Jorge Coelho de Oliveira Filho HIPERATIVIDADE EM SALA DE AULA Rio de Janeiro 2004 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE HIPERATIVIDADE EM SALA DE AULA OBJETIVO: Demonstrar a necessidade do professor conhecer o comportamento característico do portador de Hiperatividade, de modo que possa intervir de maneira consciente e acertada, para que a criança aprenda a regular sua conduta de forma eficaz diante de uma tarefa. 3 RESUMO A Hiperatividade é responsável pela enorme frustração que pais e seus filhos, portadores desse distúrbio, experimentam a cada dia. Crianças, adolescentes e adultos, hoje diagnosticados como hiperativos, são frequentemente rotulados de “problemáticos”, “irresponsáveis”, “desmotivados”, “avoados”, “malcriados”, “indisciplinados” ou, até mesmo,“pouco inteligentes”. A razão disso é o fato deste transtorno continuar sendo pouco conhecido, apesar dos estudos a respeito terem se intensificado nas últimas décadas e a prática ter mostrado que 10% das crianças em idade pré- escolar, e em 4 a 5% das crianças em idade escolar, podem ser incluídas nesse diagnóstico, como determinantes do fracasso escolar. A tarefa escolar prolongada é o indicador mais evidente para se detectar a acentuação da Hiperatividade. Muitas vezes a hiperatividade só será descoberta quando do ingresso da criança na escola. Sendo assim, a escola, através do professor, tem grande importância na história de vida da criança hiperativa, ajudando-a no entendimento, de maneira simples, do seu problema global, levando-a a repensar suas atitudes e organizando o seu dia-a-dia. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 CAPÍTULO 1 7 HIPERATIVIDADE 7 CAPÍTULO 2 11 A FAMÍLIA 11 CAPÍTULO 3 18 A ESCOLA 18 CONCLUSÃO 27 BIBLIOGRAFIA 30 ANEXO 31 ÍNDICE 36 5 INTRODUÇÃO Os professores queixam-se do comportamento do seu filho nas aulas? É irrequieto, impulsivo, não consegue se concentrar, está sempre desatento e não tem aproveitamento escolar? Talvez sofra de hiperatividade. Nesse caso, será necessário recorrer a uma ajuda especializada. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é responsável pela enorme frustração que pais e seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia. Crianças, adolescentes e adultos hoje diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotulados de “problemáticos”, “desmotivados”, “avoados”, “malcriados”, “indisciplinados”, “irresponsáveis” ou, até mesmo, “pouco inteligentes”. A maioria daquilo que lemos ou ouvimos sobre o assunto tem uma conotação negativa. A razão disso é o fato deste transtorno continuar sendo pouco conhecido, apesar dos estudos a respeito terem se intensificado nas últimas décadas e a prática ter mostrado que 3% a 5% das crianças em idade escolar podem ser incluídas nesse diagnóstico. Garanto que ninguém associa os adjetivos “criativo, trabalhador, energético, caloroso, inventivo, leal, sensível, confiante, divertido, observador, prático” às pessoas que têm Déficit de Atenção/Hiperatividade. Estes, sim, descrevem muito melhor essas pessoas. “ As pessoas, mesmo aquelas que têm carências e necessidades especiais, são imensamente ricas, dispõem de enormes recursos, são sujeitos de poder e de querer, de vontade imensuráveis. Ajudar as pessoas a descobrir as suas capacidades, aceitá-las e confirmá-las positivamente e incondicionalmente é, em boa medida, a maneira de as tornar mais confiantes...” (Tavares, 2001, pág. 52) Hoje, sabemos que o TDAH é um distúrbio neurológico sério mas tratável, embora de difícil diagnóstico e acompanhamento, devido à necessidade de um 6 trabalho multidisciplinar contínuo. É possível afirmar que as pessoas portadoras de TDAH, apesar das dificuldades decorrentes da condição, podem aprender a tirar o melhor partido das suas características e a realizar todo seu potencial. O TDAH pode ser considerado um dom, um sentido extra que seus portadores têm para as coisas, uma maneira de chegar imediatamente ao âmago das situações enquanto os outros só chegam lá de maneira racional e metódica. O problema é normalmente detectado quando a criança começa a freqüentar a escola, já que os sintomas de que se faz acompanhar (atividade motora excessiva, comportamento impulsivo e problemas de atenção) podem constituir um sério obstáculo à aprendizagem na infância. De qualquer forma, o fato de uma criança ser muito irrequieta e exuberante não significa, forçosamente, que sofra de hiperatividade. Este presente trabalho demonstrará a necessidade do professor conhecer o comportamento característico do portador de Hiperatividade de modo que possa intervir de maneira consciente e acertada, para que a criança aprenda a regular sua conduta de forma eficaz diante de tarefas cotidianas. Neste caso daremos mais atenção às tarefas escolares. Nossa pesquisa se delimitará da pré-escola aos doze anos de idade, o que consideraremos como pré-adolescência. 7 CAPÍTULO 1 HIPERATIVIDADE Muitas denominações e siglas têm sido usadas para referir-se ao Distúrbio do Déficit de atenção. A sigla DA/HI é a mais recente das mudanças de nome atribuídas ao déficit de atenção nos últimos anos. Segundo Silva (2002), o grande problema em criar rótulos para designar alterações comportamentais é que eles acabam sendo um reflexo do nível de conhecimento sobre aquele assunto em um dado momento e, por isso mesmo, quase nunca refletem a verdade que de fato ocorre nestas alterações. O Distúrbio do Déficit de Atenção já foi denominado de Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome da Criança Hiperativa, Síndrome da Ausência de Controle Moral ou ainda Reação Hipercinética da Infância, todas em diferentes períodos do século XX. Neste trabalho monográfico usaremos o termo “Hiperatividade” para designar este distúrbio, pois acreditamos que este seja o de maior uso corrente entre todos: portadores, conhecedores, pesquisadores e interessados. 1.1 DEFINIÇÃO Segundo Topczewski (2002), a hiperatividade é um sintoma que não tem definição precisa aceita unanimente, mas todos concordam que compromete de modo marcante o comportamento do indivíduo. A hiperatividade é um desvio comportamental, caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e atividades, acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada. Portanto, isto incapacita o indivíduo para se manter quieto por um período de tempo necessário para que possa desenvolver as atividades comuns do seu dia-a-dia. Este padrão de comportamento se mostra incompatível com a organização do seu ambiente e com determinadas circunstâncias. Crianças e adolescentes hiperativos são freqüentemente considerados como pessoas inconvenientes. 8 A hiperatividade pode envolver vários fatores entre eles o fator da disfunção orgânica, genética, psicológica e até mesmo social. O distúrbio ainda não tem uma causa única comprovada. Sabe-se que seus portadores produzem menos dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e pelo poder de concentração, que atua com maior intensidade nos gânglios frontais do cérebro. Isso explica o fato de os hiperativos não se concentrarem e esquecerem facilmente o que lhes é pedido. Pela alta incidência nos meninos (cerca de 80% dos casos) acredita-se que o problema possa estar relacionado também ao hormônio masculino tetosterona (Topczewski, 1999). 1.2 COMPORTAMENTOS CARACTERÍSTICOS Para diagnosticar a hiperatividade, os especialistas têm em conta vários critérios. Os sinais devem ter aparecido numa fase precoce, antes dos sete anos, e prolongar-se durante, pelo menos, seis meses. Estes comportamentos têm de ser mais freqüentes ou graves do que no caso das outras crianças da mesma idade. Além disso, estas condutas afetam o paciente em mais de um contexto (na escola, em casa, no local de trabalho ou nas relações sociais). Assim, a uma criança que se mostre demasiado irrequieta, distraída e faladora nas aulas, mas que consiga relacionar-se normalmente em casa e noutras situações, não se pode diagnosticar como hiperativa. Os comportamentos mais característicos são: a) Problemas de atenção As crianças hiperativas têm dificuldade em concentrar-se numa só coisa e aborrecem-se ao fim de alguns minutos à volta de uma só tarefa. Podem até prestar atenção a atividades e coisas do seu agrado. Mas quando se trata de organizar, estar atentas a uma tarefa ou aprender algo de novo, manifestam uma grande dificuldade, distraindo-se facilmente com qualquer estímulo exterior. 9 b) Atividade motora excessiva As crianças hiperativas não param quietas e, freqüentemente, falam demasiadamente. Não conseguem manter-se sentadas calmamente: estão constantemente a mexer ruidosamente nas canetas ou a abanar os pés. Muitas vezes, passam o tempo a saltar impacientemente de atividade em atividade. c) Comportamento impulsivo As crianças impulsivas mostram-se, freqüentemente, incapazes de controlar as suas reações ou pensamentos antes de agir. Conseqüentemente, fazem comentários pouco adequados ou respondem a questões antes mesmo de estas serem completadas. A impulsividade faz com que a espera por algo que anseiam ou pela sua vez se torne insustentável. As crianças hiperativas podem intrometer-se nas atividades das outras ou perturbar as suas brincadeiras. 1.3 PROBLEMAS QUE PODEM ESTAR ASSOCIADOS À HIPERATIVIDADE Uma das dificuldades no diagnóstico da hiperatividade é que esta se faz acompanhar, freqüentemente, de outros problemas. A hiperatividade não é em si um problema específico de aprendizagem. Mas, por inferior com a concentração e a atenção, pode dificultar a aprendizagem. A situação torna-se mais complicada quando as crianças com hiperatividade têm, simultaneamente, um problema específico de aprendizagem (os mais freqüentes são dificuldades na leitura e na matemática). Um número significativo de crianças que sofrem deste distúrbio psicológico apresentam uma tendência para se comportar de forma agressiva ou desafiadora. Estas crianças podem ser teimosas, agressivas e provocadoras e manifestar grandes alterações de temperamento. Estas crianças precisam mesmo de uma ajuda 10 especializada, de modo a evitar a evolução para o insucesso escolar e outros problemas de conduta mais sérios. Uma pequena parte das pessoas que sofrem de hiperatividade tem, simultaneamente, outros problemas, tais como perturbações nervosas (tiques que não conseguem controlar) e emocionais (ansiedade ou depressão). Em anexo há uma descrição verídica (laudo) de aluno com Hiperatividade e outros problemas simultâneos. 1.4 PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR À SUSPEIÇÃO ERRADA DE HIPERATIVIDADE A hiperatividade é um problema sério que requer um tratamento específico de longo prazo, pelo que o médico deve, antes de tudo, assegurar-se de que este tipo de comportamentos não é originado por outras perturbações. Vejamos outros problemas diferentes que podem estar na origem de sinais e sintomas semelhantes, conforme informa o site hiperatividade.com.br: - comportamento impulsivo devido a uma educação negligenciada ou demasiadamente permissiva; - insucesso escolar devido a dificuldades especificas de aprendizagem - comportamento agitado ou desinteressado devido a ansiedade ou depressão; - episódios de falta de atenção devido a uma forma de epilepsia, denominada pequeno mal epiléptico; - otites de repetição ou crônicas (infecção no ouvido), que podem estar na origem de problemas auditivos, levando a que a criança se mostre desatenta; - falta de atenção devido a problema de visão; - hiperatividade devido a problemas do metabolismo, como, por exemplo, disfunções da tiróide; - outros problemas mentais, genéticos ou ambientais. 11 CAPÍTULO 2 A FAMÍLIA Os pais de crianças hiperativas sentem-se, muitas vezes, importantes, desanimados, sem saber o que fazer. Os métodos de disciplina normalmente empregues, tais como a argumentação, os castigos ou a repreensão não funcionam com estas crianças. Frustrados, por vezes, recorrem a métodos mais desesperados, como bater ou gritar, mesmo sabendo que tais comportamentos são pouco adequados e não resolvem nada. Resultado: acabam por manifestar um sentimento de culpa que em nada contribui para o bem estar da criança. A punição não é o caminho adequado para o tratamento da hiperatividade. Sabendo-se que existe um componente orgânico e que as interferências psicológicas, também, podem estar presentes, devemos averiguar quais as verdadeiras causas determinantes, e a partir daí orientar o tratamento. Muitas vezes as crianças verbalizam o desejo de permanecer quietas, manterse concentradas, atenciosas e acatar as ordens, mas não conseguem, pois algo internamente as incomoda e as impedem de adotar estas posturas. Nestas situações não conseguem nem entender o porquê da punição. Uma vez diagnosticado o problema e a criança submetida a um tratamento, os constrangimentos emocionais no seio da família podem, em parte, acalmar-se. As famílias que lidam com crianças que sofrem de hiperatividade, tal como acontece com as famílias que cuidam de crianças com doenças crônicas (por exemplo, paralisia cerebral ou autismo) manifestam, freqüentemente, maiores níveis de frustração e problemas conjugais. Além de que as despesas com os tratamentos destas crianças podem representar um fardo pesado para muitas famílias. Segundo Topczewski (2002), o comportamento hiperativo pode desestabilizar a relação do casal, que deve procurar administrar, em conjunto, os desvios comportamentais apresentados pelo filho, pois as discórdias do casal têm repercussão 12 negativa relevante sobre o comportamento emocional da criança, o que agrava a hiperatividade. Com certeza freqüência, a vida doméstica se torna mais difícil, os encontros não mais denotam prazer, mas justamente o oposto, ou seja, desprazer. A vida do casal se altera, comprometendo, também, a sua relação afetiva e sexual, em particular. Os horários das refeições Tornam-se muito desgastantes, quando, na realidade, deveriam Ter um clima tranqüilo, com momentos de descontração e prazer para integrar a família. Acontece exatamente o contrário, pois nestas horas é que os ânimos ficam acirrados, tornando mais evidentes as cobranças e discussões. 2.1 REPERCUSSÃO DA HIPERATIVIDADE NO RELACIONAMENTO FAMILIAR A Revisa On-line Teste Saúde (2004) nos dá exemplos de transtornos domésticos provocados pela criança hiperativa, são eles: - às refeições não consegue ficar sentado de modo adequado, pois muda de posição constantemente. Não termina uma refeição sem antes levantar-se várias vezes, por diversos motivos desnecessários; - come com muita voracidade e ansiedade; engole os alimentos mal mastigados com uma pressa sem propósito; - quando assistindo à TV, não consegue manter-se quieto, incomoda os circunstantes, acrescentando mais um fator para as desavenças; - interfere nas conversas de modo inoportuno, sem aguardar a sua vez para falar. Não se detém para ouvir o que se lhe está falando; - fala muito e em ritmo acelerado, o que acarreta uma fala com mensagens confusas e, às vezes, com omissões e trocas de fonemas; - muda de atividade com muita freqüência e de modo abrupto, mesmo sem completar a anterior; - mostra-se muito desorganizado com os seus brinquedos, objetos, roupas e material escolar; - atrapalha as brincadeiras dos irmãos; - apresenta problemas de disciplina; - tem dificuldade em acatar as ordens; - responde com comportamento agressivo e violento em situações rotineiras; 13 - quer ser sempre atendido na hora das suas solicitações; - procura impor as suas vontades e à sua moda (são mandões); - pede as coisas e logo se desinteressa; - consegue deixar o ambiente todo agitado e descontrolado; - demonstra uma grande ansiedade em todas as atividades. 2.2 ATUAÇÃO DOS PAIS Eis algumas técnicas a que os pais podem recorrer, para ajudar a criança a modificar o seu comportamento (Revista Teste Saúde). a) Técnica do intervalo (time out). Quando a criança está fora de controle e é incapaz de obedecer, sentá-la num local sossegado e deixá-la sozinha durante breves instantes até que ela se acalme. b) Reforço das condutas positivas. Desfrutar, diariamente, de um momento calmo e relaxante com o filho. Durante esse tempo, os pais devem evidenciar aquilo que a criança faz bem, elogiar os seus pontos positivos e as suas habilidades. c) Sistema de recompensas e castigos. Primeiro, tem de estabelecer-se as regras de conduta, ensinando à criança os comportamentos corretos e os que, pelo contrário, estão errados. Os pais devem encorajar a criança no sentido de desenvolver os comportamentos corretos: por exemplo, pedir um brinquedo emprestado em vez de “arrancá-lo” das mãos dos seus colegas ou levar a cabo uma tarefa até ao fim. Diz-se à criança o que se espera dela e, sempre que se verifica o comportamento desejado, recorre-se a uma recompensa (um objeto simbólico ou um sistema de pontos que podem ser trocados por alguma coisa de que a criança goste especialmente). Se a criança não se comportar corretamente, é-lhe aplicado um pequeno castigo (por exemplo, a técnica do intervalo). 14 2.3 DIAGNÓSTICO Geralmente, há uma certa dificuldade para os pais aceitarem a existência de problemas comportamentais e de aprendizado nos próprios filhos; esta não aceitação, segundo Topczewski (1999), é o primeiro obstáculo para se submeter a criança a uma avaliação especializada. E muitas ocasiões, quando os pais são alertados pelos orientadores da escola, eles vão discutir a questão com os clínicos, que, por ter um conceito diverso, superficial e impróprio do problema, orientam de modo inadequado e não encaminham aos especialistas da área. A alegação mais freqüente é que se trata de um quadro transitório e normal para a faixa etária. Essa postura pode acarretar um prejuízo importante no desenvolvimento global da criança, seja sob aspecto social, seja sob aspecto escolar ou emocional. Os neurologistas, médicos especializados nos distúrbios do cérebro e do sistema nervoso, dispõe de meios para diagnosticar a hiperatividade. Os psiquiatras infantis (pedopsiquiatras) são médicos especializados em diagnosticar e tratar distúrbios mentais e comportamentais nas crianças. Os psicólogos clínicos, tal como os pedopsiquiatras, são os especialistas que mais lidam com estes casos. Além de poderem diagnosticar o problema e providenciar uma terapia à criança, podem ajudar a família. As primeiras observações, entretanto, são feitas pelos professores, que notam ser o comportamento da criança muito agitado. Isto é percebido quando comparado ao comportamento das outras crianças durante as aulas. Além disso, notam que o desempenho da criança em relação à média do grupo está, também, defasado. Continuam a decorrer investigações no sentido de encontrar melhores formas de tratamento ou mesmo formas de prevenir a hiperatividade. Até hoje, ainda não foi encontrada uma causa única que esteja na origem destas perturbações comportamentais. Talvez até nem exista só uma, mas antes uma combinação de causas que origine este conjunto de sintomas. 15 Estudos recentes têm vindo a evidenciar, cada vez mais, várias etiologias de origem biológica, em detrimento de motivos ambientais no seio da família. Algumas novas técnicas para o estudo do cérebro têm permitido desenvolver teorias que defendem que danos neurológicos e alterações genéticas podem estar na origem da hiperatividade. Perturbações no desenvolvimento do feto também são apontadas como causas possíveis. O fato de a mãe fumar ou consumir álcool ou outras drogas, durante a gravidez, pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro do feto. A presença de toxinas no ambiente (por exemplo, chumbo presente em certos solos ou nas tintas) pode, igualmente, afetar o desenvolvimento do cérebro das crianças. Outros estudos defendem que existe uma certa propensão genética: é freqüente vários casos de hiperatividade no seio de uma mesma família. Cerca de um terço dos pais com hiperatividade têm filhos com este problema. 2.4 TRATAMENTO São vários os tratamentos utilizados: desde psicoterapias incidindo sobre a criança, intervenções comportamentais ensinadas aos pais e professores, a utilização de medicamentos, passando, até, por vezes, por terapias alternativas (como, por exemplo, dietas, tratamentos homeopáticos, meditação, etc). Ainda não existe um consenso total acerca da forma mais correta de tratamento. De qualquer modo, vejamos os mais freqüentemente utilizados. 2.4.1 ABORDAGEM PSICOSSOCIAL As crianças hiperativas têm problemas sérios em várias áreas de funcionamento relacionadas com o sucesso escolar, o relacionamento com os colegas e com a família. Por isso, utiliza-se tratamentos que visam modificar comportamentos e alterar a forma de pensar e reagir. 16 Intervenção junto da criança – os terapeutas (por exemplo, psicólogos ou pedopsiquiatras) procuram ajudar a criança a controlar a sua impulsividade e agressividade, a pensar antes de falar ou agir, a esperar pela sua vez, etc. Intervenção junto da família – a eficácia destas estratégias de tratamento depende, em grande parte, da compreensão e motivação por parte dos pais. Daí a necessidade de aprenderem métodos de lidar com o stress e técnicas de modificação da conduta (tais como dar instruções claras às crianças, encorajar os bons comportamentos, usar as repreensões de forma eficaz, etc). Intervenção junto dos professores – por vezes, também se recorre a intervenções na escola, através de programas desenvolvidos para os professores, a aplicar na sala de aula, de modo a transmitir-lhes técnicas de controle de modificação do comportamento destas crianças. As intervenções junto da família e da escola permitem que os progressos alcançados no comportamento da criança se mantenham ao longo do tempo, já que a aprendizagem é feita nos contextos onde a criança deverá executar os comportamentos desejados. Os tratamentos com medicamentos pouca intervenção têm a este nível, produzindo efeitos apenas a curto prazo. No entanto, nos casos mais graves, podem levar a uma melhoria acentuada dos sintomas, já que tornam as intervenções psicossociais mais eficazes. 2.4.2 ABORDAGEM MEDICAMENTOSA Em certos casos de hiperatividade mais complicados ou associados a outras perturbações, pode ser necessário recorrer a medicamentos. Por exemplo, pode recorrer-se aos antidepressivos quando a hiperatividade se faz acompanhar de depressão ou ansiedade. Mas os medicamentos que se têm revelado mais eficazes são os estimulantes. Vários estudos revelaram que, em curto prazo, estes medicamentos 17 melhoram drasticamente a concentração, o comportamento nas aulas, a agressividade, a resolução de conflitos com os colegas e os resultados em algumas atividades. De qualquer forma, os estimulantes não resolvem todos os problemas comportamentais. Além disso, sendo medicamentos do grupo das anfetaminas, não são isentos de problemas de toxicidade. Os efeitos secundários mais comuns são a falta de apetite, insônias e dores de cabeça. Apesar de tudo, nos casos mais severos, estes medicamentos podem trazer um grande benefício, já que permitem estabilizar o comportamento das crianças muito afetadas por esta perturbação, facilitando assim a atuação de outras medidas terapêuticas. Devemos considerar que o professor é a pessoa que mantém um contato regular e diário com o aluno. O professor orientado tem plenas condições de avaliar quais as diferenças apresentadas no desempenho do aluno antes e depois do tratamento com medicamentos estimulantes. Portanto, suas informações poderão ser as mais fiéis, pois compara o aluno com ele mesmo no que se relaciona ao seu rendimento. A avaliação dos resultados obtidos só será adequada com a participação da estrutura escolar. 18 CAPÍTULO 3 A ESCOLA As crianças com hiperatividade não só sofrem com os sintomas típicos da sua perturbação como também com as conseqüências negativas dos seus comportamentos. O hiperativo apresenta as dificuldades escolares, o que muito frustra a família. Após um determinado ponto, o professor se torna impaciente e até, intolerante. Por conta dos sucessivos insucessos, começam a se manifestar os conflitos internos, caracterizados pela ansiedade, a qual, pode levar à depressão. Talvez o maior impacto da hiperatividade nas crianças que sofrem deste distúrbio seja o fato de serem, freqüentemente, rejeitadas pelos seus colegas. Alguns estudos mostram que o número de acidentes é mais elevado neste grupo de crianças, e, quando há uma combinação com outros distúrbios comportamentais, as crianças hiperativas têm um risco mais elevado de, mais tarde, virem a adotar comportamentos anti-sociais ou, mesmo, a abusar de drogas. À medida que a criança cresce, vai desenvolvendo estratégias de autocontrole que lhe permitem uma melhor adaptação e um melhor relacionamento com o seu ambiente. A maior parte das crianças hiperativas consegue acompanhar as aulas normais. No entanto, se, em conjunto com o professor, os pais chegarem à conclusão que a criança não consegue acompanhar o ritmo poderão contatar a direção da escola, no sentido de esta providenciar um apoio especializado. Além de um apoio às suas necessidades educativas, estes alunos deveriam ser orientados na sala de aula no sentido de haver um controle do seu comportamento. As escolas que contam com o apoio de um Serviço de Psicologia e Orientação (com profissionais especializados) são as melhor posicionadas para articular estas necessidades. 19 3.1 ATUAÇÃO DO PROFESSOR “Entre o ensinante e o aprendente abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender. O ensinante entrega algo, mas para poder apropriar-se daquilo o aprendente necessita inventá-lo de novo. É uma experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o ensinante. Ensinantes são pais, irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também os professores e os companheiros na escola” (Fernadez, 2001, p.29) Geralmente, o professor é a primeira pessoa a observar comportamentos não adaptados apresentados pelo aluno, e solicitar orientação para a equipe técnica e a direção da unidade, para que sejam providenciados encaminhamentos para profissionais especializados, quando necessário. Apesar desses comportamentos muito provavelmente já serem conhecidos no contexto familiar, na maioria das vezes os familiares, só administravam o problema dentro do cotidiano doméstico. Nessa perspectiva, o pedido de avaliação, visa reorganizar a vida escolar e doméstica da criança e do pré-adolescente. Vale dizer que fica vazio o pedido de avaliação apenas para justificar um processo que está comprometido com o aluno e com sua aprendizagem. “De fato, se pensarmos em termos bem objetivos, a avaliação nada mais é do que localizar necessidades e se comprometer com sua superação” (Vasconcelo, 2002, pg. 10) É importante que o professor, ao observar esse tipo de comportamento, registre, descrevendo objetivamente como ele se caracteriza, em que momentos ele é apresentado pelo aluno, com que freqüência é apresentado, quais as consequências para o aluno e para os demais alunos da classe, que estratégias de intervenção já foram tentadas, qual foi o resultado de tais intervenções. 20 Esses registros, feitos pelo professor, têm o objetivo de contribuir para a identificação das necessidades educacionais do aluno, de modo que a escola busque respostas adequadas para seu processo de aprendizagem (MEC/2002). 3.2 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO As estratégias de intervenção incluem os diferentes tipos de terapia psicológica e de tratamentos médicos, tanto para a criança, como para seus pais, bem como diferentes ações educacionais, implementadas na sala de aula, e nas demais instâncias da unidade escolar. Vamos abordar mais especificamente as ações da área pedagógica, por serem as de implicação direta para o trabalho do professor na sala de aula. Algumas dicas, extraídas da Cartilha de Condutas Típicas, contida no Projeto Escola Viva, editada pelo MEC(2002), podem ser úteis ao professor as quais se referem a adaptações organizativas que podem auxiliar em sala de aula. 1. É importante que o professor estabeleça claramente, com os alunos, os limites necessários para a convivência num coletivo complexo. 2. É fundamental que seja identificada a forma mais adequada de comunicação para cada aluno, de forma a permitir que ele trabalha com compreensão, com prazer e com maior autonomia possível 3. É importante que o ensino seja individualizado, quando necessário, norteado por um Plano de ensino que reconheça as necessidades educacionais do aluno e a elas responda pedagogicamente. 4. É importante que o aluno possa, sempre que possível, relacionar o que esta aprendendo na escola, com situações de sua própria vida. 21 5. É importante, também, que as atividades acadêmicas ocorram em um ambiente que por si só tenha significado e estabilidade para o aluno. 6. A previsibilidade de ações e de acontecimentos pode diminuir em muito a ansiedade do aluno que apresenta comportamentos não adaptativos. Assim, é importante que o professor estruture o uso do tempo, do espaço, dos materiais e a realização das atividades, de forma a diminuir ao máximo o caos que um ambiente complexo pode representar para esse aluno. As dicas acima podem gerar outras ações variadas, que também atuam como intervenções especificas que o professor pode fazer para ajudar a criança com hiperatividade a se ajustar melhor à sala de aula. Segundo Goldstein (2004): 1. Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente definidas) 2. Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor, na parte de fora do grupo. 3. Encorajar freqüentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças desanimam facilmente. 4. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam necessárias e valorizadas. 5. Começar com tarefas simples e gradualmente mudar para mais complexas. 6. Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de madeira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude. 7. Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno. 8. Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer oportunidades sociais. Grande parte das crianças com hiperatividade consegue melhores resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos. 22 9. Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor para o seu filho. 10. Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores resultados do que duas tarefas de meia hora. Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com freqüência elimina a necessidade de ficar enfrentando a inabilidade de sustentar a atenção, e isso vai ajudar a auto-percepção. 11. Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as plantas ou dar de comer ao mascote da classe. 12. Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes da hiperatividade. Por exemplo, se o aluno tem um tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula. 13. Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido ou bem planejado. 14. Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade. Avaliação freqüente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante. 15. Favorecer freqüente contato aluno/professor. Isto permite um “controle” extra sobre a criança com hiperatividade, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de reforço positivo e incentivo para um comportamento mais adequado. 16. Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e proporcionar avaliação freqüente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado. 17. Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez, com um mínimo de distrações. 18. Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar 23 de recompensa para atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo. 19. Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda como exercícios de alongamento ou isométricos. 20. Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual de treinamento. 21. Reparar-se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma intervenção adicional. 22. Preparar-se com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja. 23. Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com hiperatividade. No entanto, quando as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente irá precisar de tempo extra para completar sua tarefa. 24. Não seja um mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o programa da criança com hiperatividade até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração. 25. Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico. 26. Pôr um desenho em cima da carteira da criança para lembrar-lhe as regras básicas nas aulas: levantar a mão em vez de gritar ou manter-se sentado em vez de andar pela sala. 27. Dar mais algum tempo nos testes, para que a criança sinta que tem uma oportunidade para mostrar o que aprendeu. 24 28. Relembrar regras ou escrever instruções no quadro, enumerado o material necessário para determinada tarefa. 29. Utilizar o reforço das condutas positivas, elogiando os aspectos positivos e os progressos. 30. O professor pode ensinar técnicas que permitam à criança lembrar-se daquilo que tem de fazer: quando tiver dúvidas acerca de determinada tarefa, pode ver as instruções que estão escritas no quadro, levantar a mão e perguntar ao professor ou, simplesmente, perguntar calmamente a um colega 31. Ensinar a dividir uma tarefa em várias etapas e a fazer uma coisa de cada vez. Mas também é importante que os colegas não sintam que aquela criança tem direito a privilégios especiais, quando, ainda por cima, apresenta um pior comportamento. Se for necessário, o professor pode estender as modificações às outras crianças. Além das providências organizativas, o professor que recebe em sua classe um aluno que apresenta comportamento hiperativo pode ter, como necessário, fazer adaptações em três áreas: - Programas voltados para o comportamento de sala de aula - Programas voltados para o ensino de habilidades de convivência social. - Programas voltados para a educação acadêmica. O MEC (2002) sugere ao professor alguns cuidados básicos a serem adotados, no processo de buscar formas eficientes de gerenciar seu ensino em salas de aula. 1. Discutir sempre com a equipe técnica a busca de estratégias que sejam efetivas e realistas para o caso em questão. 2. Pedir ajuda a profissionais da equipe técnica sempre que necessitar de apoio ou se sentir inseguro. 25 3. Cooperar com os pais, usando na sala de aula os mesmos procedimentos recomendados pelos terapeutas e usados em casa (quando a família é participante do processo de intervenção). 3.3 HIPERATIVIDADE NA ADOLESCÊNCIA Alguns estudos, que acompanharam até à adolescência e à idade adulta o desenvolvimento de crianças diagnosticadas com hiperatividade, concluíram que, na maior parte dos casos, os sintomas persistem, pelo menos, até ao início da adolescência. Apesar da hiperatividade ser considerada uma perturbação típica da infância, sendo, geralmente, identificada nos primeiros anos de escola, estima-se que cerca de 70% das crianças afetadas continuam a sofrer com os mesmos comportamentos na adolescência. Assim, continuam a sofrer de atividade motora excessiva, de maus resultados escolares e de rejeição por parte dos colegas e manifestam um comportamento problemático em casa e na escola. O adolescente pode apresentar os problema multiplicado, pois vem caminhando com os transtornos comportamentais e as dificuldades para o aprendizado, especialmente para a leitura, desde o período escolar. Esta dificuldade gera um certo grau de desinteresse e mesmo desprezo para a leitura e para as outras atividades escolares, que culmina com o comprometimento importante do desempenho e do rendimento escolar. Muitos abandonam a escola e se dedicam ao trabalho, que, na maior parte das vezes, é pouco qualificado. Há vezes em que não conseguem nem mesmo participar nos negócios da família, os quais já estão estruturados; assim, acabam sendo colocados em posições secundárias, o que gera conflitos internos e a sensação de insatisfação e infelicidade para o jovem, pois conscientiza, de maneira concreta, a sua incapacidade global. Este conflito interno gera a depressão, que se caracteriza por uma sensação de desesperança e certa tendência a desistir dos objetivos futuros pertinentes. Essa visão 26 negativa de si mesmo leva à baixa auto-estima, auto estima negativa e a uma visão de futuro desfavorável. Em condições habituais, os adolescentes apresentam oscilações comportamentais e variações do humor que se agravam com os reveses escolares e os insucessos sociais. (Topczewski, 1999) Quando aos indivíduos com sintomas que persistem até à idade adulta, têm, geralmente, empregos de mais baixo estatuto, desistindo com maior freqüência de um emprego ou sendo mais freqüentemente despedidos. São, até à idade adulta, irrequietos e impulsivos e podem manifestar sérios problemas de personalidade. A um nível social mais alargado, estes indivíduos necessitam de uma atenção especial, com custos que se repartem pelas estruturas de saúde, da justiça, da educação e da solidariedade social. Além disso, esta perturbação, quando associada a outros comportamentos problemáticos, pode contribuir, numa idade mais avançada, para manifestações de violência e criminalidade, dada a impulsividade que lhes é característica. 27 CONCLUSÃO: ALUNO HIPERATIVO OU INABILIDADE ACADÊMICA? Os seres humanos são bastante diferentes uns dos outros e muito complexos. Assim, uma criança ou um pré-adolescente apresenta diferentes comportamentos Conforme o ambiente e a situação em que se encontra. Muitas vezes, o aluno “excessivamente agitado” não se apresenta assim em todos os ambientes. É bastante comum que surjam queixas realizadas por professores de uma escola e que não apresentam respaldo de todos os educadores da entidade. Há alunos que são agitados e incovenientes para uns professores e apresentam-se de forma bastante distinta em outras aulas. Resta-nos avaliar se o fator que faz com que a falta de atenção e o comportamento inadequado do aluno não provém do próprio comportamento do professor. Há professores que por terem dificuldades de lidar com a disciplina ou por cansaço e desesperança na profissão, acabam elegendo alguns para bodes expiatórios. Assim, a responsabilidade por todos os problemas que possam ocorrer durante as aulas, são sempre dos mesmos alunos. Cria-se assim um grupo de alunos que são considerados como “terrivelmente agressivos”, em geral liderados por um líder que é visto como “muito maléfico” (segundo as expressões usadas por professores). Convém analisarmos que os professores, muitas vezes, não se encontram bem preparados para lidar com a indisciplina e com os conflitos que possam surgir de disputa de poder com os alunos. Ressaltamos não ser um bom caminho entrar em choque direto com os alunos e tentar impor-se, apenas, de forma ditatorial. Nunca é demais lembrar: autoridade e autoritarismo são conceitos muito distintos. Além disso, há muitos professores que fazem questão de passar uma imagem Muito negativa, de alguns alunos ou mesmo de uma sala inteira, aos seus colegas de profissão. Todos nós sabemos a influência que um pré-conceito pode gerar em novas situações. Desta maneira, os novos professores já vão àquela sala esperando lidar 28 com uns “delinquentes mirins”, não dando chance para que as novas relações entre educadores e alunos possam ser estabelecidas de maneira distinta. De quem é a responsabilidade então? Infelizmente, dos adultos, professores que não conseguem lidar com as dificuldades docentes e que passam a influenciar os colegas de profissão em sua “cruzada pelo bom comportamento”, contra as crianças. Não estamos falando que os alunos em questão sejam fáceis ou anjinhos e os professores os únicos culpados. Muitas vezes, a proposta educacional, ou seja, o plano pedagógico da escola não dá margem ao diálogo. Os alunos nunca têm voz ativa e pouco participam de decisões. Assim, os alunos mais “sensíveis” (de acordo com uma visão que tenta ser politicamente correta de alguns educadores, mas que reforça o preconceito) reagem negativamente, causando boicotes e tornando-se inadequados. Os educadores, por sua vez, não podem usar criatividade e tentar incluir, da melhor maneira possível, os alunos tidos como “problemáticos” em suas aulas. Evidentemente, os alunos devem aprender desde a mais tenra infância a abrir mão, em alguns momentos, da realização direta de seus desejos, para que possam estar em grupo e viver numa comunidade (no caso as salas de aula). Todavia, um dos papéis de educador não é exatamente o de possibilitar esse crescimento e amadurecimento para as relações pessoais por parte dos alunos? O que ocorre que impede essa realização. Alguns dirão que a educação e os ensinamentos de limites são papéis das famílias. Têm razão os que assim pensam. Acontece que as famílias têm tido pouco tempo e não conseguem exercer o seu papel de educação das crianças. Além disso, a televisão ainda exerce uma influência negativa no que tange à aquisição de limites pelas crianças. Então, o “problema” estoura na escola, dentro e fora das salas de aulas. Indisciplina, agressividade, inquietação e mau-humor são sintomas que podem indicar problemas psicológicos de crianças e adolescentes, como no caso da 29 hiperatividade e de outros transtornos psíquicos apresentados por alguns alunos. Entretanto, antes de mandarmos “todos os alunos de um determinado grupinho” aos divãs de psicólogos, devemos analisar se os problemas não estão mais relacionados aos adultos, à equipe de educadores das escolas, enfim, ao plano pedagógico e às relações estabelecidas pelos adultos e os seus alunos. 30 BIBLIOGRAFIA FERNÁNDEZ, Alícia. O saber em Jogo. A psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001. GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: Compreensão, Avaliação e Atuação – Uma Visão Geral sobre o TDAH. Artigo: site www.hiperatividade.com.br: 2004. Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola – alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, C327 2002, Série 2 Revista On-line Teste Saúde, nº 21, do site www.viamedico.com.br: 2004. SILVA, Ana Beatriz B., Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. Rio de Janeiro: Napades, 2003. Site www.psicopedagogia.com.br TOPCZEWSKI, Abram, Hiperatividade: como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. TAVARES, J. Resiliência e Educação. São Paulo: Cortez, 2001. VASCONCELO, C. Avaliação da Aprendizagem – Construindo uma Práxis. In: Temas em Educação I Livro das Jornadas. Futuro Eventos: 2002. 31 ANEXO Relato sobre o aluno C.A.B. aluno da E.M. L.M. do PEJ II Histórico C.A.B. nasceu em 15/04/1987 , é um adolescente destro de 17 anos de idade que apresenta uma longa história de dificuldades comportamentais e cognitivas. Acompanhado por neurologista por indicação do Dr. Jairo Werner Jr.(psiquiatra indicado pelo Instituto Helena Antipoff) . A mãe relata que ele teve um ótimo rendimento escolar até a quarta série. Na 5ª série, o comportamento piorou, passou a ser expulso da sala e repetiu a série. No ano de 2000 a escola reclamou que ele batia nos colegas. No fim desse mesmo ano, com a intervenção de uma professora itinerante do Instituto Helena Antipoff, o rendimento escolar melhorou. Em 2001, começou a cursar a 6ª série numa escola, mas os pais decidiram trocar de escola em 04/2001 ( para escola particular R.F.) , e ele voltou a cursar a 5ª série. Porém a sua agressividade piorou; não aceitava ser frustrado. Ele batia em qualquer pessoa. Em algumas ocasiões, C.A.B. disse se sentir muito mal por ser “diferente” dos outros. A sua mãe disse que durante o ano de 2002 ele ficava muito mal humorado. Queria sair de casa a qualquer custo; saía sem rumo e sempre queria ir mais longe. Certo dia que a mãe se recusou sair com ele, quebrou o armário do quarto. Nessa ocasião, comia pouco e seu sono ficou irregular. Um dia bateu no rosto da avó porque queria sair e ela não deixou. Dizia estar com ódio. Afirmava que gostaria de ter a sua calvície temporal resolvida. H. da gestação, parto e nascimento: A mãe fez uso de Ginecoside (hormônios) por via oral no início da gravidez. Parto cesáreo, idade gestacional a termo, pesava 3250 g . Alta hospitalar em 4 dias. H. familiar: filho único, pais sadios, não consangüíneos. Um tio paterno teve epilepsia. H. pós- parto: Hidrocefalia diagnosticada in útero; aos 5 meses de idade, o Dr. Paulo Niemeyer Filho decidiu que não era necessário tratá-lo com válvula de derivação ventrículo-peritoneal. Ele foi avaliado no Instituto Fernandes Figueira, onde ele recebeu o diagnóstico de romboencefalossinapse através de exames de neuroimagem. Desenvolvimento: Primeiros passos com 2,5 anos, mas só deambulou solto aos 3,5 anos. “Papá, mamã” com um ano. Frases de três palavras com menos de 2 anos. Linguagem: fluente. Psicossocial: sorriu aos meses. Brinca com outras crianças desde 2 anos e meio. Sono: dorme no quarto sozinho, de 21:30 às 8:00 h; ronca às vezes. Ele era canhoto, mas aos 8-9 anos de idade, a equipe da ABBR decidiu que ele deveria usar mais a mão direita. Escola: E.M.L.M.- Programa de Educação Juvenil II – U. P. 3 ( equivalente ao último período do Ensino Fundamental) 32 Vacinação: em dia H. social: o pai é advogado e contador, a mãe é formada em direito, mas se dedica apenas ao lar. Contexto familiar: a família mora em um prédio onde outros três apartamentos são por familiares próximos. Revisão dos sistemas: sofre muito com o frio ( diz que a temperatura oscila mito nas duas direções). A salivação aumentou bastante a partir de 2000. Não há tiques vocais. Exame físico: Peso = 37,1 Kg (percentil <2) ; estatura = 1,58 m (percentil 10) Perímetro cefálico = 53,5 cm (percentil > 2; normal ) Freqüência cardíaca = 72 bpm, freqüência .resp. = 25 ipm ; PA = 105/65 mm Hg. Cabeça – palpação normal. Calvície bitemporal. ACV – RCR, sem sopros. AR – MV audível universalmente, sem RA. Abdome – flácido, sem visceromegalias. Genitália compatível com sexo e idade. Pelos axilares esparsos. Múltiplos nervos no dorso. Face triangular; baixa implantação das orelhas. Exame neurológico: Estado mental- alerta, conversa apropriadamente. Vocabulário rico e fluente. Humor: ele é afetuoso, porém tem momentos de exacerbação. Quer sempre fazer as coisas ao seu modo. Nervos cranianos – campos visuais aparentemente normais. Movimentos extra – oculares íntegros. Pupilas 3 mm em diâmetro, isocóricas e fotorreagentes. Acuidade visual: OD 20/30 -1; OE 20/30 – 1. Não havia nistagmo. Ptose palpebral esquerda. Fundoscopia – não havia papiledema, pulso venoso indistinguível. Face simétrica. Movimentos da língua normais. Exame motor: Tônus axial e dos membros normal. Ausência de clono do tornozelo. Força muscular adequada. Reflexos tendíneos profundos. Massa muscular diminuída. Reflexo cutâneo plantar em flexão. Em alguns momentos apresenta movimentos de rotação quase completa da cabeça, a semelhança de um tique complexo. Exame de sensibilidade – normal. Coordenação: prova dedo - nariz normal, não há disdiadococinésia. Marcha: deambulou normalmente. Avaliação do Dr. Márcio M. Vasconcelos ( exame realizado em 06/2002) “A nossa conduta inicial incluiu a realização de uma série de exames, como as provas de função hepática e eletrólitos, que foram normais. Um eletroencefalograma mostrou pontas focais à esquerda. A ressonância magnética do encéfalo confirmou o diagnóstico de rombencefalossinapse. 1- Rombencefalossinapse – malformação congênita do encéfalo que modifica toda a estrutura do cerebelo e repercute também no cérebro. Decerto, esta malformação contribuiu para o atraso do desenvolvimento e os demais problemas neuropsiquiátricos de C.A.B. . 2- Transtorno do comportamento. Não acreditamos que o diagnóstico de síndrome de Tourette seja mais adequado para explicar o distúrbio do comportamento de C.A.B. , pois ele não apresenta tiques vocais nem 33 coprolalia. O comportamento de C.A.B. caracteriza-se por agressividade momentânea, baixa tolerância à frustração, autocontrole e auto-regulação deficientes, dependência dos pais e gestos eventualmente impróprios. Tenho convicção que C.A.B. procura dominar seu comportamento, mas seu baixo autocontrole e auto-regulação o prejudicam. 3- Recentemente, C.A.B. está apresentando sintomas de transtorno depressivo. Acredito que ele tem consciência de suas deficiências físicas e mentais e angustia-se com isto. 4- Excesso de salivação. 5- A linguagem fluente e rica de C.A.B. causa a impressão de inteligência superior. Na verdade, ele apresenta limitações cognitivas (imaturidade, pensamento concreto) associadas. Recomendações: 1- Iniciamos nesta data (03/07/2002) uma nova terapia farmacológica: o antidepressivo Aropax na dose de meio comprimido por via oral toda manhã. Explicamos aos pais que são necessárias três semanas ou mas para que a medicação comece a surtir efeito e que esta medicação não deve ser suspensa abruptamente. Ademais, deve-se consultar um neurologista ou psiquiatra antes de acrescentar qualquer medicação que possa interagir com inibidores seletivos de recaptação de serotonina (p. ex., psicotrópicos em geral) 2- Gostaria de enfatizar que os problemas comportamentais e cognitivos de C.A.B. provavelmente têm origem neurológica. A estrutura do sistema nervoso central dele foi bastante alterada pela malformação congênita que ele infelizmente desenvolveu. Não se devem atribuir as dificuldades do C.A.B. a teimosia, malcriação ou falta de disciplina. (obs.: grifos do médico) 3- Apoio social e familiar aos pais, para que lidem melhor com as dificuldades inerentes que C.A.B. tem criado. 4- Estamos discutindo com os pais o uso da medicação anticolinérgica para diminuir sua salivação. 5- Os pais ficaram de procurar um cirurgião plástico para avaliar a conveniência de um procedimento de implante capilar para atenuar sua calvície temporal.” Obs.: As informações acima foram pautadas, no relatório fornecido pelo médico e informações da mãe. Situação atual C.A.B. está relacionado como portador de Condutas Típicas . Nos nossos dias está sendo atendido pelo Programa de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro - II Unidade de Progressão 3 (PEJ II – UP 3), em horário noturno (término do Ensino Fundamental previsto para dezembro de 2004), Na E.M.L.M. e pelo Instituto Helena Antipoff, da mesma Secretaria, que faz o seu acompanhamento, por uma professora itineirante, durante o todo o período de aulas e, oferece atendimento em Sala de Recursos duas vezes por semana, com exclusividade de horário . Na entrevista com a mãe, ela declarou que houve um período muito ruim na sua vida escolar, ele vivia mal-humorado, era agredido e agredia os colegas. Os professores não o suportavam na sala de aula. Em 2000 foi atendido por uma professora itinerante, melhorando o seu comportamento, mas por questões de 34 relacionamento com os outros profissionais da Escola, o transferiu para uma escola particular em 2001. No ano de2003 retornou à Escola Municipal, no PEJ, onde permanece. Continua acompanhado por uma professora itinerante durante todo o tempo que permanece na escola, (essa é a pré condição para que ele freqüente as aulas) e também freqüenta a Sala de Recursos do Ensino Especial duas vezes por semana, no horário da tarde. A sua mãe o acompanha e aguarda, tanto nas aulas noturnas quanto nos atendimentos da Sala de Recursos realizadas em escolas diferentes. O trabalho do professor itinerante é prestar assessoria às escolas, que possuem esses alunos integrados, promovendo o processo de inclusão escolar. Isso ocorre através do acompanhamento do aluno em sala de aula e da orientação à seus professores, equipe técnico pedagógica, pais e fazer contato com os profissionais da área médica que atendem o aluno, para troca de informações que venham auxiliar os profissionais de Educação no planejamento e nas adaptações para o aluno. Comportamento do aluno: adolescente com 17 anos, usa óculos, demostra hiperatividade, impulsividade e bastante agitação. Faz uso de óculos, (que quebrava com uma certa constância) tem alguma dificuldade para enxergar ou para focalizar, mas segundo a mãe, está em dia com os exames oftalmológicos. Seu poder de concentração fica prejudicado porque qualquer estímulo tira a sua atenção. Apresenta dificuldade e agitação motoras que o faz esbarrar nas carteiras dos colegas. É muito curioso, quer mexer sempre no material do professor e dos colegas, devido ao comprometimento motor, não tem noção da força e por isso é capaz de “machucar” as pessoas e/ou danificar o material delas. C.A.B. tem alguns problemas quanto às relações interpessoais. As regras e limites não são considerados e/ou são esquecidos com freqüência, mas deseja ser querido e ser amigo dos professores e colegas. Sua inteligência está preservada apesar de ter pouco tempo de concentração para alguns assuntos. A memória é privilegiada para as coisas que o interessam ( ex.: telefone da professora itinerante, uma promessa feita). Altamente crítico e sagaz, capaz de perceber aquilo que incomoda as pessoas e usá-las com maestria. Desenvolvimento do trabalho com C. B em sala de aula O aluno freqüenta as aulas em horário reduzido, de uma hora e trinta minutos, diariamente, sendo permanentemente acompanhado pela professora itinerante. No dia a dia da sala de aula, C.A.B. é capaz de realizar a maior parte das atividades propostas. Devido à dificuldades motoras, recebe alguma ajuda da professora itinerante para copiar as atividades, sendo as mesmas, concomitantemente avaliadas quanto ao significado. Apesar da pouca vivência socia,l raciocina com lógica, demonstrando isso nas atividades com dinheiro, mas consegue pensar melhor, quando é negociado com paciência para fazê-lo. A aula expositiva não atrai a sua atenção se ultrapassa a cinco minutos, e o mesmo acontece com os vídeos. C.A.B. pensa melhor quando é solicitado com exclusividade e precisa constantemente do reforço positivo. È bom leitor na qualidade, mas lê pouco para a necessidade, usa o computador e consulta a internet. 35 Durante o ano de 2004, após análise da situação, algumas mudanças foram feitas: a professora itinerante passou a trabalhar mais com diálogo do que com a cópia (passou a ajudá-lo a copiar e, enquanto isso, ele colaborava com a leitura do texto). Passou a conferir o significado de tudo que era trabalhado, por isso passou a ficar mais calmo e a entender melhor as aulas. A professora itinerante passou a reunir as pessoas (colegas), sempre com a presença da direção da escola para, através de diálogos e explicações, esclarecer sobre os problemas neurológicos de C.A.B. e solicitar que essas pessoas colaborassem. Dessa forma ficou bastante reduzida a incompreensão em relação a ele. As relações interpessoais com os professores são boas, e com a maioria da turma também, por se tratar de adultos e já existir trabalho anterior neste sentido que muito contribuiu. Conclusão:. Hoje C.A.B. já fica em horário integral na sala de aula, está bem mais calmo, tem aproveitamento melhor, já faz suas atividades no computador e tem até expectativas de trabalho futuro. Sua mãe já está mais confiante e vai matricular-se com ele, para acompanhá-lo no Ensino Médio, no ano que vem. Ela demonstrou desejo de fazer o curso de Pedagogia para montar uma escola onde C.A.B. sinalizou que quer trabalhar. Para uma educação inclusiva, o tratamento faz a diferença, é fundamental que o educador acredite no potencial do ser humano e no seu próprio potencial, para realizar a mudança. Como diz Reuven Feuerstein, psicólogo israelense: “ Todo ser humano é capaz de aprender, os cromossomos não têm a última palavra”. 36 ÍNDICE INTRODUÇÃO 5 CAPÍTULO 1 7 HIPERATIVIDADE 7 1.1 – Definição 7 1.2 – Comportamentos característicos 8 1.3 – Problemas que podem estar associados a Hiperatividade 9 1.4 – Problemas que podem levar à suspeição errada de Hiperatividade 10 CAPÍTULO 2 11 A FAMÍLIA 11 2.1 – Repercussão da hiperatividade no Relacionamento Familiar 12 2.2 – Atuação dos Pais 13 2.3 – Diagnóstico 14 2.4 – Tratamento 15 2.4.1 – Abordagem Psicossocial 15 2.4.2 – Abordagem Medicamentosa 16 CAPÍTULO 3 18 A ESCOLA 18 3.1 – Atuação do Professor 19 3.2 – Estratégias de Intervensão 20 3.3 – Hiperatividade na Adolescência 25 CONCLUSÃO 27 ALUNO HIPERATIVO OU INABILIDADE ACADÊMICA ? 27 BIBLIOGRAFIA 30 ANEXO 31 ÍNDICE 36 37 .