Terça-feira, 25 de março, 2014 Brasil Econômico 13 Divulgação HIDRELÉTRICAS ONS aponta para queda em nível d’água O Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) reduziu a previsão para o nível de armazenamento de água dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste ao fim de março para 36,9%, ante a expectativa de que chegassem a 38,2%. Para que os reservatórios alcancem esse nível esperado ao fim de março, teriam que subir 1,2 ponto percentual ao longo desta semana. Reuters Divulgação CRISE ANUNCIADA ■ Com a recusa de grandes geradoras em participar do programa de renovação de concessões, segmento de distribuição ficou sem contratos de energia suficientes para atender à demanda e vem sofrendo com os altos preços do mercado de curto prazo. ■ No ano passado, o governo realizou um leilão para entrega imediata de energia, com o objetivo de suprir o déficit contratual das distribuidoras, mas, diante dos altos ganhos no mercado de curto prazo, as geradoras que tinham energia disponível não apareceram. ■ Novo leilão será realizado no dia 25 de abril, com regras consideradas mais atraentes pelo mercado: prazos contratuais superiores a cinco anos de fornecimento e sinalização de preço-teto maior, perto dos R$ 300 por megawatt-hora (no último leilão, fora de R$ 171,4). Térmica da Petrobras: mercado estima que empresa tem 2 mil megawatts disponíveis em usinas a gás natural para vender no leilão Mais prazos e preços para atrair geradoras a leilão Governo divulga novas regras para garantir contratos de energia para entrega imediata Nicola Pamplona [email protected] Mariana Mainenti [email protected] O governo sinaliza com prazos e preços maiores para tentar atrair geradoras de energia para o leilão que será realizado no final de abril para cobrir os contratos das distribuidoras de energia, defasados após o programa de renovação de concessões no setor elétrico. Em portaria divulgada ontem, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que os contratos do leilão, chamado de A-0, terão duração de mais de cinco anos. Além disso, poderão participar usinas com custo de operação de até R$ 300 por megawatt-hora (MWh), em um sinal, segundo analistas, que a tarifa teto será superior aos R$ 171,4 por MWh da última concorrência — que não teve adesão. O leilão será realizado no dia 25 de abril, com entrega da energia a partir de 1º de maio. Por isso, parti- ciparão apenas usinas existentes. O mercado estima que as distribuidoras precisam buscar 3,3 mil MW médios em novos contratos, para evitar prejuízos com a compra de energia no mercado de curto prazo, hoje com preço de R$ 822,23 por MWh. A descontratação do segmento de distribuição é resultado do programa de renovações, que não contou com a participação integral de grandes geradoras como Cesp, Cemig e Copel. “O preço hoje está a R$ 822. Há cinco anos, estava muito abaixo disso, o que seria um limitador na composição do preço máximo. Com a revogação do dispositivo (que limitava o preço ao valor médio dos leilões A-5, com entrega para cinco anos), o MME está com carta branca para a fixação de um preço-teto mais atrativo para as geradoras, o que torna o leilão menos desinteressante”, afirmou Fernando Villela, sócio do setor regulatório do Siqueira Castro Advogados. A expectativa do mercado é A dúvida é se as empresas deixarão de lucrar com os altos preços do mercado de curto prazo, que completam dois meses em R$ 822,23 por MWh e não devem cair muito nas próximas semanas que a concorrência atraia térmicas que estão sem contrato. A dúvida é se as empresas optarão por deixar de lucrar com o alto Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que completa dois meses no teto de R$ 822,23 por MWh e não deve cair muito nas próximas semanas. Em entrevista concedida ontem para comentar o balanço de 2013, o diretor financeiro da Cemig, Luiz Fernando Rolla, disse que aguarda a definição sobre os preços antes de decidir por participação. “Tudo depende de preço. Se as condições forem razoáveis, com certeza, vamos participar”, afirmou. As regras divulgadas ontem preveem fornecimento de energia até o fim de 2019. “É uma questão de custo de oportunidade versus contratos de longo prazo”, comenta Roberta Bassegio, sócia da área de energia do Veirano Advogados. “No longo prazo, o PLD tende a cair. E a segurança de um contrato pode atrair geradores”, completa Sami Grynwald, consultor da Thymos Energia. Os analistas apontam como potenciais interessados empresas que operam térmicas a gás, carvão ou biomassa. A Petrobras é citada como uma das candidatas — segundo estimativas de especialistas, a empresa teria 2 mil MW descontratados para oferecer. Com preços mais altos, a empresa poderia fechar novos contratos de importação de gás natural. A descontratação das distribuidoras, aliada à falta de chuvas, tem beneficiadogeradorasque têm volumes disponíveis de energia. Em seu balanço, a Cemig, por exemplo, comunicou um aumento de 208% na receita com vendas na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde os contratos de energia são liquidados. Com dificuldades de caixa, as distribuidoras foram beneficiadas por um programa de socorro do governo, que prevê o adiantamento de R$ 12 bilhões em recursos do Tesouro e empréstimos obtidos pela própria CCEE. “Esse é o rescaldo da MP 579, que que iria ‘sequestrar’ todos os ativos em final de concessão. Não fizeram as contas para perceber que o sistema já estava em desequilíbrio estrutural e que, portanto, o PLD iria subir. Na hora de fazer o leilão para substituir os contratos que venceram em 2012, colocaram um preço insuficiente. Agora, vão ter que contratar energia existente por preços altos”, analisa Paulo Roberto D’Araújo, do Ilumina. com Reuters