2 O Estado do Maranhão São Luís, 3 dezembro de 2015. Quinta-feira POLÍTICA PANORAMA POLÍTICO Com Amanda Almeida, sucursais e correspondentes [email protected] [email protected] O símbolo do impeachment O s líderes que tentavam demover Cunha de levar o impeachment adiante jogaram a toalha. Rui Falcão entrou em cena e realinhou o PT. Os bombeiros Picciani (PMDB), Dudu da Fonte (PP), Quintela (PR), Rosso (PSD) e Jovair (PTB) ficaram sem água. Concordaram com Cunha, que não se pode confiar no PT, e o liberaram. O Planalto quer travar a batalha do bem contra o mal e vender Cunha como o símbolo do impeachment. O roteiro no campo de guerra Aceito o pedido para examinar o impeachment de Dilma, muitas batalhas ainda serão travadas. A 1ª delas, no STF. Depois, virá o embate nos partidos pela indicação dos seus representantes na Comissão Especial. As siglas governistas têm alas de oposição. O complicador seguinte será o do funcionamento da comissão. Mesmo com a existência de prazos, uma guerrilha regimental será patrocinada pelo Planalto. A exemplo do caso Cunha, isso vai retardar um desfecho. Se passar pela comissão, a oposição precisa de 342 votos (dois terços) no plenário da Câmara para tirar Dilma do poder, enquanto ela é julgada pelo Senado. Para salvar a presidente, os governistas necessitam do voto de 171 deputados. “Hoje, o maior aliado do governo é a crise. A sua bancada vota para não aprofundar essa crise. Os governistas não seguem a liderança do Planalto” BRUNO ARAÚJO, Líder da Minoria no Congresso e deputado do PSDB ‘Quaquaraquaquá’ Um dia depois de o PT abandoná-lo, Eduardo Cunha acatou o pedido de impeachment contra a presidente Dilma. Por isso, assessores dos partidos exibiam um twiter, de 2011, onde Cunha dizia:“Quem ri por último ri melhor”. Chega de papo O governador José Melo chega hoje à COP 21, em Paris. Ele quer ação em vez de declarações de intenções. Criou um Fundo de Mudanças Climáticas para que os países do mundo, sobretudo os mais ricos, deem sua contribuição para proteger a floresta da Amazônia. Melo acredita que esse fundo pode arrecadar R$ 17 bi. Andre Coelho/19-5-2014 Lenha na fogueira A euforia tomou conta da oposição com o processo de impeachment. O líder tucano Carlos Sampaio obteve uma vitória pessoal. Os relatos são de que, para convencer Cunha, Paulinho da Força e Rodrigo Maia foram incansáveis. Agora vai O presidente do PSDB, Aécio Neves, reuniu um grupo de parlamentares de oposição ontem em seu gabinete. Ouviram juntos a declaração da presidente Dilma e avaliaram o quadro. Os presentes concluíram que a destituição de Dilma é questão de tempo, que o impeachment agora engrenou e que as ruas se encarregarão do resto. Romaria Ministros e líderes aliados, ontem à noite, foram ao gabinete da presidente Dilma prestar solidariedade. Relatam que havia nervosismo no ar, mas que isso não impediu Dilma de sorrir. Ministro desprestigiado Depois de ter negociado no Planalto a escolha para uma das vagas no comando da Anac, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) foi desautorizado. Sem que ele soubesse, a Casa Civil retirou a indicação ontem pela manhã. O SENADOR LINDBERGH FARIAS, do Rio, entrou na disputa pela liderança do PT. Ele tem subido à tribuna para defender a presidente Dilma e o governo. Dilma é alvo de processo de impeachment na Câmara Câmara terá de criar comissão especial para elaborar parecer sobre o prosseguimento ou arquivamento do processo contra a presidente Divulgação BRASÍLIA presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB), informou ontem que autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). O peemedebista afirmou que, dos sete pedidos de afastamento que ainda estavam aguardando sua análise, ele deu andamento ao requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. O pedido de Bicudo – um dos fundadores do PT – foi entregue a Cunha em 21 de outubro. Na ocasião, deputados da oposição apresentaram ao presidente da Câmara uma nova versão do requerimento dos dois juristas para incluir as chamadas “pedaladas fiscais” do governo em 2015, como é chamada a prática de atrasar repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão orçamentária. A manobra fiscal foi reprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "Quanto ao pedido mais comentado por vocês, proferi a decisão com o acolhimento da denúncia. Ele traz a edição de decretos editados em descumprimento com a lei. Consequentemente, mesmo a votação do PLN 5 [projeto de revisão da meta fiscal de 2015] não supre a irregularidade", disse Cunha em entrevista. O despacho de Eduardo Cunha, autorizando a abertura do impeachment ocorreu no mesmo dia em que a bancada do PT na Câmara anunciou que vai votar pela continuidade do processo de cassação do parlamentar no Conselho de Ética. O Deputados vão analisar processo À tarde, ele tratou do assunto, em seu gabinete, com deputados de PP, PSC, PMDB, DEM, PR e SD. Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, Cunha queria checar se teria apoio dos partidos caso decidisse autorizar o impeachment. Comissão especial Com a ordem de Cunha, será criada uma comissão especial na Câmara que será responsável por elaborar um parecer pelo prosseguimento ou arquivamento do processo de impeachment. O relatório terá de ser apreciado pelo plenário principal da Casa. Para ser aprovado, o parecer dependerá do apoio de, pelo menos, dois terços dos 513 deputados (342 votos). Se os parlamentares decidirem pela abertura do processo de impeachment, Dilma será obrigada a se afastar do cargo por 180 dias, e o processo seguirá para julgamento do Senado. “Não falei com ninguém do Palácio. É uma decisão de muita reflexão, de muita dificuldade. [...] Não quis ocupar a presidência da Câmara para ser o protagonista da aceitação de um pedido de im- Dilma Rousseff é alvo de processo de impeachment oferecido por juristas e em tramitação na Câmara Federal peachment. Não era esse o meu objetivo. Mas, repito, nunca na história de um mandato houve tantos pedidos de impeachment como neste mandato”, disse Cunha. Após o presidente da Câmara anunciar que aceitou pedido de impeachment a presidente Dilma Rousseff negou "atos ilícitos" em Recebi com indignação a decisão do presidente da Câmara” DILMA ROUSSEFF Presidente da República sua gestão e afirmou que recebeu com "indignação" a decisão do peemedebista. A declaração ocorreu em meio a um pronunciamento no Salão Leste do Palácio do Planalto, que durou cerca de três minutos. "Hoje [ontem] eu recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro", disse. "São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim”, finalizou a presidente.