Idas e Vindas Mercado de soja segue em suas idas e vindas mantendo-se com dificuldade de “tomar” tendência dentro de intervalo de preços que já se estende há algum meses (desde o início de outubro de 2012 para ser mais exato). O mercado até sinalizou uma maior pressão sobre os referenciais em Chicago logo que o fluxo de oferta do produto brasileiro aumentou (e o bafafá em torno dos cancelamentos/rolagens de compras chinesas), mas esta estrutura logística ineficiente ainda gera desconfiança sobre os agentes diante do aperto dos estoques norte-americanos, o que voltou a trazer suporte ao mercado nas últimas sessões. No curto-médio prazo, esta briga não deve ter um vencedor, já que mesmo com a grande oferta oriunda dos campos sul-americanos, o mercado tende a manter os preços relativamente firmes para as posições mais curtas em Chicago buscando racionar a demanda até a definição da nova safra nos EUA quando então, tudo ocorrendo dentro das expectativas, os preços podem sim, sinalizar um cenário mais negativo (segundo semestre notadamente). Internamente, embora a recuperação dos preços em Chicago e a firmeza do dólar, os referenciais para a soja disponível/balcão permanecem com dificuldades em se manter diante da pressão de safra que repercute sobre os prêmios e custos logísticos. Dito isto, não poderíamos deixar de referenciar os importantes relatórios de intenção de plantio e estoques trimestrais a serem reportados pelo USDA no próximo dia 28/03, os quais tradicionalmente caracterizam-se por intensas respostas do mercado (nos últimos cinco anos a oscilação mínima no dia fora de 33 pontos para o mercado da soja) e, marcam a migração de forma mais definitiva das atenções do mercado para o desenrolar da nova safra norte-americana. No que tange aos estoques trimestrais norte-americanos em 1º de março, no geral a expectativa é da confirmação por parte do USDA de uma condição de aperto histórico para a soja, com volume disponível em torno de 32% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, isto tudo como reflexo das consecutivas frustrações de safra nos principais players mundiais no ano de 2012 (inicialmente no sul da América do Sul e posteriormente no EUA) e da demanda extremamente firme. Esta situação não constitui novidade, mas a sua confirmação retornará ao mercado as preocupações quanto à necessidade de uma grande safra em 2013 nos EUA para reequilibrar os estoques locais e globais da oleaginosa. Importante ressaltar também que, a maior probabilidade de surpresas se dá sob os estoques de milho, já que, pela dificuldade de projeção do real consumo do cereal no mercado norte-americano nos últimos meses, eventuais movimentos bruscos nos preços deste serão refletidos sobre a soja. Já em relação a intenção de plantio por parte dos produtores norte-americanos para a temporada 2013/14, a percepção geral é de que a área de soja tende a aumentar em detrimento de áreas de algodão (quadro mercadológico), áreas de CRP (áreas de reserva/conservação cuja manutenção é remunerada pelo governo) e até mesmo de milho (rentabilidade ante os custos do plantio da soja está mais favorável, assim como a necessidade de rotação de cultura após anos consecutivos de plantio de milho sobre milho). Na média o mercado espera um aumento de 1,5 a 2,0% na área plantada com soja em 2013 nos EUA e, com clima normal, a colheita tende a buscar volumes superiores a 90 milhões de toneladas ante pouco mais de 82 milhões colhidas na temporada atual. Diante do natural risco de volatilidade após estes importantes relatórios e a já exaustivamente comentada inversão do mercado, ao produtor permanece a recomendação de atenção sobre os atuais patamares de preço especialmente na associação com a aquisição de insumos (troca), na busca pela fixação de margens. Atenção redobrada aos que a comercialização da safra é inferior a 30% da colheita projetada. De qualquer forma, pelo natural risco climático sazonal as lavouras norte-americanas, o qual tende a exacerbar-se em 2013, a manutenção de alguns volumes para comercialização no segundo trimestre do ano permanece sob o radar. Ricardo Lorezent Coord. de Negócios BSBIOS Em 27/03/2013