AGORA SÓ FALTAM OS DEPUTADOS E SENADORES? Com 1.095 VOTOS a sociedade civil organizada e os trabalhadores disseram sim à PEC 308/2004, fazendo-a campeã entre as 400 diretrizes. A votação realizada no dia 30 de agosto que propõe um outro modelo de sistema prisional, a diretriz: 6.6 A - Manter no Sistema Prisional um quadro de servidores penitenciários efetivos, sendo específica a eles a sua gestão, observando a proporcionalidade de servidores penitenciários em policiais penais. Para isso: aprovar e implementar a Proposta de Emenda Constitucional 308/2004; garantir atendimentos médico, psicológico e social ao servidor; implementar escolas de capacitação. Foram cinco dias de muita luta. Desde 27 de agosto, que militantes da FEBRASPEN (Federação Brasileira dos Servidores Penitenciários), vestiram a camisa da POLÍCIA PENAL, se juntaram aos outros Agentes e Servidores da área, com a missão de conquistar o apoio da sociedade civil organizada e demais trabalhador da segurança pública (policias civis e militares, bombeiros, guardas municipais etc). O tempo em Brasília, apesar da promessa de muito frio e chuva, foi propício a estratégia da Federação. Logo ao chegar, no primeiro dia, vimos a dificuldade estrutural que enfrentaríamos, para nos alojarmos. A maioria dos nossos representantes sindicais chegaram lá pelas 11h00min, indo almoçar a partir das 15h00min, depois de enfrentarmos uma grande e confusa fila, seja para garantir a hospedagem como para o indispensável cadastramento. Mas, vencida esta etapa, tivemos a oportunidade de ouvir o discurso do Presidente Lula: “Nós, do presidente da República à pessoa mais humilde, precisamos assumir que é um problema de todos nós, dos 190 milhões de brasileiros.” Além disso, Lula enfatizou ainda a importância da qualificação do profissional da área, que deve ser treinado em ações de inteligência e preparado para usar a força apenas quando necessário. “Precisamos dar condições para que o policial não seja nosso inimigo”, disse o presidente. “Se ele estiver bem formado, numa boa casinha, com salário adequado, ele será o guardião que queremos para manter a ordem”. Contudo, a partir do segundo dia, após fazermos o reconhecimento do local e identificado os nossos demais companheiros recém chegados de outros estados, foi que definimos como se daria a nossa organização. Hasteamos uma grande faixa na entrada do Centro de Convenção Ulisses Guimarães “A BAHIA RECONHECE, O BRASIL APROVA A POLÍCIA PENAL, AGORA SÓ FALTA VOCÊ”. Ato que chamou muita atenção, pois, obrigatoriamente todos que chegavam para o evento davam de “frente/cara”, com a nossa campanha pela aprovação da PEC, aos poucos outras faixas se somaram a esta. Inegavelmente a participação física, emotiva e espiritual de todos os sindicatos, com seus respectivos representantes foi que deu “corpo e alma, cor e compasso” e fez com que a nossa fé, o nosso desejo vencesse certas barreiras, como o preconceito e a discriminação, tornando a nossa unidade em uma verdadeira vitória. Estiveram presentes 23 sindicatos de 23 Estados (um total de 48 agentes e servidores penitenciários), talvez o evento que mais reuniu sindicatos de nossa categoria. Parabéns, à Federação e aos Sindicatos (a todos os agentes e servidores que lá estavam, suando camisas, correndo de um canto para outro, varando a madrugada para juntos construírmos o caminho da votação à PEC 308/2004 e consolidar a nossa presença na 1º CONSEG). É importante então, registrar que não podemos nos esquecer que, até chegarmos aqui, muitos agentes morreram nessa caminhada, outros tiveram a saúde comprometida; muito menos a história de cada um que corajosamente deram o ponta pé inicial a todo este processo, porém, não puderam prosseguir, a eles também cabe dedicarmos esta vitória. Entre panfletos, o boca-a-boca, cartazes, reuniões (diariamente) de avaliação, fomos compreendendo e conquistando a confiança de outras categorias, mais fortes e mais estruturadas. Contudo, foi com a sociedade civil que conseguimos, “olho no olho”, entre apertos de mãos e discussões calorosas e, algumas ceifadas de conceitos, preconceitos e discriminação, que conseguimos “quebrar” as barreiras entre os penitenciários e a sociedade civil. Tudo isso se refletiu nas salas onde o Eixo temático era “Diretrizes para o Sistema Penitenciário”, o eixo 6. Sim, enfrentamos resistências varias, mas, as superamos, não nos colocando como vítimas, mas, sobretudo, como cidadãos – trabalhadores cônscios da responsabilidade e do compromisso pela luta por um outro SISTEMA PRISIONAL. Nessa caminhada deixamos explícitos que não éramos movidos pelo desejo de ser polícias por inveja ou pelo simples fato de queremos portar armas. A partir desse diálogo, a sociedade civil organizada que lá estava, compreendeu que também era de sua responsabilidade lutar por um outro modelo de sistema prisional. Conquistamos a confiança de diversas organizações históricas, sejam do Movimento Negro, do LGBT, Gênero, Feministas, Estudantes, Deficientes, Sindicais, Religiosos Afros, Evangélicos e Cristãos etc. entre outros, por meio da franqueza e da cumplicidade. Nesse desafiante diálogo compreendemos que a PEC 308/2004, ao interagirmos com outros atores e sujeitos históricos da nossa sociedade e trabalhadores, já não nos pertence, mas a todos os cidadãos que lutam por uma segurança pública cidadã. Todavia, nos resta o compromisso de levar, junto, adiante o sonho de aprovarmos no Congresso Nacional, um projeto pautado nos princípios e diretrizes definido pela CONSEG. Princípios estes que se ajustam aos valores humanitários e de respeito aos Direitos Humanos. Logo, a caminhada que temos pela frente em direção ao Congresso Nacional, não apenas, requer a união e a unidade dos servidores penitenciários brasileiros, mas, sobretudo, continuar conquistando a confiança e o respeito dos demais trabalhadores, principalmente, da sociedade civil organizada. É importante que possamos compreender esta nossa e nova caminhada, a partir do momento que nós estamos nos aproximando da sociedade civil, possibilitados pelas Conferências Municipais, Estaduais, as Livres, as Virtuais que cominou com a Nacional. Não podemos retroagir nesse novo cenário e território que estamos dialogando, pois, a sociedade civil organizada, de alguma forma influenciará muito na aprovação da nossa PEC por meio das articulações com os deputados e senadores. Nós já não estamos sós. Muito disseram de nós: que éramos muito organizados, ou seja, fortes, unidos e determinados. Agimos e reagimos, se não com desenvoltura, com experiência e competência. A Federação ,de vez, cunhou e consagrou seu nome na CONSEG, principalmente, ao assinar a Carta, lida nesse evento, com diversas entidades. Todavia, é indispensável registrar que há setores que não compartilham e nunca aceitarão o nosso progresso. Alguns desses deram as caras nessa grande caminhada das Conferências Brasil a fora, principalmente, ao desembarcarmos no Centro de Convenções Ulisses Guimarães. Mobilizaram-se para nos desmobilizar e deslegitimar, “corromper” o processo de discussão dos Eixos temáticos ( se apoiando das falsas teses contra a PEC), assim agiram setores ditos progressistas e tradicionais (estão dando as mãos contra nós), que falam em nome de DEUS, dos DIREITOS HUMANOS, da SEGURANÇA, outros, do GOVERNO. Logo, não confundamos paixão com racionalidade, a batalha com a guerra. Vencemos mais uma batalha, mas para vencermos, creio que, temos que nos despojamos das vaidades; da ignorância política; do divisionismo partidário; defendamos a PEC com corporativismo pragmático e racionalidade, mas nunca com a cegueira coorporativa; nunca como o oportunista individualista, sobretudo, com OPORTUNIDADE COLETIVA. Não percamos tempo reprimindo “inimigos”, mas conquistando amigos e aliados. O SINSPEB conclama a todos os servidores e agentes penitenciários dos estados e federais, para de forma organizada marchemos unidos. NOSSA UNIÃO É A NOSSA FORÇA – NOSSA UNIDADE NOSSA CAMINHADA. Lembre-se a PEC 308/2004 não é a luta pelo calibre da arma, mas, ela reclama um outro modelo de segurança prisional humanitário e pautado nos direitos humanos, seja para os trabalhadores, seja para os condenados da justiça respeitando as etnias, da classe social ou sua opção sexual e religiosa. Um modelo voltado para a formação e valorização profissional; um projeto de segurança prisional de estado e, não de governantes autoritários; com autonomia econômica e financeira; que seja nacional e regulamentada pela Constituição Federal; um modelo que prenda conforme a condenação e, não conforme valores sociais, culturais, raciais e religiosos dos condenados; pois, não há em nós o desejo de aprovar apenas um projeto ceifado de preconceito racial, machista, religioso etc., mas, certamente, para garantir com competência, eficiência e efetividade o combate ao crime organizado que, infelizmente, já opera de dentro dos presídios e penitenciárias, ao tempo que garante à ressocialização aos ressocializaveis. VEM PARA ESTA LUTA VOCÊ TAMBÉM, VEM! Respeitosamente, Roquildes Ramos Silveira Coordenador Geral do SISNPEB