Isso não é um poema isso não é um poema nem poderia ser temperado que está com sal nostálgico da dor que não cessa : são essas nuvens escuras que neblinam a manhã tão comum sou mais um, um peter gast nunca serei estou mais para ghost do outro lado da poesia comendo pão com fantasia fermentos de minhas saudades lá fora, o trânsito pára - a vida parou ou foi o automóvel? cota zero para as buzinas que reverberam a manhã silenciosa a televisão conversa sozinha (não é hora da novela, novelos que nos guiam) um jingle anuncia o são joão não o das fogueiras, traques e milho verde farto mas o dos salamaleques eletrônicos onde a última coisa a lembrar é que estamos no período junino e eu, menino, querendo respirar mais que 140 caracteres tudo formatado, compactado, defasado, mesmo quando pensa que é novo isso não pode ser um poema porque o mundo cansou de tantos poetas que já não são tão loucos e românticos nem byrônicos (bom é quando tínhamos baygon para matar as baratas!) como ser digerido na boca do inferno se o inferno não está mais nas flores maléficas de baudelaire? (alguém ai sabe quem foi baudelaire?) parece que só zeca baleiro mesmo porque os outros estão mais preocupados com suas baladas chinfrins quase nunca literárias isso jamais será um poema a chuva parou, sim a campanhia tocou, também alguém tem que pegar o trem e pagar a conta da luz alguém tem que clarear esta manhã daltônica alguém tem que fazer um poema... (poema inédito em livro)