UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MÔNICA LYRA MOREIRA DA SILVA PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DE UM RESTAURANTE DA GRANDE FLORIANÓPOLIS EM RELAÇÃO À ROTATIVIDADE Palhoça 2009 1 MÔNICA LYRA MOREIRA DA SILVA PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DE UM RESTAURANTE DA GRANDE FLORIANÓPOLIS EM RELAÇÃO À ROTATIVIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo. Área de Concentração: Psicologia e Trabalho. Linha de Pesquisa: Avaliação, medida e intervenção em processos psicológicos nas organizações. Orientadora: Profa. Msc. Michelle Regina da Natividade. Palhoça 2009 2 MÔNICA LYRA MOREIRA DA SILVA PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DE UM RESTAURANTE DA GRANDE FLORIANÓPOLIS EM RELAÇÃO À ROTATIVIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo. Área de Concentração: Psicologia e Trabalho. Linha de Pesquisa: Avaliação, medida e intervenção em processos psicológicos nas organizações. Palhoça, 18 de novembro de 2009. _______________________________________________ Orientadora e prof.ª Michelle Regina da Natividade, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina _______________________________________________ Prof.ª Carolina Bunn Bartilotti, Dra. Universidade do Sul de Santa Catarina _______________________________________________ Prof.º Iúri Novaes Luna, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à minha família por todo amor, carinho e apoio em todos os momentos da minha vida. À minha base, aqueles que contribuíram para eu ser o que eu sou hoje. Amo vocês! À minha mãe Maria da Graça e ao meu padrasto Yoldory, por compreenderem minhas ausências nos finais de semana que estive em função do TCC. À minha tia Ezi, pelo carinho e paciência em me aturar, e por ter investido financeiramente em meus estudos, sem pedir nada em troca, somente o meu sucesso profissional. À minha irmã Sheila, por me ajudar, com seu jeito carinhoso de ser, em todas as dúvidas e dificuldades que encontrei nesses 5 anos de faculdade, e principalmente nesse último ano. Por emprestar o computador, por fazer lanchinhos nas madrugadas, por ser a irmã que é, e, sobretudo, por ter dado força para que eu não desistisse nos momentos difíceis. Te amo Sister! À minha querida orientadora Michelle, que acreditou no meu potencial, sempre considerando todas as besteiras que eu achava que estava escrevendo. Por todas as sugestões, as pressões necessárias, os ensinamentos e o carinho dedicado à cada uma de suas orientandas. Aos membros da banca, professora Carolina Bunn Bartilotti e professor Iúri Novaes Luna, pelas contribuições e sugestões dadas na qualificação, e por aceitarem mais uma vez fazer parte deste processo. À empresa que abriu as portas para que esta pesquisa se concretizasse, disponibilizando todos os dados que foram solicitados. Aos gerentes de cada unidade que autorizaram a liberação dos trabalhadores, durante o expediente, para a participação na pesquisa. E igualmente agradeço aos 51 trabalhadores que contribuíram gentilmente com suas informações para a realização dessa pesquisa. Muito obrigada a cada um de vocês! Às minhas fiéis escudeiras amigas Natália, Vanessa, Flávia, Micheli e Elizandra, por estarem tão presentes nesses últimos momentos da faculdade e por serem essenciais nessa conclusão. Apesar das nossas crises de ansiedade, irritação, das brincadeiras sem graça, da falta de paciência em alguns momentos, o 4 nosso bom-humor sempre prevaleceu, deixando a nossa vida acadêmica mais divertida. Amo vocês amigas, daqui até a eternidade! Às minhas queridas amigas e companheiras desde o início dessa caminhada Rosana, Carol e Camila. Fomos separadas pelos Núcleos do Trabalho e da Saúde, mas mesmo assim, continuamos sempre com a amizade e a parceria de sempre. Com certeza, muito do que sou hoje, vocês são responsáveis. Como eu sempre falo: vocês são o que a psicologia me trouxe de melhor! Amo muito tudo isso! À Tainah, Ale e Fabi, amigas que conheci na metade do curso e que nem considero como amigas da faculdade, tamanha é a afinidade que temos. Agradeço a compreensão de vocês por minha ausência nas festas, e por respeitarem meus pedidos de não me convidarem para sair. Por todas as caronas, risadas, besteiras, cantorias, conselhos e tudo mais. Prometo ser tão compreensiva quanto vocês foram comigo, ano que vem, quando for a vez de vocês no TCC. Amo pra sempre! Às meninas de gestão de pessoas, Renata, Denise, Cidiane, Jucimara e Karolyne, por compartilharem de tantos momentos alegres nos nossos estágios, todos os lanchinhos e as gargalhadas. Foi tudo de bom conhecer vocês, meninas! À todos os meus amigos que por conta desse final de curso há tempos não me encontram, mas que de uma forma ou de outra, entendem o meu sumiço e estão esperando o meu retorno. Me aguardem que em breve estarei de volta aos pagodes! À todos vocês, por todas as contribuições para o meu crescimento pessoal e profissional, o meu muito obrigada!! 5 “Determinação coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos superá-las. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.” (Dalai Lama) 6 RESUMO A rotatividade é caracterizada pelas entradas e saídas de trabalhadores em uma organização, pelos mais variados motivos. Esses motivos podem variar de pessoa para pessoa, de cargo para cargo e de organização para organização. Sendo assim, esta pesquisa propôs-se a compreender a percepção dos trabalhadores de um restaurante da Grande Florianópolis em relação à rotatividade, e para isso fez-se necessário identificar quais motivos estão relacionados à entrada de trabalhadores na organização; identificar quais motivos estão relacionados à permanência de trabalhadores na organização e identificar quais motivos estão relacionados à saída de trabalhadores na organização. Para que o objetivo fosse alcançado, aplicou-se um questionário com 14 questões, sendo elas 7 fechadas e 7 abertas. Participou desta pesquisa uma amostra de 51 trabalhadores de um restaurante da Grande Florianópolis. A pesquisa se caracterizou como descritiva e o delineamento utilizado foi o levantamento. De acordo com os dados coletados, foi possível identificar que a maior parte dos trabalhadores tem idade entre 18 e 29 anos; quanto ao sexo, 27 são homens e 24 são mulheres; quanto à existência de dependentes financeiros, verificou-se que 26 possuem dependentes financeiros; e quanto à escolaridade, a maioria tem ensino médio completo. Quanto ao tempo de trabalho na empresa, foi possível verificar que 19 trabalhadores trabalham de 1 à 3 anos na empresa e com relação à quantidade de empregos anteriores, 22 trabalhadores tiveram de 1 à 3 empregos. Os principais motivos relacionados à entrada dos trabalhadores na empresa foram: gostar da atividade que exerce, desemprego e benefícios oferecidos. Em relação aos motivos da permanência na empresa, os principais motivos foram: gostar da atividade que exerce, valealimentação e salário bom. No que diz respeito aos motivos relacionados à saída da empresa, os principais foram: salário baixo, injustiça por parte do chefe e falta de oportunidade de crescimento na empresa. O psicólogo que atua em organizações é um dos responsáveis pelo controle dos índices de rotatividade e das intervenções necessárias para minimizá-los. Para isto, ele deve estar atento aos motivos que levam os trabalhadores da empresa em que atua a abdicarem de seus empregos ou a serem desligados pela empresa, uma vez que esses motivos podem variar de pessoa para pessoa, de cargo para cargo e de organização para organização. Palavras-chaves: Psicologia do Trabalho. Rotatividade. Restaurante. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Tabela 1 – Indicariam Para Trabalhar na Empresa....................................................39 Tabela 2 – Não Indicariam Para Trabalhar na Empresa............................................39 Tabela 3 – Interesse em Permanecer na Empresa....................................................46 Tabela 4 – Não Tem Interesse em Permanecer na Empresa....................................47 Tabela 5 – Percepção Diante da Rotatividade...........................................................52 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Idade........................................................................................................27 Gráfico 2 – Cargo.......................................................................................................28 Gráfico 3 – Sexo.........................................................................................................28 Gráfico 4 – Dependentes Financeiros........................................................................29 Gráfico 5 – Escolaridade............................................................................................29 Gráfico 6 – Tempo de Trabalho na Empresa.............................................................30 Gráfico 7 – Empregos Anteriores...............................................................................30 Gráfico 8 – Motivos Relacionados à Entrada.............................................................36 Gráfico 9 – Indicação para Trabalhar na Empresa....................................................38 Gráfico 10 – Motivos Relacionados à Permanência..................................................42 Gráfico 11 – Medidas que a Empresa Poderia Realizar............................................44 Gráfico 12 – Interesse em Permanecer na Empresa.................................................46 Gráfico 13 – Motivos Relacionados à Saída..............................................................49 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................10 1.1 PROBLEMÁTICA...............................................................................................11 1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................13 1.2.1 Objetivo Geral ...........................................................................................13 1.2.2 Objetivos Específicos...............................................................................14 1.3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................17 2.1 PSICOLOGIA E TRABALHO HUMANO ............................................................17 2.2 TRABALHO NO RAMO ALIMENTÍCIO .............................................................20 2.3 ROTATIVIDADE DE PESSOAL.........................................................................22 3 MÉTODO........................................................................................................26 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................26 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA .....................................................26 3.2.1 Perfil dos Participantes.............................................................................27 3.2.2 Perfil da Empresa......................................................................................30 3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .......................................................31 3.4 PROCEDIMENTOS ...........................................................................................31 3.4.1 De seleção e contato com os participantes............................................31 3.4.2 Estudo Piloto.............................................................................................32 3.4.3 De coleta e registro dos dados ................................................................32 3.4.4 De organização e análise dos dados.......................................................33 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS................................................35 4.1 MOTIVOS RELACIONADOS À ENTRADA DOS TRABALHADORES..............35 4.2 MOTIVOS RELACIONADOS À PERMANENCIA DOS TRABALHADORES.....41 4.3 MOTIVOS RELACIONADOS À SAÍDA DOS TRABALHADORES.....................48 4.4 PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DIANTE DA ROTATIVIDADE............52 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................55 REFERÊNCIAS.........................................................................................................59 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO .............................................................................65 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...........68 10 1 INTRODUÇÃO O curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, no final da graduação disponibiliza aos acadêmicos, dois núcleos orientados: Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano e Núcleo Orientado em Psicologia e Saúde. A escolha por um destes dois núcleos orientados é realizada na 8ª fase. Ao optar pelo Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano, este é dividido em três programas, na 9ª fase: Gestão de Pessoas, Identidade Profissional e Saúde do Trabalhador. A partir do momento em que a escolha é feita por um dos programas, o acadêmico deverá desenvolver o seu trabalho de conclusão de curso vinculado ao programa escolhido. O programa Gestão de Pessoas procura lidar com questões relacionadas ao funcionamento das organizações, como por exemplo, recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, avaliação de desempenho, entre outras, bem como acompanhamento dos índices de absenteísmo e rotatividade. Esta pesquisa por estar vinculada ao projeto de Gestão de Pessoas visa compreender a percepção dos trabalhadores de um restaurante da Grande Florianópolis em relação à rotatividade. No primeiro capítulo serão abordadas a problemática, como forma de contextualizar os motivos sobre os quais o trabalho se desenvolve, os objetivos da pesquisa, para ilustrar o que se pretende alcançar ao longo do trabalho e em seguida, a justificativa, elucidando a importância deste estudo. Posteriormente, no segundo capítulo, será apresentada a fundamentação teórica, deparando-se com teorias sobre psicologia e trabalho humano, trabalho no ramo alimentício e rotatividade de pessoal. Por fim, apresenta-se o método, a apresentação e análise dos dados coletados e as considerações finais desta pesquisa. 11 1.1 PROBLEMÁTICA A organização, de acordo com Bastos (2004), é um agrupamento social ou uma interação de indivíduos. Stoner e Freeman (1995 apud BASTOS et al, 2004) completam que organização é um conjunto de pessoas com objetivos em comum e que trabalham de forma estruturada para alcançá-los. Organizações são mais frequentes e mais presentes em nossa sociedade, do que se pode imaginar. Bastos et al. (2004) afirmam que a maioria das pessoas nasce em hospitais, estudam em escolas, fazem compras em lojas e supermercados, frequentam clubes e restaurantes, entre outros, ou seja, estamos em contato com as organizações desde o nosso nascimento até o fim de nossa existência, e nossa qualidade de vida está interligada ao funcionamento destas organizações. Pelo fato da organização ser constituída de pessoas e para pessoas, torna-se um campo de atuação e intervenção da psicologia. A psicologia do trabalho1 procura compreender o comportamento humano, preservando a qualidade de vida e o bem-estar dos trabalhadores. (ZANELLI; BASTOS, 2004). Esta vem ganhando espaço por ter um foco no comportamento humano, e não somente na produção, isto é, o psicólogo visa conciliar a qualidade de vida do trabalhador juntamente com a produtividade da organização. Ainda de acordo com esses autores, fica a encargo da psicologia do trabalho entender e avaliar as interações presentes na vida das pessoas e das organizações. O psicólogo do trabalho pode atuar de várias formas na empresa, desde a entrada do trabalhador por meio de recrutamento e seleção, passando pela pesquisa de clima organizacional, saúde do trabalhador, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho entre outros, até a saída deste funcionário, realizando a entrevista de desligamento. Skinner (1997) aponta que se essas atividades citadas forem realizadas de maneira correta, ou seja, se a organização apresentar uma gestão de pessoas eficaz, os trabalhadores terão motivos, hábitos e comportamentos adequados, e se os gestores utilizarem políticas que promovam este comportamento adequado, o resultado disto será um ambiente de trabalho 1 Como forma de padronizar o termo, a autora utilizará nesta pesquisa o termo psicologia do trabalho, sendo que alguns autores utilizam psicologia das organizações e do trabalho, psicologia organizacional ou ainda psicologia das organizações. 12 agradável. Por outro lado, se as atividades forem realizadas de maneira inadequada, podem gerar conseqüências indesejáveis para a organização, um exemplo disto, é a rotatividade. Uma das dificuldades que acontecem frequentemente nas organizações é a rotatividade, isto é, saída e entrada de trabalhadores. Para Robbins (1999), a rotatividade pode ser positiva para a organização, isto quando um trabalhador que tenha um baixo desempenho sai, sendo substituído por alguém que esteja motivado e que tenha melhores habilidades. Em contrapartida, Nomura e Gaidzinski (2005) apontam o lado negativo da rotatividade, em que além de trazer conseqüências econômicas, também representa um problema no funcionamento da organização, sobrecarregando de tarefas os trabalhadores que permanecem na equipe, e gerando uma baixa qualidade no serviço prestado. Os motivos que levam um trabalhador a permanecer ou deixar uma organização podem variar, mas para Campos e Malik (2008), a relação entre rotatividade e satisfação no trabalho é o mais estudado. De acordo com Siqueira e Júnior (2004), indivíduos satisfeitos e envolvidos com o trabalho trazem conseqüências positivas para a organização, isto é, altas taxas de produtividade e desempenho e taxas baixas de absenteísmo e rotatividade. Sendo assim, satisfação no trabalho pode contribuir para produtividade e para a queda na taxa de rotatividade. Mas será que é só a satisfação com o trabalho que mantém o trabalhador em uma empresa? Os motivos que levam à rotatividade variam de pessoa para pessoa e de ocupação para ocupação. Para isso é necessário considerar a subjetividade das pessoas e avaliar as especificidades de cada ocupação. A subjetividade para Faye (1991 apud DAVEL; VERGARA, 2001, p. 43), é a “interioridade da pessoa, a singularidade e a espontaneidade do eu, enfim, ela é tudo aquilo que constitui a individualidade humana e que sedimenta todo e qualquer conhecimento possível”. Pelo fato de o ser humano ser único e singular, cada indivíduo atribui sentidos distintos ao seu trabalho e à sua forma de trabalhar. Um dos motivos que podem levar um trabalhador a deixar o seu emprego, é o fato de não gostar do cargo que ocupa. As atividades desempenhadas podem exigir certo esforço físico, ou seja, o trabalhador pode ter um desgaste físico gerado pelo seu cargo, fazendo com que ele evite o trabalho. 13 De acordo com Sousa (1990 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008), um trabalho que contribui para um desgaste do indivíduo, é aquele marcado por atividades repetitivas, realizado em ambientes com condições inadequadas. Um exemplo dessas condições impróprias para o trabalho, seriam locais sujeitos à ruídos em excesso, com temperaturas muito altas ou muito baixas, sem intervalo para descanso e com equipamentos precários. Por sua vez, o trabalho realizado nos setores do ramo alimentício é caracterizado pelo ritmo intenso de trabalho, com movimentos repetitivos, longos períodos na postura em pé e levantamento de peso demasiado. Além disso, os trabalhadores tem uma carga horária de trabalho prolongada, e diariamente são expostos à barulhos excessivos e temperaturas extremas. (MONTEIRO, et al., 1997 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008. COLARES; FREITAS, 2007). Para Coelho (2004, p. 13), o local de trabalho além de gerar produção também é o espaço de “interação” de seus trabalhadores e suas “representações humanas”. É no trabalho que eles vivem a maior parte de seus dias, compartilhando experiências e responsabilidades. Os trabalhadores estão em contato com o dia-adia da organização, e são eles o ponto de partida para uma intervenção. Para diagnosticar os possíveis motivos que levam à rotatividade é necessário fazer uma pesquisa na organização, e ouvir o trabalhador, saber quais motivos fizeram com que ele entrasse na empresa, e quais motivos levariam ele a deixar a empresa. Sendo assim, a presente pesquisa procura responder: Como os trabalhadores de um restaurante da Grande Florianópolis percebem a rotatividade? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Compreender a percepção dos trabalhadores de um restaurante da Grande Florianópolis em relação à rotatividade. 14 1.2.2 Objetivos Específicos • Identificar quais motivos estão relacionados à entrada de trabalhadores na organização na percepção dos mesmos; • Identificar quais motivos estão relacionados à permanência de trabalhadores na organização na percepção dos mesmos; • Identificar quais motivos estão relacionados à saída de trabalhadores na organização na percepção dos mesmos. 1.3 JUSTIFICATIVA No senso comum é habitual ouvir que a rotatividade está diretamente relacionada com a satisfação no trabalho, e que uma alta rotatividade de trabalhadores pode trazer prejuízos tanto econômicos como funcionais para a organização. Grande parte das pesquisas sobre o tema visa identificar as causas ou as taxas de rotatividade, em determinado cargo. A partir de uma revisão literária nas bases de dados do site Scientific Electronic Library Online - Scielo, ao digitar as palavras “rotatividade”, “rotatividade do emprego” e “turnover”, foram encontradas cinco pesquisas sobre a rotatividade em diferentes áreas. São elas: “Rotatividade da equipe de enfermagem: estudo em hospital-escola” (NOMURA; GAIDZINSKI, 2005), “Carga de trabalho e rotatividade na função de frentista” (FERREIRA; FREIRE, 2001), “O telemarketing e o perfil sócio-ocupacional dos empregados em call centers” (MOCELIN; SILVA, 2008), “Satisfação no trabalho e rotatividade dos médicos do Programa de Saúde da Família” (CAMPOS; MALIK, 2008) e “’Sobrevivência’ no emprego dos trabalhadores de enfermagem em uma instituição hospitalar pública” (ANSELMI; DUARTE; ANGERAMI, 2001). A pesquisa de Nomura e Gaidzinski (2005) teve a finalidade de mensurar as taxas de rotatividade da equipe de enfermagem do Hospital Universitário da USP, e a partir da análise dos dados obtidos, verificou-se que a rotatividade neste hospital 15 era baixa. Em contrapartida a esta informação, a pesquisa de Anselmi, Duarte e Angerami (2001), aponta para uma instabilidade elevada no emprego da equipe de enfermagem de uma instituição pública, estudada num período de cinco anos. Essas informações demonstram que a rotatividade varia de organização para organização, embora o cargo exercido seja o mesmo, no caso das pesquisas, o de enfermeiro. Para Campos e Malik (2008), a rotatividade está relacionada à satisfação no trabalho, e é este aspecto que a pesquisa visa, abordando a satisfação dos médicos com o seu trabalho. A pesquisa de Ferreira e Freire (2001) aborda a relação da carga de trabalho com a rotatividade de um posto de distribuição de combustível. Esta pesquisa aponta para as causas da rotatividade, destacando a diversidade da função dos frentistas e a sobrecarga demandada para o desempenho da função. Mocelin e Silva (2008) abordam em sua pesquisa a rotatividade analisando o trabalho dos operadores de telemarketing. Chegou-se à conclusão de que este emprego é visto como “trampolim”, onde os trabalhadores ficam um determinado tempo para ganhar algum dinheiro, mas não vêem possibilidade de crescimento e estabilidade. Estas pesquisas são específicas de cada ocupação e dessa forma, as causas da rotatividade também serão específicas, de acordo com as atividades exercidas em cada cargo e em cada organização. Para tal, faz-se necessário pesquisar o trabalho em um restaurante, para que se possa compreender os motivos que levam à rotatividade dessas ocupações específicas, e com isso, fornecer subsídios para que os psicólogos possam intervir neste fenômeno. No que se refere ao trabalhador do ramo alimentício, é importante ressaltar que também na base de dados Scielo, apenas uma pesquisa foi encontrada, e a partir das referências desta pesquisa, outras pesquisas e outros estudos foram localizados. A pesquisa de Colares e Freitas (2007) aborda o processo de trabalho e a saúde de trabalhadores de uma unidade de alimentação e nutrição. Ainda assim, é possível a partir da pesquisa mencionada, ampliar a visão sobre o trabalho desses trabalhadores que atuam na produção de alimentos, pois esta apresenta a complexidade do funcionamento das unidades de alimentação, bem como as exigências que o trabalhador tem que cumprir com relação aos horários, trabalhos com ritmos e esforços intensos, além do ambiente físico que está inserido, considerando ruídos e temperaturas elevadas. A partir dessas informações 16 pode-se ter uma maior compreensão do trabalho em um restaurante, e assim, relacionar esses fatores com a rotatividade. É possível também que em um mesmo cargo, as causas que levam o trabalhador a deixar a organização em que trabalha se diferenciem, pois a subjetividade de cada indivíduo também é um fator a ser levado em consideração. Dessa maneira, conhecer a percepção do trabalhador com relação à rotatividade torna-se um fato importante, pois nem sempre a causa da rotatividade será por um problema da própria organização. Um trabalhador pode querer se desligar da organização simplesmente pelo fato de querer ter outras experiências de trabalho, por exemplo. A partir do que foi exposto, pode-se observar que as organizações são diferentes e as ocupações também, portanto, os motivos que ocasionam a rotatividade variam muito. Os possíveis motivos que levam à rotatividade são singulares e podem ser identificadas pesquisando o funcionamento de cada organização, considerando as atividades e cargos dos trabalhadores. Florianópolis é conhecida como uma cidade turística e um setor imprescindível para esta região é o ramo alimentício (restaurantes, bares, lanchonetes, etc). Segundo dados do site ABERC – Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas, este ramo vem crescendo constantemente no Brasil, chegando a gerar 180 mil empregos diretos no ano de 2008. Para tanto, é importante fazer um estudo acerca da rotatividade do trabalho em um restaurante na percepção dos trabalhadores que ali atuam, uma vez que é fundamental ouvir o trabalhador, para que se possa conhecer os possíveis motivos que fizeram com que ele entrasse na organização e os motivos que façam com que ele tome a decisão de deixar a organização em que trabalha. No âmbito da psicologia, pesquisar a percepção dos trabalhadores com relação à rotatividade cria subsídios para uma futura intervenção, uma vez que o psicólogo possa atuar criando estratégias para minimizar o índice de rotatividade da organização. Uma queda na taxa de rotatividade pode trazer benefícios tanto para a organização, quanto para os trabalhadores. Benefícios estes que para organização estão relacionados, por exemplo, aos aspectos financeiros e um exemplo de benefícios para os trabalhadores é a sua satisfação no trabalho. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, serão apresentadas as teorias referentes aos fenômenos que compõem a presente pesquisa. Esta apresentação se dará por meio dos seguintes subtítulos: Psicologia e trabalho humano, Trabalho no ramo alimentício e Rotatividade de pessoal. 2.1 PSICOLOGIA E TRABALHO HUMANO De acordo com Robbins (1999, p. 12), a psicologia “procura medir, explicar e algumas vezes mudar o comportamento humano e de outros animais. Psicólogos se preocupam em estudar e tentar entender o comportamento individual”. O campo de atuação da psicologia pode ser aplicado em vários contextos, sendo um deles as organizações. Os psicólogos que atuam em organizações devem ter habilidades para gerenciar pessoas, promovendo uma qualidade de vida melhor para o trabalhador. Esses profissionais precisam ter uma compreensão do trabalhador “[...] como um ser social, em constante interação com o meio, um ser que se constitui nas relações que estabelece e nas atividades que executa.” (AZEVEDO; BOTOMÉ, 2001, p. 184). Sampaio (1998) aponta que a psicologia do trabalho vive em constante movimento, e passou por três momentos diferentes ao longo de sua história. Esses três momentos são chamados de faces. A primeira face chamada de Psicologia Industrial surgiu no início do século XX, e se preocupava com os interesses da indústria, voltava-se para a produtividade por meio do esforço do homem. O foco da psicologia industrial era nos postos de trabalho, não se preocupando com a forma de como a organização se estruturava. No momento em que os psicólogos industriais começaram a se preocupar com a estrutura da organização, surge a segunda face, denominada de Psicologia Organizacional. Esta segunda face nasce para ampliar o objeto de estudo da psicologia industrial, isto é, objetiva-se na capacitação do trabalhador e desenvolve recursos dentro da organização, mas ainda visando a produtividade. 18 A terceira face, chamada de Psicologia do Trabalho, se diferencia das outras duas, pois nesta, a produtividade não é o mais importante, o foco agora está no indivíduo que trabalha, visando a sua saúde e o seu bem-estar. Atualmente há uma mescla entre essas três faces, a psicologia voltada para organizações transita por esses três momentos, considerando a produtividade da organização e a saúde e bem-estar dos trabalhadores. Zanelli e Bastos (2004) assinalam que se faz necessário compreender a maneira que o trabalhador foi inserido no mercado de trabalho e as relações mantidas no ambiente de trabalho. O psicólogo deve compreender o trabalhador e o sentido que ele atribui ao trabalho para que possa intervir de maneira adequada nos fenômenos relativos ao mundo do trabalho. Compreendendo que o indivíduo se constitui no e pelo trabalho, a psicologia vai se debruçar para entender as relações do homem com o seu trabalho. O trabalho para Kanaane (1999, p. 17) “é uma ação humana exercida num contexto social, que sofre influências oriundas de distintas fontes, o que resulta numa ação recíproca entre o trabalhador e os meios de produção”. Serafim (2002) entende como trabalho um meio de sobrevivência do indivíduo, e é no trabalho que ele dedica grande parte de seu tempo, e por esse motivo, o trabalho deve ser prazeroso para o indivíduo. Friedmann (1983 apud KANAANE, 1999, p. 21) afirma que o trabalho tem um sentido para o indivíduo e este deve ser considerado, pois a visão de trabalho tem a ver com o “engajamento pessoal e suas predisposições”. Considerar e compreender, portanto, o sentido que o trabalhador atribui ao seu trabalho, faz com que consequentemente, compreenda-se a maneira como este indivíduo lida com o trabalho. De acordo com Volpi, o trabalho é algo que: [...] produz um valor enorme para quem o faz, se é objeto de amor, se é remunerado não somente pelo “cliente” no plano econômico, mas pela própria satisfação alimentada pelos próprios desejos e pelo reconhecimento social. Se o trabalho satisfaz em um plano subjetivo é, já por si mesmo, produtor de riqueza. Se o trabalho merece a nossa intencionalidade, a nossa paixão, a nossa subjetividade, nos faz sentir mais feliz. O trabalho é um modo de ser no mundo, não é somente um fator econômico, mas um fator fundamental de bem-estar. (2004, p. 447) 19 Pode-se perceber então, que o trabalho tem fundamental importância na vida de um indivíduo, seja pelo reconhecimento social ou por sua satisfação pessoal. O trabalho seja ele qual for, deve ser fonte de prazer para quem trabalha, pois se o trabalho for prazeroso para o indivíduo, ele vai executá-lo sempre da melhor forma possível, e seu desempenho tende a ser cada vez melhor. O indivíduo se realiza socialmente por meio do trabalho, ele produz e reproduz a sua existência. Com o capitalismo, o trabalho passa a ser visto não mais como uma realização social de ser, e sim como um meio de sobrevivência. O trabalho então se transforma em uma troca. Vende-se a força de trabalho, e dessa forma a realização social do indivíduo fica em segundo plano, e em decorrência a isto, o trabalho gera um “estranhamento” ao indivíduo. (ANTUNES, 1995). Borges e Yamamoto (2004) apontam para a origem da palavra trabalho, que em latim, tripalium significa tortura. A relação estabelecida com o trabalho nem sempre é de realização e satisfação, muitas vezes é encarada como uma obrigação. Trabalha-se porque é preciso e não por gostar. As formas que o indivíduo lida com o trabalho e o sentido dado a ele são singulares, isto porque “o homem é um ser biopsicossocial” (CASADO, 2002, p. 236). Estes três fatores que compõem o homem (biológico, psíquico e social) influenciam um ao outro, e dessa forma é constituída a subjetividade humana. Davel e Vergara (2001) afirmam que a subjetividade é constituída em decorrência das experiências vividas, nas relações estabelecidas com outras pessoas. Desta forma, a subjetividade é o que nos diferencia das outras pessoas, o que nos torna seres únicos e singulares. Baseado no que foi exposto, falar em trabalho, remete-nos à pessoas, e falar de pessoas nos leva a refletir sobre a subjetividade humana. Porém, no contexto de trabalho, além da subjetividade humana, também deve ser compreendido e considerado o trabalho que o indivíduo desempenha, bem como as condições ambientais e organizacionais no qual este trabalhador está inserido. Para isso, a seguir será abordado o trabalho no ramo alimentício. 20 2.2 TRABALHO NO RAMO ALIMENTÍCIO Conforme Santana (2002, p. 150), quando se fala em Unidades de Alimentação e Nutrição – UAN, refere-se às refeições que são servidas todos os dias em restaurantes, lanchonetes, pizzarias, bares, incluindo escolas, universidades e hospitais. Ainda de acordo com esta autora, “todos os processos, equipamentos, condições ambientais e organizacionais, tempo, recursos humanos envolvidos em cada preparação” estão ligados à este setor. Segundo Proença (1993, 1996 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008), no mundo atual, com o ritmo acelerado do dia-a-dia em decorrência do trabalho, as pessoas ficam impossibilitadas de fazerem suas refeições em suas próprias casas, contribuindo assim para a expansão do setor de alimentação coletiva. Este ramo de alimentação coletiva representa um número significativo na economia mundial. No Brasil, o setor de alimentação coletiva está em constante crescimento. Dados obtidos por meio da ABERC afirmam que em 2008 foram gerados 180 mil empregos diretos, 8,3 milhões de refeições foram produzidas por dia, 9,5 bilhões de reais foram faturados com a comercialização das refeições, 3 mil toneladas de alimentos foram consumidos e 1 bilhão de reais anuais foram revertidos para o governo entre impostos e contribuições. Matos e Proença (2003) consideram alguns fatores que envolvem a produção das refeições, tais como: alimentos e técnicas utilizadas no preparo das refeições, quantidade de trabalhadores no setor e a infra-estrutura. Além disso, esses fatores necessitam de equipamentos e utensílios para facilitar e agilizar o serviço. O processo de produção das refeições pode ser dividido em duas funções. A principal seria receber a matéria-prima, preparar a refeição, mantê-la conservada depois de pronta e distribuí-la. A função anexa seria manter a higiene dos materiais utilizados para a preparação das refeições, bem como as próprias instalações. (SANTANA, 2002 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008). De acordo com Colares e Freitas (2007), mesmo com os avanços tecnológicos na área de alimentação coletiva, relativos aos equipamentos e métodos utilizados no preparo das refeições, o espaço onde as refeições são preparadas ainda encontra dificuldades, pois há ruídos demasiados, temperaturas elevadas ou 21 muito baixas e iluminação precária. Santos (1994 apud MATOS; PROENÇA, 2003) assinala o efeito que o ruído excessivo causa no organismo, podendo gerar fadiga mental, baixo desempenho no trabalho e frustração, e em consequência disto, ocasionar um aumento nas taxas de absenteísmo. Sant’ana et al. (1994 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008) corroboram com esta ideia afirmando que condições inadequadas de trabalho levam o trabalhador a sentir-se insatisfeito, cansado, refletindo de forma negativa na produtividade e ainda pode gerar acidentes de trabalho. Além do espaço destinado ao trabalho ser inadequado na maioria das unidades de alimentação e nutrição, as atividades exercidas neste setor de alimentação também merecem uma atenção específica. Maciel (2002) pontua a questão de a refeição produzida ter que ser consumida no mesmo dia, fazendo com que o ritmo de trabalho seja intensificado, uma vez que os trabalhadores sofrem pressão de tempo para preparar e distribuir as refeições dentro do prazo estipulado. O trabalho nas unidades de alimentação e nutrição é marcado por “movimentos repetitivos, levantamento de peso excessivo e permanência por períodos prolongados na postura em pé”. Posturas inadequadas causam dor, seja ela de imediato ou em longo prazo. Uma postura correta é fundamental não apenas para o desempenho de uma tarefa, mas também para promover a saúde do trabalhador, diminuindo um possível estresse ou desconforto no trabalho. (MONTEIRO et al., 1997 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008, p. 4). De modo geral, conforme Colares e Freitas (2007), a administração das unidades de alimentação e nutrição tem se preocupado mais com os custos econômicos ligados à produção das refeições, do que com o bem-estar de seus trabalhadores. Rodrigues (1991 apud SANTANA, 2002) afirma que as taxas de rotatividade na maioria das empresas nacionais do ramo alimentício é de 5 à 6% ao mês. Ainda de acordo com este autor, apenas 10% dos trabalhadores do setor de alimentação faz carreira no ramo alimentício, pois este é visto como um emprego temporário. Informações contidas na revista Cozinha Industrial de 1993 (apud SANTANA, 2002) afirmam que promovendo melhorias no ambiente de trabalho, investindo em equipamentos tecnológicos e mão-de-obra especializada e aumentando salários, algumas empresas conseguiram minimizar as taxas de rotatividade de 5% para 1% ao mês. 22 A partir do que foi apresentado, pode-se perceber que fatores ambientais e organizacionais refletem na qualidade de vida e no desempenho dos trabalhadores, podendo contribuir com o aumento das taxas de rotatividade. 2.3 ROTATIVIDADE DE PESSOAL A rotatividade de pessoal ou também chamada de turnover, é definida por Chiavenato (1997, p. 186) como a “flutuação de pessoal entre uma organização e seu ambiente”. É o fluxo de saídas e entradas de trabalhadores em uma organização. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE (1988 apud ANSELMI; DUARTE; ANGERAMI, 2001), a rotatividade é “a medida do número de trabalhadores que passa pelos postos de trabalho de uma seção, empresa, setor ou ramo, num determinado período de tempo”. A rotatividade então é caracterizada pelo movimento de trabalhadores também de um setor para o outro, mesmo que seja na mesma organização, uma vez que na troca de setores, o setor que “perdeu” o trabalhador, vai necessitar de outro para ocupar o espaço vago. A rotatividade surge nas organizações como uma preocupação, pois em um cenário de competitividade, a organização deve prestar serviços e oferecer produtos com qualidade, e para isso, a permanência de trabalhadores na organização é fundamental para que os trabalhos continuem sendo desenvolvidos com eficiência e eficácia. (FERREIRA; FREIRE, 2001). Chiavenato (2000 apud NOMURA; GAIDZINSKI, 2005) vai ao encontro com esta ideia, afirmando que a perda de trabalhadores preocupa os responsáveis pelo RH, pois precisam suprir a ausência dos trabalhadores realizando novas contratações, com o intuito de manter o equilíbrio no quadro de pessoal, garantindo assim o funcionamento do sistema. Em uma organização deve-se manter um equilíbrio dos trabalhadores que ali atuam. Trabalhadores que deixam a organização devem ser substituídos, para que não haja uma deficiência na produção e no próprio funcionamento da organização. Chiavenato (1997) chama este mecanismo de controle de trabalhadores de retroação ou realimentação. Para ele, a rotatividade de pessoal 23 pode ter dois caminhos: um quando entram mais trabalhadores do que saem, com o intuito de acelerar e aumentar a produtividade; e o outro quando o número de saídas é superior ao de entradas. Nesse último caso, o objetivo seria a diminuição da produção e dos resultados na organização. Estes dois caminhos da rotatividade podem estar sob o controle da organização, pois de uma forma ou outra, é a organização que decide quantos entram e quantos saem, e ainda, quem são os trabalhadores que saem e quem são os que permanecem. Por outro lado, quando a intenção de desligamento parte de livre e espontânea vontade do trabalhador, esta rotatividade foge do controle da organização. (CHIAVENATO, 1997). De acordo com Lacombe (2005, p. 259), o índice de rotatividade pode ser calculado baseado no número de entradas e saídas dos trabalhadores de uma organização, utilizando a seguinte fórmula: Rotatividade = Total de empregados admitidos + Total de empregados que saíram do órgão Total de empregados no final do período Estudos afirmam que uma rotatividade acima de 26% gera custos financeiros para a organização. Já uma rotatividade acima de 50%, além dos custos financeiros em função de novas contratações, também pode comprometer a produtividade da organização e a qualidade do serviço prestado. (JONES, 1990a, 1990b; ANSELMI; ANGERAMI; GOMES, 1997 apud CAMPOS; MALIK, 2008. ANSELMI, 1993 apud NOMURA; GAIDZINSKI, 2005). Para Robbins (1999) e Campos e Malik (2008), a rotatividade passou a ser um problema para as organizações devido aos custos econômicos. Estes custos econômicos estão relacionados ao recrutamento, seleção e treinamento de um novo trabalhador. Ferreira e Freire (2001, p. 179) mencionam também como custo da rotatividade a “perda da historicidade da organização”, que os trabalhadores levam junto consigo no momento em que deixam a organização. Pode-se entender com isso que o trabalhador faz parte da organização em que está inserido e a sua saída causa danos não-materiais para a organização. Robbins trabalhadores que (1999) considera apresentam uma baixo rotatividade desempenho positiva são quando substituídos os por 24 trabalhadores motivados e com um desempenho melhor, podendo motivar a equipe com novas ideias e um novo ritmo de trabalho, e em conseqüência disso, gera um aumento na produtividade. Contudo, de acordo com Wagner III e Hollenbeck (2003), quando a rotatividade envolve a saída de trabalhadores com um bom potencial, a organização terá prejuízos não só na diminuição da produção, mas também no investimento oferecido ao trabalhador. Wagner III e Hollenbeck (2003) apontam para a questão do investimento no desenvolvimento do trabalhador. Nos casos em que o trabalhador deve exercer uma atividade dentro da organização de nível complexo e detalhado, ele precisa ser treinado antes para tal, e a organização deve investir nesse treinamento. No momento em que este trabalhador se desliga dessa organização, leva junto com ele o conhecimento e a experiência adquirida para o mercado de trabalho, ou seja, para a concorrência. Este aspecto pode ser encarado como um fator negativo da rotatividade. Chiavenato (1997) considera a rotatividade como uma conseqüência de fenômenos encontrados na organização, e não como uma causa. Esses fenômenos podem ser internos ou externos. Entende-se por internos os fatores que ocorrem dentro da organização, como baixos salários, carência de benefícios, falta de oportunidade de crescimento profissional na organização, condições inadequadas no ambiente de trabalho, motivação dos trabalhadores, critérios e programas realizados para treinamento, processo de recrutamento e seleção inadequado etc. Os fenômenos externos seriam aqueles que não estão diretamente ligados com a organização, tais como: a situação econômica, ofertas e procuras de trabalhadores no mercado de trabalho e oportunidades de empregos. No que diz respeito aos fatores relacionados com a rotatividade: [...] muitos fatores tentam explicar porque os profissionais permanecem numa organização ou a deixam, mas a satisfação no trabalho talvez seja um dos fatores mais pesquisados em sua correlação com a rotatividade. A literatura considera que o principal fator que leva um funcionário a deixar uma organização é seu nível de insatisfação com a função que desempenha. (CAMPOS; MALIK, 2008, p. 352). Herzberg (1968 apud SPECTOR, 2003) em sua teoria Motivação-Higiene, afirma que há fatores motivacionais, como o reconhecimento do trabalho, por exemplo, que em seu melhor grau leva à satisfação, e na ausência dele, leva à não 25 satisfação. Os fatores higiênicos, como o salário, por exemplo, na ausência leva à insatisfação em seu melhor grau, apenas leva a não insatisfação do trabalhador. Essa insatisfação com o trabalho pode ser ocasionada pelos fatores que são classificados como os motivos que podem levar à rotatividade. Epstein (1999 apud FERREIRA; FREIRE, 2001) revela que para alguns gerentes o salário é a principal preocupação dos trabalhadores, desconsiderando os outros fatores de compensação que as pessoas precisam. Entretanto, segundo Campos e Malik (2008), uma alternativa encontrada para minimizar a rotatividade de pessoal é melhorar o nível de satisfação dos trabalhadores. Para que se possam identificar os possíveis motivos que levam à rotatividade em uma organização, é necessário que se investigue com os próprios trabalhadores, coletando suas informações para posteriormente analisá-las. 26 3 MÉTODO Neste capítulo apresenta-se o método desta pesquisa, o que para Marconi e Lakatos (2004), é uma série de atividades que traçam um caminho com o intuito de alcançar o objetivo de uma pesquisa. O projeto em questão foi encaminhado e avaliado pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, obtendo aprovação, uma vez que este correspondeu às orientações exigidas. 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA As pesquisas são classificadas de acordo com seus objetivos, delineamento e sua natureza. A presente pesquisa caracteriza-se por ter um objetivo descritivo, pois de acordo com Gil (1996, p. 46) propõe-se a “levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população”. Com relação ao delineamento, esta pesquisa classifica-se como levantamento, que para Gil (1996, p. 56) é caracterizado por uma “solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado”, e esta pesquisa propõe-se a coletar informações de uma amostra de 51 trabalhadores dos setores de atendimento e cozinha da empresa “Alfa”. Alfa é um nome fictício para que a empresa não seja identificada. 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA Os participantes desta pesquisa são os trabalhadores dos setores de atendimento e cozinha das quatro unidades de um restaurante, localizado na Grande Florianópolis. A área destinada à produção e à distribuição dos alimentos da empresa “Alfa” é dividida em dois setores: atendimento e cozinha. Os cargos do setor de atendimento são: atendente, auxiliar de atendente, coordenador de atendimento, barman/barwoman e caixa, e os do setor da cozinha são: cozinheiro, auxiliar de cozinha, coordenador de cozinha, sushiman e auxiliar de sushiman. O 27 número total de trabalhadores dos dois setores destas quatro unidades é de 65 pessoas. Participaram da pesquisa 51 trabalhadores, os demais estavam de licença, folga, ou não quiseram participar, e desta forma a pesquisa não pode ser generalizada para todos os trabalhadores da empresa, esses dados se aplicam apenas aos 51 que participaram 3.2.1. Perfil dos Participantes As questões que vão da 1 à 7 do questionário foram elaboradas a fim de identificar o perfil dos participantes quanto à idade, cargo, sexo, dependentes financeiros, escolaridade, o tempo de trabalho na empresa e a quantidade de empregos com carteira assinada que já teve, respectivamente. Com relação à idade dos participantes, a média foi de 28 anos e 2 meses, sendo que 3 participantes não responderam a idade. A idade que mais se repetiu foi 22 anos, respondida por 5 participantes. Para uma melhor visualização dos dados, as idades foram dividas em 3 blocos, como pode ser visto no Gráfico 1. Idade 5 3 18 à 29 7 30 à 40 41 à 56 36 Não Responderam Gráfico 1 – Idade. Fonte: Elaboração da autora, 2009. Neste item, pode-se observar que o maior índice de trabalhadores está entre 18 e 30 anos, o que se permite dizer que a maioria dos trabalhadores deste restaurante são jovens. Na questão que se refere ao cargo, como pode ser observado no Gráfico 2, 15 trabalhadores ocupam a função de atendente e 1 trabalhador de auxiliar de 28 atendente, totalizando 16 trabalhadores. Cabe ressaltar que o que diferencia os cargos de atendente e auxiliar de atendente é o período de experiência, ou seja, 3 meses. Sendo assim, a maioria dos trabalhadores desta empresa ocupam cargos relacionados ao atendimento. CARGO Caixa Cozinheira(o) 2 1 1 Auxiliar de Cozinha 5 4 Sushiman 4 1 Auxiliar de Sushiman 4 Atendente Auxiliar de Atendente Barman/Barwomann 7 15 Coordenador(a) de cozinha Coordenador(a) de atendimento 7 Não Respondeu Gráfico 2 – Cargo. Fonte: Elaboração da autora, 2009. Quanto ao sexo, fica claro no Gráfico 3 a quantidade de homens e mulheres que participaram da pesquisa. Os participantes da pesquisa foram então, 27 homens e 24 mulheres. SEXO 24 Masculino 27 Feminino Gráfico 3 – Sexo. Fonte: Elaboração da autora, 2009. Outra questão abordada no questionário foi a existência de dependentes financeiros, ou seja, se os trabalhadores tinham alguém que dependia do trabalho e salário deles, como por exemplo, filhos, marido, esposa, pai, mãe, entre outros. As respostas podem ser observadas no Gráfico 4, onde mostra que 26 participantes 29 possuem dependentes financeiros, 18 não possuem e 7 participantes não responderam esta questão. Dependentes Financeiros 7 Sim Não 26 Não Responderam 18 Gráfico 4 – Dependentes Financeiros. Fonte: Elaboração da autora, 2009. No que diz respeito à escolaridade dos participantes, a maioria (20 participantes), no mínimo, tem o Ensino Médio Completo, apresentado no Gráfico 5. Escolaridade 25 20 20 15 10 5 4 0 2 3 0 0 2 1 3 Ensino Fundamental Completo Ensino Fundamental Cursando Ensino Fundamental Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Médio Cursando Ensino Médio Incompleto Curso Técnico Completo Curso Técnico Cursando Curso Técnico Incompleto Ensino Superior Completo Ensino Superior Cursando Ensino Superior Incompleto 0 9 7 Gráfico 5 – Escolaridade. Fonte: Elaboração da autora, 2009. No que tange ao tempo de trabalho que esse trabalhadores estão na empresa, a média é de 3 anos e 2 meses. As respostas variaram de 2 dias até 28 anos de trabalho na empresa. Os dados apresentados no Gráfico 6, foram separados em blocos para uma melhor visualização dos resultados. Pode-se 30 observar que a maioria dos trabalhadores estão na empresa há pouco tempo, de no máximo 3 anos. Tempo de Trabalho na Empresa 5 16 11 Menos de 1 ano De 1 à 3 anos De 3 à 6 anos Acima de 6 anos 19 Gráfico 6 – Tempo de Trabalho na Empresa. Fonte: Elaboração da autora, 2009. E por fim, o último dado de identificação dos participantes foi elaborado para verificar o número de empregos que estes trabalhadores tiveram antes do atual. Embora não seja a maioria, um número significativo de trabalhadores está no seu primeiro emprego, como mostra o Gráfico 7, e apenas 3 dos trabalhadores tiveram no mínimo 6 empregos anteriores. Empregos Anteriores 3 9 17 Primeiro emprego De 1 à 3 empregos De 4 à 6 empregos Acima de 6 empregos 22 Gráfico 7 – Empregos Anteriores. Fonte: Elaboração da autora, 2009 Conclui-se então que estes 51 trabalhadores são jovens, possuem dependentes financeiros, tem no mínimo ensino médio completo, trabalham há pouco tempo na empresa e não estão em seu primeiro emprego. 31 3.2.2 Perfil da Empresa A empresa “Alfa” é uma empresa especializada no ramo de alimentos e de bebidas e está há 30 anos no mercado. Em Florianópolis sua primeira unidade foi inaugurada no ano de 1992. A empresa possui unidades em outras cidades de Santa Catarina e também em outros estados do Brasil. É caracterizada como uma empresa de pequeno porte, tendo atualmente 140 trabalhadores no total, sendo que na Grande Florianópolis há um total de 100 trabalhadores. 3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário. Para Gil (1996, p. 90), o questionário define-se por “um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado”. O questionário da presente pesquisa foi elaborado a partir das sugestões da banca na qualificação desta pesquisa, e é constituído por 14 questões, sendo elas 7 abertas e 7 fechadas (APÊNDICE A). 3.4 PROCEDIMENTOS 3.4.1 De seleção e contato com os participantes A empresa “Alfa” foi escolhida para participar desta pesquisa, pelo fato de o gestor da referida empresa, fazer parte da rede de relacionamentos da pesquisadora, facilitando assim a liberação e o acesso aos trabalhadores. Os trabalhadores convidados para colaborar com a pesquisa foram aqueles que trabalham nos setores de atendimento e cozinha da empresa “Alfa”, que ocupam cargos de atendente, auxiliar de atendente, coordenador(a) de atendimento, barman/barwoman, caixa, cozinheiro(a), auxiliar de cozinha, coordenador(a) de cozinha, sushiman e auxiliar de sushiman. 32 Antes do contato com os participantes, foi realizado um contato com o gestor da empresa “Alfa” para ter acesso aos trabalhadores. Após esta liberação, a pesquisadora entrou em contato mais uma vez com o gestor, para acordar as datas e os horários disponíveis e possíveis para ir a cada uma das quatro unidades da empresa. O contato com os participantes foi efetivado no momento da aplicação do instrumento. A pesquisadora explicou a importância da pesquisa, bem como da colaboração dos trabalhadores no preenchimento do questionário, e os deixou cientes de que eles não seriam identificados e nem obrigados a participar. Pelo fato de o gestor da empresa fazer parte da rede de relacionamentos da pesquisadora, manteve-se o cuidado de não demonstrar isto aos trabalhadores, para que não interferisse na adesão e tampouco nas respostas dos participantes. Alguns trabalhadores que estavam na empresa no momento da coleta dos dados não compareceram ao chamado do gestor ao salão do restaurante, e dessa forma não participaram da pesquisa. Todos os que compareceram ao chamado e ouviram o que a pesquisadora tinha a dizer, participaram da pesquisa. 3.4.2 Estudo Piloto Foi realizado um pré-teste deste instrumento, aplicando em 3 pessoas que possuem perfil semelhante aos sujeitos desta pesquisa. Nas 3 situações em que foi realizado o pré-teste, as participantes conseguiram responder à todas as questões, afirmando que estava tranquilo de entender o que estava sendo solicitado. 3.4.3 De coleta e registro dos dados A coleta de dados foi realizada nas quatro unidades do restaurante em dias diferentes, mas em todas as unidades o procedimento foi o mesmo. O horário acordado pela pesquisadora e pelo gestor para ir até a empresa foi por volta de 15h, 16h, horário este que os trabalhadores estariam chegando, e que poderiam despender seu tempo respondendo à pesquisa, sem prejudicar o seu trabalho, visto que após a abertura do restaurante, por volta das 19h, seria difícil realizar a coleta. 33 Os trabalhadores foram convocados pelo gestor e encaminhados para o salão do restaurante para que a pesquisadora explicasse o que iria acontecer e desse início à aplicação do questionário. No dia 26 de agosto de 2009, foi realizada a primeira coleta de dados, na unidade 1 da empresa “Alfa”, às 15h30, tendo a participação de 8 trabalhadores. A segunda coleta de dados, foi realizada na unidade 2 da empresa “Alfa”, no dia 28 de agosto de 2009, às 15h30, tendo a adesão de mais 8 trabalhadores. Na semana seguinte, dia 2 de setembro de 2009, foi realizada a terceira coleta de dados na unidade 3 da empresa “Alfa”, às 16h, participando 10 trabalhadores. No dia 4 de setembro de 2009, a pesquisadora voltou na unidade 3, por volta de 12h30 para aplicar o questionário em mais 3 participantes que não havia tido contato no dia 2 de setembro. Ao deixar a unidade 3, a pesquisadora encaminhou-se para a unidade 4 da empresa “Alfa” para fazer a última coleta de dados. A unidade 4 tem um maior número de trabalhadores por funcionar em dois turnos. Às 15h, os questionários foram aplicados na equipe do turno da manhã, e às 16h na equipe do turno da noite, totalizando 22 participantes desta unidade. Em média, o preenchimento dos questionários tiveram duração de 20 minutos. A pesquisadora entregou duas cópias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) para que os trabalhadores assinassem, demonstrando aceitar participar e estar ciente da pesquisa, ficando uma via com eles e uma com a pesquisadora. Após isto, os questionários foram entregues para cada um dos trabalhadores e as questões foram lidas em voz alta, porém, muitos participantes não deram atenção à leitura das questões, iniciando o preenchimento. A pesquisadora permaneceu no local junto com os trabalhadores e se disponibilizou para auxiliá-los em qualquer possível dúvida quanto às questões, de forma que não interferisse nas respostas. 3.4.4 De organização e análise dos dados Os dados de identificação dos participantes e das questões fechadas dos questionários foram tabulados, ou seja, as informações coletadas foram codificadas 34 e organizadas em médias, para em seguida serem apresentadas em gráficos utilizando estatística descritiva. As respostas das questões abertas do questionário foram organizadas em categorias a priori e a posteriori, para posteriormente serem analisados os conteúdos. Foram realizadas 3 categorias, sendo uma para cada questão aberta. As categorias foram analisadas por meio de análise de conteúdo. Para Bardin (1994 apud SILVA, et al 2005), a análise de conteúdo pode ser definida como técnicas para analisar o que foi dito, utilizando-se de procedimentos sistematizados (categorias, por exemplo), para que então se possa inferir o conteúdo apresentado pelo sujeito. A questão que aborda o interesse em permanecer na empresa foi dividida em duas categorizações, sendo uma para os que tem interesse em permanecer na empresa, e outra para os que não tem interesse. A categorização que aborda o interesse em permanecer na empresa apresenta 7 categorias, sendo elas: gostar da atividade que exerce; oportunidade de crescimento; qualificações da empresa; ambiente de trabalho agradável; salário; em branco e outros. Por sua vez, a categorização que aborda o não interesse em permanecer na empresa apresenta 2 categorias, sendo elas: busca por outros objetivos profissionais e salário. Na questão que aborda sobre a possibilidade de indicação da empresa para outra pessoa trabalhar também foi dividida em duas categorizações, sendo uma para os que indicariam a empresa para alguém trabalhar, e outra para os que não indicariam. A categorização que aborda a indicação apresenta 8 categorias, sendo elas: ambiente de trabalho agradável; qualificações da empresa; oportunidade de crescimento; salário; ganho de experiência e aprendizado; desemprego; em branco e outros. E por sua vez, a categorização que aborda a não indicação apresenta 1 categoria, sendo ela o salário. Por fim, na questão que aborda sobre a percepção diante da rotatividade na empresa, foram criadas 7 categorias, tais como: equipe instável; sobrecarga de trabalho; perda de amigos; indiferença; rotatividade X salário; em branco e outros. 35 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo serão apresentados e analisados, baseados na teoria fundamentada no capítulo dois, os dados da presente pesquisa, que serão divididos em quatro subcapítulos, conforme seus objetivos geral e específicos. No primeiro subcapítulo, serão abordados os motivos relacionados à entrada dos trabalhadores na empresa; no segundo subcapítulo, serão abordados os motivos relacionados à permanência dos trabalhadores na empresa; no terceiro subcapítulo, serão abordados os motivos relacionados à saída dos trabalhadores da empresa, e por fim, no quarto subcapítulo, serão abordados as percepções que os trabalhadores têm frente à rotatividade. Os três primeiros subcapítulos correspondem aos objetivos específicos, e o quarto e último corresponde ao objetivo geral. 4.1 MOTIVOS RELACIONADOS À ENTRADA DOS TRABALHADORES Neste subcapítulo serão abordados os motivos relacionados à entrada do trabalhador na empresa, e para isso, serão analisadas duas questões do questionário (APÊNDICE A). Na questão 10 foram listados 9 motivos onde os trabalhadores deveriam assinalar “0” se o motivo não fosse importante, “1” se fosse importante, mas não o principal para a entrada na empresa, e “2” caso fosse muito importante para a entrada na empresa. Segue no gráfico 8, as médias relacionadas a cada motivo: 36 Motivos Relacionados à Entrada 1,35 Benefícios oferecidos 1,67 Gostar da atividade que exerce 1,10 Empresa famosa Experiência no ramo 0,91 Flexibilidade de horários 1,28 Salário bom 1,11 Desemprego 1,40 Conhecidos que já trabalhavam na empresa 1,11 Proximidade de casa 0,00 1,18 0,50 1,00 1,50 2,00 Gráfico 8 – Motivos Relacionados à Entrada. Fonte: Elaboração da autora, 2009. Percebe-se a partir do gráfico 8, que “gostar da atividade que exerce” foi considerado o motivo mais importante pelos trabalhadores, apresentando média 1,67. Considerando a origem em latim da palavra trabalho, que significa tortura, Borges e Yamamoto (2004) afirmam que nem sempre a relação estabelecida com o trabalho é de realização, ou seja, para algumas pessoas o trabalho é visto como algo penoso, árduo. Algumas pessoas trabalham por necessidade, porque precisam do salário para sobreviver, fazendo qualquer tipo de trabalho, sem sequer gostar. Observa-se que no caso desses trabalhadores, a relação estabelecida com o trabalho não é de tortura, pois eles demonstram gostar do que fazem e por este motivo entraram nesta empresa, e desta forma, este trabalho possivelmente os realiza. Outro motivo que faz as pessoas irem em busca de um emprego, é o fato de não o ter, ou seja, estar desempregado. O “desemprego” apresenta média 1,40, ficando em segundo lugar como o motivo mais importante para a entrada na empresa. Antunes (1995) assegura que com o capitalismo, o trabalho passou a ser 37 visto como um meio de sobrevivência, isto é, trabalha-se em troca de salário. No caso destes trabalhadores, nota-se que o fato de estar desempregado foi um motivo importante que os levou a aceitar este emprego, porém, de acordo com a média 1,67 do item “gostar da atividade que exerce”, pode-se perceber que eles foram em busca de um emprego que os realiza, e não simplesmente pelo salário, pela necessidade. A média de “salário bom” evidencia este dado, pois foi de apenas 1,11, inferior a do “desemprego”. Com isso, pode-se entender que é importante ter um emprego, mas gostar do que faz foi um fator imprescindível para a entrada desses trabalhadores na empresa, independente do valor do salário, desde que seja o mínimo para sobreviver. Ao ter um emprego, além de receber o salário em si, existem benefícios que podem ser oferecidos pela empresa. De acordo com Chiavenato (2002), existem benefícios legais, quando a empresa é obrigada a oferecer, e outros espontâneos, quando não é obrigatório. Os benefícios espontâneos por não serem obrigatórios, podem atrair e manter os trabalhadores na empresa, reduzindo assim a rotatividade e o absenteísmo. Percebe-se a importância disto, diante do fato de o motivo “benefícios oferecidos” ser o terceiro motivo considerado pelos trabalhadores como sendo importante para a entrada na empresa, apresentando média 1,35. Em seguida, apresentando média 1,28, aparece o motivo “flexibilidade de horários” como sendo importante. Para Spector (2003) horário flexível é quando o trabalhador pode escolher quais as horas que vai trabalhar por dia. Essa flexibilidade é importante para que o trabalhador possa resolver problemas pessoais, como ir ao médico, por exemplo, no horário que não esteja trabalhando. De acordo com informações coletadas com o gestor desta empresa, existe uma flexibilidade de horários no sentido de poder trocar o dia da folga e também, em caso de necessidade, na medida do possível, poder trabalhar em outro turno. Em outras palavras, existe uma flexibilidade, embora seja limitada, uma vez que é importante que os trabalhadores estejam juntos para que não prejudique o funcionamento do restaurante. Um outro aspecto que pode ser levantado com relação à flexibilidade de horário, é o fato de que a maioria dos trabalhadores desta empresa trabalha no turno da noite, começando o expediente no meio da tarde, e dessa maneira tem o período da manhã livre, para ir a médico, banco, entre outros. Considerando que a 38 flexibilidade é entendida como importante para se realizar compromissos, pode-se supor que eles entendam que tenham-na em função do tempo livre que já possuem. O motivo “proximidade de casa” apresenta média 1,18. Este motivo pode ser explicado pelo fato de que, considerando o período de 8 horas e o trabalho no turno da noite para a maioria desses trabalhadores, morar longe do trabalho implicaria em um tempo a mais se deslocando até o trabalho. Com média 1,11 tem-se o motivo “conhecidos que já trabalhavam na empresa”. Pode-se entender com este dado que ter alguém que já trabalha na empresa facilita o ingresso, seja pela indicação ou pela própria oferta de emprego. O motivo “empresa famosa” apresentou média 1,10 significando também ser um motivo considerado importante para a entrada na empresa. Walton (1976 apud LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002) sugere um modelo, para analisar a qualidade de vida no trabalho nas organizações, dividido em 8 categorias, sendo uma delas o “significado social da atividade do empregado”. Esta categoria visa demonstrar o sentido que a organização tem para o trabalhador, ou seja, a imagem social que a empresa representa para ele. No caso destes trabalhadores, a imagem social da empresa, embora existam outros motivos mais importantes para a entrada, também foi considerada importante pelos trabalhadores. Apresentando média 0,91 tem-se o motivo “experiência no ramo”. Este dado mostra que ter experiência não é um motivo tão importante para entrar na empresa, uma vez que 17 trabalhadores estão no seu primeiro emprego, isto é, esta empresa não faz exigência de experiência para a contratação. Outro ponto abordado no questionário para identificar os motivos da entrada na empresa foi a questão 9, elaborada a fim de saber se os trabalhadores indicariam a empresa para alguém trabalhar. Dos 51 trabalhadores que participaram da pesquisa, 49 responderam que indicariam, e somente 2 responderam que não indicariam, conforme mostra o gráfico 9. 39 Indicação Para Trabalhar na Empresa 2 Sim Não 49 Gráfico 9 – Indicação Para Trabalhar na Empresa Fonte: Elaboração da autora, 2009. Para um melhor entendimento dos motivos dessas indicações e não indicações, tem-se as tabelas 1 e 2. A Tabela 1 expõe os motivos pelos quais os trabalhadores indicariam alguém para trabalhar na empresa. CATEGORIAS Ambiente de trabalho agradável Qualificações da empresa Oportunidade de crescimento Salário Ganho de experiência e aprendizado Desemprego UNIDADE DE CONTEXTO ELEMENTAR “Sim. Por ser um ótimo lugar, com um bom ambiente”. (Trabalhador 22) “Sim. Pela estabilidade que a empresa passa”. (Trabalhador 13) “Sim. Dá oportunidade para a gente crescer”. (Trabalhador 03) “Sim. Pois assim como me ajudou e o salário não é ruim, pode ajudar outros”. (Trabalhador 10) “Sim. Aqui eu vejo que você consegue experiência e aprendizado de qualidade”. (Trabalhador 46) “Sim. Porque mal ou bem né pode ter um emprego”. (Trabalhador 02) Em branco “Sim”. (Trabalhador 41) Outros “Sim. Porque me sinto bem, então indicaria”. (Trabalhador 45) Tabela 1 – Indicariam Para Trabalhar na Empresa. Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQUÊNCIA 15 11 6 4 4 2 4 4 Conforme a Tabela 1, a categoria “ambiente de trabalho agradável”, teve frequência 15, ou seja, 15 trabalhadores consideram que a empresa é um ótimo lugar para se trabalhar e que as pessoas que ali trabalham são boas, e por este motivo, indicariam a empresa para alguém trabalhar. Mayo (2003 apud CAMPOS, 2008) garante que o ambiente de trabalho influencia tanto positiva, quanto negativamente a motivação e o comprometimento dos trabalhadores. Desta forma, quanto mais favorável for o ambiente de trabalho, mais as pessoas se sentirão motivadas e comprometidas com o seu trabalho. A partir disto, pode-se entender que 40 o ambiente de trabalho, tido como agradável, desta empresa é um fator positivo para a entrada dos trabalhadores. Em segundo lugar, apresentando frequência 11, tem-se a categoria “qualificações da empresa”, assinalada pelas qualidades da empresa elencadas pelos trabalhadores, como sendo uma empresa séria, conceituada, que respeita os trabalhadores e que cumpre com o que promete. Esta categoria pode ser relacionada com o item “empresa famosa” demonstrada no gráfico 8, uma vez que as qualificações da empresa são fatores que evidenciam a imagem social da empresa. Apresentando apenas freqüência 6, tem-se a categoria “oportunidade de crescimento”, o que significa que os trabalhadores consideram que a empresa lhes oferece chance para desenvolvimento, tanto profissional, como pessoal. Esta categoria pode ser explicada de acordo com a categoria de Walton (1976 apud LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002), denominada “oportunidade de progresso e segurança no emprego”, que menciona sobre a possibilidade de crescimento na empresa passando a ter estabilidade e segurança no emprego, como sendo fatores que contribuem para uma qualidade de vida no trabalho. Observa-se que os trabalhadores veem oportunidade de crescimento nesta empresa, fazendo, inclusive, com que este seja um motivo de indicação para outras pessoas ingressarem na empresa. Em seguida, tem-se a categoria “salário” apresentando apenas freqüência 4. Nesta categoria é abordado o salário pago pela empresa como algo bom, isto é, um salário compatível com suas necessidades. De acordo com a teoria de Herzberg (1968 apud SPECTOR, 2003), estes trabalhadores não estão insatisfeitos com o seu trabalho, e por isso, indicariam para outras pessoas. Apresentando também apenas freqüência 4, tem-se a categoria “ganho de experiência e aprendizado”, o que implica dizer que 4 trabalhadores acreditam que a empresa permite que eles tenham ganho de experiência e aprendizado. Embora 17 trabalhadores desta empresa não tenham tido nenhuma experiência de trabalho anterior, por estarem em seu primeiro emprego, o ganho de experiência e aprendizado não pareceu ser algo importante para eles, de forma com que apenas 4 trabalhadores consideram este fator como sendo motivo de indicação para outros trabalhadores. 41 E por fim a categoria “desemprego”, que embora apresente frequência 2, também é um motivo de indicação para trabalhar na empresa considerado pelos trabalhadores. Em outras palavras, as pessoas precisam ter um emprego, precisam trabalhar para receber salário e isto fica claro na resposta da trabalhadora 01, “quem precisa, trabalha em qualquer lugar”. Provavelmente este “precisa” relatado por ela, é o fato de precisar sobreviver, e dessa forma, indicaria a empresa para alguém trabalhar. A categoria “em branco” apresentou frequência 4, o que implica dizer que 4 trabalhadores não se posicionaram sobre o motivo pelo qual indicariam alguém para trabalhar na empresa. E por fim, a categoria “outros”, igualmente apresentando frequência 4, demonstra que 4 trabalhadores deram respostas imprecisas, não se enquadrando nas categorias anteriores, e não sendo motivos relevantes para responder o objetivo. A Tabela 2 a seguir, expõe os motivos pelos quais os trabalhadores não indicariam alguém para trabalhar na empresa. CATEGORIAS UNIDADE DE CONTEXTO ELEMENTAR Salário “Não. Pois muitas pessoas trabalham por dinheiro e o salário daqui não é tão bom assim”. (Trabalhador 08) Tabela 2 – Não Indicariam Para Trabalhar na Empresa. Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQUÊNCIA 2 Com relação aos motivos pelos quais os trabalhadores não indicariam alguém para trabalhar na empresa, tem-se uma única categoria denominada “salário”. O salário, ou melhor, o baixo salário é o motivo pelo qual dois trabalhadores não indicariam a empresa para alguém trabalhar. Pode-se observar que o motivo principal para a entrada dos trabalhadores na empresa é o fato de gostar da atividade que exercem, seguido do desemprego, o que pode-se entender que por estarem desempregados, estes trabalhadores foram em busca de um emprego, porém não qualquer emprego, e sim algo que os realizasse. Nota-se também que estes trabalhadores consideram que a empresa possui um agradável ambiente de trabalho e estabilidade, ou seja, uma empresa boa para se trabalhar e que respeita os trabalhadores, e por isso, indicariam para outras pessoas trabalhares. Tendo entendido os motivos que fazem com que o trabalhador entre na empresa, tem-se agora os motivos da permanência dos trabalhadores. 42 4.2 MOTIVOS RELACIONADOS À PERMANÊNCIA DOS TRABALHADORES Neste subcapítulo serão abordados os motivos referentes à permanência do trabalhador na empresa, e para isso, três questões do questionário (APÊNDICE A) serão analisadas. Na questão 11 foram listados oito motivos onde os trabalhadores deveriam assinalar “0” se o motivo não fosse importante, “1” se fosse importante, mas não o principal para a permanência na empresa e “2” caso fosse muito importante para permanecer na empresa. Segue no gráfico 10, as médias relacionadas a cada motivo: Motivos Relacionados à Permanência Gostar da atividade que exerce 1,78 1,21 Salário bom Festa de socialização para os trabalhadores 0,84 0,76 Plano de saúde Treinamento para os trabalhadores 1,14 Cesta básica 0,96 Vale-transporte 0,98 Vale-alimentação 0,00 1,46 0,50 1,00 1,50 2,00 Gráfico 10 – Motivos Relacionados à Permanência. Fonte: Elaboração da autora, 2009. De acordo com o gráfico 10, o motivo “gostar da atividade que exerce” apresenta média 1,78, sendo este o motivo mais importante considerado pelos trabalhadores que os mantém na empresa. Este item corrobora com o item “gostar da atividade que exerce”, apresentado no gráfico 8, pois mostra que eles entraram na empresa por gostar do que fazem, e é por este motivo que eles permanecem. Para Morin (2001), ao executar uma tarefa, o trabalhador pode sentir prazer e realizar-se com o que faz, dando assim um sentido ao seu trabalho. Pode-se supor que esses trabalhadores ao executarem suas atividades diariamente, cada vez mais 43 vão se sentindo realizados com as tarefas que realizam. Este dado pode ser evidenciado a partir das médias 1,67 para o item “gostar da atividade que exerce” para a entrada na empresa, e para a permanência apresentar média de 1,78. Apresentando média de 1,46 tem-se o motivo “vale-alimentação”. O valealimentação é considerado por Chiavenato (2002) como um benefício espontâneo, isto é, não é obrigatório ser oferecido pela empresa. Com isso, observa-se que este benefício é algo que atrai e mantém os trabalhadores na empresa, como foi visto no gráfico 8, uma vez que os trabalhadores consideram os benefícios oferecidos como sendo um dos motivos mais importantes para a entrada na empresa, e também um dos mais importantes para a permanência. Em seguida, apresentando média 1,21, tem-se o motivo “salário bom”, sendo considerado importante para a permanência na empresa. Para Walton (1976 apud LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002), a “remuneração justa e adequada” é uma categoria que aponta para a relação que o trabalhador tem com o salário, e com o trabalho que desempenha, ou seja, o trabalhador compara o salário que recebe com a atividade que exerce para saber se está adequado. Com isso, pode-se observar que para muitos trabalhadores, o salário desta empresa é considerado bom, pois está compatível com suas atividades e suas necessidades, e para outros, o salário não é bom, pois como foi demonstrado no quadro 2, uma trabalhadora acredita que a “remuneração não compensa” (Trabalhador 29) e por este motivo não indicaria alguém para trabalhar nesta empresa. Com média 1,14 o motivo “treinamento para os trabalhadores” aparece em quarto lugar como sendo pouco importante para a permanência na empresa. Para Flippo (1970 apud CHIAVENATO, 2002, p. 497) “treinamento é o ato de aumentar o conhecimento e perícia de um empregado para o desenvolvimento de determinado cargo ou trabalho”. De acordo com este conceito de treinamento, podese perceber que para esses trabalhadores é importante o treinamento oferecido pela empresa, uma vez que, ao estarem treinados, irão conhecer e desempenhar melhor suas atividades, contribuindo para que os trabalhadores permaneçam na empresa. Apresentando média 0,98 e demonstrando ter pouca importância para a permanência na empresa, tem-se o motivo “vale-transporte”. De acordo com o site Guia Trabalhista, a empresa é obrigada a fornecer vale-transporte para o trabalhador que utiliza o transporte coletivo, por menor que seja a distância da sua casa ao 44 trabalho. Nesta empresa, além do vale-transporte, também é disponibilizado o uso de vans para o deslocamento dos trabalhadores. Apresentando média 0,96 tem-se o motivo “cesta-básica”, sendo considerados por Chiavenato (2002) como benefícios espontâneos. Vale ressaltar que nem todos os trabalhadores ganham cesta-básica, somente aqueles que “batem o ponto” no horário certo é que recebem. O ponto nesta empresa deve ser batido 4 vezes por dia, no momento da entrada, na saída para o intervalo, na volta do intervalo e no final do expediente. Em nenhum desses casos deverá ter atraso, senão o trabalhador não recebe a cesta básica, fator este que pode explicar a média 0,96, pois nem todos os trabalhadores recebem este benefício. Com média 0,84 tem-se o motivo “festa de socialização para os trabalhadores”, demonstrando pouca importância para a permanência na empresa. Para Gontijo (2005), a socialização é um processo utilizado pela empresa com o intuito de que o novo trabalhador aprenda os valores e os comportamentos esperados para o seu cargo. As festas de socialização promovidas pela organização são uma forma de disseminar a cultura da organização entre os novos e antigos trabalhadores, no caso desta empresa, a festa ocorre uma vez por ano, porém não de aparenta ser algo que mantenha o trabalhador na empresa. Com média 0,74 tem-se o motivo “plano de saúde”, de todos listados o motivo menos importante, considerado pelos trabalhadores, para permanecer na empresa. Isto pode se explicar pelo fato de a empresa não disponibilizar plano de saúde, e mesmo assim, os trabalhadores permanecem na empresa. Outra questão elaborada para auxiliar na resposta deste objetivo foi a questão 12 do questionário, onde foram listadas oito medidas que a empresa poderia realizar para manter os trabalhadores na empresa, e os trabalhadores deveriam assinalar “0” se a medida não fosse importante, “1” se fosse importante, mas não a principal e “2” caso fosse muito importante para permanecer na empresa. Segue no gráfico 11 as médias relacionadas a cada medida: 45 Medidas que a Empresa Poderia Realizar Avaliação de desempenho 1,67 Reconhecimento do trabalhador – Funcionário do mês 1,53 Integração para os trabalhadores 1,43 1,88 Aumento de salário Cursos de capacitação 1,77 1,73 Plano odontológico 1,80 Treinamento para os trabalhadores Plano de saúde 0,00 1,74 0,50 1,00 1,50 2,00 Gráfico 11 – Medidas que a Empresa Poderia Realizar Fonte: Elaboração da autora, 2009. Apresentando média 1,88 tem-se o motivo “aumento de salário”. Embora alguns trabalhadores demonstrem estar satisfeitos com o salário que recebem nesta empresa, considerando como um bom salário pode-se observar que o aumento do salário é a medida mais importante para manter os trabalhadores na empresa. Apresentando médias 1,80 e 1,77 tem-se o “treinamento para os trabalhadores” e “cursos de capacitação”, respectivamente. De acordo com Morin (2001, p.9), a empresa deve oferecer ao trabalhador a possibilidade de “praticar e desenvolver suas competências,[...] de conhecer a evolução de seus desempenhos e de se ajustar”. O fato de muitos trabalhadores não terem experiência no ramo e estarem em seu primeiro emprego faz com que o treinamento e a capacitação sejam importantes para que eles tenham um melhor desempenho em suas atividades. Com média 1,74 e 1,73 tem-se os benefícios “plano de saúde” e “plano odontológico” respectivamente. Para Chiavenato (2002) plano de saúde e plano odontológico são benefícios espontâneos, ou seja, a empresa não é obrigada a oferecer, como é o caso desta empresa. No entanto, pode-se observar que os trabalhadores consideram esses benefícios importantes, podendo ser este um motivo para a saída da empresa. 46 Apresentando média 1,67 tem-se a “avaliação de desempenho”, o que também pode proporcionar ao trabalhador uma visão do seu desempenho na empresa para que possa adequar o que não está bom e reforçar os pontos positivos. Apresentando média 1,53 tem-se o “reconhecimento do trabalhador – funcionário do mês”. A empresa não utiliza a expressão “funcionário do mês”, mas uma forma de valorizar o trabalhador é a cesta básica, como foi visto anteriormente. O trabalhador exemplar, aquele que não atrasar nenhuma vez, que fizer o seu período de intervalo correto, que não receber nenhuma advertência, que não faltar o trabalho é o trabalhador que receberá o benefício da cesta básica. A média 1,53 deste item, nos faz entender que os trabalhadores consideram essa medida de ter um funcionário do mês importante para a empresa realizar, talvez não se dando conta que já existe. E por fim, com média 1,43 tem-se a “integração para os trabalhadores”. Gontijo (2005) afirma que estratégias de integração contribuem para a transmissão e incorporação dos valores e comportamentos da empresa para os novos trabalhadores. A integração, embora seja a medida considerada como menos importante pelos trabalhadores para a empresa realizar é uma medida que auxilia o trabalhador no conhecimento das normas e regras da empresa, bem como as atividades que irá realizar e no conhecimento da equipe que irá trabalhar. Ao receber estas informações no momento da sua entrada na empresa, o trabalhador já se familiariza com as questões da empresa, contribuindo assim para o seu comprometimento. Outra questão abordada para identificar os motivos da permanência, foi a questão 8 do questionário, visando verificar se os trabalhadores tem interesse em permanecer na empresa. Dos 51 trabalhadores que responderam, 46 afirmaram que tem interesse, e apenas 5 responderam que não, conforme mostra o gráfico 12. 47 Interesse em Permanecer na Empresa 5 Sim Não 46 Gráfico 12 – Interesse em Permanecer na Empresa. Fonte: Elaboração da autora, 2009. Para um melhor entendimento dos motivos das permanências e não permanências, tem-se as Tabelas 3 e 4. A Tabela 3 representa os motivos pelos quais os trabalhadores tem interesse em permanecer na empresa, a seguir: CATEGORIAS UNIDADE DE CONTEXTO ELEMENTAR FREQUÊNCIA Gostar da atividade que exerce Oportunidade de crescimento “Sim. Gosto do que faço”. (Trabalhador 08) 10 “Sim. Pois hoje vejo que existe uma grande possibilidade de me formar um bom profissional na área”. (Trabalhador 14) Qualificações da “Sim. Pois é uma das melhores que já trabalhei”. empresa (Trabalhador 22) Ambiente de “Sim. Possui um bom ambiente de trabalho”. trabalho agradável (Trabalhador 51) Salário “Sim. Pois é daqui que eu tiro meu sustento”. (Trabalhador 02) Em branco “Sim”. (Trabalhador 16) Outros “Sim. Por enquanto, porque faz 1 ano que estou aqui e ainda não decidi o que fazer de certeza”. (Trabalhador 43) Tabela 3 – Interesse em Permanecer na Empresa. Fonte: Elaboração da autora, 2009. 10 8 5 5 4 4 A categoria “gostar da atividade que exerce” apresentou frequência 10, isto é, 10 trabalhadores consideram que gostar do que fazem seja um motivo para permanecer na empresa. Este dado corrobora com o item “gostar da atividade que exerce” do gráfico 10, demonstrando que gostar do que fazem é realmente o motivo principal para que esses trabalhadores permaneçam na empresa. Também apresentando frequência 10, tem-se a categoria “oportunidade de crescimento”. A oportunidade de crescimento na empresa foi um motivo mencionado para argumentar as possíveis indicações de trabalho na empresa, e da 48 mesma forma, é um motivo que incentiva os trabalhadores a permanecer na empresa. A categoria “qualificações da empresa”, tem a mesma característica da apresentada no quadro 1. Pode-se observar com isto, que a figura social que a empresa representa, seja pela sua notoriedade ou pela “estabilidade, comprometimento e abertura” (Trabalhador 37), faz com que 8 trabalhadores, considerem este um motivo importante para permanecer na empresa. A categoria “ambiente de trabalho agradável” apresenta frequência 5, isto é, 5 trabalhadores apreciam o bom ambiente de trabalho e consideram ser o motivo com que queiram permanecer na empresa. Também apresentando frequência 5, tem-se a categoria “salário”, o que significa que 5 trabalhadores consideram o salário como um motivo no qual tenham interesse em permanecer na empresa. Observa-se com este dado, que o salário para estes trabalhadores é suficiente para suprir suas necessidades, pois estão satisfeitos com ele. A categoria “em branco” apresentou frequência 4, o que implica dizer que 4 trabalhadores não se posicionaram sobre o motivo pelo qual tem interesse em permanecer na empresa. E por fim, a categoria “outros”, igualmente apresentando frequência 4, demonstra que 4 trabalhadores deram respostas imprecisas, não se enquadrando nas categorias anteriores, e não sendo motivos relevantes para responder o objetivo. A seguir, a Tabela 4 expõe os motivos pelos quais o trabalhador não tem interesse em permanecer na empresa. CATEGORIAS Busca por outros objetivos profissionais Salário UNIDADE DE CONTEXTO ELEMENTAR “Não. Porque sou de outra área e pretendo voltar”. (Trabalhador 36) “Não. O salário é muito pouco, não dá para o aluguel”. (Trabalhador 06) Tabela 4 – Não Tem Interesse em Permanecer na Empresa. Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQUÊNCIA 4 1 Com relação aos motivos pelos quais os trabalhadores não tem interesse em permanecer na empresa, tem-se 2 categorias. A categoria “busca por outros 49 objetivos profissionais” apresenta frequência 4, e é assinalada pela não identificação com o cargo que ocupa, o que pode ser evidenciado na resposta da trabalhadora 32, onde relata que “gostaria de ir para outro ramo”. Observa-se que para esses 4 trabalhadores, esta atividade não os realiza, fazendo com que eles procurem um outro emprego. A categoria “salário” neste caso apresentando frequência 1, significa que para 1 trabalhador, o salário não é suficiente para suprir suas necessidades de sobrevivência, de modo que ele relata que não dá nem para pagar o aluguel. Para este trabalhador, o salário é um motivo no qual ele não tenha interesse em permanecer na empresa. Tendo entendido que a permanência dos trabalhadores na empresa está relacionada principalmente ao fato de os trabalhadores gostaram das atividades que exercem, e que o aumento do salário é a principal medida considerada pelos trabalhadores para esta permanência, tem-se agora os motivos relacionados à saída. 4.3 MOTIVOS RELACIONADOS À SAÍDA DOS TRABALHADORES Neste subcapítulo serão apresentados e elucidados os motivos que estão relacionados com a saída dos trabalhadores da empresa em que trabalham. Na questão 13 do questionário (APÊNDICE A), foram listados 13 possíveis motivos de saída de uma empresa, onde os trabalhadores deveriam assinalar “0” se o motivo não fosse importante, “1” se fosse importante, mas não a ponto de deixar a empresa, e “2” caso fosse muito importante a ponto de sair da empresa em que trabalha. Segue no gráfico 13, as médias relacionadas a cada motivo: Motivos Relacionados à Saída Salário baixo Falta de oportunidade de crescimento na empresa Injustiça por parte do chefe Falta de comunicação com o chefe Trabalho não ser reconhecido pelo chefe Falta de colaboração entre os colegas Falta de comunicação com os colegas Barulho no ambiente de trabalho 1,52 1,40 1,46 1,31 1,32 1,18 1,08 0,52 50 Gráfico 13 – Motivos Relacionados à Saída. Fonte: Elaboração da autora, 2009. Conforme o gráfico 13, o motivo “salário baixo” apresentou média 1,52 representando o motivo mais importante considerado pelos trabalhadores para deixar a empresa. De acordo com a teoria de Herzberg (1966 apud CHIAVENATO, 2002), o salário é um fator higiênico, ou seja, fator que pode levar à insatisfação no trabalho, e dessa forma, Spector (2003) pontua que estar insatisfeito faz com que o trabalhador abandone o seu emprego. Observa-se que nessa empresa o salário baixo é um motivo de insatisfação desses trabalhadores, o que pode fazer com eles abdiquem de seus empregos. Vale ressaltar que 26 trabalhadores possuem dependentes financeiros, o que pode explicar a necessidade de ter um salário melhor para o sustento da família. Apesar de a média 1,52 demonstrar a insatisfação destes trabalhadores com o salário recebido, 46 dos 51 trabalhadores tem interesse em permanecer na empresa. Este dado nos faz pensar que embora o salário seja um fator importante para a saída da empresa, gostar da atividade que exerce é o motivo mais importante para a permanência. Em seguida, apresentando média 1,46 aparece o motivo “injustiça por parte do chefe”, tendo sido respondido por 29 trabalhadores como importante para a saída. Diferente do “salário baixo” que foi mencionado, em tom de reclamação, diversas vezes pelos trabalhadores no momento da aplicação do questionário e nas questões abertas, a “injustiça por parte do chefe” não apareceu nas respostas dos trabalhadores, nas questões abertas do questionário, como sendo algo presente nesta empresa. 51 Segundo Spector (2003), um trabalhador que é respeitado pelo seu chefe, pode ter um sentimento positivo com relação ao seu trabalho e desempenhar melhor sua função. Contudo, existem chefes que abusam de sua autoridade, algumas vezes maltratando os trabalhadores, acreditando que essas atitudes farão com que o desempenho do trabalhador melhore. Pode-se perceber pelos dados coletados, que de fato uma injustiça por parte do chefe não surta efeitos positivos, pelo contrário, faz com que o trabalhador queira sair da empresa. Não ter oportunidade de crescimento na empresa, apresenta média 1,40 e para Chiavenato (1997), esta falta de oportunidade de crescimento pode causar a rotatividade. O fato de não ver possibilidade de crescer, mudar de cargo, pode fazer com que o trabalhador deixe a empresa na primeira oferta de emprego que aparecer. De acordo com o quadro 3, 10 trabalhadores afirmaram que a empresa oferece oportunidade de crescimento, e que por este motivo desejam permanecer na mesma. Pode-se observar diante desses dados, que as percepções sobre a oportunidade de crescimento na empresa são contraditórias, visto que alguns trabalhadores consideram que há oportunidade de crescimento e outros consideram que não. Sendo assim, pode-se supor que as oportunidades que a empresa oferece não são compreendidas por todos da mesma forma. Outro motivo relacionado à saída é o “trabalho não ser reconhecido pelo chefe”, que apresentou média de 1,32. Para Herzberg (1968 apud SPECTOR, 2003), o reconhecimento no trabalho é um fator de motivação, isto é, fator que pode levar à satisfação, e a falta dele leva à não satisfação somente. A média 1,32 é considerada como um motivo pouco importante, o que pode-se supor que nesta empresa o trabalho desses trabalhadores é reconhecido pelo chefe. Falta de comunicação com chefe (média 1,31), falta de colaboração entre colegas (média 1,18) e falta de comunicação entre colegas (média 1,08) foram considerados como motivos que são pouco importantes, isto é, importantes, mas não a ponto de sair da empresa, uma vez que as médias encontram-se próximas a 1. Os trabalhadores demonstraram ter uma relação de amizade com seus colegas de trabalho, não aparentando ter problemas relacionado à esses fatores nesta empresa. Com relação à receber outra oportunidade de emprego, este apareceu com média de 1,21. Talvez este motivo seja uma consequência de todos os outros. Tomando como o exemplo o salário baixo (motivo mais importante considerado 52 pelos trabalhadores), se o salário está ruim, e existe outro emprego que ofereça um salário melhor, este trabalhador provavelmente irá deixar a empresa, a menos que tenham outros motivos que façam com que ele permaneça. Com média de 1,02 tem-se o motivo “não gostar da atividade exercida”, demonstrando que o fato de não gostar do que faz é um motivo de pouca importância para deixar a empresa. Segundo Serafim (2002), o trabalho deve ser algo prazeroso para o trabalhador, uma vez que é no trabalho que o indivíduo passa a maior parte do seu tempo. Vale ressaltar que na questão que foram levantados os motivos da entrada na empresa, a média de “gostar da atividade que exerce” foi de 1,67, e na questão referente aos motivos da permanência dos trabalhadores na empresa, a média de “gostar da atividade que exerce” foi de 1,78. Com isso, podese dizer que a maioria dos trabalhadores desta empresa, gostam da atividade que exercem, não sendo este o motivo responsável pela saída da empresa. No que diz respeito ao “turno de trabalho desagradável” (média 0,85), “temperaturas elevadas ou muito baixas no ambiente de trabalho” (média 0,68), “ritmo de trabalho acelerado” (média 0,65) e “barulho no ambiente de trabalho” (média 0,52) foram os motivos considerados como menos importante pelos trabalhadores. Esses motivos são característicos do trabalho no ramo de alimentação, e para Sant’ana et al. (1994 apud LOURENÇO; MENEZES, 2008) condições inadequadas de trabalho podem levar à insatisfação do trabalhador. Para Spector (2003), essas condições físicas do trabalho podem gerar efeitos negativos na vida das pessoas, alguns efeitos imediatos e outros em longo prazo. Por exemplo, um trabalhador que é exposto diariamente à ruídos no ambiente de trabalho, pode desenvolver problemas de surdez. Com isso, pode-se entender que essas condições de trabalho apresentadas talvez não sejam tão intensas a ponto de ter um efeito imediato, e dessa forma não serem consideradas como algo que faça sair da empresa. A partir do que foi exposto, pode-se perceber que o motivo principal que está relacionado à saída dos trabalhadores nesta empresa é o baixo salário, talvez por ser o que de todos apresentados, seja o que realmente tenha incidência na empresa. As condições físicas do trabalho, marcado pela exposição à temperaturas extremas e ruídos, ritmo de trabalho acelerado e outros não demonstraram ser relevantes para a rotatividade. Tendo entendido os motivos relacionados à saída dos 53 trabalhadores da empresa, tem-se agora a percepção dos trabalhadores diante da rotatividade na empresa. 4.4 PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DIANTE DA ROTATIVIDADE Neste subcapítulo serão apresentadas as percepções que os trabalhadores têm diante da rotatividade na empresa. A questão 14 do questionário foi elaborada a fim de auxiliar na resposta do objetivo geral desta pesquisa, e para isto, foi organizada em categorias, a seguir na Tabela 5. CATEGORIAS Equipe instável Sobrecarga de trabalho Perda de amigos Indiferença Rotatividade X Salário Em branco Outros UNIDADE DE CONTEXTO ELEMENTAR “É horrível, pois assim nunca teremos uma equipe capacitada para exercer as tarefas que a empresa pede”. (Trabalhador 08) “De certa maneira atrapalha um pouco, por estar recomeçando do marco ‘zero’, ou seja, ensinar aos novatos todo o trabalho atrasaria e atrapalharia sobrecarregando os que ficam na empresa”. (Trabalhador 20) “É ruim porque perdemos amigos, e bom porque temos oportunidade de fazer novos”. (Trabalhador 19) “Normal. Realizo minhas tarefas como me foram pedidas. Não me importo com entradas e saídas de pessoal”. (Trabalhador 24) “Muito triste mesmo porque é uma empresa grande e com certeza deveria ter mais cuidado com nossos salários que é muito baixo, perdemos muitos funcionários bons por isso”. (Trabalhador 32) “...” (Trabalhador 16) “Agora de início está sendo diferente e difícil pra mim porque são muitas pessoas e tipo assim, logo de início acho que não gostaram de mim”. (Trabalhador 50) Tabela 5 – Percepção Diante da Rotatividade. Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQUÊNCIA 11 10 7 4 3 8 8 Conforme a Tabela 5, a categoria “equipe instável”, teve frequência 11, ou seja, 11 trabalhadores consideram que a rotatividade na empresa, prejudica o trabalho, uma vez que dificulta a formação de uma boa equipe. Essa preocupação que os trabalhadores demonstram com a equipe, pode ser entendida como uma preocupação pela empresa, uma vez que, segundo Ferreira e Freire (2001), para que uma empresa possa oferecer serviços e produtos de qualidade é necessário que haja a permanência de trabalhadores para que os trabalhos continuem sendo executados de forma eficiente e eficaz. Mas nem sempre a rotatividade é ruim, pois 54 segundo Robbins (1999), quando trabalhadores que apresentam baixo desempenho são substituídos por trabalhadores motivados para exercer a função, a equipe pode ser motivada também por este novo trabalhador, com novas ideias e um novo ritmo de trabalho, e neste caso é considerada como uma rotatividade positiva. Pode-se observar que há uma preocupação por parte destes trabalhadores com relação aos serviços oferecidos pela empresa, para que estes sejam de qualidade. A categoria “sobrecarga de trabalho” apresenta frequência 10, o que significa que 10 trabalhadores afirmam que não se sentem bem com a rotatividade, pois atrapalha o trabalho, uma vez que tenha que auxiliar os novatos, ensinando-os as tarefas e sobrecarregando os trabalhadores que ficam na empresa. De acordo com Nomura e Gaidzinski (2005), esta sobrecarga de tarefas nos trabalhadores é considerado como um aspecto negativo da rotatividade. A saída de trabalhadores por si só, pode não aparentar um problema para a equipe, mas a medida que isto se intensifica, e os trabalhadores que permanecem na empresa passam a ter serviço em dobro para cobrir a falta de um colaborador, pode gerar fadiga e estresse, podendo ser um fator que leve a saída do trabalhador da empresa. A categoria “perda de amigos” apresenta frequência 7, demonstrando que 7 trabalhadores responderam que a rotatividade é ruim pois perde-se as amizades construídas no ambiente de trabalho. Chiavenato (2002) cita alguns fenômenos internos que considera como uma causa da rotatividade, dentre eles aparece o “tipo de relacionamento humano na organização”. Entende-se com este relacionamento humano as relações com colegas e chefes no ambiente de trabalho. Se essas relações não forem agradáveis, a consequência disto pode ser a rotatividade, porém, mesmo quando são boas também pode ser um problema. Em outras palavras, fazer amigos e se relacionar bem com os colegas de trabalho é um fator importante para o desempenho e o funcionamento das atividades, e a saída de um membro da equipe, pode entristecer e desmotivar o colega que permanece, o que pode ser observado nesta equipe, pois acha ruim o fato de perder colegas no ambiente de trabalho. A categoria “indiferença” apresenta frequência 4, demonstrando que 4 trabalhadores demonstraram não se importar com as saídas e entradas dos colegas e que continuam executando suas atividades sem problemas. A categoria “rotatividade x salário” apresenta frequência 3, e entende-se por esta categoria a partir das respostas dos trabalhadores, que a rotatividade 55 existente na empresa é ocasionada pelos baixos salários. Os trabalhadores consideram que o salário oferecido pela empresa é baixo, e por isto, perde-se bons trabalhadores. Este dado corrobora com o alto índice do item “salário baixo” apresentado no gráfico 13, com média 1,52, evidenciando que o baixo salário oferecido por esta empresa é um dos motivos pelos quais os trabalhadores abdicariam de seus empregos, deixando a empresa. A categoria “em branco” apresentou frequência 8, o que implica dizer que 8 trabalhadores não se posicionaram sobre como se sentem diante da rotatividade na empresa. E por fim, a categoria “outros”, igualmente apresentando frequência 8, demonstra que 8 trabalhadores deram respostas imprecisas, não se enquadrando nas categorias anteriores, e não sendo motivos relevantes para responder o objetivo. Pode-se perceber então que os trabalhadores desta empresa se preocupam em ter uma equipe estável para desempenharem suas atividades, pois o fluxo de saídas e entradas de trabalhadores prejudica o trabalho, sobrecarregando e atrasando o trabalho daqueles que permanecem na empresa. 56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa teve o intuito de compreender a percepção dos trabalhadores de um restaurante da Grande Florianópolis em relação à rotatividade. Para que este objetivo fosse alcançado, fez-se necessário identificar os motivos relacionados à entrada, permanência e saída desses trabalhadores, bem como verificar a percepção deles diante da rotatividade na empresa. No que diz respeito aos objetivos específicos pode-se observar que “gostar da atividade que exerce” foi o fator considerado mais importante pelos trabalhadores para a entrada e permanência na empresa, e “salário baixo”, o motivo mais apontado por eles para explicar a possível saída da mesma. Desta forma, por o salário ser o responsável pela saída dos trabalhadores, ele representa um peso maior no momento de explicar a rotatividade da empresa, uma vez que as saídas impulsionam o movimento da rotatividade. Entende-se por rotatividade as saídas e entradas de trabalhadores, pois ao sair um trabalhador, outro provavelmente deverá ser contratado para substituí-lo, e neste sentido, pode-se afirmar que o salário oferecido por esta empresa pode ser o responsável pela rotatividade. Ainda que o salário seja considerado como o motivo mais importante das saídas desta empresa, os trabalhadores demonstram gostar da atividade que exercem, e afirmam que aumentar o salário seria uma medida que a empresa poderia realizar para mantê-los. Percebe-se que esses trabalhadores apresentam um equilíbrio entre os aspectos pessoais do trabalho, que dizem respeito, por exemplo, ao fato de gostar do que fazem, e os aspectos instrumentais, que dizem respeito, por exemplo, ao salário, isto é, trabalho em troca de uma remuneração. Embora as médias relacionadas à “gostar da atividade que exerce” tenham sido altas, demonstrando que isto é um fator muito importante tanto para a entrada quanto para a permanência na empresa, o salário, ou seja, o aspecto instrumental do trabalho, ainda apresenta uma maior intensidade para estes trabalhadores. A importância do salário pode ser explicada também pelo fato de 26, dos 51 trabalhadores que participaram da pesquisa, possuírem dependentes financeiros, fazendo com que eles necessitem de um salário que supra as necessidades deles e de suas famílias. 57 Além disso, outra questão observada como forma de se alcançar o objetivo geral desta pesquisa, foi verificar as percepções dos trabalhadores diante da rotatividade na empresa. Constatou-se que as saídas e entradas de trabalhadores prejudicam o trabalho dos que ficam na empresa, seja por ter uma equipe instável, que dificilmente estará capacitada para exercer as atividades demandadas pela empresa, ou pela sobrecarga de trabalho, por vezes tendo que auxiliar o trabalho do novato, deixando o seu de lado e atrasando-o. De modo geral, os trabalhadores consideram que a rotatividade prejudica tanto o seu trabalho, quanto o funcionamento da empresa, uma vez que se as atividades desempenhadas pelos trabalhadores não estiverem de acordo com o que a empresa solicita, a consequência disto é uma empresa com prejuízos nos serviços prestados. A partir do que foi exposto, pode-se dizer que os motivos relacionados à entrada e permanência dos trabalhadores na empresa é o fato de gostarem da atividade que exercem. O motivo relacionado às saídas é o baixo salário, e com as saídas os trabalhadores se sentem prejudicados no seu trabalho, por ficarem sobrecarregados, uma vez que têm que desempenhar suas atividades e a do trabalhador ausente, enquanto este não é substituído. Sendo assim, os objetivos específicos foram atingidos e desta forma, o objetivo geral também foi alcançado. No que diz respeito às facilidades desta pesquisa, enfatiza-se o fato de a empresa ser gerenciada por pessoas da qual fazem parte da rede de relacionamentos da pesquisadora, facilitando a liberação e o acesso aos trabalhadores e, consequentemente, a realização desta pesquisa. Apesar do vínculo da pesquisadora com os gestores, conseguiu-se ter um distanciamento das questões pessoais da pesquisadora, fazendo com que os trabalhadores se sentissem à vontade para responder o questionário de maneira sincera, ao garantir o sigilo. Com isso, pode-se contar com a colaboração dos trabalhadores, fornecendo um tempo no seu horário de trabalho para o preenchimento do questionário. Outro fator importante a ser ressaltado foi a flexibilidade dos dias e horários disponibilizados pela empresa para que a pesquisadora comparecesse nas quatro unidades do restaurante, para a aplicação dos questionários. Com relação às dificuldades encontradas para a realização desta pesquisa, pode-se destacar a inexperiência da pesquisadora na coleta de dados do primeiro grupo de trabalhadores que os questionários foram aplicados. O modo com que os questionários foram entregue e a leitura dos mesmos foi inadequada, 58 fazendo com que alguns trabalhadores não entendessem ao certo o que estava escrito, devido à baixa escolaridade, e não respondessem de maneira adequada ao que estava sendo solicitado. Porém, esta experiência serviu para que a pesquisadora tivesse mais cuidado ao ler as questões e acompanhasse os trabalhadores no preenchimento do instrumento nas outras três aplicações. O psicólogo que atua em organizações é um dos responsáveis pelo controle dos índices de rotatividade e das intervenções necessárias para minimizálos. Para isto, ele deve estar atento aos motivos que levam os trabalhadores da empresa em que atua a abdicarem de seus empregos, ou a serem desligados pela empresa, uma vez que esses motivos podem variar de pessoa para pessoa, de cargo para cargo e de organização para organização. Os fatores que levam à rotatividade devem ser identificados para que assim, realizem-se planos de intervenção. No caso desta empresa, sendo o motivo principal das saídas o salário, uma intervenção a ser realizada seria ter um plano de cargos e salários e conscientizar os trabalhadores que existem ajustes nos salários devido ao tempo que trabalha na empresa e ao desempenho satisfatório de suas atividades. Se os salários não podem ter aumentos, uma alternativa seria presentear os trabalhadores com brindes, podendo ser um jantar no restaurante, por exemplo. Desta forma, sugere-se como novas propostas de pesquisas, identificar os motivos da rotatividade em outras empresas, voltadas para outros ramos, para verificar se há uma distinção entre os motivos que fazem com que os trabalhadores abdiquem de seus empregos. Ou ainda, uma pesquisa relacionada com o que está sendo realizado pelos psicólogos organizacionais para minimizar a rotatividade nas empresas. 59 REFERÊNCIAS ANSELMI, Maria Luiza; DUARTE, Geraldo Garcia; ANGERAMI, Emília Luigia Saporiti. “Sobrevivência” no emprego dos trabalhadores de enfermagem em uma instituição hospitalar pública. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 9, n. 4, jul. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n4/11477.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2009. ANTUNES, Ricardo. Trabalho e estranhamento. In: ______. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995. p. 121-134. ABERC. 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[ ] Sim [ ] Não 5. Qual seu nível de escolaridade? Ensino Fundamental [ ] Completo Ensino Médio [ ] Completo Curso Técnico [ ] Completo Ensino Superior [ ] Completo [ [ [ [ ] Cursando ] Cursando ] Cursando ] Cursando [ [ [ [ ] Incompleto ] Incompleto ] Incompleto ] Incompleto 6. Quanto tempo você trabalha nesta empresa? ______ anos e ______ meses. 7. Quantos empregos com carteira assinada você teve antes deste? ___________. 8. Você tem interesse de permanecer nesta empresa? [ ] Sim. Por quê?_____________________________________________________. [ ] Não. Por quê?_____________________________________ _______________. 9. Você indicaria esta empresa para alguém trabalhar? [ ] Sim. Por quê?_____________________________________________________. [ ] Não. Por quê?____________________________________________________. 66 Nas questões 10, 11, 12 e 13 assinale número [0] se o motivo não for importante. Número [1] se o motivo for pouco importante. E número [2] se o motivo for muito importante. ATENÇÃO: Assinale TODOS os itens!! 10. Motivos que fizeram com que você entrasse na empresa: Proximidade de casa Conhecidos que já trabalhavam na empresa Desemprego Salário bom Flexibilidade de horários Experiência no ramo Empresa famosa Gostar da atividade que exerce Benefícios oferecidos Outro. Qual? Outro. Qual? 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 11. Motivos que fazem com que você permaneça na empresa: Vale-alimentação Vale-transporte Cesta básica Treinamento para os trabalhadores Plano de saúde Festa de socialização para os trabalhadores Salário bom Gostar da atividade que exerce Outro. Qual? Outro. Qual? 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 12. Medidas que a empresa poderia realizar para manter os trabalhadores: Plano de saúde 0 1 Treinamento para os trabalhadores 0 1 Plano odontológico 0 1 Cursos de capacitação 0 1 Aumento de salário 0 1 Integração para os trabalhadores 0 1 Reconhecimento do trabalhador – Funcionário do mês 0 1 Avaliação de desempenho 0 1 Outro. Qual? 0 1 Outro. Qual? 0 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 67 13. Motivos que fariam você sair da empresa em que trabalha: Não gostar da atividade exercida Outra oportunidade de emprego Ritmo de trabalho acelerado Turno de trabalho desagradável Temperaturas elevadas ou muito baixas no ambiente de trabalho Barulho no ambiente de trabalho Falta de comunicação com os colegas Falta de colaboração entre os colegas Trabalho não ser reconhecido pelo chefe Falta de comunicação com o chefe Injustiça por parte do chefe Falta de oportunidade de crescimento na empresa Salário baixo Outro. Qual? Outro. Qual? 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 14. Como você se sente diante da rotatividade (entrada e saída de trabalhadores) na empresa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________. 68 APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, ________________________________________________________, portador do RG_______________________, e do telefone ( ) ____________, declaro estar ciente da minha participação na pesquisa realizada pela acadêmica Mônica Lyra Moreira da Silva e orientada pela Profª Msc. Michelle Regina da Natividade. A pesquisa em questão tem como objetivo compreender a percepção dos trabalhadores de uma empresa do ramo alimentício da Grande Florianópolis com relação à rotatividade e justifica-se pelo fato de criar subsídios para futuras intervenções, uma vez que o psicólogo possa atuar criando estratégias para de alguma forma minimizar o índice de rotatividade da organização. Estou ciente de que terei que disponibilizar dentro do meu expediente nesta organização, um momento para responder ao questionário que será entregue pela pesquisadora em mãos e deverei preenchê-lo no mesmo momento. Fui informado(a) que durante o momento que eu estiver respondendo o questionário, serei acompanhado(a) pela acadêmica que estará disponível para retirar possíveis dúvidas durante o preenchimento do questionário. É de minha livre e espontânea vontade responder a todas as perguntas feitas neste questionário. Este procedimento não trará prejuízo para mim e será mantido o anonimato.Fui informado(a) que as informações coletadas serão utilizadas nesta pesquisa e poderão ser utilizadas em publicações científicas. Estou ciente de que em caso de desistência da participação da presente pesquisa, deverei entrar em contato com a pesquisadora, a qualquer momento, pelo telefone (48) 9953-8318. _________________________ __________________ (SC), ____/____/____. Assinatura _____________________________________ Mônica Lyra Moreira da Silva