OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS... O papel da mediação na cultura de paz Sob que égide viveremos? Essa questão instiga a reflexão sobre as lições da história que vivemos e suas consequências, bem como sobre nosso papel na construção do próximo século. O nosso histórico sociocultural demonstra que é necessária uma nova ordem mundial para que os conflitos possam ser resolvidos de forma não violenta. Essa ordem precisa estar inserida nos princípios e nas ações da convivência humana, uma vez que terá de lidar com um grande crescimento populacional. De acordo com a ONU, a população mundial ultrapassará a marca de nove bilhões de habitantes no ano de 2050. Com o aumento das propostas democráticas na política, nas empresas e nas escolas, tem-se buscado o reconhecimento dos direitos das minorias, novas relações de trabalho e de comércio e pedagogias inovadoras. Contudo, cada vez mais aparece um grande número de conflitos, impregnados de justificativas vãs, fornecidas por aqueles que tentam defender seus objetivos particulares a qualquer custo, com a desculpa de que “os fins justificam os meios”. O ser humano ainda tem uma visão muito negativa sobre conflitos. Contudo, sabese que os conflitos promovem reflexão, crescimento e mudanças de atitudes, as quais possibilitam transformações pessoais, sociais e históricas muito profundas. Assim, é preciso haver uma mudança na forma de resolução de conflitos, buscando a mediação e o acordo entre as partes envolvidas, em vez da instauração de uma verdade absoluta, proveniente de uma tentativa equivocada de solucionar os conflitos, buscando culpados ou inocentes. Estamos vivendo na era da mediação, na qual a resolução de conflitos provém de processos pragmáticos. Os conflitos são resolvidos por meio da parceria entre as partes, as quais chegam a uma solução, utilizando, principalmente, a comunicação e levando em consideração, também, critérios e estratégias que são analisados caso a caso. É importante lembrar, também, que é fundamental manter o respeito às diferenças e às particularidades das partes envolvidas. As relações humanas, quando pautadas em respeito mútuo, agregação de valores, aceitação da diversidade pluricultural e participação democrática, entre outros, levam à conscientização e à prática da civilização. Todo trabalho que pretende promover a paz e auxiliar na resolução de conflitos precisa ter início nos pequenos gestos, nas pequenas ações e atitudes que acontecem no dia a dia com a família, na escola, no ambiente de trabalho e na sociedade. A mediação complementa as propostas pedagógicas atuais que desenvolvem a humanização das relações, buscando criar gerações de cidadãos que aceitem opiniões diversas, convivam com as diferenças e desenvolvam suas emoções de modo consciente e positivo diante de conflitos, buscando acordos que sejam bons para ambas as partes. É preciso trabalhar com os princípios da mediação desde a formação escolar inicial das crianças, para que estes se tornem um hábito no desenvolvimento da cultura de paz, a qual vai se tornar, com o passar do tempo, uma transformação social baseada na solidariedade. Elka Padilha Coordenadora Pedagógica CONQUISTA – Solução Educacional Positivo [email protected]