Dispositivos Inalatórios Analisando as diferenças Roberto Stirbulov F.C.M. da Santa Casa de SP Declaração de conflito de interesse Roberto Stirbulov - CREMESP 38357 De acordo com as normas no 1.595/2000 do Conselho Federal de Medicina declaro que nos últimos 2 anos constituí vínculos de patrocínio para participação de estudos clínicos, conferências, atividades de consultoria, apoio em eventos médicos ou algum tipo de apoio financeiro direto ou indiretamente com os seguintes laboratórios/empresas: • AstraZeneca • Glaxo SmithKline • Merck Sharp & Dohme •Boeringer-Ingelhein •Mantecorp •Aché •Novartis GINA / NHLBI Objetivos do manejo da Asma • Redução do impacto atual – – – – – – Prevenção dos sintomas Redução do uso de SABA para ≤ 2 d/sem Manter função pulmonar “normal” Manter nível normal de atividades Prover cuidados satisfatórios Minimizar efeitos adversos 2007 NHLBI Expert Panel Guidelines (EPR-3). Risco Futuro Instabilidade do controle da asma Exacerbações Perda de função pulmonar Efeitos colaterais das drogas MANEJO DA ASMA Estabelecer e monitorizar Estado de Controle Tratamento Adequado Eliminar Risco Futuro Dispositivos inalatórios e Controle da Asma Adesão Eficácia Segurança Efetividade Controle da Asma • Uso adequado dos dispositivos inalatórios • Avaliar o paciente individualmente Princípios da Aerossolterapia • “Dose que chega aos pulmões diferente da dose prescrita” • Grande variabilidade na entrega de medicações ao trato respiratório inferior – fatores ligados aos pacientes – fatores ligados aos tipos de inaladores • Doses supra-máximas para atingir objetivos terapêuticos The Global Initiative for Asthma (GINA): GINA Report, Golbal Strategy for Asthma Manangement asn Prevention, 2006. Dísponível em: http://www.ginasthma.com/Guidelineitem.asp??l1=2&l2=1&intId=602 . Acesso em: 10 ago. 2007. Deposição dos Aerossóis no Trato Respiratório • Quantidade de medicação e distribuição da deposição são influenciados por: • • • • • Propriedades físicas do aerossol Mecanismos de deposição Padrão inalatório Anatomia e variações inter e intra-paciente Tipo de doença afetando estrutura do trato respiratório SCHUCH, G. et al. Ad Drug Del Rev, 58:996-1008, 2006. Deposição pulmonar A. Impactação Inercial B. Sedimentação C. Difusão A B C Depende de fatores como: Idade, padrão respiratório, pausa inspiratória e grau de obstrução brônquica SCHUCH, G. et al. Ad Drug Del Rev, 58:996-1008, 2006. Dispositivo Inalatório Ideal Robusto Doses acuradas e confiáveis Aceito pelo paciente Fácil utilização Atinge os limites terapêuticos CHRYSTYN, H. Int J Clin Practice, 61 (6): 1022 – 1036, 2006. PERFORMANCE DO DISPOSITIVO PÓ SECO Design do dispositivo Formulação do pó Princípio de desagregação das partículas Resistência do fluxo FLUXO ADEQUADO Esforço inalatório Performance Dose liberada Fração de partículas finas Deposição pulmonar Fatores do paciente Instrução Parâmetros clínicos Idade, sexo, treinamento Status tabágico 13 Frijlink, HW & De Boer, AH. Expert Opin Drug Deliv, 2004 DISPOSITIVOS INALATÓRIOS DEPOSIÇÃO PULMONAR DOSE LIBERADA DOSE NOMINAL FRAÇÃO RESPIRÁVEL Nebulizadores em jato Vantagens Desvantagens • Eficaz (doses altas) • Energia elétrica • Ausência de coordenação • Não é portátil • Várias medicações • Dispendioso • Uso contínuo • Desperdiça medicação • tempo de aplicação • Transmite infecções Inaladores com dose determinada • Simples de usar, eficiente, confiável e barato • Grande número de medicamentos disponíveis • Necessário gás propelente para liberar medicação CFC ou HFA • Requer coordenação de acionamento e inalação MDIs Pontos Fortes • Portáteis e discretos • Protegido de umidade • Liberam doses precisas e constantes • Quando utilizados com espaçadores, resolve-se o problema de coordenação BROKLEBANK, D. et al. Health TECHNOL Assess, 5(26): 1-149, 2001. DOLOVICH, MB. et al. Chest, 127 (1): 335-371, 2007 Pontos Fracos – Necessária boa coordenação – Não há contador de doses – Tosse quando o jato atinge a região posterior da garganta. Propelentes Clorofluorocarbono (CFC) Hidrofluoroalcano (HFA) • Medicamento em suspensão • Agitar é muito importante • Maioria das partículas (65%) • Medicamento em solução • Agitar é menos importante • Aerossol é mais refinado não são respiráveis • 10% do aerossol atinge os pulmões • Mais medicação atinge os pulmões • Menos partículas retidas na boca e no espaçador Distribuição do tamanho das partículas da beclometasona em suspensão de CFC e solução de HFA 70 60 HFA – BDP solução CFC – BDP suspensão ( 50 mcg) 50 40 30 20 10 0 0,43 0,650,65 1,1 1,12,1 2,13,3 3,34,7 4,75,8 5,8- 9,0- >10,0 Throat 9,0 10,0 Tamanho das partículas (mícron) Deposição pulmonar da Beclometasona em suspensão de CFC e HFA Leach CL. Respir Med 1998; 92 (Suppl A): 3-8 Distribuição da deposição de aerossol no pulmão Região Inalador MDI/HFA IPS Nebulização MDI + espaçador Total (%) Central Intermediária Periférica 10,7 26,2 31,8 42,1 21,4 25,7 33,2 41,1 9,1 38,7 22,0 40,7 23,8 37,4 23,1 38,2 SCHUCH, G. et al. Ad Drug Del Rev, 58:996-1008, 2006. Comparação entre aerossóis CFC e HFA Ação na camada de ozônio Propelente Potencial de depleção de O3 Vida média na atmosfera (anos) Efeito estufa (CO2 = 1) CFC - 11 1 50 4000 CFC - 12 1 125 8500 CFC - 114 1 200 9300 HFA – 134a 0 16 1300 HFA – 227 0 35 2000 Transição dos MDI CFC para HFA Produção de CFC autorizada até 31/12/2010 Governo Brasileiro parou de comprar CFC em 1/1/2008 Diário Oficial REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Imprensa Nacional BRASÍLIA - DF . Nº 210 – 31/10/07 – p.76 MINISTÉRIO DA SAÚDE GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 2.799, DE 30 DE OUTUBRO DE 2007 Determina que, a partir de 1º de janeiro de 2008, as aquisições de inaladores de dose medida pelo Ministério da Saúde deverão atender ao critério da ausência de Clorofluorcarbono em sua produção. Inaladores de pó sêco (IPS) • Pequenos, portáteis não requerem gás propelente • Geralmente mais caros do que MDI • Partículas de 2-3mm • Fluxo máximo gerado: determinado p/ resistência do equipamento e capacidade inspiratória Terapia Inalatória com IPS • Critérios para escolha do equipamento adequado • • • • • • • • Facilidade de ser usado corretamente Liberação constante e confiável da medicação Facilidade de contar o nº de doses Segurança de que a dose foi tomada Resistência à umidade Resistência interna baixa Aceitabilidade por parte do paciente Facilidade e rapidez em instruir o paciente CHRYSTYN, H. Int J Clin Practice, 61 (6): 1022 – 1036, 2006. Inaladores de Pó Seco –Handhaler® –Diskus® –Turbuhaler® –Aerolizer® –Aerocaps® CHRYSTYN, H. Int J Clin Practice, 61 (6): 1022 – 1036, 2006. DISPOSITIVOS COM UTILIZAÇÃO NÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS Aerolizer ® Aerocaps ® Aerolizer® PONTOS FORTES • Confiança em relação a liberação da medicação • Fácil explicação para utilização NILSEN, KG. Et al. ERJ, 10:2105-2109, 1997 BISGAARD, H. et al. ERJ, 11: 1111-1115, 1998. PONTOS FRACOS • As cápsulas podem ser afetadas pelo calor ou umidade • Fluxo dependência 60 L/min • Necessário recarregar o aparelho • Requer limpeza • Cadeia Fria (não necessita) Aerocaps® Pontos Fortes: – Confiança em relação a liberação de doses – Suas cápsulas já contém as duas substâncias – Disponibilidade de refil – – – – Alenia®. Bula do produto. Pontos Fracos: Pouca experiência mundial com o dispositivo Requer manuseio de cápsulas Necessidade de limpeza minuciosa após o uso Fluxo-depência semelhante ao Aerolizer – 60L/min DISPOSITIVOS COM UTILIZAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS Diskus ® Turbuheler ® Turbuhaler® PONTOS FORTES • Contém várias doses • Baixa quantidade de lactose • Baixa dependência do fluxo de ar (30 l/min) • Não necessita limpeza • Não utiliza cápsulas • Dispositivo dissecante PONTOS FRACOS • Contador de 10 em 10 doses • Não há a certeza de que a dose foi tomada • Quando vazio, tem-se a falsa impressão de ainda conter produto • Sem sabor • Tampa separada • Necessita maior coordenação PEDERSEN S, Arch Dis Child; 65: 308-310, 1990. FORMULAÇÃO TURBUHALER Carregador 50-150 µm 2-4 µm Facilita desagregação das partículas geração de partículas finas Homogeneidade entre as doses Estabilização das drogas em condições adversas de temperatura e umidade Borgström, AZ, 2001 Diskus ® PONTOS FORTES • Contém contador dose a não exige coordenação • O sabor de lactose garante que a dose foi tomada • O alumínio protege da umidade. • Baixa dependência do fluxo de ar (30l/min) • Simples de ensinar a utilizá-lo • Bocal anatômico • A tampa do bocal está acoplada • Não necessita de limpeza • Co-deposição SCHLAEPPI, M. BJCP, 50 (1):14-19, 1996. Seretide Diskus. Bula do produto PONTOS FRACOS • Não visualização do medicamento • Higroscopicidade • Candidíase quando não feita a higiêne oral • Falta de confiança sobre a dose recebida Interação CI/LABA LABA Corticosteróide Β2 - receptor Glicocorticóide receptor + + Receptor Corticosteróide Expressão receptor β2 Resposta celular nuclear Acoplamento receptor β2 Efeito antiinflamatório P.J Barnes, Eur Respir J; 29: 587-595, 2007 Tolerância (downregulation) receptor β2 Salmeterol / Fluticasona - Co-deposição Theophilus- International Journal of Pharmaceutics-2006 Handihaler® Pontos Fortes • Confiança em relação a liberação da medicação • Baixa fluxodependência 30L/min Van der PALEN, J. et al. J Aerossol Med, 20 (1): 38-44, 2007. Pontos Fracos • As cápsulas podem ser afetadas pelo calor ou umidade • Necessário recarregar o aparelho • Requer limpeza • Cadeia Fria Umidade Higroscopicidade Partículas Respiráveis Cadeia fria e zona climática 4 A Umidade afeta a qualidade da dose do aerosol de um DPI (degradação do pó) • Durante a Inalação • Durante o Armazenamento Formas de Proteção: • Uso de uma “cobertura fechada” • Utilização de um agente protetor (stearato de Mg) • Introdução no Sist.Inal. – um agente que promova o ressecamento Borgstron L, Asking L Int J Clin Pract 2005;59:1488 Cadeia Fria Transporte Embalagem Monitorização Montagem da caixa de embarque TagAlert • Qualidade e precisão eletrônica • Pré-programado com 4 diferentes alarmes • Monitor de LCD de fácil leitura • Uso único / Descartável • Fácil de usar Estratégias de tratamento da asma Baseado em evidências • Terapia oscilante de acordo com os sintomas e manifestações da asma, objetivando redução de exacerbações graves ( SMART ® ) • Terapia com doses fixas buscando o controle total da doença ( GOAL ® ) TERAPIA OSCILANTE EXACERBAÇÃO Intervenção imediata Sintomas começam a incomodar Sinais ou avisos Tempo médio até o início: 5,7 dias Recuperação Recuperação média: 5,6 dias Tattersfield AE et al., Am J Resp Crit Care Med, 1999 Controle da Asma : Estudo Goal Phase I 8- week control assessment Phase II 4- week control assessment Sal/FP 50/500 or FP 500 Sal/FP 50/250 or FP 250 Step 3 Sal/FP 50/100 or FP 100 Step 2 Step 1 Visit 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Week -4 0 4 12 24 36 48 52 56 Bateman E, et al. Am J Resp Crit Care Med 2004; 170:836-44 Conclusões • Há disponibilidade de diversos dispositivos inalatórios eficazes e seguros. • A prescrição deve considerar as características do dispositivo e do paciente • Na falta de controle da asma , levar em conta essas caraterísticas. Terapia Inalatória