Mímese e convenção analógica Prof. Andréa Estevão • Mímese – é um termo que vem do grego e significa imitação. Está relacionado ao ideal de analogia absoluta e, portanto, está carregado de ficção. Nosso hábito de ver quase sempre imagens fortemente analógicas, como a fotografia, o vídeo e o cinema, nos faz avaliar mal o fenômeno da analogia. Geralmente tratamos essas imagens como analogia absoluta e perfeita entre imagem e seu modelo. • É importante relativizar a concepção de imagem analógica como mímesis, discutindo o caráter convencional da analogia. Segundo Gombrich (2007), toda representação é convencional por mais analógica que seja. A fotografia, por exemplo, lança mão de objetiva e filtros. • Há vários tipos de convenções, e algumas parecem mais “naturais” do que outras. Essas mais “naturais” agem sobre as propriedades do sistema visual, por exemplo, a perspectiva. Gombrich indica que há duplo aspecto na analogia icônica: o aspecto espelho e o aspecto mapa. • Aspecto espelho - a analogia duplica certos elementos da realidade visual, imitando a imagem especular( imagem figurativa). • A representação analógica do tipo espelho obedece a convenções estabelecidas, já que somente os espelhos naturais seriam espelhos puros • Aspecto mapa – a imitação da realidade passa por esquemas mentais múltiplos, que tornam a imagem mais clara, ao simplificá-la. • Ex: mapas, gravuras, infografias que aparecem nos jornais, – O desejo humano de imitar deliberadamente a realidade implica num desejo de criação que é simultâneo ao de reprodução. – A produção da imitação, da ilusão de semelhança, na pintura, e, mesmo na fotografia, cinema ou vídeo, dependem de um vocabulário imagético disponível, e da modulação por esquemas que visam fazer tanto conhecer quanto compreender. • Tanto a arte quanto as máquinas de visão constroem o olhar, ensinam a ver. • Analogia – relação de semelhança entre a imagem e a realidade. • Para Nelson Goodman, a analogia é apenas uma das modalidades do processo de referência, e não a mais importante. Não há para ele possibilidade de copiar o mundo, porque não se sabe o que o mundo é. Não há olho inocente, a visão é paralela à interpretação. • Uma longa tradição de imagens – pinturas figurativas, fotografia, cinema - dá origem a dois tipos de equívocos: • A) de que a imagem é necessariamente, ou prioritariamente representação por semelhança; • B) de que a imitação, a semelhança seja uma exigência do espectador. • A analogia foi produzida artificialmente, para ser utilizada com fins simbólicos, ao longo da história, por diferentes meios, que permitem atingir semelhança mais ou menos perfeita. • A imagem enquanto imagem não necessita de semelhança. Os duplos não surgem naturalmente. Antes, dependem de convenções que estão de tal forma naturalizadas que acreditamos na sua necessidade. As convenções são de tal ordem que permitem que representemos até elementos inexistentes, como fantasmas, sereias, unicórnios. • • NEIVA Jr., Eduardo. A imagem. São Paulo: Ed. Ática, 2002. • AUMONT, Jacques. A imagem. São Paulo: Ed. Papirus, 2004. • ESTEVÃO, Andréa & outros. Comunicação e imagem. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2006. • MACHADO, Arlindo. O quarto iconoclasmo. Rio de Janeiro: Ed. • Pesquisar diferentes escolas de pintura – pré-renascentista e renascentista e surrealistas e pop art. Pesquisar diferentes esolas de desenho. Selecionar charges de chargista do início do século XX e dos de hoje Observar tanto os diversos modos de representação por semelhança, e os aspectos mapa e espelho das imagens selecionadas. • VELLOSO, Monica Pimenta. Modernismo no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1996. • http://www.historiadaarte.com.br/ • http://www.jotacarlos.org/ • www.memoriaviva.com.br/omalho