitos simples como cuidar de apagar lâmpadas que não precisam estar acesas e reutilizar envelopes recebidos para o malote interno da empresa, suas ideologias e quando algo não está de acordo com o planejado é logo corrigido. Foi o que ocorreu durante o processo de implantação do conceito Super Sabor. Problema detectado, problema resolvido. A necessidade de criar e recriar motivos para que a empresa siga existindo distingue o estrategista de qualquer outro indivíduo na empresa. Com um olho, essa pessoa deve observar como a empresa está somando valor no presente. Com o outro, deve estar atento a mudanças, dentro e fora da empresa, que ameacem sua posição ou abram novas oportunidades de geração de valor. Conduzir esse processo incessante, levar perspectiva ao centro da ação e dar um propósito ao fluxo – e não solucionar o enigma estratégico uma única vez – é a grande responsabilidade do presidente (MONTGOMERY, 2008, p. 36). 153 O que mais pode estar incluso nesta visão? Disposição? Perspicácia? Intuição? Ou tudo? A disposição e a perspicácia para entrar e sair rapidamente de um projeto ou até de um negócio já em operação podem significar a diferença para o sucesso. A perspicácia, aliás, depende diretamente do conhecimento do ramo de atividade em que a empresa opera, completam Collins e Porras (2000) apud Campanhol, Salomão e Ishikawa (2005). O que é intuição? Nem o oposto da racionalidade, nem um processo aleatório de adivinhação, a intuição corresponde a pensamentos, conclusões ou escolhas produzidas inteiramente, ou em parte, por meio de processos mentais subconscientes (MILLER, C. CHET; IRELAND, R. DUANE, 2005). Continuam os autores que popularmente a intuição é concebida como um pressentimento, um julgamento ou uma escolha feita por meio de uma síntese subconsciente da informação extraída de experiências diversas. Uma “sensação instintiva” é freqüentemente usada para descrever a escolha final. Pode ter acontecido em 1958, quando a fiambreria abriu suas portas. Neste sentido Rowan (2001) apud Miller e Ireland (2005) descreve o processo da intuição desta maneira: A intuição é um conhecimento obtido sem um pensamento racional. E, na medida em que ele se origina de algum estrato de consciência logo abaixo do nível consciente, é algo escorregadio e esquivo, para dizer o mínimo. (...) Novas idéias se originam de uma mente que organiza a experiência, fatos e relações para discernir sobre um caminho (mental) que não tenha sido trilhado antes. No capítulo sobre a escola do aprendizado Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (1998; 2000) citam Crossam, Lane e White (1997) que fizeram um criterioso trabalho explorando a noção que o aprendizado individual promove o aprendizado no nível coletivo. Assim os níveis, individual, grupo e organização, estão atrelados aos processos de intuição, interpretação, integração e institucionalização e definem intuição como um processo subconsciente que ocorre no nível do indivíduo. É o início do aprendizado e precisa acontecer numa mente isolada. As experiências, imagens e metáforas criadas pela visão, perspicácia e intuição do 154 fundador da Rede Angeloni foram incorporadas aos valores da organização e tem sido os fundamentos de sua estratégia corporativa. As idéias de Kim e Mauborgne (2004) para as estratégias do oceano vermelho e azul servem para a Rede Angeloni principalmente quando rompeu as fronteiras onde estava por 25 anos, o sul do Estado, e veio instalar-se na capital. Foi há época a passagem do oceano vermelho com fronteiras definidas para um oceano azul (Florianópolis) desconhecido. Mas está em Porter (1980; 2004) o contexto na qual a estratégia corporativa da Rede Angeloni está inserida. Uma estratégia competitiva que controla as forças competitivas definidas por Porter (1980; 2004). Assim a Rede Angeloni encontrou na proposta das estratégias competitivas de Porter (1980; 2004) a sua vantagem competitiva focada na busca de uma diferenciação para um maior segmento de clientes. “A formulação da estratégia competitiva deve buscar potencializar a competência na qual a empresa é mais forte. A constante evolução das competências da empresa permite o sistemático refinamento e reformulação da estratégia competitiva e, a partir desta, são identificadas novas orientações para a formação de competências. A manutenção da relação dinâmica entre estratégia e competência é o principal objetivo dos processos de aprendizagem” (FLEURY& FLEURY, 2003, p. 133). A estratégia competitiva está relacionada com as bases com as quais uma unidade de negócios (UEN) pode atingir vantagem competitiva em seu mercado. Tendo por base as proposições de Porter (1980; 2004) a Rede Angeloni optou por uma estratégia baseada na diferenciação. A estratégia de diferenciação tenta fornecer produtos ou serviços que ofereçam benefícios diferentes dos oferecidos pelos concorrentes e que sejam muito valorizados pelos compradores. Johnson, Scholes e Whittington (2007) alertam que não basta ‘ser diferente’, pois não há muito sentido em ser diferente se os clientes não valorizam essas diferenças ou se os concorrentes podem imitá-las imediatamente. O esquema da Figura 43 orienta as medidas que devem ser tomadas para manter a vantagem competitiva. É uma síntese de Porter (1980; 2004) 155 Figura 43: Sustentando a vantagem competitiva. Fonte: JOHNSON, Gerry; SCHOLES, Kevan; WHITTINGTON, Richard. Explorando a Estratégia Corporativa – Textos e Casos. Porto Alegre: Bookman, 2007, p. 289. Esta diferenciação também se materializa pelos fatores estratégicos da localização e da arquitetura das lojas, acrescidas pelas estratégias operacionais. 6.1.1.1 A Localização Nesbitt (2006, p. 57) cita Albert Einstein (1965) que define o lugar “como uma pequena porção da superfície da Terra que se pode identificar por um nome (...) uma espécie de ordem dos objetos materiais e nada mais”. As teorias do lugar, que se originam da fenomenologia e da geografia física, enfatizam a especificidade da experiência espacial e, em alguns casos, a idéia do genius loci, o espírito específico do lugar (NESBITT, 2006). A Rede Angeloni encontrou o genius loci para instalar suas lojas. 156 Quadro 18 – Princípios básicos para a escolha da localização varejista. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A ESCOLHA DA LOCALIZAÇÃO VAREJISTA 1 POTENCIAL DA ÁREA Volumes de negócios que podem ser gerados. 2 ACESSIBILIDADE Vias e meios de transporte 3 POTENCIAL DE CRESCIMENTO Análise demográfica e de crescimento de renda. 4 INTERCEPTAÇÃO DE NEGÓCIOS Localização entre moradias e compras habituais. 5 ATRAÇÃO CUMULATIVA Compras comparadas, especializadas. 6 COMPATIBILIDADE Compras associadas. 7 MINIMIZAÇÃO DE RISCOS DE CONCORRÊNCIA Identificação de locais de concorrência. 8 ASPECTOS MICROECONÔMICOS Custo de funcionamento. Fonte: Richard Nelson, The Selection of Retail Location (Nova Iorque: F. W. Dalge, 1958. Adaptado de: VARGAS, Heliana C. Espaço Terciário – o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. São Paulo: Editora SENAC, 2001, p. 63. O Quadro 18 utilizado por Vargas (2001) demonstra bem quais os fatores básicos para encontrar a melhor localização para instalar uma loja. Assim a Rede Angeloni verifica os aspectos sócio-demográficos (potencial de renda e crescimento), define uma expectativa de faturamento, a facilidade de acesso, bem como o fluxo de tráfego de veículos particulares e os meios de transporte públicos que servem o local, proximidade de área residencial e outros serviços complementares, identificação dos concorrentes e o custo da operação. De acordo com Parente (2000) a localização consiste em uma das decisões mais críticas para um varejista. Um erro na seleção de um ponto significa uma enorme desvantagem competitiva para uma loja, exigindo esforços mercadológicos e muitas vezes sacrifícios de margem que acabam levando a prejuízos operacionais. A seleção da localização irá influenciar na atratividade da loja junto aos consumidores de sua área de influência e, portanto, torna-se fator determinante de seu futuro volume de vendas. 157 6.1.1.2 A Arquitetura das Lojas A Rede Angeloni dá prioridade fundamental na definição de sua localização (o ponto). Assim, independente, da forma geométrica do terreno, definido o ponto, a Rede Angeloni utiliza o projeto arquitetônico para inserir o prédio no terreno e daí criar uma edificação que atraia e identifique a operação. A loja do bairro de Capoeiras, em Florianópolis, na Figura 44, é um exemplo disto. Figura 44: SuperCenter Capoeiras de Florianópolis. Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda. É uma arquitetura atraente, marcada pelo totem da marca Angeloni, valorizando elementos como iluminação, cores alegres, ajardinamento, comunicação visual moderna, ambiente climatizado, piso claro e resistente, estacionamento coberto, elevadores, esteira rolantes, numa permanente demonstração de interesse com o bem estar dos clientes. A área de vendas possui corredores espaçosos e limpos que buscam relacionar a disposição dos produtos no intuito de facilitar sua reposição, exposição e a busca do consumidor. Os setores básicos das operações são: Produção (Confeitaria, Lanchonete e Padaria), Carnes, Bazar, Hortifrutícolas, Mercearia, Bebidas, Frios/Laticínios/Congelados, Higiene e Limpeza. Todos estes setores têm suas áreas de preparo e de estocagem. Nas áreas de preparo o ambiente é climatizado e 158 higienizado, com câmaras resfriadas ou congeladas, com estantes totalmente em inox. A condição física de cada loja é alicerçada no formato arquitetônico que proporciona valores calcados em características organolépticas 42. A Figura 45 é uma foto do interior do Supercenter Balneário Camboriú que comprova o uso dos cinco sentidos: Figura 45: Interior do SuperCenter de Balneário Camboriú. Fonte: Acervo do autor. O uso das cores azul, laranja e amarelo foram utilizadas no início do processo de reformas, em 1996, na loja de Tubarão. A loja da Beiramar é de 1998 e a de Capoeiras é de 1999, o trio de cores fortes e atrativas, que marca o prédio, permanece até hoje e não ter um padrão construtivo constitui o estilo de não ter padrão para que as obras explorem o terreno e sua localização, marcando o ponto das lojas da Rede Angeloni. É o que aconteceu nas duas últimas obras, as lojas de Joinville e de Jaraguá do Sul, mostradas nas Figuras 46 e 47: 42 Diz respeito aos cinco sentidos. 159 Figura 46: A nova Loja 21 – bairro América em Joinville (2004). Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda. Figura 47: A nova Loja 22 – Centro de Jaraguá do Sul (2005). Fonte: Acervo de A. Angeloni & Cia. Ltda. Tendo a estratégia de diferenciação (PORTER, 1989) como norte e para dar suporte e alavancagem na estratégia de crescimento e expansão, a Rede Angeloni implantou várias estratégias operacionais. As estratégias operacionais estão ligadas 160 aos subsistemas operacionais da empresa. O ambiente interno tem que ser sinérgico. Os processos e seus setores devem funcionar para um mesmo objetivo. 6.2 A Estratégia Operacional Pelas informações descritas, até então, a Rede Angeloni adotou as estratégias de crescimento e de expansão, configuradas pelas estratégias da diferenciação (PORTER, 1989) e analítica e prospectiva de Miles e Snow (1978; 2003). Para dar suporte nas estratégias de diferenciação e de prospecção, a Rede Angeloni adotou várias estratégias operacionais. Johnson, Scholes e Whittington (2007) entendem que as estratégias operacionais estão relacionadas com as partes componentes de uma organização e integram efetivamente as estratégias em nível corporativo e empresarial em termos de recursos, processos e pessoas. Toda empresa possui um portfólio de recursos: físicos, financeiros, intangíveis (marca, imagem), organizacionais (cultura organizacional, sistemas administrativos) e recursos humanos. É a partir desse portfólio que a empresa pode criar vantagens competitivas. Para os defensores dessa abordagem (PRAHALAD & HAMEL, 1990; KROGH & ROSS, 1995), a definição das estratégias competitivas deve partir de uma perfeita compreensão das possibilidades estratégicas possíveis de serem operacionalizadas e sustentadas por tais recursos. Isto caracteriza essa abordagem como primordialmente “de dentro para fora”. O termo competência essencial (core competence) ganhou importância no cenário administrativo a partir do artigo “The core competence of the corporation”, de Prahalad & Hamel, em 1990. De acordo com os autores, competências essenciais são recursos intangíveis que (a) em relação aos concorrentes são difíceis de ser imitados, (b) em relação a mercados e clientes são os recursos essenciais para que a empresa possa prover produtos/serviços diferenciados e (c) em relação ao processo de mudança e evolução da própria empresa são o fator fundamental da 161 maior flexibilidade que permite a exploração de diferentes mercados. As competências essenciais não estão estritamente relacionadas à tecnologia: elas podem estar localizadas em qualquer função administrativa (FLEURY & FLEURY, 2003). 6.2.1 A Estratégia Tecnológica As palavras do Diretor de Informática e Logística (2007) sobre a contribuição da tecnologia no processo estratégico são que: A evolução da diretoria de TI é constante, pois o nosso indicador de quantidade de projetos entregues aumenta a cada ano; logo, temos muitos projetos inovadores como, por exemplo, a venda via CELULAR. Projetos como este nos dá um diferencial competitivo e tecnológico. Nosso sistema de BI, também é um sistema que poucas empresas no varejo possuem e com isto nós temos uma diferenciação em relação às demais empresas que possuem o departamento de TI subordinado a Diretoria Administrativa Financeira. O fato da área de tecnologia da informação estar presente no “board” contribui significativamente para que os projetos coorporativos tenham sucesso. As estratégias em torno da tecnologia podem influenciar profundamente a criação e destruição de competências essenciais que sustentam uma vantagem competitiva. Elas impactam em três elementos importantes de uma competência essencial: assegurar que os produtos (bens e serviços) sejam valorizados pelos clientes, superem o dos concorrentes e contribuam para a robustez das competências (JOHNSON, SCHOLES e WHITTINGTON, 2007). O papel estratégico da tecnologia (informação, principalmente) nas empresas irá variar de acordo como a empresa posiciona seus produtos. As melhores capacidades de TI 43 agregam valor aos bens e serviços preferidos pelos clientes: redução de custo operacional e do preço de venda; melhores informações précompra (navegar no web site); processos de compra e de entrega mais fáceis e rápidos (pedidos on-line); confiabilidade no produto desenvolvido; personalização dos produtos (mix segmentado por grupo de clientes); melhores serviços pós43 Tecnologia da Informação 162 vendas. A competência em gerenciamento das informações também pode ser a plataforma para novas bases de competição através da criação da diferenciação de produtos (bens e serviços) (JOHNSON, SCHOLES e WHITTINGTON, 2007). O Quadro 19 organizado pela Diretoria de Informática e Logística (2007) condensa as atividades da estratégia tecnológica: Quadro 19 – As estratégias da área de tecnologia ATIVIDADES ESTRATÉGICAS MOTIVADORES Desenvolver e manter sistemas com equipe interna O mercado não oferecia soluções integradas para o setor varejo. Adoção do Sistema operacional Unix e depois Linux Esta adoção possibilitou a empresa de economizar mais de R$ 50.000,00 por ano com softwares e sistemas proprietários. Banco de Dados Relacional Manter a integridade de todos os dados do sistema integrado de informações do Grupo Angeloni. Possuir uma base de dados confiáveis para uso no processo de tomada de decisão. Desenvolver automação comercial Atendimento mais rápido, seguro, confiável e principalmente conhecer o perfil de compra dos clientes. Desenvolver sistema de WMS Possibilitar a empresa adotar as melhores práticas de logística, entregando o produtos certo no momento certo ao menor custo possível. Desenvolvimento do BI Extrair informações de uma grande quantidade de dados gerados diariamente por todos os sistemas coorporativos e de vendas. (Business Inteligence) Desenvolvimento do EDI Integrar a cadeia de abastecimento de forma eletrônica com ganho significativo de tempo de pedido e de confiabilidade. Adoção de scanners com leitura 360º. Este equipamento evita doenças provocadas por efeito repetitivo LER e maior agilidade na leitura do código de barras. Adoção de metodologia de desenvolvimento de sistemas padrão CMM, nível 2. Com base nesta metodologia a empresa tem condições de desenvolver e/ou contratar desenvolvimento em fábricas de softwares que atendam esta metodologia e assim garantir a qualidade dos sistemas entregues. Implantação do Cartão Clube Angeloni Sistema de fidelidade totalmente on-line, integrado com a automação comercial, terminais de auto-atendimento, rede bancária e autorizadores de cartões de crédito para aumentar e manter a rentabilidade da empresa no longo prazo. Fonte: Diretoria de Informática e Logística da Rede Angeloni. 163 6.2.1.1 Informática A implantação da informática no grupo Angeloni iniciou na época de reserva de mercado para os equipamentos de informática em meados de 1987. Os primeiros computadores eram de fabricação nacional e praticamente não havia sistemas coorporativos para atender o varejo, pois o foco ainda eram os sistemas para as indústrias e os processos de manufatura. Devido a restrição tecnológica a empresa decidiu desenvolver assim os seus sistemas, com equipe de analistas e programadores internos, montando assim uma estrutura de Informática que mantém até os dias de hoje, sendo esta a primeira definição estratégica. O primeiro sistema desenvolvido para a empresa foi o sistema de controle de estoque, requisição de mercadoria das lojas e emissão de notas fiscais, aplicados somente ao Depósito Central. Na seqüência outros sistemas foram sendo desenvolvidos e integrados com os demais formando assim o ERP da empresa, totalmente desenvolvido e mantido com equipe interna. Outra definição importante para o grupo foi a adoção da automação comercial (1989), num primeiro momento via codificação internamente dos produtos e com o avanço da tecnologia a adoção integral do código de barras padrão EAN. Outra importante estratégia da empresa sempre foi o alinhamento da estratégia com a definição tecnológica. Um exemplo de sistema que segue este alinhamento foi o sistema de fidelidade, denominado Clube Angeloni. Este sistema só foi possível, pois os sistemas do Angeloni possuíam interface com sistemas externos como Bancos, autorizadores de cartões de crédito, sistemas de consulta de cadastro de pessoas físicas, etc. Nesta linha foi desenvolvido pela equipe interna o sistema de WMS (Warehouse Management System). No momento que a empresa alterou o formato de abastecimento das lojas, adotando a logística como um diferencial na cadeia de suprimentos um novo sistema dotado de coletores de dados operados via Radio Freqüência foi implantada. O alinhamento das estratégias da empresa com a tecnologia da informação é um fator decisivo no sucesso das organizações e no caso específico do Angeloni este alinhamento é possível, pois desde a gerência de TI quanto a Diretoria sempre participam das reuniões de planejamento e definição de novos projetos (DIRETORIA DE INFORMÁTICA e LOGÍSTICA, 2007). 164 6.2.1.2 Logística De acordo com o Diretor de Informática e Logística (2007): A logística chegou a Rede Angeloni em 1998 e desde então evolui muito. A centralização da distribuição das mercadorias tem um papel importante na cadeia de abastecimento, pois possibilita que as lojas sejam abastecidas várias vezes durante o dia, eliminando assim a necessidade de manter estoque nas lojas (a loja só fica com estoque de segurança). Em 2006 com a construção de novo centro de distribuição, próprio em Porto Belo a empresa fortaleceu ainda mais a estratégia de crescimento com segurança em seus processos, pois este novo CD foi planejado para atender a demanda da empresa por um período de no mínimo cinco anos. A centralização em Porto Belo consumiu investimento da ordem de R$ 35 milhões e foram desativados 4 armazéns, centralizando todo o mix em Porto Belo. O CD atual tem uma área de 38.000 m2 de armazenagem, sendo 36 docas secas e 6 refrigeradas. Na Revista Tecnologística (2007, p. 62), o consultor José Geraldo Vantine, sintetiza o projeto logístico da Rede Angeloni dizendo que: ”o estudo do modelo foi, praticamente, uma revisão. Há sete anos, a área de logística do Angeloni saiu do plano operacional e passou para o estratégico. Isso explica por que o grupo tem fôlego para executar projetos desta envergadura”. Na concepção do sistema varejista, a cadeia de abastecimento é fundamental. Segundo Porter (1989, p.33), “toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir e comercializar, entregar e sustentar seu produto”. Na visão do autor, a cadeia de valor também se aplica no relacionamento entre organizações: “os elos existem não só dentro da cadeia de valor de uma empresa, mas também entre a cadeia de valores de uma empresa e as cadeias de valores dos fornecedores e dos canais” (PORTER, 1989, p. 348). Vista de uma forma mais ampla, abrangendo desde os produtores até os consumidores finais, a cadeia de valor defendida por Porter (1989) ajusta-se à idéia da cadeia de abastecimento (supply chain), bastante enfocada pelos consagrados autores de logística. Santos (2004, p. 20) faz uma retrospectiva que ressalta as mudanças ocorridas no varejo que conduziram ao atual estágio da logística. Escreveu que “o varejo tem sofrido muitas mudanças, principalmente, nos últimos anos. Aumentaram-se os desafios na forma de gerenciar e operacionalizar o 165 negócio. Na época dos altos índices de juros inflacionários, a melhor forma de gestão era o gerenciamento de estoque. As mudanças freqüentes nas tabelas de preços dos fornecedores faziam com que as empresas comprassem grandes quantidades de produtos, posto que viam seus depósitos valorizarem dia a dia. Outra situação benéfica era a dos produtos de alto giro, os quais, ao serem vendidos antes dos prazos de pagamento das notas ficais de compra, geravam um fluxo de caixa que não ia para gestão comercial, mas para aplicações financeiras que rendiam dividendos de um dia para o outro. Com a estabilização da moeda e a contenção da inflação, a rentabilidade do negócio pela ciranda financeira acabou. As empresas do segmento varejista que quiseram sobreviver tiveram de criar novas formas de gestão. Isso trouxe a profissionalização do setor, o que gerou novas ferramentas para auxiliar nas tomadas de decisões. A gestão de estoques foi extremamente aprimorada, evoluiu das grandes quantidades e muitos depósitos, para a gestão logística de quantidades adequadas que suprissem a demanda das unidades de loja, com entregas escalonadas pelo fornecedor, e modificações nas formas de estocagem, compra e pagamento. 6.2.2 A Estratégia de Recursos Humanos Em resposta ao questionário aplicado, a Diretoria de Recursos Humanos (2007) coloca as principais ações estratégicas em prática: • Reestruturação e ampliação do quadro de profissionais da área de RH. Entre o ano de 2005 a 2007 aumentamos nosso quadro em 27%, tendo atualmente 1 diretor de RH, 1 gerente de RH, 1 supervisora de formação e desenvolvimento, 1 analista Sr, 17 analistas de RH e 13 estagiários (as); • Terceirização do recrutamento nas unidades com maior demanda com o objetivo de agilizar o processo e tornar as atividades das analistas mais estratégicas; • Implantação de sistema de indicadores na área de RH (turnover, absenteísmo, eficácia de programas) objetivando um acompanhamento mensal dos resultados; 166 • Programas de Identificação e Desenvolvimento de Novos Líderes. Em 2006 participaram deste programa 80 funcionários; • Programas de incentivo à educação em nível ensino fundamental e médio “Programa Empresa Escola”. Já foram beneficiados através deste programa 380 funcionários. Devido a esta e a outras iniciativas de profissionalização da área de RH atualmente 91% de nosso quadro possui ensino médio completo; • A empresa conta com políticas de promoções internas, somente em 2006 foram promovidos 672 funcionários; • Programa de inclusão e profissionalização dos Portadores de Necessidades Especiais. No ano de 2006 a empresa inseriu 175 funcionários neste programa; • Programa de inclusão e desenvolvimento de profissionais da terceira idade. No ano de 2006 a empresa inseriu 165 funcionários neste programa; • Criação de uma área de Formação e Desenvolvimento voltada a padronização de todos os treinamentos e a criação de programas corporativos; • Criação de programas de treinamento/desenvolvimento continuado “Escolas Angeloni” (para todas as funções da empresa) com o objetivo de atingir a excelência no atendimento e processos visando a diferenciação da empresa no mercado; • Criação de programa de integração padronizado (aculturação na empresa); • Implantação de programa Assessment Center visando avaliar o potencial de todos os funcionários que possuem posições estratégicas e cargos de liderança na empresa. Este programa contemplará 576 pessoas. • Mutirões para recrutamento e seleção em abertura de novas unidades. Através destas ações conseguiu-se preencher todo o quadro de 167 pessoal (cerca de 300 funcionários por unidade) dentro do período de 30 dias. • Treinamento de atendimento ao cliente com todos os funcionários da rede (RFA); • Escola Angeloni de Formação em Perecíveis; • Programa Trainee. Historicamente as ações mais expressivas da Diretoria de RH foram: • Com grande repercussão positiva em todo o Estado, foi implantado em 1998 o Programa da Terceira Idade, que abriu vagas em suas 14 lojas para idosos em funções como atendentes e empacotadores. • Para o Angeloni o bom atendimento é fundamental. Preparar o funcionário a prestar seu melhor serviço ao cliente fez a empresa investir na área de RH, desenvolvendo as seguintes ações internas: o Aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional a todos os funcionários com treinamentos constantes. o Campanha “Funcionário Destaque do Mês” o Política de estágios o Benefícios aos colaboradores: Convênio com plano de saúde (Unimed), Ambulatório, Consultório Dentário, Fornecimento de Cestas Básicas, Bolsas de Estudos, Refeitório, Auxílio Aluguel, Convênio com creches, Associação de Funcionários (o Angeloni auxilia na fomentação dos trabalhos) O Diretor de Recursos Humanos (2007), em suas respostas considera que: a criação de um plano diretor como a ação mais estratégica, pois através deste obteve-se uma integração, um norte e um alinhamento de todas as práticas de RH do Angeloni. Por meio do plano diretor consegue-se visualizar e mensurar ações e recursos necessários para o atingimento dos resultados em curto, médio e longo prazo. As seguintes práticas/programas da área de RH estão planejadas para 2008 e 2009: • Programa de Comunicação Interna (endomarketing); 168 • • • • • • • Escolas Angeloni de Formação em: Operador de Empilhadeira, Informática, Sommelier e Tomada de Posto para todas as funções operacionais. Todas estas escolas terão materiais padronizados de formação; Criação e reestruturação de políticas de RH voltadas a Gestão por Competências; Pesquisa de Desempenho Organizacional; Programa para Estagiários; Programa de Educação Gerencial; Plano de Sucessão e Carreira; Remuneração Variável; Sistema de gestão e BSC 44. Johnson, Scholes e Whittington (2007) colocam que o conhecimento e a experiência das pessoas podem ser os principais fatores para permitir o sucesso das estratégias, mas podem prejudicar a adoção bem-sucedida de novas estratégias. A capacidade de mudar comportamentos pode ser o ingrediente principal para o sucesso. Criar um clima no qual as pessoas lutem para atingir o sucesso e motivar pessoas são papéis cruciais de qualquer gerente, e são uma parte fundamental de seu envolvimento na estratégia da organização, ligada a três questões: pessoas como recursos (competências pessoais e organizacionais, desempenho), pessoas e comportamentos (individual e coletivo) e a necessidade de organizar pessoas (departamento de RH, gerentes de linha, estruturas e processos). Para os autores a estratégia de RH é sustentada por um ciclo de curto prazo que avalia a capacidade atual estabelecendo objetivos, métricas de desempenho, recompensas e treinamento de curto prazo. O ciclo de longo prazo diz respeito às tendências de longo prazo para as pessoas, ou seja, desenvolvimento de liderança, desenvolvimento de mão-de-obra e desenvolvimento organizacional. O quadro de funcionários incorporou no período analisado (1995 – 2006) 4.258 (quatro mil, duzentos e cinqüenta e oito) novos postos de trabalho, isto é, 181,23% superior ao ano base de 1995. 44 Balanced Score Card 169 FUNCIONÁRIOS Em 31/12 7,000 6,488 6,056 6,033 6,000 5,307 5,000 5,420 4,608 4,021 QTE 4,000 3,032 3,000 2,385 2,120 2,000 2,042 2,000 2,030 2,230 2,307 2,469 2,567 2,514 2,000 2,012 1,000 0 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ANO Gráfico 11: Número de Funcionários na rede no período de 1987 – 2006 Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. Funcionários x Escolaridade 7000 6488 6056 6033 6000 5420 Número de funcionários 5307 5329 91 % 88 % 5000 5904 91 % 5490 4608 4358 80 % 4000 3821 72 % 3000 2857 62 % 2000 2001 2002 2003 Total Funcionários Gráfico 12: Funcionários x Escolaridade Fonte: A. Angeloni & Cia. Ltda 2004 2005 Funcionários com 2º Grau 2006 170 A evolução da escolaridade dos funcionários, medida desde 2002, comportase como mostrou o Gráfico 12, atingindo 91%, em 2005, 5.904 funcionários com o segundo grau completo. Em 2006, o quadro de funcionários era de 44% do sexo feminino e 56% do masculino, enquanto em 2001 eram 37% e 63%, respectivamente, como mostra o Gráfico 13: SEXO Masculino Feminino 44 2006 56 44 2005 56 43 2004 ANO 57 39 2003 61 38 2002 62 37 2001 63 0 10 20 30 40 50 60 70 % Gráfico 13: Sexo Fonte: A. Angeloni & Cia. Ltda O Angeloni promove periodicamente inúmeras campanhas internas e externas, como de Combate à Dengue, Dicas de Segurança Residencial, Combate à AIDS e Esclarecimento sobre o Código de Trânsito. Trabalhos como estes se revestem sempre de tanto sucesso que são estendidos aos clientes, comprovando a importância do trabalho social desenvolvido pela rede. Com estas ações direcionadas, a Rede Angeloni busca sempre participar ativamente de campanhas realizadas na comunidade, contribuindo de maneira significativa para o sucesso das iniciativas locais. Em 2002, a Rede Angeloni realizou seu primeiro Balanço Social. Os resultados, até 2006, estão colocados no Quadro 20: 171 Quadro 20 – Balanço Social 2002 – 2006 BALANÇO SOCIAL 2002 – 2006 (Valores em reais) TROCO da ANO TRIBUTOS BENEFÍCIOS DOAÇÕES 2001 53.890.795,37 3.696.518,40 115.092,00 18.944,40 2002 61.439.703,26 4.712.265,40 45.987,47 19.106,19 2003 73.250.352,78 11.833.927,17 156.000,00 21.420,00 2004 86.613.958,30 7.104.648,11 580.000,00 25.218,75 2005 72.399.213,34 9.232.062,18 633.191,13 29.419,12 2006 73.679.789,16 8.166.282,05 782.231,33 36.166,77 BONDADE Fonte: Adaptado de: A. Angeloni & Cia. Ltda. São beneficiários dos tributos, os governos federal, estadual e municipal. Os benefícios são todos destinados aos funcionários e incluem o pagamento de plano de saúde, da previdência social e do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). As doações decorrem de campanhas beneficentes organizadas pela Ação Social Angeloni (ASA) e o Troco da Bondade é uma campanha junto aos clientes para arrecadar moedas utilizadas no troco das compras, acrescidas de uma contribuição de 5% (cinco por cento) da empresa e destinadas para instituições de caridade particulares próximas as lojas da Rede Angeloni. 6.2.3 A Estratégia Comercial Dois fatos contribuem para a mudança das relações comerciais entre os supermercados e seus fornecedores: a estabilização econômica e a evolução 172 tecnológica (EDI 45). Para entender melhor essa nova realidade, vale ressaltar o ciclo evolutivo do varejo brasileiro e a sua estrutura básica: fornecedor, varejo e cliente. Santos (2004) afirma que o elo indústria/fornecedor foi a grande força da década de 1980 e início da de 1990. A elaboração de novos produtos, até então, era feita à revelia do consumidor, já que as indústrias acreditavam que conheciam as necessidades e anseios desse consumidor e que tudo o que elas se propusessem a fazer seria bom. A pequena concorrência e o mercado fechado faziam com que a falta de opções propiciasse só a poucos, o conforto e a estabilidade. A concentração de poder da indústria não parava somente na interferência do gosto do consumidor, mas também na persuasão da negociação junto ao varejo, imposição de quantidades de produtos, periodicidade de compra e atrelamento a outros produtos, ou seja, a chamada venda casada. Perante a abertura de mercado e profissionalização do varejo, os fornecedores tiveram de mudar o perfil, de evoluir no que diz respeito a lançamento de produtos, foco no cliente, métodos de redução de custos e acompanhamento dos resultados, concentrando seus esforços, cada vez mais, nos canais de distribuição, cliente e produto. No entanto, a evolução global das empresas fabricantes fez com que as vantagens competitivas que os fornecedores possuíam como desenvolvimento de novos produtos, campanhas publicitárias voltadas ao consumidor e promoções de vendas, perdessem o impacto, uma vez que a concorrência, entre as empresas detentoras de recursos cada vez mais igualados, foi se tornando cada vez maior. No cenário desenhado, em 1997, o departamento de compras da Rede Angeloni ganhou status de Diretoria. Após sua estruturação, a Diretoria Comercial programou as seguintes ações estratégicas: • Centralizar a área de compras até então dividida em regionais; • Reduzir ao máximo o número de fornecedores e/ou produtos por categoria buscando maior representatividade nos negócios do fornecedor através da concentração; • Maior aproximação com os principais fornecedores alterando o processo tradicional de negociação para um modelo de longo prazo, focado no desenvolvimento de planos de negócio, considerando 45 Eletronic Data Interchange 173 principalmente a utilização das informações do PDV para a avaliação do desempenho dos produtos do fornecedor e seus concorrentes; • Formalização da relação comercial, com praticamente todos os fornecedores, através de um contrato de fornecimento que oficializa detalhadamente tudo o que foi combinado, suas ações, contrapartidas e tem como foco o planejamento das atividades promocionais; • Foco no desenvolvimento do departamento de bazar que já possuía destacado desempenho nas grandes redes nacionais e internacionais; • Introdução de linhas de produtos não trabalhadas tradicionalmente em supermercados na região (ex. eletrodomésticos); • Desenvolvimento de categorias com possibilidade de gerar diferenciação, maior rentabilidade e percepção positiva por parte dos consumidores entre muitas, com principal destaque para sucos e vinhos; • Transformação de um processo de compra de produtos importados pontual, em um departamento de importação fortemente estruturado que atualmente administra um mix de aproximadamente mil itens e tem relação comercial com 17 países. O Diretor Comercial (2007) declarou que: Pode-se citar como estratégia mais relevante a melhoria na relação comercial com os fornecedores através de maior concentração, proximidade num formato mais organizado e planejado, como também o foco no desenvolvimento de algumas categorias que hoje vem se mostrando decisivas. A mudança mais marcante e ao nosso favor, na relação com o fornecedor, é o forte poder de influência que a loja e sua proposta tem na decisão de compra do consumidor, com isso estamos trabalhando mais focados no desenvolvimento/gerenciamento de categorias. Incorpora à estratégia comercial a busca de maiores diferenciais em relação a variedade dos produtos ofertados buscando uma melhor relação em 174 qualidade/preço, além da operação dos engenhos de arroz e o desenvolvimento de produtos com marca própria. OS ENGENHOS – O arroz Super A nasceu em 1978 consagrado por sua qualidade e como o consumo do produto é grande, tendendo sempre a crescer, a Rede Angeloni investiu em um novo engenho de arroz – o Engenho Angeloni – em São Borja, no Rio Grande do Sul, quase na divisa com a Argentina. O local, além de ser a entrada do Mercosul, é considerado como a melhor zona produtora de arroz do país, fazendo com que o Angeloni ganhe na logística e na produção ao trazer o produto já beneficiado para Santa Catarina. O engenho de São Borja – que veio ampliar o trabalho já desenvolvido pelo engenho de Criciúma – tem uma capacidade total de beneficiamento de arroz na faixa de 1000 fardos de 30 quilos por dia e vai atender não só as marcas comercializadas pelos supermercados Angeloni, mas também algumas marcas de empresas de outros estados do Brasil (DIRETORIA de MARKETING e EXPANSÃO, 1998). A MARCA PRÓPRIA – Teve seu começo em 1970, quando a empresa comprava cereais em granel e os empacotava com a marca Angeloni. A opção pela marca própria veio como conseqüência, para obter maior diferencial de qualidade nos produtos oferecidos e também preços mais competitivos e vantajosos para os clientes. Como resultado, hoje a Rede Angeloni comercializa quatro marcas de produtos: Dona Helena, Gelão, Super A e Angeloni, para poder atender a necessidade de todos seus clientes, em termos de oferta, qualidade e preço. Recebem a marca Super A, que está desde 1978 no mercado, somente produtos altamente selecionados, que representam o que há de melhor em qualidade. São: arroz, feijão preto e vermelho, farinha de mandioca, farinha de trigo e café. Já a marca Gelão busca aliar a qualidade com preço bem competitivo. Todos os produtos são embalados eletronicamente com o mais completo cuidado de higiene, desde o armazenamento até a comercialização. Expandindo sua linha de produtos, a Rede Angeloni já comercializa novos itens, como detergentes e papel higiênico, utilizando a marca “Estrela” (DIRETORIA de MARKETING e EXPANSÃO, 1998). A VARIEDADE DE PRODUTOS – O Angeloni comercializa hoje um mix de produtos de 10 a 35 mil itens, dependendo do tamanho da loja de supermercado, divididos em departamentos descritos com suas seções no Quadro 21. A Rede Angeloni também oferece uma grande variedade de produtos importados de países do Mercosul, como 175 Uruguai e Argentina, do Chile, dos Estados Unidos e também de Portugal, Itália, Noruega, Bélgica, China e Espanha. Os principais produtos importados pela rede Angeloni são carne e derivados do leite do Uruguai, vinhos e azeite de oliva da Espanha e Portugal, massa da Itália, brinquedos e bazar da China e Itália, batata pré-frita da Bélgica, bacalhau da Noruega, biscoitos e fraldas descartáveis dos Estados Unidos, frutas do Chile, Uruguai e Argentina e batata e cebola da Argentina. No mercado nacional desenvolveu parceiras com grandes fornecedores para aprimorar o abastecimento de seu centro de distribuição e a colocação dos produtos em suas gôndolas. Mantêm parceria com os produtores de hortifrutigranjeiros, colocando em todas as suas unidades produtos que se desenvolveram sem qualquer tipo de agrotóxicos, acondicionados em embalagens especiais (DIRETORIA de MARKETING e EXPANSÃO, 1998). Além do Quadro 21 que descreve os departamentos/seções dos produtos comercializados nas lojas de supermercados, o Quadro 22 mostra os departamentos/seções das demais unidades de negócio (Farmácia e Posto), bem como os demais departamentos de apoio da estrutura da empresa: Quadro 21 – Listagem de Produtos por Departamento/Seção - Supermercados. LISTAGEM DEPARTAMENTOS / SEÇÃO DEPARTAMENTO N° SEÇÃO DESCRIÇÃO 01 PRODUÇÃO 02 CARNES 03 BAZAR 04 HORTIFRUTÍCOLAS 05 MERCEARIA DESCRIÇÃO Padaria regional, confeitaria, padaria loja, produtos s/glúten, desativados, produção terceiros. Peixes, carne bovina traseiro, carne bovina dianteiro, carne bovina orgânica, carne bovina especial, carne exótica, miúdo bovina, file peixe, peixe, crustáceo, outros, carne bovina exportação, carne aves frango, aves comemorativas, galinha caipira, cortes frango resfriado, cortes frango congelado, cortes frango temperado, miúdos frango resfriado, miúdos frango congelado, miúdos frango temperado. Bazar, clube, eletro. Frutas, legumes, verduras, processados, ovos, produtos orientais, sementes, pamonha, flores, frutas secas, orgânicos, desativados, industrializados. Cesta básica, arroz, feijão, farinha trigo, granulado, pré-mistura, sal, massa, caldo, pratos semi pronto, açúcar, café, chocolate em pó, chá/mate, dietéticos, cereal matinal, aveia, sobremesas, cobertura recheio, frutas secas, biscoitos, bombonieré, salgadinho, pet food, cesta pronta, orientais, achocolatado, composto vitamínico, alimento infantil, leite em pó, leite concentrado, doce, óleo, azeite, molho, especiarias, temperos, vinagre, derivado de tomate, conservas, produção terceiros, derivados carne, derivados peixe, derivados mandioca, farinha/milho, cereal barra, integrais/naturais, compota nacional. 176 06 BEBIDAS 07 FRIOS/ LATICÍNIOS/ CONGELADOS Aguardente/cachaça, aperitivo, cervejas, espumantes, conhaque, coquetéis, licor, run, vinho nacional, vinho nacionalizado, vodka, uísque, água mineral, refrigerante, chá, bebida energética, bebida isotônica, bebida de soja, sucos e afins, suco concentrado, refresco em pó, xarope, água de coco, vinho importado. Creme de leite, gordura/fermento, iogurte, leite, leite fermentado, manteiga, margarina, massa fresca, pizza semi-pronta, queijo, requeijão, suco resfriado, doces, conservas, desativados, defumados, congelados, embutidos, salgado, naturais, alim. achocolatado. 08 HIGIENE Xampus, pos xampus, finalizadores penteado, coloração capilar, toucador cabelos, desodorantes, sabonete, acessório para banho, tratamento pele, protetor, barba e depilação, maquiagem, manicure e pedicure, creme dental, escova dental, fio e fita dental, solução bucal, absorventes, fraldas descartáveis, cuidados pessoais, infantil 09 LIMPEZA Limpador, polidor/lustrador, desinfetante, desodorizantes/sanitários, inseticida, inflamáveis, acess. p/ limpeza, automotiva, papel higiênico, toalha papel, guardanapo de papel, pano, saco lixo, detergente, esponjas, saponáceo, acessórios p/louca, água sanitária, alvejante, amaciante, lava roupa, sabão barra, acessórios p/roupa Fonte: Adaptada de: A. Angeloni & Cia. Ltda. Quadro 22 – Listagem de Produtos por Departamento/Seção – Administração, Farmácias e Postos. LISTAGEM DEPARTAMENTOS / SEÇÃO DEPARTAMENTO N° SEÇÃO DESCRIÇÃO DESCRIÇÃO 12 SERVIÇOS Entrega de rancho, Clube. 20 ENGENHO Arroz 30 EMPACOTAMENTO 40 MATÉRIA PRIMA 50 VASILHAME 60 ALMOXARIFADO 80 81 FARMÁCIA POSTO Cereais Produção loja Vasilhame Escritório, embalagens, manutenção, paletes, desativados. Medicamentos, perfumarias, vitaminas, bebe/gestante, equipamento médico hospitalar, dermatológicos, suplementos, fitoterápicos. Combustível, filtros, acessório p/carro, óleo, limpeza automotiva, inflamáveis, serviços. Fonte: Adaptada de: A. Angeloni & Cia. Ltda. 177 6.2.4 A Estratégia Administrativo-Financeira De acordo com o Diretor Administrativo-Financeiro (2007) a estratégia do subsistema foi o posicionamento de encontrar alternativas de soluções para o conturbado sistema tributário brasileiro, melhoria nos processos de administração de meios de pagamento e o tratamento responsável das informações gerenciais para a gestão do negócio. A estratégia compõe-se de: • Definição de critério e implantação de sistemas de apuração de resultados econômico-financeiros; • Implantação de contabilidade gerencial; • Substituição do cheque pré-datado como principal meio de pagamento; • Diversificação de negócios. As principais ações desta estratégia foram: • Re-estruturação da área contábil; • Implantação de contabilidade gerencial; • Definição de critério e implantação de sistema de apuração de resultados econômico-financeiros; • Diminuição do prazo de recebimento de clientes e aumento de prazo de pagamento de fornecedores; • Substituição do cheque pré-datado como principal meio de pagamento; • Implantação do processo de planejamento tributário; • Substituição de dívidas com instituições financeiras de curto prazo para longo prazo; • Implantação de sistemas informatizados de controles de pagamentos e recebimentos; • Definição de critérios formais para abertura de novas unidades e fechamento de unidades não rentáveis; • Diversificação de negócios, com a entrada em outros segmentos de atuação. Johnson, Scholes e Whittington (2007) concluem que finanças e a forma como elas são administradas podem ser um determinante do sucesso estratégico. 178 Esta relação de finanças e estratégias depende do contexto. Há questões gerais enfrentadas por organizações de todos os tipos: • Gerenciamento de valores, seja relacionado à criação de valor para os acionistas ou assegurando melhor uso para o dinheiro, é uma consideração importante para os gerentes e de responsabilidades deles. • Financiamento do desenvolvimento estratégico também é claramente importante: em particular que a natureza do financiamento seja apropriada ao tipo de estratégia – e vice-versa. Isso está relacionado ao equilíbrio entre empresas e riscos financeiros. • As expectativas financeiras dos stakeholders variam – tanto entre diferentes partes como em relação às diferentes estratégias. Isso deve influenciar os gerentes no desenvolvimento e na implementação da estratégia. 6.2.5 A Estratégia de Operação Porter (1980, 2004) coloca algumas atividades a considerar na estratégia de operação da Rede Angeloni: • Grau de diversidade das mercadorias e serviços; • Grau de cobertura geográfica; • Número de segmentos de mercado atendidos; • Canais de distribuição utilizados. A análise do organograma funcional da empresa (Figura 38) mostra que no escopo da Diretoria de Operações estão as gerências da UEN Farmácias, de Produção (Confeitaria, Lanchonete e Padaria), do Tempo (vendas pela internet e delivery), de Hortifrutícolas e da Operação Supermercados. Na opinião do Diretor de Operações (2007): 179 a principal estratégia é manter as UEN em funcionamento. Tendo como base a cultura organizacional com crenças, valores e orientação dos acionistas com foco na qualidade, variedade, atendimento, modernidade, pioneirismo e inovação, as ações operacionais se concentram na expansão orgânica com a implementação/atualização dos formatos de negócios e na diferenciação dos serviços prestados. Destaca como mais relevantes a inovação dos formatos com a inclusão dos serviços Espaço Cultural, Praça de Alimentação, Corredor de Serviços Básicos, implementação da categoria de Bazar/Eletro e das Farmácias, Cantinho das Estrelas, CDH - Cozinha Dona Helena, Orientadora de Atendimento, Orientação de Sommelier, Comércio Eletrônico, Entrega em Domicilio, Cartão Angeloni e Programa de Relacionamento. Nossas estratégias e ações estão mais relacionadas a oportunidades e necessidades do mercado, pois a empresa procura estar sempre atenta e acompanhando as tendências internas e externas do segmento, investindo constantemente na atualização da sua equipe estratégica. A alteração nos formatos, atualização das lojas e a implementação de vários serviços dominou as ações do setor nos últimos anos, principalmente após a chegada dos operadores globais. Considerando que a área de operação concentra a atividade fim da empresa todos os processos implantados e/ou melhorados são executados pela mesma, porém, ressaltamos como fator decisivo a gestão compartilhada e interligada das ações e projetos entre as áreas de Marketing, Operacional, Comercial e Logística (DIRETORIA de OPERAÇÕES, 2007). A operação tem responsabilidade na gestão de custos, que não se limita à contenção de despesas, mas também na otimização de recursos e produtos. Como exemplo, pode-se citar a redução nos índices de quebras da loja, ou seja, produtos que simplesmente ficavam impossibilitados para venda, pela má conservação, manuseio, excesso de produção ou compra, enfim, por motivos que geravam percentuais altos de redução da rentabilidade (SANTOS, 2004). Fleury e Fleury (2003) afirmam que a estratégia de Excelência Operacional é aplicada pelas empresas que competem em mercados nos quais a relação qualidade/preço é a maior determinante da competitividade de produtos ou serviços. 180 6.2.6 A Estratégia de Marketing O “briefing” 46 foi, nas palavras do fundador, “O Angeloni tem que ser sinônimo de supermercado”. Os dados e fatos comprovam a assertiva, que sintetiza toda a estratégia de marketing. Confirma a Diretora de Marketing (2007) em resposta ao questionário: As rápidas e determinantes mudanças de comportamento do cliente na última década exigem do varejo uma atenção e conhecimento determinante para sua sobrevivência. A abertura para as transformações, o respeito ao novo consumidor e a modernização tecnológica de sua infra-estrutura são posturas que acompanham passo a passo o crescimento do Angeloni. Define que as seguintes estratégias de marketing são as mais relevantes, contribuindo para o crescimento e expansão da Rede Angeloni: • Investimentos no relacionamento cliente /empresa; • Criação de políticas de relacionamento; • Adoção de campanhas promocionais com maior apelo popular; • Criação do Clube Angeloni; • Incorporação do cartão de crédito ao Clube Angeloni. Em essência, a estratégia de marketing compreende os alvos ou os segmentos de consumidores e os meios, em termos de elementos do composto de marketing – Borden (1964) usou a expressão marketing mix, mas o composto mais conhecido são os 4 P’s de McCarthy (1964): produto, preço, promoção e ponto – a ser empregados. Kotler e Keller (2005) argumentam que a estratégia corporativa ou empresarial deve ser fortemente influenciada por marketing, nos assuntos que envolvem a empresa e seu ambiente. Assim, em razão, de sua posição exclusiva na interface entre a empresa e o ambiente, marketing deve iniciar a formulação da estratégia. Greenley (1993) sugere que a estratégia de marketing possui cinco elementos: posicionamento e segmentação de mercado, envolvimento e seleção de 46 Resumo de fatos, objetivos e instruções, relativas à criação de uma campanha de marketing. 181 segmentos para cada mercado-produto alvo; posicionamento de produtos, envolvendo as decisões sobre o número e os tipos de produtos para cada segmento; seleção do composto de marketing; entrada no mercado – como entrar, reentrar, posicionar ou reposicionar produtos em cada segmento; e o timing da estratégia e da implementação (apud LEWIS e LITTLER, 2001). 6.2.6.1 Comunicação “O Angeloni tem que ser sinônimo de supermercado”. Assim, no início de 1987, com a troca de agência e com a ousadia de, no ano em que acabava o Plano Cruzado com as precificadoras etiquetando sem parar, a empresa lançou a campanha Os Intocáveis, com cenário de época, câmera de 16 mm, grua, atores para comunicar que os preços não seriam alterados por uma quinzena. Era uma nova postura em relação ao mercado, a concorrência e a clientela. Como agilidade já passava ser requisito fundamental e notícias pessimistas enchiam o cotidiano, surge, em 1988, o Supernotícias, um telejornal só com boas novas, ancorado por um simpático boneco, o Ângelo Tôni, que durante três anos no ar, solidificou o conceito Você merece o melhor (Figura 48). Figura 48: Assinatura das campanhas publicitárias dos anos 80 e 90. Fonte: Diretoria de Marketing da Rede Angeloni. O marketing da Rede Angeloni, em suas peças, utilizava o humor com picardia e às vezes picante, tornando-se referência regional e obtinha reconhecimento nacional através de prêmios relevantes. O boneco Ângelo Tôni, na Figura 49, é considerado um marco na comunicação brasileira de varejo tendo sido diversas premiado. 182 Figura 49: Ângelo Tôni. Fonte: Diretoria de Marketing da Rede Angeloni Julho de 1995, a marca que simboliza qualidade, conforto e variedade incorpora um A estrelado, com novos objetivos, foco e atenção na estrela do negócio: o consumidor, o cliente, o velho e conhecido freguês. Por conseqüência, uma nova comunicação visual interna e externa. Desta forma o marketing amplia seus sentidos em bem atender o cliente já satisfeito com o olfato de nossa padaria, a visão dos saudáveis hortifrutícolas, a fala de nossa comunicação, o tato de nosso atendimento, para ter a audição de nosso ombudsman que tornou-se um canal vivo e eficiente dos reclamos e sugestões. Com um novo slogan: Super perto de você, o sinônimo de supermercado amplia-se. O engenho moderniza-se, o posto de combustível amplia-se juntamente com as farmácias. A marca própria recebe novos produtos. Por volta de 1995 destaca-se uma forte ação institucional com a criação da figura da Dona Constância, velhinha critica e exigente que defendia com entusiasmo o direito e o respeito total ao cliente. Esta campanha marca o inicio da política de relacionamento cliente /empresa que tornou-se determinante para a evolução do Angeloni e que até hoje é o foco da comunicação da empresa. Chegou o ano de 1998, a empresa faz 40 anos de prestação de serviço, as campanhas 40 anos de 183 Copa e Cozinha e Raspei, Ganhei são um sucesso de venda e aceitação. Com uma home-page com boletim digital e a fidelização materializada pelo cartão do Clube Angeloni. Em 1999 o Angeloni é uma rede de serviços, lojas remodeladas, Tempo, o ‘delivery’ da rede nasce, adota-se o conceito ‘one-stop-shop’ nas maiores lojas. Hoje, ciente de que a marca Angeloni é no imaginário popular catarinense um sinônimo de supermercado e que faz parte do sonho de consumo de integrantes de todas as classes econômicas, de que o consumidor brasileiro mudou e hoje está atento as melhores oportunidades de compra muito mais do que fiel as marcas de produtos e de que é sempre necessário e importante estar aumentado sua margem de domínio do mercado, o Angeloni vem nos últimos anos investindo cada vez mais na conquista deste novo consumidor e esta alternando sua comunicação entre grandes campanhas promocionais, ações sociais e a oferta de uma loja confortável e moderna com produtos diferenciados o que reforça a postura de um supermercado diferenciado e especial (DIRETORIA de MARKETING, 2007). 6.2.6.2 Relacionamento A disputa acirrada no mercado trouxe outra evolução: a dos profissionais de marketing, que necessitam cada vez mais desenvolver ferramentas, formas e conceitos diferenciados para atender, convencer e fidelizar o consumidor. A evolução das gestões citadas, tanto a comercial quanto a operacional, foi necessária para operacionalização da otimização dos recursos do varejo, mas o gerenciamento principal deve agora se voltar para o entendimento das necessidades do consumidor. Para que isso aconteça, o supermercadista deve desenvolver uma nova forma de gestão para alinhar a sua visão e a do fornecedor com a do consumidor. Essa gestão força uma mudança e um impacto cultural, requerendo que a gerência abandone a organização de gôndolas e corredores em forma de departamentos, para uma gestão multifuncional, com base em unidades estratégicas de negócios do varejista, voltadas ao valor percebido pelo cliente. Ao concentrar os esforços, nesse tipo de gestão, é possível proporcionar oportunidades renovadas para suprir as necessidades, bem como, simultaneamente, alavancar vantagens competitivas, gerando custos mais baixos e maior eficiência no processo operacional. Esse tipo de gestão voltada ao consumidor requer tempo, recursos e ferramentas de sistemas de 184 informações, que de nada valerão, se o varejista e seus colaboradores não assimilarem esta nova filosofia: gerir em função de quem mantém o negócio (SANTOS, 2004). HAVE et al. (2005) afirmam que há mais valor no seu cliente do que a venda do momento. Se conseguir identificar com sucesso os seus clientes mais valiosos, conquistá-los, mantê-los e cultivar suas compras você gerará significativamente mais valor do que com a abordagem “um só tamanho serve para todos”. Isto requer administração estratégica de todas as interações com o cliente por meio de: • Estratégia de marketing de fora para dentro, direcionada para o cliente; • Excelentes operações, sistemas e procedimentos para apoiar a interface com o cliente; • Valores e cultura focados no cliente (“drive to deliver and delight, ou vocação para suprir e encantar”). Desta forma a Rede Angeloni desenvolveu ações estratégicas para estreitar o relacionamento com seus clientes, o mosaico da Figura 50 ilustra isto: AÇÕES DE RELACIONAMENTO Figura 50: Mosaico das ações de relacionamento. Fonte: elaborado pelo autor. 185 6.2.6.2.1 O Clube Angeloni Se na estratégia de expansão a vinda para Florianópolis foi o marco divisor, das estratégias operacionais a implantação do Clube Angeloni foi o diferencial da estratégia de marketing e a alavanca para o momento atual da Rede Angeloni. O Gerente do Clube (2007) confirma isto: “As experiências anteriores ao Clube Angeloni foram importantes para o estado atual do programa. Desde a decisão de lançar um simples cartão de identificação de cliente ainda nos anos 80, apenas para assegurar uma passagem mais ágil pelo caixa (dispensando apresentação de documentos nos pagamentos com cheque, por exemplo), o objetivo era melhorar o relacionamento com o cliente. Este cartão – chamado Pague Fácil – perdurou até 1995. Neste ano a empresa sistematizou o cadastro (até então todo baseado em papel) e passou a disponibilizar os dados dos clientes on-line para a toda a sua rede de lojas. Era o Cartão Angeloni, que trazia poucas vantagens adicionais, como prazo mais dilatado para pagamentos em cheque e possibilidade de troco de cheque por dinheiro. Em 1998 surge a estratégia mais importante, na forma de um plano de fidelidade onde o cliente acumulava pontos de acordo com o volume e a forma de pagamento, podendo trocar pontos por mercadorias listadas em catálogos periódicos. É com o Clube Angeloni que a empresa cria uma alternativa de materializar vantagens para atrair novos clientes. Em 2001, outro passo importante: a empresa firma parceria com uma instituição financeira e passa a oferecer crédito para os associados do Clube Angeloni. Inicialmente apenas com a bandeira Visa, mas em 2006 surgem novas opções: crédito para comprar em estabelecimentos credenciados da bandeira Mastercard e crédito interno, através de um cartão da modalidade private label que permite ao cliente comprar somente nas lojas da Rede Angeloni”. Esta estratégia, hoje difundida em basicamente todos os grandes grupos de varejo do país, proporcionou ganhos financeiros para a empresa ao mesmo tempo em que expandiu o horizonte dos benefícios aos participantes do programa de relacionamento. Na Figura 51, a logo do Clube Angeloni e seus cartões: 186 Figura 51: O Clube Angeloni e seus cartões. Fonte: Diretoria de Marketing da Rede Angeloni. O Quadro 23 espelha os números que justificam a aposta da Rede Angeloni no marketing de relacionamento e no seu instrumento principal o Clube Angeloni e seus cartões, o de fidelização e os de crédito: Quadro 23 – Números do Clube Angeloni. NÚMEROS DO CLUBE ANGELONI PORTADORES DATA SÓCIOS Out/1998 60.600 - Dez/1999 140.000 - Dez/2000 201.000 - Dez/2001 275.000 55.655 Dez/2002 309.000 82.264 ... ... ... Dez/2006 582.543 195.141 Fonte: Adaptada do: Clube Angeloni. CARTÃO DE CRÉDITO R$ Informações de caráter confidencial e estratégico 187 Dos mais de 60 mil associados iniciais do Cartão Angeloni, o Clube cresceu até dezembro de 2006, 861,28%. Com o valor agregado em julho de 2001(a bandeira VISA), o crescimento dos sócios que possuem um cartão de crédito do Clube atingiu em 2006, 250,63%. O Gerente do Clube Angeloni (2007) contextualiza desta forma a importância estratégica desta ação: Considerando que, cerca de 75%, do volume de vendas da rede é realizado por participantes do programa, os dados gerados por este público são extremamente relevantes e significativos para decisões de cunho comercial ou mercadológico. Qualitativamente, o Clube Angeloni representa um dos mais fortes diferenciais do grupo em seu mercado de atuação. Em 2008, quando a rede completa 50 anos e o programa 10, o Clube aprofundará a exploração da base histórica de dados, consolidando o processo de distinção de categorias de clientes e o gerenciamento do relacionamento com cada uma delas de acordo com sua relevância para o negócio. 188 7 CONCLUSÃO E PROPOSIÇÕES Na difícil tarefa de chegar a conclusões pertinentes têm-se a pretensão, calcada na experiência profissional 47 , de propor ou ratificar a revisão de estratégias em curso, bem como da adoção de novas estratégias. Contudo é bom lembrar as vantagens e desvantagens da relação com os entrevistados nas palavras de Fielding (1993) apud Richardson (1999, p. 96): O pesquisador participa para obter informações detalhadas, não para ser mais um membro ao grupo. O pesquisador deve manter certo distanciamento para poder obter informações e interpretá-las. Mas existe um problema mais importante e não enfatizado na leitura especializada, o fato de ‘não se aproximar o suficiente’ e se faça um relatório superficial que aparentemente proporcione plausibilidade a uma análise à qual o pesquisador está obviamente comprometido. No caso em estudo foi necessário não deixar o fato da relação profissional anterior interferir na avaliação dos fatos e nem na emissão de opiniões ou proposições. Dissertar sobre estratégia lembra comitê e comitê lembra a piada que o camelo é um cavalo projetado por um comitê. Tanto que a obra Safári de Estratégia (2000) começa com uma fábula Os Cegos e o Elefante de John Godfrey Saxe 48 apud Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 12) cuja releitura apresenta-se: Uma empresa é tal qual o elefante de Saxe, todos a discutem e ninguém consegue vê-la por completo. Desta forma quando se fala sobre a estratégia geralmente discute-se a parte que se entende conhecer. O pessoal do muro relata as dificuldades, as barreiras que serão encontradas internamente e externamente. A turma da lança acredita que a estratégia implementada será uma arma eficaz contra a concorrência e para ampliar a fatia de 47 48 O autor participou da direção da Rede Angeloni de 1986 a 2003. Poeta inglês (1816 – 1887) 189 mercado. Outros vêem a estratégia passando por processos tortuosos, arrastandose tal qual uma cobra, contornando obstáculos para atingir seus propósitos. Para a maioria a estratégia definida é uma árvore plantada, que deve ser revista, aprimorada para possa ser eficaz e render os frutos, melhor, os objetivos definidos. Tal como um leque, a estratégia repõe energias na empresa, trazendo esperanças, e bem sucedida faz que possamos conviver como num ambiente confortável e climatizado. A estratégia acaba servindo também como uma corda para unir os inúmeros processos necessários para sua aplicação ou também para que tantos possam se sustentar para não perder seu lugar. O elefante-empresa é do ponto de vista estratégico, múltiplo, parece de várias formas, de acordo com o ponto de vista de cada parte por onde é observada, discutida e jamais completamente vista. É o que se propõe neste trabalho: um corte no tempo (1983 – 2006), o levantamento das estratégias aplicadas mediante a participação pessoal do autor na empresa entre 1986 e 2003, mais as entrevistas feitas com os sócios e irmãos Angeloni e com o Presidente Executivo, com os questionários aplicados na Diretoria Executiva e a base teórica levantada para desenhar o elefante estratégico de modo que retrate o como e por que a Rede Angeloni, com suas estratégias, atingiu sua posição no mercado do varejo alimentar brasileiro. Com este embasamento o autor chegou às conclusões que se segue. 7.1 Conclusão O ambiente age sobre as empresas de forma inexorável, ainda mais se for levado em conta que a mesma comercializa alimentos, e pessoas, na sua maior parte, se alimentam todo o dia. Partindo desta posição a primeira conclusão é que o varejo é um ambiente em constante mudança e por tal muitas estratégias da Rede Angeloni decorreram e decorrem dele. Em 1983, o mercado varejista de Florianópolis estava parado, a Rede Angeloni abre um novo ciclo de expansão. Em 190 1986, o Plano Cruzado aposenta a remarcação de preços, a Rede Angeloni se informatiza e lança uma comunicação inovadora. Em 1990, o CDC exige uma nova relação com os consumidores, surge a Ouvidoria e o Clube Angeloni e assim até hoje, tal como um ser vivo, a Rede Angeloni é também produto do meio. Ressalta-se que o comportamento estratégico é delineado por duas influências: o ambiente da organização e suas capacitações internas. O ambiente do varejo chegou ao estágio de tornar-se multi. A Rede Angeloni está inserida no denominado Multivarejo onde está ocorrendo a Multimobilidade com o M-commerce, possibilitado pela tecnologia como a etiqueta RFID, em estudo pela empresa; o Multicanal, que permite atender o consumidor onde, quando e como ele desejar, como, por exemplo, as vendas através de celular implantada na empresa; Multiparcerias como as já desenvolvidas com algumas indústrias, iniciadas com o EDI; Multiunicidade que é ser percebido como único, responsabilidade para uma nova estratégia de marketing, propondo a Multiexperiência como estratégia, isto é, transformar a loja num espaço social (serve como recomendação). A segunda conclusão constata que a cultura organizacional concebida como algo com quatro camadas: valores (escritos em declarações de missão, objetivos ou estratégias), crenças (questões específicas de caráter pessoal), comportamentos (rotinas e estruturas) e suposições dadas como certas (paradigma) explica que na Rede Angeloni a experiência vivenciada pela empresa, e em particular por seu fundador, criaram o que se chama de receita (um conjunto de suposições em comum dentro de um campo organizacional e uma “sabedoria compartilhada” sobre como administrar organizações). A receita tem dado certo porque o líder, a sua maneira, tem compartilhado a sabedoria de administrar, ora assumindo a responsabilidade, ora dividindo. Como terceira conclusão a organização Rede Angeloni está, na visão de Adizes (2004), num lugar situado entre a plenitude (vendas e lucro) e a estabilidade (proteger o status quo). Teve a fase do Namoro quando o fundador, ao prestar o serviço militar em São Paulo, vislumbrou a oportunidade de implantar um autoserviço em Criciúma, SC. Assim a Infância surgiu em 1958 com a fiambreria. A fase Toca-Toca aconteceu no primeiro grande período de expansão ocorrido entre 1972 e 1992 (vide o Gráfico 7). Criada a primeira diretoria profissional acontece a fase da Adolescência. De 1998 até 2005 acontece o Clube Angeloni, os Supercenter’s, as 191 Farmácias e a entrada no mercado de Curitiba, PR o que caracterizou a Plenitude. Ainda na plenitude, com o Centro de Distribuição de 2006 inicia a fase de Estabilidade. Os processos utilizados para se chegar a estratégia total são tipicamente fragmentados, revolucionários e largamente intuitivos, assim a quarta conclusão é que há nas definições estratégicas da Rede Angeloni, uma forte dose de intuição, pelo menos até o início da gestão profissional, em 1997, até sua solidificação, em 2004, com a criação das holdings dos sócios. É a separação da propriedade da gestão. Mintzberg et al. (2006) colocam a estratégia empreendedora como intenções como uma visão pessoal, não articulada, de um único líder, adaptáveis a novas oportunidades. Num ambiente conturbado (Plano Cruzado e Collor) e depois num ambiente estável (Plano Real) a empresa começou tomar conhecimento daquilo que Porter (1980; 2004) denominou de forças competitivas (rivalidade intensa no segmento, ameaça de novos concorrentes, ameaça de produtos substitutos, ameaça do poder de barganha dos clientes e ameaça do poder de barganha dos fornecedores). Ao encontrar um mercado competitivo mais estruturado, a empresa, além de visão e intuição, necessitou adquirir novas ferramentas e criar novos processos e definir uma linha estratégica é a quinta conclusão. A sexta conclusão é que na visão teórica a estratégia adotada pela Rede Angeloni é uma estratégia competitiva (Mintzberg et al. 2006). Estratégia competitiva tem um valor corporativo; um preço premium; o mérito corporativo como indicador de sucesso; a tarefa estratégica de inovar, impedir imitação, deter rivais; expressando sua estratégia em vantagens, posição e políticas de suporte, basicamente analisada na comparação entre concorrentes. Na visão de Whittington (2002) a perspectiva da estratégia utilizada na Rede Angeloni é clássica, realizada formalmente, busca a maximização dos lucros, foco interno (planos), num processo deliberado e analítico (analisando, planejando e comandando). Neste sentido Miles e Snow (2003) colocam o comportamento analítico como a procura de garantir a sua posição atual no mercado sem deixar de buscar novas oportunidades. No que é estável, rotina e eficiência, para manter o domínio. No instável, busca de oportunidades existentes no ambiente para ampliar seu mercado. Foi assim, competitiva, clássica e analítica, que a Rede Angeloni chegou a Florianópolis, em 1983. 192 Ao expor a sétima conclusão, cita-se Bock et al. (2004) que com duas dimensões do pensamento estratégico: perto do consenso e perto da certeza encontra-se a racionalidade, planejamento e um controle tradicional, analítico, baseado em recursos. Assim era no início da empresa: se tem caixa, faz; hoje, capte no mercado. Para tanto a aposta na logística foi fundamental para esta estratégia competitiva, focada na diferenciação, assim como os controles financeiros e os acordos comerciais com fornecedores, pois desta forma, pode-se, agora, alinhar melhor custos e benefícios antes de colocar a estratégia em ação. A palavra valor resume a oitava conclusão. Das alternativas propostas por Porter (1980; 2004) a estratégia de diferenciação foi adotada, pois a prática da empresa sempre foi privilegiar a percepção do consumidor ofertando mercadorias que poucos podiam dispor e agregar valor aos serviços. No foco, a diferenciação também foi adotada, diversificando sua linha de produtos para atender determinados segmentos de clientes. Acertadamente criou uma cadeia de valor diferenciada para aumentar a competitividade. Conclui-se que a cadeia de valores de uma empresa e o modo como ela executa atividades individuais são reflexo de sua história, de suas estratégias, de seu método de implementação de sua estratégia, e da economia básica das próprias atividades. Já que Porter (1989) é o paradigma, lembra o autor que não se cria valor apenas com uma atividade, mas com um conjunto de atividades e fluxos de informação entre uma empresa, seus fornecedores, e distribuidores, como mostra a Figura 26. O autor diz que na diferença entre cadeias de valores concorrentes surge uma vantagem competitiva, baseada em valor. Esta estratégia de agregar valor é largamente adotada pela Rede Angeloni. Como foi explanado, a empresa agrega valor no que se relaciona à loja na localização, na facilidade de compra com um layout de loja adequado, no ambiente e tamanho da loja, no atendimento ao cliente com amabilidade e na comunicação. Referente aos produtos, preço compatível com o praticado pelo mercado e percebido pelo cliente, qualidade e variedade superior, disponibilidade e marcas reconhecidas pelo seu valor e pelo desejo de consumo. Entregar valor e ganhar confiança. É importante dizer que a técnica de benchmarking foi utilizada para agregar o valor que a marca Angeloni possui. Nas estratégias operacionais foi usado o benchmarking do setor, comparando com o desempenho de outros supermercados de posicionamento similar (Zaffari no RS e Pão de Açúcar em SP); o marketing de 193 relacionamento utilizou mais o benchmarking melhor da classe para aprimorar o que de melhor era feito no setor. Personalizando e adequando ao cliente atendido. Fez parte da criação do Clube Angeloni. A prática da estratégia de negócios deve começar com o cliente, pois sem clientes com necessidades a serem atendidas, o negócio não tem razão de ser. É o âmago da nona conclusão. Visão de longo prazo e objetivos comuns, profundo entendimento do ambiente competitivo, avaliação objetiva de recursos, efetivamente implementados, é sinônimo de estratégia bem-sucedida (GRANT, 2005). A Rede Angeloni manifesta primordialmente a estratégia da escola empreendedora definida por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (1998; 2000), onde a visão é o conceito central tendo sido fundamental no começo da empresa e é, até hoje, pois a visão é uma representação experimental, criada e ao menos expressa na cabeça do líder. Meio de ligação entre o ambiente e a empresa é importante, para a estratégia, com a nova economia baseada no conhecimento e na tecnologia, salientar que mais do que enxergar o elefante-empresa é ver através de um caleidoscópio, as incontáveis tipificações disponíveis de estratégias para escolher o produto (mercadorias, serviços e idéias) certo para o mercado certo. As perguntas feitas por Hamel e Prahalad (1994) apud Kennedy (2000) em seu livro Competing for the Future, devem ser respondidas sempre que for necessário estabelecer uma nova estratégia de condução dos negócios, seja na área corporativa ou operacional. São elas: • Que clientes tenho hoje / terei no futuro? • Através de que canais os clientes são atingidos hoje / serão no futuro? • Quem são os concorrentes hoje / quem serão no futuro? • Em que se baseia a vantagem competitiva de hoje / em que se baseará no futuro? • Quais são as habilidades ou capacitações que tornam a empresa singular hoje / e a tornarão no futuro? Por último, mas não menos importante, conclui-se que a estratégia corporativa esteja alicerçada por quatro pontos: • Sistema de crenças; 194 • Sistema de limites; • Sistema de controles interativos; • Sistemas de controle de diagnóstico. O sistema de crenças deve estar focado nos valores essenciais (inspiração e direção para buscar novas oportunidades); o sistema de limites definindo os riscos a serem evitados para estabelecer os limites de busca de oportunidades. Os sistemas de controles interativos para as incertezas estratégicas (motivar, monitorar e recompensar os objetivos alcançados) e os sistemas de controle de diagnóstico para administrar os valores críticos de desempenho estimulando o aprendizado organizacional e a emergência de novas idéias e estratégias. Tudo com uma boa dose de intuição e trabalho acompanhados daquilo que comumente chama-se de boa sorte ou ventura. 7.2 Proposições Relembrar o realizado, saber o que está sendo feito, leva o autor, após as conclusões, propor/sugerir recomendações, que na sua visão, podem colaborar para aprimorar as estratégias aplicadas e implantar novas estratégias. • Divulgar as práticas administrativas implantadas em todos os setores para a comunidade acadêmica que necessita de exemplos práticos para fundamentar a teoria ministrada em sala de aula; • Estabelecer parcerias com a comunidade acadêmica de Santa Catarina para o desenvolvimento de novas estratégias internas e externas; • Compartilhar o desenvolvimento de novas tecnologias, como a etiqueta RFID, com outros setores do comércio varejista, para adquirir escala, experimentar e trocar experiências para o futuro de um ramo que é um super (além de) mercado. 195 • Criar um novo enfoque para sua comunicação, retomando a posição de vanguarda que criou os diferençais que fizeram da marca, sinônimo de supermercado; • Lançar uma campanha como agente da sustentabilidade ecológica, focada na reciclagem dos produtos comercializados pela empresa; • Rever urgentemente a estratégia do Clube Angeloni, encoberta pela emissão dos cartões de créditos, aproveitando o aniversário de 50 anos, em 2008, para retomar a aproximação dos clientes com campanhas de cunho promocional, social, cultural e beneficente; • Ampliar o mercado abrindo uma nova fronteira com lojas de vizinhança para manter sua fatia de mercado, segmentando mais e aumentando a escala e a eficiência da operação. • Criar uma franquia para aumentar a escala de comercialização e de ampliação da marca, apoiando a operação destas lojas que devem ser gerenciadas por uma família; • No intuito de expandir e competir com os grandes players nacionais e internacionais criar uma aliança estratégica com outra organização do mercado, compartilhando recursos e atividades; • 49 Estudar a possibilidade de fazer um IPO 49. Initial Public Offering, ou melhor dizendo, oferta inicial de ações, ou seja, abertura do capital social. 196 8 REFERÊNCIAS 8.1 Bibliográficas ADIZES, Ichak. Os ciclos de vida das organizações: como e por que as empresas crescem e morrem e o que fazer a respeito. São Paulo: Pioneira Thomson, 2004. ALVES-MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas Ciências Naturais e Sociais. São Paulo: Pioneira Thomson, 2004. AMBONI, Nério. O caso Cecrisa S/A: uma aprendizagem que deu certo. Tese de Doutorado. Florianópolis: UFSC, 1997. AMBONI, Nério; ANDRADE, O. B. Rui. TGA – Teoria Geral da Administração. São Paulo: M.Books, 2007. ANGELO, Cláudio F.; SILVEIRA, José Augusto G (Org.). Varejo Competitivo. São Paulo: Atlas, 1997. APPOLINÁRIO, Fábio. Dicionário de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2004. BERNARDINO, Elaine de Castro et al. Marketing de Varejo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2004. BOGDAN, R.C; BIRTEN, S.K. 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Evidente que quanto mais forem detalhadas suas respostas com datas, números e valores referenciais, melhor conteúdo terá meu trabalho, entretanto podem considerar o fato de eu ter sido partícipe dos caminhos desta empresa entre os anos de 1986 e 2003. Cabe lembrar que o questionário pretende obter a posição pessoal de cada um tendo por base a participação nos fatos ocorridos, tanto como agente principal ou como participante, nas diversas estratégias estudadas, implantadas com ou sem sucesso. Conto com o prestimoso auxílio dos senhores, mesmo sabendo que a época consome bastante tempo para quem trabalha no varejo. Agradeço o empenho de cada um e me coloco à disposição pelo e-mail [email protected], pelo celular (48) 9982-9780 ou pessoalmente, se necessário for. Desejo à todos um feliz natal e um venturoso ano novo com sorte, saúde e sucesso, Saudações cordiais, SILVIO LUMMERTZ SILVA Mestrando UDESC/ESAG 206 Anexo 2 – Nominata da Direção da Rede Angeloni DIRETORIA DE A. ANGELONI & CIA LTDA RELAÇÃO DOS ENTREVISTADOS NOMES CARGOS Antenor Angeloni Fundador e Presidente do Conselho Arnaldo Angeloni Vice-Presidente do Conselho Roberto Angeloni Presidente Executivo Álvaro de Angelis Cordeiro Diretor RH Atanázio dos Santos Netto Diretor Operacional Clementino Bolan Filho Diretor Administrativo/Financeiro José Augusto Fretta Diretor Comercial Norberto Colla Diretor de Informática e Logística Sabrina Angeloni Diretora de Marketing Cyd Visalli Lucena Gerente do Clube Angeloni 207 Anexo 3 – Roteiro para Coleta de Dados junto a Rede Angeloni Entrevistado: Conselho Consultivo (Fundadores) e Presidente. Questões: 1. Descreva o histórico da empresa identificando com datas, números e valores o: surgimento, evolução, realidade atual e as perspectivas. a. Surgimento b. Evolução c. Realidade atual d. Perspectivas 2. Quais fatores internos e externos contribuíram ou restringiram a expansão do grupo Angeloni? a. Fatores internos i. Finanças ii. Gestão iii. Preço 1. Política 2. Margem 3. Rentabilidade iv. Funcionários 1. Adequação à empresa 2. Qualificação 208 3. Ambiente organizacional a. Cultura b. Grau de satisfação dos funcionários c. Clima 4. Comunicação formal e informal v. Informática 1. Sistemas 2. Equipamentos vi. Operações 1. Infra-estrutura a. Construção b. Manutenção 2. Logística a. Armazenamento b. Distribuição vii. Mix de produtos viii. Imagem ix. Comunicação 1. Estratégia a. Institucional b. Promocional 2. investimento b. Fatores externos i. Política 1. Legal 209 a. Proteção ao consumidor b. Proteção ambiental c. Relações trabalhistas d. Fiscalização 2. Tributária 3. Zoneamento urbano ii. Economia 1. Crescimento do país 2. Crescimento do setor 3. Desemprego 4. Mercado financeiro a. Juros b. Câmbio c. Financiamentos 5. Inflação iii. Tecnologia 1. Adoção 2. Estágio atual 3. Tendências iv. Socioculturais 1. Crescimento demográfico 2. Tendências comportamentais da sociedade (hábitos, atitudes, valores, crenças, estilos, modas, modismos, personalidades de referências) 3. Comunidade v. Clientes 1. Comportamento de compra 210 2. Comportamento de consumo 3. Poder aquisitivo 4. Percepção de qualidade e de marca 5. Necessidades, desejos e expectativas 6. Relacionamento vi. Concorrentes 1. Qualidade e variedade dos produtos 2. Serviços 3. Política de preços 4. Estratégias de comunicação 5. Ação promocional 6. Perfil dos clientes vii. Fornecedores 1. Política de preços e vantagens comerciais 2. Parcerias a. Grau de envolvimento b. Exclusividade 3. Sistema de informação viii. Sindicatos 1. Relacionamento e negociações 2. Interesses comuns e conflitantes ix. Imprensa/Mídia 1. Relacionamento 2. Assessoria 3. Nível de investimento x. Associação Classista 211 1. Participação representativa 2. Grau de apoio à pesquisa 3. Valorização do setor 3. O que motivou os dirigentes do Grupo Angeloni a expandir – criar novas unidades de negócios em diferentes locais do estado de SC e fora dele? a. Supermercados i. Tubarão em 1973 ii. Florianópolis em 1980 iii. Blumenau em 1990 iv. Joinville em 1995 v. Curitiba em 2001 b. Postos de Combustíveis c. Farmácias 4. Quais ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? a. _________________________________________ b. _________________________________________ c. _________________________________________ d. _________________________________________ e. _________________________________________ 5. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição 212 b. Cite exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 6. O que o senhor como fundador do grupo Angeloni acha da seguinte afirmação: “em muitas situações é mais vantajoso a empresa trabalhar sem estratégia, pois trabalhar sem estratégia já é uma estratégia da empresa”? 213 Entrevistado: Diretor de ADMINISTRAÇÃO/FINANÇAS Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? i. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? i. Cite exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. ii. Cite exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua diretoria? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua diretoria e do grupo Angeloni. 214 6. Quais os processos adotados pela diretoria de ADMINISTRAÇÃO/FINANÇAS para aprimorar as estratégias do Grupo Angeloni? 7. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas. 215 Entrevistado: Diretor COMERCIAL Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? a. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. b. Cite exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua diretoria? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua diretoria e do grupo Angeloni. 6. Quais as políticas implantadas pela diretoria COMERCIAL para alavancar as estratégias do Grupo Angeloni? 216 7. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas. 217 Entrevistado: Diretor de INFORMÁTICA/LOGÍSTICA Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? a. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. b. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua diretoria? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua diretoria e do grupo Angeloni. 6. Como a informática colaborou para solidificar as estratégias de expansão do Grupo Angeloni? 218 7. Qual o papel da logística na estratégia de expansão do Grupo Angeloni? 8. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas. 219 Entrevistado: Diretora de MARKETING Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? a. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. b. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua diretoria? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua diretoria e do grupo Angeloni. 220 6. Qual o posicionamento e a linha de comunicação adotada pela diretoria de MARKETING para divulgar e aprimorar as estratégias adotadas pelo Grupo Angeloni? 7. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas. 221 Entrevistado: Diretor de OPERAÇÕES Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? a. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. b. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua diretoria? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua diretoria e do grupo Angeloni? 6. Que processos foram implantados pela diretoria de OPERAÇÃO para aprimorar as estratégias do Grupo Angeloni? 222 7. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas. 223 Entrevistado: Diretor de RH Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? a. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. b. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua diretoria? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua diretoria e do grupo Angeloni? 224 6. Que processos na seleção, recrutamento e treinamento foram implantados pela diretoria de RH para auxiliar nas estratégias do Grupo Angeloni? 7. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas. 225 Entrevistado: Gerente do CLUBE ANGELONI Questões: 1. Quais as principais ações/estratégias foram implantadas na sua área ao longo da história do Grupo Angeloni? a. Quais destas ações/estratégias implantadas pelo Grupo Angeloni podem ser consideradas como as mais relevantes? 2. As estratégias/ações implantadas pelo Grupo Angeloni foram mais decorrentes da intuição dos dirigentes ou dos fatos que ocorriam no setor de supermercados? a. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes da intuição. b. Cite alguns exemplos de estratégias/ações implantadas decorrentes dos fatos que estavam acontecendo no setor de supermercados. 3. Quais fatores mais contribuíram para o processo de modernização e de expansão do Grupo Angeloni? 4. Quais empresas do setor de supermercados foram tomadas como referencial (benchmarking) para o processo de modernização e de expansão da empresa e de sua gerência? 5. De que forma a tecnologia da informação está contribuindo para o desenvolvimento da sua gerência e do grupo Angeloni? 6. Quantitativamente e qualitativamente qual o significado do programa de relacionamento do Clube Angeloni nas estratégias do Grupo Angeloni? 226 7. As mudanças no perfil do consumidor contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas de gestão no Grupo Angeloni? Se positivo, quais práticas foram aperfeiçoadas ou implantadas.