PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS E A FORMAÇÃO DOCENTE Lazara Cristina da Silva, UFU ¹ Darlyane de Andrade Silva, UFU ² Resumo: Este artigo é parte das atividades da Pesquisa “PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR) E A FORMAÇÃO DOCENTE: desafios e implicações em redes e instituições de ensino na região do Triângulo Mineiro para a construção de uma educação inclusiva”, cujo objetivo geral é refletir sobre as políticas e os procedimentos de formação continuada de professores para atuar nos processos de escolarização do público da educação especial no contexto de ascensão e consolidação da educação inclusiva na realidade da região do Triângulo Mineiro, regularizadas pelo Plano de Ações Articuladas do Governo Federal, no período de 2008-2013. O estudo recebe apoio financeiro do CNPq e da Fapemig, é parte das atividades do GEPEPES, de natureza qualiquantitativa, utiliza como instrumentos de coleta de dados fontes documentais do PAR e entrevista semiestruturadas com gestores do Município e do PAR no período de 2008-2013. Foi identificada a necessidade de ações na área de três municípios (Ituiutaba, Monte Alegre e Indianópolis), Uberlândia não apresentou demandas específicas em seu PAR. Evidenciou-se também, que os municípios ignoravam a existência de ações da rede Nacional de Formação de Professores que possam solicitar. Logo, fortalece-se o entendimento de que as ações de colaboração existentes entre o governo federal e os entes federados ficam não deslocadas, ocasionando esforços duplos e investimento financeiro perdidos e dobrados. Palavras-Chaves: PAR – Formação de Professores – Educação Especial. Introdução: O artigo representa recorte das atividades desenvolvidas na pesquisa PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR) E A FORMAÇÃO DOCENTE: desafios e implicações em redes e instituições de ensino na região do Triângulo Mineiro para a construção de uma educação inclusiva compõe o universo de uma pesquisa coletiva que se pretende desenvolver pelo grupo de professores pesquisadores da Linha Estado, Política e Gestão do Programa de pós-graduação em educação da Universidade Federal de Uberlândia que tem como objetivo analisar o PAR (Plano de Ações Articuladas) do governo federal, como mecanismo indutor de mudanças na gestão educacional nos sistemas/redes de ensino e nas unidades escolares em Minas Gerais. O PDE configurou como um como esforço coletivo do governo, desempenhado pelo Ministério da Educação, como atividade estratégica. Definido como um a articulação de um conjunto de ações e programas, com capacidade para abranger todas as modalidades e níveis de ensino público, visando construir uma prática governamental integrada e articulada, sustentada por uma visão sistêmica e de longo prazo da educação. Em 2007, como desdobramento do Decreto 6.094/2007, inseriram-se de forma direta e incisiva para o centro das políticas para educação básica, quatro ações que se tornaram centrais aos atos do governo federal, em sua articulação com os governos municipais, estaduais e do Distrito Federal: O estabelecimento de diretrizes a serem assumidas e trabalhadas por todos aqueles aderissem ao Plano de Metas;a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB); o Plano de Ações Articuladas (PAR) e o apoio da União estruturado e organizado em torno da gestão educacional, da formação de professores e profissionais de serviços e apoio escolar, de recursos pedagógicos e de infraestrutura física. Houve adesão dos 5.561 municípios, dos 26 estados e do Distrito Federal ao Plano de Metas previsto no Decreto 6.094/2007, segundo dados divulgados pelo ministério da educação. ³Neste contexto, o PAR tornou-se basilar para a articulação da União com os entes federados, objetivando a realização de convênios e cooperação técnica e financeira junto a esses entes federados, com vistas a alcançar as metas definidas no referido Plano. Aliado a este contexto das políticas educacionais nacionais relacionadas ao PAR, no segundo mandato do Governo Lula, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação - SEESP/MEC1, diante do um conjunto de temáticas que se constituíam em desafios para a formação dos profissionais da educação, resolveu-se criar uma rede de formação continuada de professores, que conseguisse abranger as universidades públicas e o universo da educação básica, utilizando o PAR como indicador de demandas para as ofertas de cursos. A preocupação central era criar e favorecer as condições básicas para a consolidação e ampliação de práticas pedagógicas capazes de tornar reais as condições de escolarização das pessoas público da educação especial no universo de uma educação inclusiva. Diante do panorama exposto, questionamos: Quais as concepções de educação inclusiva e de educação especial presente nas políticas e práticas educacionais dos 3 Atualmente a SEESP se tornou a Diretoria de Políticas Pedagógicas de Educação Especial, ligada a Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI/MEC municípios lócus do estudo na região do Triangulo Mineiro, contidas nos projetos financiados por recursos financeiros decorrentes do PAR? De que maneira as demandas por formação continuada de professores originarias do PAR, nestes municípios, foram atendidas pelos cursos da Rede de Formação de Professores em Educação Especial no período entre 2008 a 2013? Quais os impactos dos cursos para as políticas de gestão educacional nestes municípios estudo? Assim, como objetivo geral da pesquisa, se propôs refletir sobre as políticas e os procedimentos de formação continuada de professores para atuar nos processos de escolarização de pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, no contexto de ascensão e consolidação da educação inclusiva na realidade da região do Triângulo Mineiro, regularizadas pelo Plano de Ações Articuladas (PAR) do Governo Federal, no período de 2008-2013. Pretende-se nos municípios lócus do estudo, no período de 2008-2013: a) Compreender os sentidos atribuídos às ações desencadeadas pela Rede de Formação Continuada de professores em Educação Especial da SECADI articuladas com o PAR, acerca dos processos de escolarização das pessoas com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação; b) Identificar e analisar: as ações relacionadas no PAR e contempladas pela rede de formação continuada de professores em educação especial da SECADI/MEC; nas demandas e descrições apontadas no PAR, as compreensões acerca dos conceitos de educação inclusiva e de educação especial;o percentual de atendimento das questões da educação inclusiva em suas políticas de educação básica;as políticas e ações desencadeadas para atender ao movimento de estruturação, organização e desenvolvimento do Atendimento Educacional Especializado presentes no PAR. 1- O Plano de Ações Articuladas – PAR: compreendo concepções e organizações O PDE tem povoado estudos realizados por diversos pesquisadores brasileiros: Andrade (2009), Gracindo (2009) e Ferreira (2009), Fonseca e Oliveira (2009), Azevedo (2009). Nestes estudos são evidenciadas análises que demonstram para a existência de sintonia, de ambiguidades e de contradições presentes no movimento de consolidação de essas políticas visando a articulação entre o governo federal com os estados, o distrito federal e municípios brasileiros. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), apresentado em abril de 2007 pelo MEC disponibilizando aos estados, municípios e Distrito Federal, instrumentos eficazes de avaliação e de desenvolvimento de suas políticas visando à melhoria das condições de oferta de uma educação de qualidade a todos, sobretudo da educação básica pública. Em seguida foi apresentado e implementado O Plano de Metas “Compromisso Todos pela Educação”, instituído pelo Decreto 6.094 de 24 de abril de 2007, considerado pelo MEC um programa estratégico do PDE. Este fato é considerado como marco inaugural do regime de colaboração, conciliando a atuação dos entes federados, no qual há o respeito pela autonomia política, administrativa e financeira dos mesmos. Neste plano busca-se a tomada de decisão política, rumo a construção de ações de natureza técnica e de atendimento às necessidades educacionais peculiares a cada um, cuja finalidade básica é à melhoria dos indicadores educacionais. Este plano representa um compromisso fundamentado em vinte e oito diretrizes e, consubstanciado, em um plano de metas concretas e efetivas, compartilha competências políticas, técnicas e financeiras para a execução de programas de manutenção e desenvolvimento da educação básica (BRASIL,2011, p. 02). Após a adesão ao Plano de Metas, cada estado, município e o Distrito Federal, assumem o compromisso de organizarem à elaboração de seus respectivos Planos de Ações Articuladas (PAR). O Ministério orienta este trabalho por meio do Sistema Integrado de Planejamento, Orçamento e Finanças do Ministério da Educação (SIMEC) – o Módulo PAR Plano de Metas. Este sistema é de simples acesso, bastando para tal a disponibilização de computador conectado à rede mundial de computadores (Internet). O PAR é um símbolo da evolução tecnológica, pois de forma ágil e transparente possibilita: a) o exercício de acompanhamento dos processos de elaboração; b) análise dos dados apresentados, e; c) o monitoramento das ações do PAR em desenvolvimento em cada estado, distrito federal e municípios. As políticas atuais do governo, estão orientando os municípios atualizarem os seus diagnósticos, para responderem à nova estrutura do PAR com vigência para o período de 2011 a 2014, no SIMEC – Módulo PAR 2010. Segundo orientações do MEC, essa etapa irá compreender um processo de atualização dos dados da realidade local, que deverá focar nas ações de valorização do planejamento como possibilidade de ampliação das condições com ênfase na importância do planejamento na construção da qualidade do ensino. Considerado “um momento de revisão, pelo município, do seu Plano de Ações Articuladas” (BRASIL, 2011. p.2). Considerado esta nova etapa do PAR, prevista para os anos de 2011 a 2014, portanto, período em que abrange a demarcação desta pesquisa, aproveita-se de uma situação geradora de um olhar detido e circunstancial que os municípios irão realizar de seus diagnósticos para planejarem seus projetos e programas, iremos acompanhar de maneira criteriosa e critica esse processo. 2- A Formação Continuada de Professores: Desafios da Política de Formação A formação continuada historicamente possui um diferencial que a vincula a ideias relacionadas às questões de aprofundamento, de especialização ou de ampliação dos saberes e das práticas, muito vinculadas com os contextos relacionados com as áreas de trabalho (Andrade, 2005). Neste sentido, não pode ser confundida com o tempo de experiência profissional, uma vez que essa modalidade de formação é caracterizada por espaços nos quais o profissional poderá utilizar de instrumentos teóricos e práticos e de tempo reflexivo como fundamentos que os instrumentaliza na atividade de formação de forma a possibilitar-lhes a realizar o movimento de problematização, análises e sistematizações capazes potencializar o seu crescimento profissional e pessoal. Logo, segundo Andrade (2008. P. 92) formar no tempo do exercício profissional exige que as ações e reflexões possam ser elevadas ao plano dos conceitos, da teorização, partindo dos questionamentos, das dificuldades, dos impedimentos ou das análises sobre a prática. E, ainda, exige que este seja um processo contínuo ao longo do tempo na profissão. Nesse sentido, os dispositivos de formação devem proporcionar experiências articuladas às necessidades da prática dos professores aos quais se destina. E esta seria uma condição para que se tornem significativas a ponto de resolver problemas e produzir mudanças na ação. Portanto, torna-se imprescindível que os cursos de formação continuada minimizem o domínio técnico em favor de reafirmar as dimensões auto-produtivas e intersubjetivas da construção dos conhecimentos por parte dos profissionais. Para a autora, a formação continuada precisa superar o movimento praticista em direção a uma proposta que seja capaz de instrumentalizar os docentes para atuar no movimento de pensar e construir conhecimentos teóricos capazes de atribuir sentido a experiência vivenciada no exercício profissional. Andrade (2008) chama atenção para o fato de existir relações de interferência mútuas entre as experiências de formação continuada e as ações desencadeadas por estes profissionais em seu contexto político e pedagógico. Fator, este queprecisa ser considerado no corpo das políticas de educação inclusiva no tocante as propostas de formação continuada dos docentes da rede regular de ensino. Sob tal lógica, poderá ser consideradas ações de formação docente continuada, segundo Garcia (1995), todas as atividades realizadas por eles durante o exercício profissional, de natureza individual ou coletiva, com o objetivo de ampliar seu desenvolvimento profissional e pessoal, de forma a prepará-los para compreender, agir e modificar as situações concretas relacionadas ao fazer pedagógico cotidiano, bem como para pensar e propor ações diferenciadas a serem desencadeadas no futuro profissional de acordo com as novas demandas apresentadas. No campo legal a preocupação com a formação continuada de docentes encontra respaldo na Constituição Federal de 1988, que institui a inserção nos estatutos e planos de carreira do magistério público, do aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive em serviço, a ser realizado na carga horária do professor. Esses horários, estão compreendidos no interior dos destinados a estudos, planejamento e avaliação, com o objetivo de propiciar uma formação fundamentada na práxis, ou seja, preocupada com a unicidade entre a teoria e a prática. Segundo a LDB 9394/96 essa formação pode acontecer considerando a capacitação em serviço. O Art. 13, inciso V, determina que os docentes deverão “ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar, integralmente, dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional”. Ainda, no Título VI, relativo aos profissionais da educação, o Art. 63 determina que “a criação de programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis”. Posteriormente, o art. 67 reitera a perspectiva de formação continuada quando trata dos sistemas de ensino, coloca a valorização dos profissionais através da criação de estatutos e planos de carreira do magistério público, em seguida apresenta a responsabilidade de estes cuidarem do “aperfeiçoamento profissional continuado” do seu corpo docente. Desta forma, se compreende que cada sistema de ensino é responsável por garantir aos seus profissionais a oportunidade de estes se aperfeiçoarem profissionalmente em seu horário de trabalho, pois esta atividade é parte de suas atribuições profissionais. Neste contexto, a formação continuada assume, concomitantemente, duas dimensões preponderantes na atuação destes profissionais: a de direito e a de dever. Logo, os docentes além de possuírem o direito de participarem de programas e projetos de formação continuada, possuem ao mesmo tempo, o dever de os realizar, como forma de garantir aos seus alunos a possibilidade de usufruir de um processo de escolarização de melhor qualidade, isto pois o fato de estarem em permanente movimento de formação se mantém atualizados quanto aos avanços científicos, tecnológicos e pedagógicos que lhes subsidiarão a atuação no cotidiano escolar (ALVARADO PRADA, 2008). Neste sentido, historicamente cada sistema de ensino vem se organizando de uma forma peculiar para atender as demandas de formação continuada de seu quadro de profissionais. Há grupos de profissionais que defendem como princípio que este processo aconteça no interior das instituições de ensino, de forma que a referência básica para as propostas de estudo e formação seja os problemas do cotidiano destes profissionais. Buscam subsídios teóricos nas teorias que utilizam o movimento ação-reflexão-ação, como mecanismo capaz de atribuir sentidos as experiências de formação dos profissionais, pois os vincula as suas vivencias cotidianas promovendo assim, condições para a promoção de mudanças na prática destes profissionais. Neste processo há benefício para os profissionais e para as instituições que unem duas demandas numa única ação. É preciso, também, que existam outros espaços com a função de promover projetos e programas de formação continuada, envolvendo profissionais de distintas instituições, com realidades diversas, para que no movimento de troca de experiências e contatos com outras possibilidades estes profissionais encontrem outros horizontes e formas de entender e agir em sua realidade. Neste contexto, se considerarmos a questão da educação inclusiva esta necessidade se amplia, pois se considerarmos que os profissionais licenciados para atuarem nos diferentes níveis de ensino não receberam, em sua grande maioria, uma formação mínima que os preparem para trabalhar com as diferenças e, neste movimento, exercerem práticas pedagógicas capazes oferecer a todos, inclusive aos alunos público da educação especial oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento integral conforme lhes é de direito. Logo, a formação continuada precisa ser contemplada no Projeto Político Pedagógico das instituições de ensino, para garantir sua inserção no tempo da instituição, caso contrário, esta passa a ser apenas um desejo dos profissionais, perdendo sua dimensão de direito e dever. Aliás, estas dimensões são pouco divulgadas e conhecidas pelos profissionais o que faz com que estes espaços não sejam legitimados e buscados pela categoria, que historicamente, os tem visto como uma sobrecarga a mais na sua jornada de trabalho, uma vez que é exercida fora do tempo de trabalho na instituição, ou seja, carga horária extra, em uma jornada quase sempre dupla ou até mesmo tripla de trabalho. Neste sentido, há que se criar condições nos contextos de trabalho escolar para se romper com esta perspectiva de formação continuada extra calendário escolar. Pelo contrário, enquanto um direito e um dever dos profissionais da educação, esta precisa estar presente no Projeto Político Pedagógico da instituição e como tal estar prevista no calendário escolar anual como forma de se garantir as condições reais de qualificação e atualização do corpo de profissionais da escola. Há que ser parte de um projeto coletivo de construção de uma escola para todos. Isto, pois, vivemos a sociedade do movimento, da superação, da crise e neste contexto, para que a educação possa atender as demandas reais da atualidade há que ter professores sempre atualizados e qualificados. Esta precisa ser uma meta nacional se pretendermos ser de fato um país em desenvolvimento. O decreto nº 7.611/11 fortalece a necessidade do envolvimento de professores e pesquisadores na área para a elaboração de propostas de formação continuada de professores, gestores e demais profissionais da escola para o recebimento de alunos públicos da educação especial. No entanto, neste processo alguns elementos precisam ser considerados:a) a necessidade de formação dos docentes da educação básica acontecer aliada as suas condições reais de trabalho e de estudo;b) o desejo e o compromisso das instituições públicas formadoras de manter a qualidade dos cursos, portanto, das atividades de formação propostas;c) o cuidado de não se naturalizar as práticas indevidas ocorridas, no sentido, de forçar os professores a realizarem os processos de formação continuada fora do seu espaço e tempo de trabalho, o que torna natural o processo de exploração de sua mão-de-obra;d) o cuidado permanente com os mecanismos de subjetivação dos professores participantes dos cursos, uma vez, que com a centralização dos processos há os perigos da universalização do discurso e da ampliação das relações de saber-poder em detrimento do reconhecimento das diferenças culturais, políticas, econômicas decorrentes dos diversos contextos sociais existentes em nosso país;e) O receio que muitas instituições têm em se envolver com atividades de Educação a Distância, muito em decorrência do pequeno histórico desta modalidade de ensino no seu cotidiano. Se considerarmos o primeiro, a necessidade de se propor propostas de atividades de formação continuada, em que se reconheça e valorize as realidades dos diferentes profissionais. Pensando no campo político, do direito, em um país de dimensões continentais como é o caso do Brasil, estas realidades são muito diversas, pois representam os frutos de lutas políticas históricas travadas pelos profissionais em busca da garantia de manutenção dos seus direitos profissionais previstos por lei. Cada Estado possui políticas de organização, contratação e formação de seus recursos humanos, ou seja, os Planos de Carreira dos profissionais da educação são bem distintos. No campo teórico e prático relativo às questões pedagógicas estas questões não se distanciam muito. Neste sentido, realizar programas nacionais, contendo um único “modelo” padrão de atividades e estudos é uma opção preocupante. Neste processo há evidente o risco de se universalizar as práticas, num movimento neoliberal globalizante, que acaba anulando as experiências locais e fortalecendo e valorizando, concomitantemente, uma forma unidirecional de ler e interpretar a realidade, a do grupo propositor. Há o risco de se adotar e/ou aderir amacdonalização das atividades de formação continuada dos profissionais da educação, segundo os modelos utilizados pelos grandes empresários das redes fastfoods, conforme alertaGentili (2002). Neste sentido, seria prudente avaliarmos tendo como referência alguns questionamentos: Seria está uma prática de formação continuada libertadora, capaz de instrumentalizar os docentes para uma reflexão crítica de sua realidade, manifestas em suas condições de trabalho? Estariam estas práticas contribuindo com a autonomia didática e pedagógica dos profissionais envolvidos? Consideramos que aqui se encontram muitos dos desafios que as instituições formadoras representadas pelos profissionais pesquisadores elaboradores de matérias didáticos, envolvidos nas atividades de desenvolvimento e avaliação dos projetos, precisam considerar durante o seu envolvimento com estas atividades. Pensar em cursos e projetos que favoreçam a inserção consciente de estes profissionais em seu contexto social, político, histórico, cultural e educacional. Este é sem dúvida um de nossos compromissos enquanto profissionais das universidades públicas deste país. 4O estudo e seus achados: O objeto desta pesquisa são os cursos da Rede de Formação continuada de Professores em Educação Especial perante a oferta de cursos formação continuada, de inclusão educacional e o Programa de Ações Articuladas (PAR). Realizamos um estudo exploratório por um período de dois anos, tendo como foco de análise nos municípios selecionados na região do Triângulo Mineiro: Uberlândia, Ituiutaba, Monte Alegre de Minas e Indianópolis. Na seleção destes municípios, se referendou tomou-se como referência a evolução do respectivo IDEB no ensino fundamental (anos iniciais e finais do ensino fundamental).Além disso, estes 04 municípios atendem ao critério populacional e político definido, qual seja: 01 município com população acima de 50 mil habitantes com continuidade do governo municipal após o período eleitoral, 01 município com população abaixo de 50 mil habitantes com mudança na condução do governo municipal;01 município com população acima de 100 mil habitantes com continuidade do governo municipal após o período eleitoral e um município com população acima de 100 mil habitantes com mudança na condução do governo municipal. Foi realizado estudo documental nos documentos dos PAR dos municípios disponíveis nos documentos do Relatório Público disponível no portal eletrônico do Ministério da Educação - SIMEC/ PAR, consultado em setembro de 20114, posteriormente, nos arquivos do PAR dos municípios cujas ações do PAR correspondiam ao período de 2008 a 2011, no tocante aos Municípios lócus deste estudo foi possível identificar que no Município de Uberlândia/MG, não foi apresentada nenhuma demanda relacionada à Formação continuada de professores e demais funcionários no tocante a Educação especial. No referido documento não se localizou nem a demanda por Instalações de salas de Recursos Multifuncionais como apareceu nos demais munícipios estudados. No Par do Município de Monte Alegre de Minas Gerais, foi identificada a demanda por oferecimento de curso de formação continuada para os professores que atuam na Educação Infantil, cuja preocupação estava relacionada aos temas voltados para diversidade humana. No eixo destinado à Formação de Professores da Educação Básica para atuação em educação especial, escolas do campo, comunidades Quilombolas ou Indígenas. Na descrição da demanda é colocado que menos de 10% dos professores da rede tem contato com formaçãopara o trabalho com este grupo, primeiro pela pequena expressão de estudantes oriundos de comunidades quilombolas e/ou indígenas, com relação ao público da educação especial estes são atendidos pela APAE, com exceção daqueles que residem na zona rural. No entanto, que irá assumir esta formação será a própria secretaria municipal de educação. Prevê ainda a instalação de Implantação de salas de recursos multifuncionais, nas escolas da rede com matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais, conforme Censo Escolar MEC/Inep, por meio do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Quanto ao município de Indianópolis foi identificada a necessidade de se implantar o atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem, com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades/ superdotação, com ações desencadeadas pela secretaria Municipal de Educação. Prevê também a implantação de salas de recursos multifuncionais (para educação especial) nas escolas da rede com matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais, conforme Censo Escolar MEC/Inep. O Município de Ituiutaba se evidenciou a necessidade de qualificaçãodos professores que atuam em educação especial, escolas do campo, comunidades quilombolas ou indígenas oferecidos pela própria secretaria municipal de educação. Também, se evidencia a necessidade de se implantar salas de recursos multifuncionais para educação especial nas escolas da rede. A análise dos documentos coletados evidencia que as redes municipais de educação não se propõem a utilizar os cursos da rede nacional de formação continuada de professores em educação especial para qualificar seus profissionais, ou por não terem conhecimento de sua existência e/ou por não acreditarem na proposta de formação à distância. Apesar de o estudo estar acontecendo a dois anos, houve necessidade de dedicar um tempo para estudo teórico sobre a temática com o grupo de pesquisa, delonga no tempo de retorno do comitê de ética para o início das entrevistas com os gestores dos municípios e do PAR. Outro aspecto é a devolutiva dos mesmos com disponibilidade para entrevistas. Pode-se perceber, até o momento, que nos municípios investigados as ações de formação docente desta secretaria não foram indicadas como estratégias recorridas pelos municípios para suas demandas apresentadas, que correspondem às ações existentes na Rede Nacional de Formação de Professores em Educação Especial da SECADI, existente desde 2008. É evidente a resistência dos gestores para com as ações do governo federal, o que dificulta o estabelecimento do regime de colaboração, fazendo que o mesmo fique restrito à proposição no campo do planejamento. Tais ações têm desdobramentos relacionados com o uso duplo de energia para tratar as questões demandadas aliado as questões financeiras, que acabam, por conseguinte, sendo duplicadas. REFERÊNCIAS: ANDRADE, Dalila Oliveira. As políticas educacionais no governo Lula: rupturas e permanências. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Porto Alegre: ANPAE, v. 25, n. 22, p. 197-210, maio-ago/2009. ANDRADE, S. G. 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