Governo dá bolsas a alunos
para estudarem no Interior
SUPERIOR Bolsa de
mobilidade pa-
ra levar jovens qualificados a zonas
do País com menor pressão demográfica no âmbito do Programa
+ Superior está a ser negociada pelo Ministério da Educação com as
instituições de ensino. Incentivo
será concedido a Politécnicos e a
Universidades e deverá recorrera
fundos comunitários. Pode passar
ainda por apoio ao alojamento e
fixação de diplomados.
PAÍSPÁG.I4
Governo cria bolsa para quem
escolher estudar no Interior
Ensino Superior. Estudantes dos politécnicos
uma bolsa de mobilidade como incentivo para escolherem
Além da bolsa, instituições
podem ainda oferecer facilidades
ANA BELA FERREIRA
que escolherem tirar o curso numa universidade ou
politécnico do Interior vão receber uma bolsa de mobilidade.
à captação de
Este "incentivo"
alunos para as instituições em zonas mais deprimidas faz parte do
Programa + Superior, que está a
ser discutido pelo Ministério da
Educação e Ciência (MEC) com as
instituições de ensino superior,
recorrendo a fundos comunitários, que devem ser negociados
com as Comissões de CoordenaOs estudantes
do Interior do País vão receber
cursos nestas regiões periféricas
e universidades
no alojamento
ção e Desenvolvimento
Regional
(CCDR) . Ainda não há datas, mas
os politécnicos
esperam que o
programa entre em vigor já no
próximo ano letivo.
"A ideia é criar uma bolsa de
mobilidade para estudantes deslocados, até aproveitando o qua-
dro comunitário que agora vai entrar em vigor", disse ao DN o presidente do Conselho Coordenador
dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP). Joaquim Mourato,
que ontem esteve reunido com o
ou à fixação de diplomados
na região
secretário de Estado do Ensino
Superior, reforçou a ideia de que
esta bolsa dá "a possibilidade de
apoiar os estudantes na mobilidade para o Interior".
Questionado pelo DN, o Ministério da Educação e Ciência (MEC)
explicou que o programa pretende
"promover junto dos candidatos e
das famílias a oferta educativa das
regiões com menor pressão demo gráfica, contribuindo para a fixação de jovens qualificados nessas
regiões".
Joaquim Mourato expli-
cou que a possibilidade de dar incentivos para que os jovens escolham as instituições do Interior
"partiu do nosso entendimento de
que temos capacidade instalada
no Interior e esta não está a ser
aproveitada pela falta de alunos".
Ao beneficiar especialmente os
politécnicos que se concentram
mais fora dos grandes centros urbanos, o apoio aos novos alunos vai
abranger também as universidades. Hoje o Conselho de Reitores
das Universidades
Portuguesas
(CRUP) reúne com a tutela e este
deverá ser um dos pontos da dis-
cussão. É o que espera António
Fontainhas Fernandes, reitor da
Universidade deTrás-os-Montes
e Alto Douro. "Essa possibilidade
foi abordada no início de janeiro
na reunião com o ministério. Esperemos que seja um objetivo real
porque seria uma medida importante para o Interior." Uma inicia-
tiva que agrada às associações de
estudantes de Portalegre, Castelo
Branco e do Cávado e Ave.
Para fazer parte deste programa
que quer "incentivar e apoiar a frequência do Ensino Superior em
certas regiões por estudantes resi-
Campanha nacional para
atrair alunos estrangeiros
promoção. O Ministério da Educação e Ciência (MEC) vai lançar
uma campanha de comunicação
para atrair estudantes estrangeiros para as instituições de ensino
superior públicas. A iniciativa visa
essencialmente os mercados asiático e da América do Sul, explicou
ao DN Joaquim Mourato, presidente do Conselho Coordenador
dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).
"O ministério irá criar um programa para a atração de estudantes estrangeiros para as Instituições do Ensino Superior portuguesas, ao abrigo do Estatuto do
Estudante Internacional, através
da promoção dessas instituições e
dos seus cursos no exterior", admitiu ao DN a tutela de Nuno Crato.
O novo estatuto do estudante
internacional foi aprovado a 23 de
janeiro e vai permitir às instituições de ensino receber estudantes
de qualquer país e definir a propina a cobrar. A falta de verbas para
que cada um se promova no exterior levou as instituições a propor
uma campanha conjunta. "Não faz
sentido, com os recursos limitados
que temos, irmos sozinhos à procura de interessados. Assim teremos uma campanha de comunicação concertada", refere Joaquim Mourato.
dentes noutras regiões", as instituições têm de candidatar-se e definir o número de bolsas a atribuir.
Universidades e politécnicos de-
vem captar investimento
das CCDR, das autarquias
junto
e de ou-
tros parceiros, aponta o MEC.
À tutela caberá "a divulgação nacional para garantir um maior impacto em todo o País" e a canalização das candidaturas "para deciAlém da
são pelas instituições".
bolsa podem ser propostos outros
incentivos como o apoio ao alojamento e à fixação de novos diplomados após a formação superior.
3 PERGUNTAS A...
"Acima de tudo
quem ganha
é o País"
'+ SUPERIOR'
112 MIL ALUNOS
Segundo as últimas estatísti-
>
cas, os poLitécnicos
têm cerca de
112 mil estudantes.
METADE DAS VAGAS VAZIAS
>
Na primeira fase de coloca-
ções deste ano, os poLitécnicos
ficaram com dez mil vagas por
preencher (45% do total).
OBJETIVOS DO PROGRAMA
0 + Superior pretende otimizar
>
preenchimento de vagas, promover a coesão territorial pela
atração de popuLação jovem para
o
regiões em perda demográfica,
reforçar a contribuição do ensino
superior
regionaL
para o desenvolvimento
à fixação de
e incentivar
futuros diplomados nas regiões
mais desfavorecidas.
BRUNO
FRAGUEIRO
Presidente
FNAEESP
Como representante dos alunos dos politécnicos, considera positivo este incentivo dado
a quem escolher instituições
das regiões mais desfavorecidas?
Ao longo de 30 anos, os politécnicos do Interior e também de
outras zonas menos povoadas,
têm feito um trabalho de de-
senvolvimento regional, com
parcerias com empresas e outras instituições. Por isso, todos
os incentivos que venham vão
ser bem- vindos. Temos todos a
ganhar porque se não fossem
de ensino do
as instituições
Interior o problema destas regiões seria cem vezes pior.
E para os estudantes vai ser
positiva esta bolsa?
Sem dúvida que vai ajudar a fixar
mais estudantes e a atrair ou-
tros que nunca tinham pensado no Interior como opção. Não
tenho dúvidas de que um jovem
de uma cidade populosa que
não tenha aí o curso que quer
vai pensar duas vezes
se
não
deve concorrer para o Interior,
graças a este incentivo.
Quem fica a ganhar: as instituições ou os alunos?
É bom para todos. Os alunos
têm mais uma ajuda e as instituições conseguem captar mais
estudantes. Mas acima de tudo
quem ganha é o País, porque
esta medida vai combater esta
tendência que Portugal tem de
cair para o Litoral e deixar o
Interior despovoado, apoiando
ainda as empresas que se fixam
próximo dos politécnicos.
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