Doenças pulmonares eosinofílicas Diagnóstico e conduta Luiz Eduardo Mendes Campos Ambulatório de Pneumologia Hospital Júlia Kubitschek-BH Eosinófilo Núcleo bilobulado • Proteínas catiônicas • Defesa contra parasitas MBP-ECP • Neurotoxina • Inflamação eosinofílica: ↓ fibrose • Peroxidase ↓ necrose • Oxidantes ↑resposta ao corticóide • Corpos lipídeos (eicosanóides) Grânulos secundários Doença Pulmonar Eosinofílica Conceito ▪ Grupo heterogêneo de doenças que a exceção da eosinofilia nada têm em comum ▪ DPE é definida por um ou dois critérios: • Critério 1 • Infiltrado pulmonar com eosinofilia sanguínea • Critério 2 • Eosinofilia tissular na biópsia pulmonar ou LBA Doença Pulmonar Eosinofílica Conceito de eosinofilia ▪ normal = 50-450/mm3 Sangue periférico ▪ eosinofilia > 500/mm3 ▪ eosinofilia intensa >1000/mm3 ▪ número absoluto > percentual ▪ normal = < 1% LBA ▪ eosinofilia > 5% ▪eosinofilia intensa >25% ▪percentual > número absoluto Doença Pulmonar Eosinofílica Anatomopatologia* * Biópsia pulmonar não é pré-requisito Achados comuns Achados específicos ▪ exudato intralveolar de histiócitos e eosinófilos ▪ bronquiolite obliterante ▪ micro abscessos eosinofílicos ▪ Macrófagos-cristais Charcot-Leiden ▪ pneumonia organizante ▪ Granuloma: parasita, ABPA, DCS ▪ Vasculite necrosante com eosinófilos extra vasculares: DCS Allen JN. AJRCCM 1994; Wechsler ME. Immunol Allergy Clin N Am 2007. 5 Doença Pulmonar Eosinofílica Classificação Forma de Apresentação 1- Eosinofilia Pulmonar Simples 2- Pneumonia eosinofílica crônica 3- Pneumonia eosinofílica aguda 4- DPE associada a asma: ABPA 5- DPE como doença sistêmica ▪Doença de Churg- Strauss ▪Síndrome hipereosinofílica Etiologia ▪Extrínseca drogas, parasitas, fungos, mycobactéria, tóxicos, irradiação. ▪Intrínseca ▪ Idiopática ▪ Associada a D.P. Difusa ▪ Associada a colagenose ▪ Associada a neoplasia DPE- Questão 1 São Características da DPE: 1- Relação com começar a fumar A- EPS 2- Pode ter resolução espontânea 3- Não há recaídas 4- Eosinofilia periférica ausente na apresentação inicial. Qual? B- PEC C- PEA D- ABPA 5- DPE com a maior eosinofilia tissular EPS- eosinofilia pulmonar simples; PEC- pneumonia eosinofílica crônica; PEA- pneumonia eosinofílica aguda; ABPA- aspergilose broncopulmonar alérgica DPE- Questão 1 São Características da DPE: 1- Relação com começar a fumar A- EPS 2- Pode ter resolução espontânea 3- Não há recaídas 4- Eosinofilia periférica ausente na apresentação inicial. Qual? B- PEC C- PEA D- ABPA 5- DPE com a maior eosinofilia tissular EPS- eosinofilia pulmonar simples; PEC- pneumonia eosinofílica crônica; PEA- pneumonia eosinofílica aguda; ABPA- aspergilose broncopulmonar alérgica Eosinofilia pulmonar simples Conceito ▪ Infiltrado pulmonar transitório e migratório ▪ Duração: <30 dias ▪ Eosinofilia sanguínea ▪ Pouco/nenhum sintoma Principais características clínicas ▪ Corticóide raramente ▪ Drogas/ parasitas Idiopática em 1/3 Allen JN. AJRCCM 1994; Wechsler ME. Immunol Allergy Clin N Am 2007. Pneumonia eosinofílica aguda 1- Clínico- Radiológico ▪ Infiltrado pulmonar difuso ▪ Início agudo (≤7 até 30d) 2- I. Respiratória Aguda Critérios ▪ PaO2/FiO2 <300 (IPA) ▪ PaO2/FiO2 <200 (SARA) 3- Eosinofilia tissular ▪ LBA > 25%* * Liberação local de IL-5 4- Resposta ao corticóide Allen J. Semin Respir Crit Care Med; 2006. Philit F et al. AJRCCM; 2002 Pneumonia eosinofílica aguda • PneumoniaEtiologia eosinofíliga aguda ▪ Extrínseca: drogas,no parasitas, em 18 soldados Iraque fungos, • 18 fumantes; tóxicos, iniciar14a recém-iniciados fumar • 17 ▪expostos a tempestade Intrínseca: idiopática de areia JAMA 2004;292:2997-3005 associada à: PH, colagenose, neoplasia Características Clínico-radiológicas • Philit et al; AJRCCM 2002 ▪ Infiltrado de •14/22difuso, casos=espessamento VM; nenhum óbito • 6/22 casos= resolução septos, derrame pleural espontânea • nenhuma recaída ▪ Não recai • King et al; Radiology 1997 ▪ Pode ter resolução espontânea •7/12 casos= VM; nenhum óbito ▪ Mortalidade # SARA Allen J. Semin Respir Crit Care Med; 2006. King MA et al. Radiology 1997. Caso Clínico 1- MF- F- 36 anos 27/ 03/ 1987 02/ 04/ 1987 • Há 7 dias: dores no corpo, febre. • Dispnéia- chieira- tosse seca • 37,5c; FR=50; FC=100 • Fumante 16m/a • LG 9100 E6% (546) 03/04/87- Dispnéia. 08/ 04/ 1987 Caso Clínico DDA- F- 36 anos 13/ 05/ 1977 11/ 05/ 1977 • UTI • 39c, cianose (+++) • FC 140 • LG 18.100 E9% (1.629) • Escarro(2ex.): larvas de Necator 13/05/77- Dispnéia 02/ 06/ 1977 12 PARJr- M- 17 anos 10/ 12/ 1987 •Dor abdominal- febre diarréia • 01/12- 14.200 E26% (3.692) •10/12- 12.300 E38% (4.674) Fezes: Schistosoma RHD- M- 14 anos 24/ 02/ 1978 •Dor abdominal- febre diarréia • Fígado a 4cm RCD •LG 39.900 E69% (27.531) 13/06/2003- AAS 13/06/2003- AAS 13/06/2003- AAS DPE- Questão 2 São Características da DPE: 1- Sexo Feminino 2:1, não A- DCS fumante, > 30 anos, asma (60%). 2- Derrame pleural raro. 3- Recaídas muito freqüentes. 4- Astenia, anorexia e Qual? B- PEC C- ABPA D- SHE emagrecimento. 5- Pós-irradiação ca de mama. DCS- doença de Churg-Strauss; PEC- pneumonia eosinofílica crônica; ABPA- aspergilose broncopulmonar alérgica; SHE-síndrome hipereosinofílica DPE- Questão 2 São Características da DPE: 1- Sexo Feminino 2:1, não A- DCS fumante, > 30 anos, asma (60%). 2- Derrame pleural raro. 3- Recaídas muito freqüentes. 4- Astenia, anorexia e Qual? B- PEC C- ABPA D- SHE emagrecimento. 5- Pós-irradiação ca de mama. DCS- doença de Churg-Strauss; PEC- pneumonia eosinofílica crônica; ABPA- aspergilose broncopulmonar alérgica; SHE-síndrome hipereosinofílica Pneumonia eosinofílica crônica 1- Clínico- Radiológico ▪ Infiltrado alveolar periférico ▪ Início insidioso (> 2-4 sem.) Critérios 2- Eosinofilia ▪ sangue > 1000/mm3 ▪ LBA > 25% (eos.> linfócitos) 3- Resposta ao corticóide Carrington CB et al. N Engl J Med 1969. Fox B et al.Thorax 1980. Marchand E, Cordier J-F. Semin Respir Crit Care Med 2006. 15 Pneumonia eosinofílica crônica Etiologia ▪ Extrínseca: drogas, parasitas, irradiação para câncer de mama. ▪ Intrínseca: idiopática associada à: PH, colagenose, neoplasia Clínico-radiológicas ▪ Sexo feminino 2:1, > 30 anos (82%), asma (50-60%), não fumante (90%) ▪ Infiltrado alveolar periférico (25%), Tratamento* ▪ pred. 0,5mg/kg/6-8 sem. ▪ recaídas freqüentes ▪ Mantem a mesma resposta inicial pode ser migratório, derrame pleural raro. Jederlinic PJ et al. Medicine 1988. Marchand E et al. Medicine 1998. Naughton M et al Chest 1993. *Marchand-Cordier. Semin Respir Crit Care Med 2006. Caso Clínico- GAT- F- 71 anos 09/ 05/ 1986 • Asma 22/ 05/ 1986 • E 29% (4.234) • Escarro: eos.(+) •VHS 120mm; Hb9,9gr% 21/05/1986 28/ 05/ 1986 28/ 05/ 1986 Caso Clínico AOO- M- 61 anos 17/ 02/ 1970 24/ 08/ 1970 06/ 05 / 1970 27/ 02/ 1978 05/ 10/ 1970 Pneumonias de repetição desde 1964- E 18% (1440) 18 Caso Clínico- MLCM- F- 33 anos 09/ 10/ 1979 09/10/1979- Dor torácica- E18% (1260)- Asma posteriormente Caso Clínico EFF- F- 58 anos 14/ 11/ 1983 10/11/83- Dispnéia- asma- E14% (812) 20 Caso Clínico- PHM- M- 33 anos • Dapsona há 4meses • E 8% (992) • E 4% (784) • Fibro BTB: infiltrado inflamatório linf, neut, eos. Hansen: dapsona há 4 meses DPE- Questão 3 Qual afirmativa não está correta com relação à doença de Churg-Strauss? A- Asma está presente em 100% dos casos. B- O p-ANCA é positivo em 50-60%. C- Vasculite eosinofílica na biópsia é prérequisito essencial para o diagnóstico. D- Mono ou polineuropatia é uma manifestação característica. DPE- Questão 3 Qual afirmativa não está correta com relação à doença de Churg-Strauss? A- Asma está presente em 100% dos casos. B- O p-ANCA é positivo em 50-60%. C- Vasculite eosinofílica na biópsia é prérequisito essencial para o diagnóstico. D- Mono ou polineuropatia é uma manifestação característica. Doença de Churg-Strauss Critérios* Características 1- Clínico- Radiológico ▪3 Fases da doença Asma Eosinof. Vasculite ▪ Asma moderada a grave ▪ Mono ou polineuropatia ▪Principais órgãos Pele; sistema nervoso perif.; trato GI; coração ▪ Sinusite ▪ Infiltrados pulmonares 2- Eosinofilia ▪Vasculite ANCA P-ANCA positivo em 50-60%. ▪Sangue ≥ 10% ou 1500/mm3 3- Biópsia ▪vasculite eosinofílica * Colégio Americano de Reumatologia 4 critérios presentes ≥ Lanham JG et al. Medicine 1984. Keogh K et al. Semin Respir Crit Care Med 2006. Choi YH et al. Chest 2000. Caso Clínico 4- FCF- M- 38 anos • Há 1mês: • escarros de 03/ 02/ 2003 sangue, tosse, dispnéia. • Febre, emagr. 10kg • Asma. H. art. 13/02/2003- Admissão na UE: hemoptises- asma- emagrecimento Caso Clínico- FCF- M- 38 anos ▪ 17/02- E46% (6.394) ▪ 19/02- E25% (4.425) ▪ 07/03- E20% (3.040) • Piora da hemoptise 16/ 02/ 2003 • Cavitação • Dificuldade para deambular • BTB: hemorragia alveolar e infiltrado eosinofílico 25 Caso Clínico- FCF- M- 38 anos 18/ 03/ 2003 • p-ANCA e c-ANCA neg. • Fraqueza e parestesias nos Miis. Pé E caído • 20/03- Alta com pred. 60mg • Evolução • TCSF= pansinusite • Proteinúria; creatinina 1,5 • Pulso de ciclo + Metilpred. DPE- Questão 4 Qual afirmativa não está correta com relação à Aspergilose Broncopulmonar Alérgica? A- Asma com bronquiectasia central é o critério diagnóstico mais importante. B- O encontro de Aspergillus no escarro é o principal exame que confirma ABPA. C- Calcificação no muco impactado é patognomônico de ABPA. D- IgE total > 1000UI/ml significa ABPA ativa 27 DPE- Questão 4 Qual afirmativa não está correta com relação à Aspergilose Broncopulmonar Alérgica? A- Asma com bronquiectasia central é o critério diagnóstico mais importante. B- O encontro de Aspergillus no escarro é o principal exame que confirma ABPA. C- Calcificação no muco impactado é patognomônico de ABPA. D- IgE total > 1000UI/ml significa ABPA ativa 27 Aspergilose Broncopulmonar alérgica 1- Clínico- Radiológico ▪ Asma com bronquiectasia central e/ou impactação muco e/ou infiltrado pulmonar Critérios 2- IgE total > 1000 UI/ml 3- Sensibilização ao Aspergillus ▪teste cutâneo imediato (+) ▪IgE ou IgG ou precipitinas contra aspergillus no sangue (+) Gibson PG. Semin Respir Crit Care Med 2006. Tillie-Leblond I, Tonnel A.-B. Allergy 2005. Greenberger PA. J Allergy Clin Immunol 2002. Agarwal R et al. Chest 2006. Aspergilose Broncopulmonar alérgica Características •• Estudos na ABPA Esporos de 2-3Itraconazol no solo, mofo inalados V. aéreas (hifas) • Wark et al; JACI 2003 ••Hifas= enzimas proteolíticas 29 pacientes;16 semanas;400mg/d •• Hifas ↔ folículos linfóides Stevens et al; NEJM 2000 ••25% asmáticos teste cutâneo (+) 55 pacientes; 400mg/d/16 semanas 2ª fase: semanas • 5% teste200mg/d/16 positivo= ABPA • Resultados •• ABPA ativa= corticóide oral exacerbações: ↓ ( p=0,03) • Sintomas e IgE:=↓itraconazol? • ABPA cort-dep Eaton T et al. Chest 2000. Shah A. Curr Opin Pulm Med 2007. Wark P. Resp Med 2004. Wark PAB et al. J Allergy Clin Immunol 2003. Stevens DA et al. N Engl J Med 2000. Caso Clínico- IAC- M- 37 anos • Asma grave córtico-dep. • Escarro: hifas septadas (+++) • E 12% (1.488) • IgE = 1.038 UI/ml 30 Caso Clínico 6- LSP- F- 39 anos • JUL- LG 64.400 E61% • AGO- LG 16.000 E33% • SET- LG 15.000 E41% 30 / 05 / 2005 • OUT- LG 26.300 E44% 03/07/2005- Hemograma alterado Síndrome Hipereosinofílica Critérios 1- Eosinofilia persistente ▪ >1500/mm3 ≥ 6meses (ou morte <6m relacionada à eos.) 2- > 1 órgão acometido 3- Ausência de causa conhecida ▪ drogas, parasitas, neoplasia Características ▪Principais órgãos ▪ Coração (> endocárdio) ▪ sistema nervoso (64%) ▪ pele (56%) ▪ pulmões (40%) ▪ trato GI, rins, fígado, art. ▪Classificação ▪ Var. mieoloproliferativa transformação leucêmica ▪ Variante linfocítica (Th2) ↑ IL-5 Fauci AS et al. Annals Intern Med 1982. Roufosse F et al. Semin Respir Crit Care Med 2006.