Lucia Mardini | DVAS Programa Estadual de Imunizações VACINAÇÃO SEGURA Vigilância de Eventos Adversos PósVacinação e Erros em Imunização DEFINIÇÃO DE VACINAÇÃO SEGURA Vacinação segura significa toda a política, ações e procedimentos em saúde pública relacionados à administração de vacinas, com a finalidade de minimizar os riscos de transmissão de doenças e de maximizar a efetividade das vacinas. Engloba todo o espectro de eventos desde a produção até a correta administração. FARMACOVIGILÂNCIA E CONTROLE DE QUALIDADE • Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA • Desenvolvimento de vacinas • Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde – INCQS • Comitê Interinstitucional de Farmacovigilência de Vacinas e outros Imunibiológicos - CIFAVI DESENVOLVIMENTO DE VACINAS HISTÓRICO • 1987-1989: sistematização do registro de EAPV; • 1991: OMS recomenda notificação e investigação de eventos adversos pós-vacinação; • 1992: implantação do Sistema de Vigilância Epidemiológica de EAPV (VE-EAPV); • 1998: elaboração do 1º Manual de Vigilância Epidemiológica de EAPV e início de treinamentos; HISTÓRICO • 2000: implantação do SI-EAPV e realização do I Workshop em EAPV; • 2001: realização do II Workshop e elaboração de protocolos de investigação de eventos adversos; • 2002: revisão do SI-EAPV; • 2008: foi publicado o Segunda Edição do Manual de VEAPV; • 2014: Publicada a terceira edição revisada do Manual de VEAPV; • 2015: Implantação do SI-EAPV on line. OS BENEFÍCIOS DA VACINAÇÃO SÃO MAIORES QUE OS RISCOS? Riscos Vacinas Os eventos adversos pós-vacinais (EAPV) crescem em importância na medida em que as doenças são controladas pelo uso de vacinas. Eles são, em sua grande maioria, benignos e transitórios. A sociedade tem buscado mais informações sobre a possibilidade do aparecimento de EAPV e de como lidar com eles, uma vez que é reconhecido que os benefícios de uma vacinação em muito superam os riscos de um possível evento adverso. DOENÇAS INFECCIOSAS, VACINAS E EVENTOS ADVERSOS OBJETIVOS DO SISTEMA VE-EAPV • Normatizar o reconhecimento e a conduta diante de casos suspeitos de EAPV; • Permitir maior conhecimento sobre a natureza dos EAPV; • Monitorar os EAPV graves; • Identificar EAPV novos e/ou raros; • Estabelecer ou descartar relação de causalidade com a vacina; OBJETIVOS DO SISTEMA VE-EAPV • Possibilitar a identificação de imunobiológicos ou lotes com desvios de qualidade na produção resultando em produtos ou lotes mais “reatogênicos” e decidir quanto à sua utilização ou suspensão; • Conhecer as taxas de incidência de EAPV associadas a cada vacina; • Contribuir para a manutenção da credibilidade do PNI com a população e os profissionais de saúde. EVENTO ADVERSO DEFINIÇÃO: • Ocorrência médica inesperada e indesejável • Não necessariamente causada pela intervenção CARACTERÍSTICAS: • Sintoma ou sinal desfavorável • Não intencional • Doença temporalmente associada à intervenção • Não necessariamente relacionada à intervenção EVENTO ADVERSO GRAVE QUALQUER EVENTO ADVERSO QUE RESULTE EM: • • • • • Morte Risco de vida Internação do paciente Incapacidade ou limitação funcional Outros eventos médicos relevantes EVENTO ADVERSO Introdução em larga escala da imunização determinou a redução dramática da morbidade e da mortalidade de algumas doenças transmissíveis: varíola, sarampo, poliomielite, difteria, coqueluche, tétano, etc. • Risco da vacinação, principalmente quando a doença desaparece • Mudança de percepção do risco pelo público VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Vigilância ativa: Acompanhamento direto Projetos de pesquisa Vigilância passiva: Recebimento das notificações Diretrizes ASSOCIAÇÃO TEMPORAL X ASSOCIAÇÃO CAUSAL •Não julgar precipitadamente • Estudar cuidadosamente os EAPV • Anamnese • Exame físico • Exames complementares • Necrópsia • Paciência e honestidade de informar bem • Não ser ingênuo - saber os interesses em jogo PONTOS BÁSICOS PARA INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS PÓS VACINAIS (Neal A. Halsey e H. C. Stelles) FATORES RELACIONADOS À VACINA: • Tipo (viva atenuada, não viva) • Cepa • Meio de cultura • Adjuvantes • Conservantes • Lote de vacina PONTOS BÁSICOS PARA INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS PÓS VACINAIS (Neal A. Halsey e H. C. Stelles) FATORES RELACIONADOS AOS VACINADOS: • Idade • Nº de doses anteriores • Eventos Adversos prévios • Deficiência Imunológica • Doenças Alérgicas PONTOS BÁSICOS PARA INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS PÓS VACINAIS (Neal A. Halsey e H. C. Stelles) FATORES RELACIONADOS À ADMINISTRAÇÃO: • Local de aplicação • Técnica • Via de inoculação FLUXOGRAMA DE NOTIFICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS VACINA HPV QUADRIVALENTE Suspensão injetável, quadrivalente, composta pela proteína L1 do Papilomavírus Humano Tipo 6, 11, 16 e 18. Contém adjuvante sulfato de hidroxifosfato de alumínio, cloreto de sódio, L-histidina, polissorbato 80, borato de sódio e água para injetáveis. PRECAUÇÕES GERAIS E CONTRAINDICAÇÕES PRECAUÇÕES GERAIS: • Trombocitopenia ATENÇÃO: Imunossupressão não é • Doenças agudas intensas ou moderadas • Não há evidencias de uso durante a lactação contraindicação de uso. CONTRAINDICAÇÕES: • Reação tipo anafilaxia após alguma dose da vacina • História de hipersensibilidade imediata à levedura (Sacharomyces cerevisiae) • Gestante (não existem estudos adequados) EVENTOS ADVERSOS PÓS VACINAÇÃO REAÇÕES LOCAIS: MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS: • Dor • Febre • Edema • Cefaléia • Eritema • Gastroenterite • Síncope (desmaio) • Hipersensibilidade DEFINIÇÃO DE ANAFILAXIA É definida como uma reação aguda de hipersensibilidade (tipo I de Gell & Coombs, mediada por IgE), com envolvimento de múltiplos sistemas com progressão rápida, grave e com risco de morte. Sua gravidade implica em envolvimento cardiovascular e respiratório intenso, além do envolvimento de outros sistemas. Diferencia-se das reações alérgicas simples (urticária, rinite alérgica, asma) pelo comprometimento simultâneo de múltiplos órgãos ou sistemas. DEFINIÇÃO DE SÍNCOPE A síncope vasovagal é uma reação transitória, benigna com recuperação espontânea e que não deixa sequela. Entre os principais sinais e sintomas relatados está a perda de consciência, causada pela interrupção transitória e muito breve do sangue na circulação cerebral. DEFINIÇÃO DE SÍNCOPE Os sintomas ocorrem, na maioria dos casos, nos primeiros minutos após a administração da vacina. A perda de consciência raramente é súbita, sendo precedida por palidez, sudorese fria, parestesia, turvamento visual. SÍNCOPE Pode ser desencadeada por inúmeros fatores externos como: calor excessivo, alterações posturais, jejum prolongado, ansiedade, dor súbita, etc. Causas: • Desequilíbrio nos mecanismos reflexos de manutenção da pressão arterial. • Presença de doenças cardiovasculares de baixo débito, de arritmias cardíacas e até mesmo de algumas condições neurológicas. SÍNCOPE Tratamento dos sintomas: Normalização dos reflexos de pressão arterial, ou seja, a manutenção de uma boa hidratação, o uso de meias elásticas (para aqueles cuja síncope tenha relação com a postura) e principalmente na adoção de medidas posturais logo assim que se perceba o início dos sintomas. A melhor postura a ser adotada é a de Tremdelemburg, com o paciente deitado em decúbito dorsal com suas pernas ligeiramente inclinadas para cima. A SÍNCOPE VASO-VAGAL APÓS A ADMINISTRAÇÃO DA VACINA HPV VEM SENDO RELATADA NA LITERATURA. É CONSIDERADA UMA REAÇÃO BENIGNA E RELACIONADA COM ANSIEDADE, MAS QUE NÃO INTERFERE NO PERFIL DE SEGURANÇA DA VACINA. RECOMENDAÇÕES • Administração da vacina com a paciente sentada ou em decúbito dorsal. • Caso a paciente apresente sintomas de hipotensão (palidez, sudorese fria e sensação de desfalecimento) deve ser colocada deitada antes mesmo de perder a consciência. • A ocorrência de alterações da consciência após um período muito longo da administração (mais de 1 hora) precisa ser investigada mais amiúde, pois pode ser outro EAPV ou até mesmo não estar relacionada com a vacina. Eventos Adversos Pós-Vacinais com a vacina HPV no RS 1ª e 2ª fase 2014 VACINAÇÃO HPV EM 2014 2014 1ª fase 2ª fase População Doses Cobertura alvo aplicadas vacinal EAPV Incidência de EAPV 243.596 240.028 98,54% 187 0,77 / 1.000 245.535 168.917 68,80% 63 0,37 / 1.000 1ª fase – 1 EAPV para cada 1.283 doses aplicadas 2ª fase – 1 EAPV para cada 2.681 doses aplicadas EAPV graves EAPV grave Anafilaxia Crise convulsiva Paralisia de Bell Esclerose Múltipla Total Incidência 1ª fase 5 5 1 1 12 4,9 / 100.000 2ª fase 0 0 0 0 0 - 1ª fase – 1 EAPV grave para cada 20.002 doses aplicadas Todos os EAPV graves foram investigados pela Equipe de EAPV do Estado e municípios responsáveis. As anafilaxias ocorreram após a administração do lote J013031 da vacina HPV quadrivalente, porém de diferentes embalagens e atendimento por vacinadores distintos. Ressalta-se ainda que as meninas foram vacinadas individualmente (uma não entrando em contato com a outra) e eram de turmas diferentes. O Núcleo Estadual de Imunizações, após ter recebido as notificações de EAPV graves, suspendeu por precaução o Lote J013031 no Estado do RS e iniciaram-se as investigações. O laudo do INCQS comprovou a qualidade da vacina. EAPV descartados e em investigação EAPV Descartados 1ª fase 6 2ª fase 2 0 1 (Síndrome gripal, impetigo, amigdalite...) Investigação (trombose) EAPV não graves EAPV não grave Hipersensibilidade Síncope Outros 1ª fase 15 45 106 2ª fase 8 17 35 166 6,9 / 10.000 60 3,5 / 10.000 (cefaléia, febre, reação local, mialgia, parestesia, dor abdominal, náusea, vômito, sonolência, hipotensão...) Total Incidência 1ª fase – 1 EAPV não grave para cada 1.445 doses aplicadas 2ª fase – 1 EAPV não grave para cada 2.815 doses aplicadas Vigilância de Eventos Adversos Pós Vacinação e Erros de Imunização Núcleo de Imunizações Divisão de Vigilância Epidemiológica [email protected] (51) 3901-1116