(Unifesp) O poema a seguir, de Raimundo Correia, é a base para as questões 1 e 2.
As pombas
"Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida noitada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais..."
1. (Unifesp) Há uma equivalência entre os dois quartetos e os dois tercetos do
poema. Assim, é correto afirmar que pombas, metaforicamente, representa:
a) A adolescência.
b) Os sonhos.
c) Os corações.
d) O envelhecimento.
e) A desilusão.
2. (Unifesp) Os dois últimos versos do poema revelam:
a) Um enobrecimento da velhice após a realização dos sonhos de juventude.
b) Uma mentalidade conformista em relação ao amor e às desilusões vividas na
juventude.
c) Uma irritação com a dificuldade de se realizarem os sonhos.
d) Um relativo menosprezo para com os sentimentos humanos vividos na
juventude.
e) Uma visão pessimista da condição humana em relação à vida e ao tempo.
3. (Unicamp-SP) O poema abaixo pertence ao Cancioneiro de Fernando Pessoa.
"Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um vôo de ave
E me entristeço!
Por que é ligeiro, leve, certo
No ar de amávio?
Por que vai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Por que ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do vôo suave
Dentro em meu ser."
Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 138.
a) Identifique o recurso lingüístico que representa a ave tanto no plano sonoro
quanto no imagético.
b) Que relação o eu lírico estabelece entre a tristeza e a liberdade?
4 (Fuvest-SP)
“A tua saudade corta
como aço de navaia...
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia...
E os óio se enche d'água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai...”
Fragmento de Cutelinho, canção folclórica.
a) Nos dois primeiros versos há uma comparação. Reconstrua esses versos numa
frase iniciada por “Assim como (...)”, preservando os elementos comparados e o
sentido da comparação.
b) Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de acordo com a norma
padrão, haveria prejuízo para o efeito de sonoridade explorado no final do último
verso? Por quê?
5. (Enem-MEC) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano,
sobre a função de seus textos:
"Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do
que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o
homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para
quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no
Nordeste."
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
a) A linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o
fato social para determinados leitores.
b) A linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser
imparcial para que seu texto seja lido.
c) O escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da
perspectiva do leitor.
d) A linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato
social para todos os leitores.
e) A linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor
para convencer o leitor.
6. (ITA-SP) O poema abaixo faz parte do livro Rosácea (1986), da escritora Orides
Fontela. Leia-o atentamente.
Lembretes
"É importante acordar
a tempo
é importante penetrar
o tempo
é importante vigiar
o desabrochar do destino."
FONTELA, Orides. Trevo (1969-1988). São Paulo: Duas Cidades, 1988.
a) Em cada estrofe, a escritora nos lembra de algo importante acerca da vida
humana. Explique a que atitudes, comportamentos ou momentos da existência a
escritora se refere em cada uma das três estrofes do poema.
b) A seqüência dos “lembretes” torna-se complexa ao longo do poema por meio de
metáforas cada vez mais abstratas. Aponte qual o possível significado metafórico
da expressão “vigiar/o desabrochar do destino”, na última estrofe.
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Vai-se a primeira pomba de