Apresentação de Caso Clínico L.E.M.D.A.P. TOMIN, D. S. ¹; YEN, J. F. ¹; SANTISTEVAN, T. V. de L. ¹; NEGRETTI, Fábio². ¹Acadêmicos do curso de Medicina da UNIOESTE. ²Professor de Anatomia e Fisiologia Patológica da UNIOESTE. IDENTIFICAÇÃO Nome: J. J. M. F. Idade: 57 anos Sexo: Masculino Estado Civil: Casado Nacionalidade: Portuguesa Profissão: Aposentado (ex-comerciante) QP Em 19/08/2003, deu entrada no Centro Hospitalar Cova da Beira para internamento com queixas de hemoptises abundantes e dispnéia sibilante HMA Paciente apresenta episódios recorrentes e paroxísticos de dispnéia sibilante associado à tosse produtiva de expectoração mucopurulenta com predomínio noturno e cansaço para médios e pequenos esforços. HMA Em 10 de Julho de 2003 recorreu ao Serviço de Urgência por agravamento da sintomatologia no último mês, e um episódio de expectoração hemoptóica. Teve alta medicado com Deflazacorte e foi referenciado para a consulta de pneumologia . Em 19 de Agosto de 2003 foi internado no Serviço de Pneumologia por hemoptises abundantes e dispnéia sibilante controladas com a medicação instituída. Negava toracalgia, febre, astenia, anorexia, emagrecimento e alterações cutâneas. HMF Nega doenças familiares Nega casos de malignidade Nega familiares com patologia semelhante a sua. HMP Imunizações: Em dia Sem alergias medicamentosas conhecidas. Nega transfusões sanguíneas Varicela; Sarampo; Asma brônquica; Pólipos nasais e polipectomia; Rinopansinusite; HAS; AVC hemorrágico em Janeiro de 2003 com sequelas de hemiparésia esquerda. CHV Desconhece-se os hábitos alcóolicos. 20 UMA, parou de fumar há 20 anos. Nega o consumo de drogas. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS Hipóteses Diagnósticas Pneumonia eosinofílica Aspergilose broncopulmonar alérgica Síndrome de Churg-Strauss Síndrome Hipereosinofílica Idiopática (IHES) Asma Bronquite eosinofílica Estudo Complementar Foram Pedidos Os Seguintes Exames Complementares: Hemograma Com Plaquetas; Coagulação; Ionograma; Glicose Em Jejum; VS E PCR; Função Renal E Hepática; Sumária Da Urina; Gasimetria Arterial; Radiografia Do Tórax; TC Torácica; ECG; Ecocardiograma; Ecografia abdominal e Renal; Biópsia Pulmonar. Hemograma Coagulação Sumária de urina sem alterações. Gasimetria de 22/08/2003: pH 7,42, pO2 96 mmHg e pCO2 33,9mmHg. Outros Exames Outros Exames • Eletrocardiograma (20/08/2003) – Taquicardia sinusal e hemibloqueio esquerdo anterior • Ecocardiograma (20/08/2003) – Pequeno derrame pericardico, anterior, medindo em diástole 0,46 cm. • Ecografia abdominal e renal (20/08/2003) – Abdominal normal. Renal possui à direita uma estrutura cística com 34 mm de conteúdo homogêneo. Outros Exames • Biopsia Pulmonar (29/08/2003) – Ocupação dos espaços alveolares por um grande número de macrófagos com pigmento no citoplasma que não corresponde ao ferro; espessamento dos septos interalveolares por infiltrado inflamatório ligeiro e PMN; formação local de micropólipos inflamatórios miofribroblásticos intra-alveolar. Radiografia do Tórax (03/07/2003) Radiografia do Toráx (18/08/2003) Radiografia do Tórax (25/08/2003) TC Torácica (21/08/2003) Interpretação dos Resultados • Vasculite nos pequenos vasos • Asma brônquica não controlada e eosinofilia • • • • periférica Critérios ACR(clínicos): Eosinofilia superior a 10%, asma e história documentada de atopia. Critérios ACR (gerais): Eosinofilia superior a 10%, infiltrado pulmonar migratório na radiografia do tórax, asma, antecedentes de alteração dos seios paranasais. Aconselhado: Biópsia pulmonar. *NÃO PATOGNOMÔNICOS Fatores adicionais Derrame Pericárdico. AVC Síndrome de Churg-Strauss Angeíte Granulomatosa Alérgica 1951 – Jacob Churg e Lotte Strauss Auto-imune Vasculite necrosante dos pequenos vasos SCS é uma doença com bases genéticas, mas desencadeada por fatores ambientais Inibidores de leucotrieno têm sido relacionados ao início da SCS Epidemiologia Poucos estudos epidemiológicos Maior incidência entre os 14 e 75 anos de idade pico aos 50 anos EUA – 2,5 casos por 100.000 adultos por ano Manifestações Clínicas 1ª fase – pode durar anos Atopia, rinite alérgica, sinusite, asma persistente A asma pode preceder os sintomas da vasculite numa média de 3 a 9 anos Manifestações Clínicas 2ª fase: infiltrado eosinofílico no pulmão e no trato gastrointestinal Eosinófilos no sangue chegando a 10% Podem ocorrer outros sintomas constitutivos Manifestações Clínicas 3ª fase: sinais e sintomas da vasculite sistêmicas Os sintomas constitucionais são mais freqüentes e intensos Poliartralgia migratória Sinovite e mialgia Manifestações Clínicas 3ª fase: Doença neurológica – 2ª causa de morte na SCS Envolvimento cutâneo – púrpuras, petéquias e urticária Envolvimento gastrointestinal Envolvimento cardíaco Infiltrado pulmonar Manifestações Clínicas Envolvimento renal Envolvimento ocular – neurite óptica isquêmica amaurose Achados Anatomopatológicos Vasculite Necrosante Granulomas Necrosantes Extravasculares Miocardite eosinofílica Granulomas de Churg-Strauss Diagnóstico 4 dos seguintes 6 critérios: Asma Eosinofilia superior a 10% Mononeuropatia ou polineuropatia Infiltrado pulmonar migratório no RX de tórax Alteração dos seios paranasais Biópsia contendo um vaso sanguíneo com eosinófilos extravasculares SCS foi associada com a presença de ANCA em 48- 66% dos casos Tratamento Corticoesteróides (1mg/kg/dia) são a base para o tratamento da SCS, sendo, normalmente, suficientes ao tratamento dos pacientes que não têm envolvimento orgânico severo. A associação de ciclofosfamida melhorou o prognóstico em pacientes com sinais severos de vasculite Se houver envolvimento multiorgânico agudo, é recomendado 1g de metilprednisolona durante 3 dias, seguida de 40-60 mg de prednisona diariamente Seguimento do Paciente O doente foi seguido em consulta externa de pneumologia no Centro Hospitalar Cova da Beira. Teve remissão dos sintomas de vasculite pulmonar, dois meses depois, o que permitiu o início da diminuição paulatina da corticoterapia durante os dez meses seguintes. Em Janeiro de 2004, verificou-se também a normalização da eosinofilia e leucocitose. Nesta mesma altura foi realizado um estudo complementar com serologia para as Hepatites B e C sem sinais de infecção recente ou antiga. Seguimento do Paciente Os sintomas de asma mantiveram-se com episódios de pieira nocturna com frequência de uma a duas vezes por semana. Nos exames funcionais respiratórios, observou-se alteração ventilatória obstrutiva ligeira das vias aéreas com resposta positiva ao broncodilatador e gasimetria sem alterações. O doente ficou com a dose mínima de manutenção do Deflazacorte 6 mg, tendo-se verificado um aumento da eosinofilia, porém nunca superior a 10%. Referências Bibliográficas http://www.jameswpattersonmd.com/case_studies/ index.cfm%3FCFID%3D387434 http://www.hdcn.com/symp/lund/jenn.htm http://emedicine.medscape.com/article/1083013media (Department of Dermatology, University of Illinois at Chicago College of Medicine) http://www.fcsaude.ubi.pt/thesis/upload/118/740/s ndromedechurgstraus.pdf