A LINGUAGEM JORNALÍSTICA DOS VEÍCULOS DIÁRIO CATARINENSE E HORA DE SANTA CATARINA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-LEITOR. Área de conhecimento – Ciências Humanas - Linguagem e comunicação Fabiana Osvaldete dos Santos / Orientador professor Sandro Braga / Artigo 170 / Curso de Letras Português-Inglês / Campus Pedra Branca –SC Introdução A presente pesquisa analisa os leitores constituídos no projeto editorial de dois jornais de circulação na Grande Florianópolis (Diário Catarinense e Hora de Santa Catarina) – produtos de uma mesma empresa de comunicação (Grupo Brasil Sul de Comunicação – RBS). Nosso enfoque é identificar o sujeito-leitor dos jornais DC e Hora de Santa Catarina, sob a perspectiva da Análise do Discurso. Para tanto, torna-se necessário apresentar algumas dessemelhanças linguísticas encontradas nesses tablóides para que se compreenda, com mais clareza, a proposta de evidenciar as possíveis constituições discursivas propostas para os distintos leitores. Em um primeiro momento, seria relevante considerar que, como já defendem Michel Pêcheux e Eni Orlandi, a linguagem não é transparente. Por esse motivo, apontamos nosso interesse no estudo das linguagens constitutivas desses veículos de comunicação. É perceptível, num primeiro olhar, que a linguagem utilizada pelo DC apresenta-se mais próxima da norma culta da Língua Portuguesa, enquanto a linguagem do Hora de SC está mais voltada para uma construção coloquial, a qual avizinha-se de uma variação mais popular da Língua. As diferenças não se encerram aí, obviamente. Pelo contrário, é no âmbito linguístico, entendido como processo dialético, que emergem um sem números de aspectos passíveis de identificação de ideologias. Ao longo deste trabalho, manter-se-á um diálogo constante com Eni Pulcinelli Orlandi, em sua obra Discurso e Leitura (1988), bem como com outras obras de que discutem as relações entre a posição sujeito, o discurso, o texto e a leitura. Porém, é por meio dessa autora que se inicia, aqui, uma discussão acerca de como é possível entender o processo discursivo de determinado veículo de comunicação, no caso o jornal. Objetivos Identificar as especificidades lingüísticas que compõem a trama textual desses veículos; Caracterizar as linguagens utilizadas na composição das matérias jornalísticas desses dois produtos de mídia imprensa; Verificar a composição de linguagem verbal e não-verbal na constituição do produto texto noticioso e os efeitos de sentidos em um e outro modo de fazer jornal impresso; Identificar as posições de leitor que os dois veículos propõem a partir de suas linhas editoriais. Conclusões Metodologia Este trabalho será conduzido tendo corpus constituído por 30 exemplares do Diário Catarinense e outros 30 do Hora de Santa Catarina, que serão coletados para a análise a partir do dia 1º a 30 de abril de 2009. A partir da coleta, o estudo do corpus será transversal, ou seja, estabelecendo uma relação comparativa na fabricação dessas duas materialidades textuais. Assim, analisar os elementos que compõem a trama textual desses veículos que têm como implicatura o exercício da leitura. Para isso, será observado previamente durante esses 30 dias elementos sobre a estrutura (projeto gráfico), conteúdo (informatividade jornalística), linguagem e uso de imagens, visando assinalar similaridades e diferenças lingüísticas e extralingüísticas que possam atuar na produção de uma posição de leitor-alvo. Resultados Uma análise, como a que foi proposta neste trabalho, pressupõe pensar na leitura como compreensão dos enunciados, historicamente postos em evidência, considerando a complexa relação entre autor, texto e leitor. Tudo isso vinculado ao que está implícito em um texto e ao elemento da intertextualidade, cujo significado remete a memória tanto dos que produzem determinadas informações jornalísticas quanto dos sujeitos leitores dessas informações. Podemos pensar que os jornais DC e Hora apresentam características semelhantes quanto ao processo de veiculação de suas informações. Contudo, considerando o que foi estudado, cada um deles se relaciona com seu público alvo de maneiras distintas, pelo fato de que se deseja alcançálos, aderindo a elementos afins de cada sujeito-leitor. Isso acarreta diferentes posições desses leitores, em relação às informações transmitidas, pois, valendo-se de uma estratégia ou outra, esses jornais conduzem, ideologicamente, os sujeitos a posições condizentes com suas perspectivas. Bibliografia Exemplares do jornal Diário Catarinense: trinta exemplares, a contar do mês de abril a maio de 2009. Exemplares do jornal Hora de Santa Catarina: trinta exemplares a contar do mês de abril a maio de 2009. FOLHA DE SÃO PAULO. Manual de Redação. 2ª ed. São Paulo: Folha de São Paulo, 2001. FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 7a edição, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2001. ORLANDI, Eni. Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez, 1988. ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 2003. ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas SP: Posntes, 2005. PINTO, Milton José. Comunicação e discurso: introdução a análise do discurso. São Paulo: Hacker Editores, 2002. Apoio Financeiro: Unisul