MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTI-INFLAMATÓRIO DA GABAPENTINA EM CAMUNDONGOS Diva de Aguiar Magalhães (bolsista do PIBIC/CNPq), André Luiz dos Reis Barbosa (Orientador, Depto de Fisioterapia – UFPI) 1. INTRODUÇÃO A GBP ou Gabapentina (ácido 1-aminometil-ciclohexanoacético) é um aminoácido isomorfo estrutural do neurotransmissor GABA e do ácido amino endógeno L-leucina. Pertence à classe dos fármacos anticonvulsivantes, gera efeito anti-hiperálgico e antinociceptivo (ORTIZ et. al, 2006). Além disso, liga-se aos receptores alfa2-delta (uma subunidade auxiliar de canais de cálcio dependentes da voltagem), no centro de tecidos do sistema nervoso central, reduzindo a despolarização induzida por influxo de cálcio e, assim, diminui a liberação de neurotransmissores excitatórios como o glutamato, aspartato, noradrenalina e substância P (HELTSLEY, et. al, 2011). Há relatos na literatura, que a GBP reverte o edema induzido pela carragenina (OMAR et. al, 2009). A carragenina (Cg) induz edema em duas fases: a fase inicial que é vascular e dependente da liberação de aminas vasoativas (Histamina, Serotonina) (VINEGAR, et. al, 1982) e a fase final dependente da produção de citocinas e da infiltração neutrofílica (KULKARNI, et. al,1986; VINEGAR, et. al,1969). Entretanto, não se revelou até momento o possível mecanismo pelo qual a Gabapentina diminui a inflamação sistêmica e geral. Na tentativa de darmos continuidade ao estudo sobre a atividade anti-inflamatória da GBP, nosso projeto se propõe a demonstrar por quais mecanismos esse fenômeno acontece. 2. METODOLOGIA Foram utilizados camundongos Swiss procedentes do Biotério Central da Universidade Federal do Piauí. Todos os tratamentos e procedimentos cirúrgicos realizados foram de acordo como guia de cuidado em uso de animais de laboratório COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal) e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética de Uso Animal (CEUA) da FACID (Faculdade Integral Diferencial; protocolo: 006/13). 2.1. EDEMA DE PATA INDUZIDO POR CARRAGENINA OU DEXTRAN Os animais foram divididos em 6 grupos, para o edema de carragenina (Cg): salina; Cg; GBP (0,1; 0,5 e 1 mg/kg) + Cg (500μg/pata), e por última indometacina (10 mg/kg) e foram utilizados seis animais para todos os grupos dos edemas. Após a realização desse edema foi escolhida a melhor dose da GBP de acordo com a resposta anti - inflamatória para a realização dos demais ensaios. Para o edema de dextrana (500μg/pata), foi utilizada a mesma divisão de grupos descritos acima, substituindo apenas a carragenina por dextrana e utilizado apenas a melhor dose da GBP. Todos os estímulos inflamatórios foram administrados intraplantarmente (ipl.). Em todos os edemas, os animais serão tratados (1h antes) com GBP ou Indometacina antes da indução da inflamação na pata. O volume da pata de cada camundongo foi medido usando pletismômetro antes da injeção do estímulo inflamatório (tempo zero) e 1, 2, 3 e 4 horas após a injeção da carragenina ou 30, 1, 2, 3 e 4 horas após a injeção da dextrana. O edema foi calculado com a variação de volume. 2.2. EDEMA DE PATA INDUZIDO POR SEROTONINA, HISTAMINA E BRADICININA Para induzir edema da pata com diferentes agentes inflamatórios foram administradas injeções de serotonina (1% w / v) ou histamina (1% w / v) ou bradicinina (Bk; 6,0 nmol/pata) na pata traseira direita dos camundongos. Um grupo recebeu 50 ul de 0,9% de solução salina estéril e serviu como um controle não tratado. A GBP (1 mg/kg) ou indometacina (10 mg/kg) foi injetado ip 1 hora antes da aplicação desses agentes flogísticos. 2.3. DOSAGENS DE MIELOPEROXIDASE (MPO) Após a realização do experimento de edema de pata induzido por carragenina os segmentos da região sub-plantar dos animais dos grupos em estudo foram usados na avaliação de MPO. Utilizou-se 50 mg de tecido celular subcutâneo proveniente da pata, por animal, de cada grupo. Essas amostras foram estocadas a –70°C, em eppendorfs de 1,5ml, para posterior dosagem da atividade de MPO no tecido. As amostras foram suspensas em tampão de hexadeciltrimetilamônio (pH 6,0; 50 mg de tecido por mL de tampão) e depois trituradas com um homogeneizador de tecidos, em seguida congeladas, descongeladas e trituradas três vezes. Posteriormente serão centrifugadas a 4500 rpm, durante 12 minutos a uma temperatura de 4°C, o sobrenadante foi, então, colhido. Os níveis teciduais da atividade de MPO foram determinados por meio da técnica descrita por Bradley & Cols (1982). Os resultados foram expressos como unidade de MPO/ mg de tecido. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No edema induzido carragenina, a GBP (1 mg/kg) reduziu significativamente o edema em 77,8% na terceira hora depois da aplicação da droga. O tratamento dos animais com GBP 1 hora antes da injeção local de dextrana reduziu significativamente o edema em 85,45% em 30 minutos quando comparado ao grupo tratado apenas com dextrana. O tratamento com a GBP (1 mg/kg), 1 hora antes da injeção local de histamina, serotonina e bradicinina reduziu significativamente o edema com os valores de inibição de 71,2%, 51,11% e 21,42%, respectivamente, em comparação com a curva de edema do grupo tratado apenas com histamina, ou serotonina, ou bradicinina. Portanto, pode-se inferir que a GBP apresenta uma ação anti-edematogênica, atuando no componente vascular do processo inflamatório agudo. A amostra de GBP (10 mg/kg) inibiu a infiltração de neutrófilos pela redução da concentração de MPO para 1,10 ± 0,33 UMPO/mg de tecido da pata, quando comparado com o grupo Cg a concentração foi de 17,73 ± 3,85 UMPO/mg, dessa forma a GBP inibiu a atividade da MPO em 94,23%. 4. CONCLUSÃO O presente estudo demonstrou que a GBP possui uma eficiente atividade antiinflamatória por inibir a ação de mediadores vasculares, celulares e a migração de neutrófilos durante a inflamação aguda. Apoio: UFPI/CNPq Palavras Chave: Inflamação, Gabapentina, mediadores inflamatórios. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELLHEIM, A., BREKKE, O.L., et al.; Innate immune responses to danger signals in systemic inflammatory response syndrome and sepsis. Scand. J. Immunol. v. 69, p. 479– 491, 2009. HELTSLEY R., DEPRIEST A., et al.; Urine Drug Testing of Chronic Pain Patients. IV. Prevalence of Gabapentin and Pregabalin. Journal of Analytical Toxicology. July/August v.35, 2011. KULKARNI SK, MEHTA AK, KUNCHANDY J. Anti-inflammatory actions of clonidine, guanfacine and B- HT 920 against various inflammagen- induced acute paw o edema in rats. Arch Int Pharmacodyn Ther. v.279, p. 324–34, 1986. OMAR, M. E. ABDEL-SALAM., AMANY A. SLEEM., Study of the analgesic, antiinflammatory, and gastric effects of Gabapentin. Drug Discov Ther. v. 3, p.18-26. 2009. ORTIZ, M. I., MEDINA-TATO D. A., et al.; Possible activation of the NO–cyclic GMP– protein kinase G– K+ channels pathway by gabapentin on the formalin test. Pharmacology, Biochemistry and Behavior. v 83, p. 420 427. 2006. SHIN, D.Q., TARGAN, S.R.; Immmunopathogeneses of inflammatory bowel disease. World J. Gastroenterol. v.21, p. 390–400. 2008. QUIÑÓNEZ, B., SILVA, E., et al.; Interacción entre gabapentina y D-serina en la prueba orofacial de la formalina. Invest Clin. v. 50, p.: 479-489, 2009. VINEGAR R, TRUAX JF, SELPH JL, VOELKER FA. Pathway of onset, development, and decay of carrageenan pleurisy in the rat. Fed proc. v. 41 , p.2588–95. 1982. VINEGAR, R., SCHREIBER,W., HUGO, R. Biphasic development of carrageenan edema in rat. J Pharmacol Exp Ther. v.166, p. 96–103, 1969.