Dispositivo de Análise
Júlio Leal
DMMDC/FACED/UFBA
12/11/2010
Tópico Especial: Análise de textos na produção de
resultados qualitativos (EDCC 49)
Professores: Dr. José Luís Michinel, Dra. Eliane Souza
Referência: ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e
procedimentos. 8. ed. Campinas-SP: Pontes, 2009.
DISPOSITIVO
DE ANÁLISE
Como o analista deve proceder?
Desafios do analista:
a) Ir além das evidências
b) Acolher a opacidade da linguagem
c) Acolher a determinação dos sentidos pela
história
d) Acolher a constituição do sujeito pela
ideologia e pelo insconsciente
e) Dar lugar ao possível, à singularidade, à
ruptura e à resistência
f) Compreender!
O LUGAR DA
INTERPRETAÇÃO
AS BASES DA ANÁLISE
O problema do corpus
Indagações sobre a metodologia
e a prática da da AD:
a) Qual a sua natureza?
b) De que deve ser constituído?
c) Que elementos deve ter?
d) Quão extenso ou exaustivo deve ser?
e) Que critérios existem para inclusão ou
seleção de informação?
f) Que relação deve ter com a teoria?
O problema do corpus
- Em grande medida o corpus resulta de
uma construção do próprio analista.
- A análise começa com o estabelecimento do corpus e se organiza face à natureza do material e à pergunta (ponto de
vista) que o organiza.
O problema do corpus
Sobre a metodologia e a prática da da AD:
1. Corpus experimental ≠ arquivo (p. 62)
2. Materiais úteis: som, imagem, letra etc.
3. Exaustividade horizontal ≠ vertical
- Prioriza o objetivo e o tema da análise
- Não trata os dados como meras ilustrações
4. Vínculo estreito entre construção e
análise do corpus
- Decidir o que integrará o corpus já é decidir
sobre as propriedades discursivas implicadas
O problema do corpus
5. Demonstrar ≠ mostrar como um discurso
funciona, produzindo efeito de sentido (p. 63)
6. Texto ≠ discurso; sujeito ≠ autor
7. Texto: ponto de partida (unidade de análise)
- Remete ao discurso, prenhe de regularidades
8. Discurso: ponto de passagem
- Referencia-se numa formação discursiva
9. Formação Discursiva: ponto de destino
- A formação ideológica dominante define um
jogo que produz um sentido
O problema do corpus
10. Análise objetiva ≠ análise o menos
subjetiva possível
11. Capacidade analítica = prática da teoria +
capacidade de escrita + explicitação da análise
+ compreensão do discurso analisado
12. Descrição ≠ interpretação
- Os textos não são documentos que ilustram
ideias pré-concebidas [dos seus autores ou
mesmo dos seus eventuais analistas], mas
monumentos nos quais se inscrevem múltiplas
possibilidades de leituras. (p. 64)
UMA QUESTÃO DE MÉTODO
A questão do método
Sobre o método na AD:
1. Objeto discursivo ≠ superfície linguística
2. “Mergulho” = análise da materialidade
linguística
3. Materialidade:
- Processo pelo qual o discurso se textualiza
(sintaxe + processo de enunciação)
- Como se diz? Quem diz? Em que circunstâncias
se diz?
- Formações imaginárias, vestígios no fio do discurso
A questão do método
Sobre o método na AD:
4. Esquecimento: Impressão de que algo
pode ser dito apenas de um jeito (ilusão)
5. Contrastar o discurso dito e o não-dito
(esquecido)
6. Explicita-se a relação entre discurso e
formações discursivas
7. O objetivo da AD é analisar a discursividade [não o texto ou o discurso]
A questão do método
Sobre o método na AD:
8. Vote sem medo X Vote com coragem: o
contraste desfaz o produto e expõe o
processo
9. O recorte que fazemos organiza o corpus
[em torno do nosso ponto de vista, do
tema e dos objetivos da análise]
TEXTUALIDADE E
DISCURSIVIDADE
Textualidade
O texto é texto porque significa. Para a AD o
que interessa não é a organização linguística
do texto, mas como o texto organiza a relação
da língua com a história
no trabalho significante
do sujeito em sua relação com o mundo. p. 69
AUTOR E SUJEITO:
O IMAGINÁRIO E O REAL
Autor e sujeito
O sujeito está para o discurso como
o autor está para o texto. Se a
relação do sujeito com o texto é a da
dispersão, a autoria, contudo, implica
em disciplina, organização, unidade.
(p. 73)
FUNÇÃO-AUTOR
Função-Autor
Há discursos que
precisam de quem os
assine (por exemplo,
conversas, receitas,
decretos, contratos),
mas não de autores
(Foulcault). p. 75
Função-Autor
Diferente de Foucault, considero
que a própria unidade do texto é
efeito discursivo que deriva do
princípio da autoria, o qual é
origem para qualquer discurso,
estando na origem da
textualidade (Eni Orlandi). p. 75
Função-Autor
Dentre as dimensões do sujeito, a de enunciador é a que está mais determinada pela exterioridade (contexto histórico) e mais afetada
pelas exigências de
coerência, não contradição, responsabilidade etc. p. 75
Função-Autor
A autoria é função mais afetada pelo social...
Embora o sujeito seja opaco e o discurso não
seja transparente, exige-se que o texto seja
coerente e não-contraditório; exige-se do
autor que seja visível,
colocando-se na origem
do seu dizer. p. 75
Função-Autor
O sujeito, quer seja autor ou leitor, é
responsável (responsabilizado?) pela unidade
e coerência do que diz/lê. Cobra-se dele um
modo de autoria/leitura especificado
pois ele está afetado
por sua inserção no
social e na história. p. 76
A ANÁLISE:
DISPOSITIVOS E
PROCEDIMENTOS
Download

DMMDC_Dispositivo_de_Analise_Julio_Leal