VIGILÂNCIA DOS EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO(VEAPV) SESAB / SUVISA / DIVEP / CEI / GT-EAPV EAPV - Definição EAPV é qualquer ocorrência médica indesejada após vacinação e que, não necessariamente, possui uma relação causal com o uso de uma vacina ou outro imunobiológico (imunoglobulinas e soros heterólogos). Um EAPV pode ser qualquer evento indesejável ou não intencional, isto é, sintoma, doença ou um achado laboratorial anormal. Fonte: Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação. Ministério da Saúde. 2014 – no prelo Reação adversa: reação a um medicamento que é nociva e não-intencional e que ocorre nas doses normalmente usadas no homem para profilaxia, diagnóstico, terapia da doença ou para a modificação de funções fisiológicas. Porque acontecem os EAPV ? 1. Fatores relacionados à vacina: inclui o tipo (viva ou inativada), a cepa, o meio de cultura dos microrganismos, o processo de inativação ou atenuação, adjuvantes, estabilizadores ou substâncias conservadoras, o lote da vacina 2. Fatores relacionados aos vacinados: idade, sexo, número de doses e datas das doses anteriores da vacina, eventos adversos às doses prévias, doenças concomitantes, doenças alérgicas, autoimunidade, deficiência imunológica 3. Fatores relacionados à administração: agulhas e seringas, local de inoculação, via de inoculação (vacinação intradérmica, subcutânea ou intramuscular) Como identificar os fatores relacionados aos vacinados ? A pessoa a ser vacinada pode: • Ter doença infecciosa em incubação • Faixa etária • Ter tendência a convulsão (com febre alta) • Apresentar manifestações alérgicas • Ter comprometimento imunológico congênito ou adquirido • Estar em uso de medicamentos: corticóides, imunossupressores Tipos de EAPV Esperados: tendo em vista a natureza e as características dos imunobiológicos, bem como o conhecimento já disponível pela experiência acumulada Febre, dor local, mialgia, cefaléia, EHH, etc Inesperados: são aqueles não identificados anteriormente Novas vacinas; Decorrentes de problemas ligados à produção (teor indevido de endotoxina em certas vacinas ocasionando reações febris semelhantes à sepse; contaminação de lotes provocando abscessos) Classificação Quanto ao tipo de manifestação: Local Sistêmico Quanto à gravidade: 1. Eventos adversos não graves (EANG): qualquer outro evento que não esteja incluído nos critérios de evento adverso grave (EAG). Classificação 2. Eventos adversos graves (EAG): são consideradas graves as situações apresentadas a seguir: Requer hospitalização por pelo menos 24 horas ou prolongamento de hospitalização já existente; Causa disfunção significativa e/ou incapacidade persistente (sequela); Causa risco de morte (ou seja, induz a necessidade de uma intervenção clínica imediata para evitar o óbito); Causa o óbito. Fonte: Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação. MS, 2014 – no prelo. Atenção .... É muito importante diferenciar-se ‘gravidade’ e ‘intensidade’ (esta última inadequadamente traduzida em alguns textos como severidade). Um evento pode ser leve, moderado ou intenso, independente de ser ou não grave, por exemplo, uma hiperemia local intensa; Eventos clinicamente relevantes em pacientes que não necessitem internação tais como broncoespasmo, discrasias sanguíneas, convulsões febris, por terem um potencial de gravidade, devem ser investigados e acompanhados. De acordo com a relação causal os EA podem ser: 1. 2. 3. 4. 5. Reação inerente ao produto Reação inerente à qualidade das vacinas Erro de imunização Reação de ansiedade associada à vacinação Coincidentes Reação inerente ao produto EAPV causado ou precipitado pela vacina ou por um ou mais de seus componentes. ‘Produto’ é todo ou qualquer dos componentes que compõem uma vacina; incluem o imunógeno (que provoca a resposta imune) e outros que podem estar presentes como os adjuvantes, preservativos e outros aditivos utilizados, durante o processo de produção, responsáveis pela qualidade/estabilidade (sais de sódio ou potássio, albumina, gelatina), crescimento e purificação dos imunógenos (proteínas do ovo, leveduras, antibióticos) ou toxinas inativadas (formaldeído). Reação inerente à qualidade das vacinas EAPV causado ou precipitado por desvio (alteração) de qualidade de uma vacina, incluindo as embalagens* (ampolas, frascos, frascoampola, etc) e acessórios (agulhas, conta-gotas, diluente, seringas, etc) utilizados para administração das mesmas. * Princípios da padronização: para a descrição da embalagem composta deve ser considerado o material que está em contato com a forma farmacêutica e o material que está em contato com o meio externo, nesta ordem. O grau de transparência (âmbar, opaco, transparente e translúcido) refere-se à capacidade de visualização externa da embalagem para todos os casos e a cor da embalagem não fará parte da descrição da mesma, exceto quando a cor for âmbar. Erros de imunização (EI) EA causado por manuseio, prescrições e/ou administração inadequadas sendo, portanto, preveníveis; Relação de fatores que caracterizam os EI: Produto: o não cumprimento das boas práticas de fabricação pode levar a um desvio de qualidade como alterações de potência, aumento de reatogenicidade (alterações na esterilidade), dentre outros; Rede de frio: compreende o transporte, armazenamento, acondicionamento, distribuição, controle de temperatura, turvação alterações de coloração; Manuseio e administração: reconstituição, diluentes, dosagens incorretas, trocas de vacinas, via e sítio de administração, intervalos e idades fora do recomendado, prazos de validade Atenção ..... Os EI são preveníveis através de treinamento de pessoal, de suprimento adequado de equipamentos e insumos para a vacinação e, também pela supervisão dos serviços. As práticas inadequadas de imunização podem resultar em danos para o produtor do imunobiológico, para a instituição que os adquire e distribui, para o profissional que manipula e administra, bem como para as pessoas que recebem os mesmos. Reação de ansiedade associada à vacinação EAPV motivada por ansiedade ao processo de vacinação. Incluem as síncopes vagovagais, reações de hiperventilação ou reações consequentes a desordens psiquiátricas. Coincidentes É um evento causado por outro (s) motivo (s) que o produto (vacina), imunização ou reação de ansiedade. Frequência dos EAPV Muito comum* ≥ 1/10 ≥ 10% Comum (frequente) ≥ 1/100 e < 1/10 ≥ 1% e < 10% Pouco comum (infrequente) ≥ 1/1000 e < 1/100 ≥0,1% e < 1% Raro ≥1/10.000 e < 1/1000 ≥ 0,01% e < 0,1% Muito raro* <1/10.000 <0,01% *Categorias opcionais Fuente: Consejo de Organizaciones Internacionales de las Ciencias Médicas (CIOMS, por su sigla en inglés), 1995 O EAPV foi inusitado/inesperado ou ocorreu com frequência fora do esperado – o que fazer? Medidas imediatas devem ser adotadas: Notificação imediata (esferas local, estadual e nacional) Coordenar junto com PNI/Anvisa/INCQS a reavaliação de qualidade (QUANDO NECESSÁRIO) Avaliar a necessidade junto com PNI/Anvisa/INCQS da suspensão temporária da vacina que está se suspeitando Comunicação ao laboratório produtor pelo PNI/Anvisa Comunicação à OPAS/OMS comunicação internacional pelo PNI/Anvisa, para O que fazer com a pessoa que apresenta um EAPV ? • Proceder a NOTIFICAÇÃO do caso; • Encaminhar o cliente, se necessário, para tratamento específico do evento apresentado em ambulatório ou US de maior nível de complexidade; Na vigência de eventos graves e/ou inusitados (raros) iniciar INVESTIGAÇÃO para acompanhamento do caso; • Tranquilizá-la ou responsável/familiar, no sentido de que o caso será acompanhado pelo serviço de saúde, até a alta do paciente, e que os EAPV são, em geral, de evolução benigna; • Para prosseguimento de esquema vacinal, substituição complementação de imunobiológicos especiais, encaminhar ao – CRIE – Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais e/ou Investigação de EAPV Por quê e para quê investigar um EAPV? • • • • • Identificação e solução rápida de problemas Tomada rápida de decisões Formulação de perguntas para investigação Base para a comunicação Avaliação de causalidade Planejamento para investigações efetivas Padronização: Definições de casos Formulários de notificação/investigação Procedimentos de investigação Documentos de referência – conhecer taxas de incidência Estabelecimento de equipe responsável devidamente treinada/capacitada Comitê de expertos para análise Comunicação: responsável pela informação/divulgação de dados Pontos chaves das investigações • Conhecimento do perfil de segurança das vacinas comumente utilizadas bem como respectivas taxas de incidência de EAPV; • Em determinados casos o perfil de segurança das vacinas depende de fatores de riscos individuais dos vacinados; • Conhecimento de possíveis mecanismos, tratamento e prevenção de eventos adversos; • Atenção as características das vacinas investigadas: – – – – Tipo de antígeno, demais componentes; Vacinas combinadas; Via de administração; Armazenamento e manipulação • Vacinação de populações específicas: gestantes, lactantes e lactentes; imunodeprimidos • Verificação do início do evento notificado – O início do evento deverá ocorrer APÓS a vacinação O que notificar e investigar? • Os eventos que devem ser notificados dependem do contexto: − Vigilância de rotina, novas vacinas, campanhas • Em geral, NOTIFICAR: Todos os eventos graves e ou inusitados • Rumores • Eventos que ocorrem em grupos de pessoas – surtos ou grupos de eventos • Eventos relacionados a erros de imunização (programáticos) • Eventos que causam preocupação nos pais ou comunidade • Eventos inesperados e sua relação com a vacinação não é clara, ocorridos dentro de 30 dias após vacinação • Frequência inesperada em comparação com a experiência comum • Sinais Todo evento adverso percebido pelos pais, pelo paciente ou pelos trabalhadores de saúde e que se atribua ou que se considere relacionado com uma vacina deve ser investigado* Detectar Investi gar Anali sar Evento * Seguindo o fluxograma do PNI Decisões baseadas em conclusões Quais são os principais passos de uma investigação? Passos Ações Recebimento da notificação Verificação da informação, avaliação e classificação do EA; Verificar necessidade de investigação Se sim, iniciar investigação por pessoal treinado Investigação e coleta de dados Perguntar sobre • o paciente • a vacina e ou outros medicamentos – registro, lotes, validade • casos em pessoas não vacinadas • serviços de imunização Estabelecimento de definições de casos Formulação de hipótese de trabalho Coleta de amostras conforme necessidade • Do paciente • Da vacina (diluente, se necessário) • De seringas e agulhas Continuação Passos Ações Encaminhamento de amostras Aos estabelecimentos/laboratórios de referência Análise de dados • Revisão de achados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais • Resumo e notificação dos achados Tomada de decisões • Informar aos profissionais de saúde • Comunicar os achados e decisões ao público em geral, aos produtores, ARN, OPAS/OMS. • Corrigir problemas conforme necessidade • Substituição de vacinas quando necessário Coleta de amostras • Do paciente – Depende do diagnóstico clínico/EA – Investigações devem ser guiadas por uma apresentação clínica completa do caso – Em caso de morte, encaminhar para necropsia em até 72 hs, no mínimo realizar uma necropsia verbal • Da vacina – Poucas vezes se necessitam avaliar a qualidade de uma vacina, somente quando existir uma real suspeita de desvio de qualidade – Pode ser parte dos protocolos regulatórios – Muito raramente é necessário SUSPENSÃO de uma vacina/lote específico de uma vacina; • Realizar suspensão temporária até se conhecer os resultados das investigações/estudos INVESTIGANDO ‘CLUSTER’ de EAPV Todos os casos Não Todos os casos Não Receberam a mesma receberam vacina ou a mesma vacina? mesmo lote? Sím Sím Não Doença similar em pessoas que não receberam a vacina? Sím É um EA conhecido para tal vacina? similar Não emDoença pessoas que não receberam a vacina? Sím Taxa de incidência dentro do esperado? Não Sím Não Sím Insira o tipo provável de EA nas caixas vazias: EI, reação inerente ao produto, à qualidade da vacina, reação de ansiedade ou coincidente, . VACINAS FREQUENCIA / R. LOCAL INÍCIO Pentavalente (DTP+Hib+Hb) Dor 36% - Edema 28% Eritema 34% De 24 a 48 h DTP De 30 a 20% De 24-48 h dT - DT De 25 a 50 % Aumenta com a repetição das doses De 24-48 h Hepatite B Dor - 53-56% Outros 16% adultos 9% cça Primeiro dia Pólio inativada (VIP) Dor 30% Enduração 12% Eritema 3% De 24 a 48 h Febre amarela 4% De 1-2 dias Influenza inativada Dor 10-64% (adultos) De 1-2 dias Pneumocócica conjugada 10 Valente Dor 33%-38%: - Eduração 34%-38%; Eritema 45%-47% Primeiros quatro dias Meningo conjugada C Não estimado Primeiros 5 dias SRC / SR/ Sarampo Pouco frequentes 1º dia Varicela 20% De 1-2 dias Hep A Não estimada De 1-2 dias Pneumocócica conjugada 23 Valente 30 a 50% Primeiras 48 h HPV Não estimado De 24 a 48 h BCG-ID Lesões locais EAPV TEMPO DECORRIDO Úlcera com diâmetro maior que 1 cm Ocorre com mais frequência nos primeiros 6 meses Abscessos SC frios Nos primeiros 3 meses Abscessos SC quentes Nos primeiros 15 dias Reação quelóide Após a cicatrização BCG-ID Lesões regionais EAPV TEMPO DECORRIDO Linfoadenopatia regional não supurada Em média nos primeiros 6 meses Linfoadenopatia regional supurada Em média nos primeiros 6 meses VACINAS FREQUENCIA / FEBRE INÍCIO Pentavalente (DTP+Hib+Hb) De 1:3 doses Febre superior a 30º 1/ 100 doses Primeiras 24 horas DTP 50% Primeiras 24 horas 10% 24-48 horas Hepatite B De 1% a 6% Primeiro dia Pólio inativada (VIP) Não estimada Primeiras 24 h Febre amarela <4% A partir do terceiro dia Influenza inativada 4.6%-11,5% (crianças 1-15 anos) 6-12 horas 24%-37% Primeiros quatro dias Meningo conjugada C De 4 a 4,9% Primeiros 15 dias SRC / SR/ Sarampo 5%-15% 5-12 dias Varicela 15% 5- 40 dias Hep A Pouco frequente Primeiras 20 h Pneumocócica conjugada 23 Valente Menos 1% Primeiras 24 h HPV Não estimada Primeiras 24 h dT - DT Pneumocócica conjugada 10 Valente VACINAS OUTROS EVENTOS NÃO GRAVES VORH Diarréia, vômitos Pentavalente (DTP+Hib+Hb) Irritabilidade, choro anormal, sonolência, anorexia, vômito Primeiras 48 horas DTP Irritabilidade, sonolência, inapetência, vômito Primeiras 48 horas Cefaléia, irritabilidade, sonolência, inapetência e vômito 24-48 horas dT - DT INÍCIO Hepatite B Irritabilidade, cefaléia, sintomas gastrointestinais Primeiro dia Hep A Cefaléia, mal estar, fadiga Primeiras 24 h Pólio inativada (VIP) Não referidos Primeiras 24 h Influenza inativada Cefaleia, mal-estar, mialgia <15% (sem exposição prévia) 6-12 horas Pneumocócica conjugada 10 Valente Sonolência, irritabilidade, perda de apetite, Primeiros quatro dias Meningo conjugada C Náusea, vômitos, inapetência Primeiras 48h Pneumocócica conjugada 23 Valente Mialgia, cefaléia, astenia, dor nas articulações Primeiras 24 h HPV Cefaléia, tontura, síncope Náuseas e vômitos Primeiras 24 h VACINAS OUTROS EVENTOS NÃO GRAVES INÍCIO Febre amarela Mialgia e cefaléia <4% A partir do 3º dia Tríplice viral Cefaléia, irritabilidade 4% Exantema de extensão variável Linfoadenopatia 1% 5º ao 12º dia 7º ao 14º dia 7º ao 21º dia Tetra viral Exantema 2 a 3% Vesiculas similares a varicela 5º ao 12º dia 7º ao 21º dis Varicela Vesículas similares a varicela (>10%), com menos de 10 vesículas 7º a 21º dias