PAINEL AGRONÔMICO
MOSAIC COMPANY INICIA OPERAÇÕES
NA BOLSA DE NOVA YORK
Começaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de Nova
York as ações ordinárias da The Mosaic Company. A nova empresa
une os negócios e os ativos das unidades pertencentes a Cargill
Crop Nutrition, controlada pela Cargill Incorporated (Cargill), com
os da IMC Global Inc. A Mosaic nasce com a expectativa de obter
receita consolidada de mais de US$ 4,5 bilhões em seu primeiro ano
fiscal. Contando com cerca de 8 mil funcionários, a empresa mantém
atividades em 15 países e atende clientes em outros 50.
A Mosaic possui quatro unidades de produção nos Estados
Unidos (Flórida, Michigan, Louisiana e Novo México) e na província de Saskatchewan, no Canadá. A multinacional também possui
participações acionárias em importantes empresas produtoras de
fosfatados, em mercados de grande crescimento, como a China e
Brasil. No Brasil, a Mosaic vai manter os mesmos produtos e serviços prestados pela Cargill, com o emprego de 1.350 funcionários.
(Agrinova, n. 41, novembro de 2004)
CEVADA RENASCE NO CERRADO GOIANO
Com pesquisa e tecnologia, o cerrado brasileiro segue confirmando a máxima de que em se plantando (quase) tudo dá. Em
agosto, produtores da região leste de Goiás colheram mais uma
safra de cevada, lavoura típica de inverno que até alguns anos atrás
só era plantada no Sul do país. A cevada, principal matéria-prima da
cerveja, sempre foi considerada a “prima pobre” do trigo. Mas os
resultados conseguidos em Goiás pelos técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão mudando o conceito.
A rentabilidade do produtor vem sendo garantida por uma
indústria de malte de Taubaté (SP), a Malteria do Vale, que além de
comprar toda a produção, também investe na pesquisa. E grandes
cervejarias já começam a se interessar pela produção do cerrado,
que, apesar de pequena, apresenta vantagens sobre a cevada que é
plantado no Sul. Goiás deve colher este ano 6,3 mil toneladas, pouco se comparado as 334,8 mil toneladas da safra do Rio Grande do
Sul e do Paraná, responsáveis por mais de 90% da produção brasileira. Mas o potencial do cerrado é grande.
Enquanto a produtividade média das lavouras do Sul na
safra passada ficou em 2,7 t ha-1, em Goiás o produtor vai colher
este ano quase o dobro: 5 t ha-1. O pesquisador da Embrapa Cerrados, Renato Amabile, afirma que essa produtividade pode ser ainda maior, acima de 7 t ha-1. O segredo, segundo ele, está na irrigação. Como o ciclo de chuvas do Centro-Oeste quase não apresenta variações, a irrigação garante a quantidade de água necessária
para o desenvolvimento ideal do cereal na época da seca. No Sul,
as chuvas de inverno e as geadas quase sempre prejudicam a
qualidade da cevada.
Difícil é convencer o produtor a trocar outras lavouras
irrigadas, como tomate ou milho doce, pela cevada. Em Goiás, apenas 14 produtores estão apostando na cevada. Mesmo assim, o
mercado é promissor. Por ano, o Brasil consome cerca de 1 milhão
de toneladas de malte, que é a semente tratada e torrada, mas só
produz 30% do que precisa. O resto precisa ser importado. “A cevada é uma commodity, a indústria [cervejeira] acredita e a Embrapa
tem toda a tecnologia para a produção no cerrado. É uma cultura
viável”, afirmou Amabile. O custo de produção é de cerca de R$ 1,1
mil por hectare.
A Malteria do Vale confirma que investir na cevada do Centro-Oeste é um bom negócio. A empresa mantém um convênio com
a Embrapa e aplica R$ 150 mil por ano no desenvolvimento das
pesquisas, assistência técnica e fomento da produção. Além de
garantir a compra da produção, a empresa fornece as sementes a
preço de custo, que são pagas depois da colheita, em produto. “O
que a gente quer é que o pessoal plante”, disse o gerente-geral da
Malteria do Vale, Cássio Ciulla. “A cevada do cerrado tem qualidade semelhante à do Sul, mas a sanidade é melhor porque os danos
causados pela chuva não ocorrem no cerrado. É técnica e economicamente viável, as lavouras são estáveis e a rentabilidade é ótima”,
disse Ciulla. A empresa produz 70 mil toneladas de malte por ano e
fornece para todas as cervejarias do país. (Valor on line, 22/07/2004)
PAÍS PESQUISA GRÃOS PARA MEDICAMENTOS
A produção brasileira de organismos geneticamente modificados com propriedades medicinais, a chamada terceira geração
dos transgênicos, está mais perto do que parece de chegar ao mercado. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem prontas variedades de milho enriquecidas com insulina e com o hormônio
de crescimento humano HGH, enquanto a Embrapa desenvolve três
variedades de soja para a indústria farmacêutica.
Elibio Rech, pesquisador da Embrapa, diz que a produção de
componentes medicinais em grãos pode custar até 50 vezes menos
que a produção convencional, feita em laboratório. E pode se tornar
um importante destino para os grãos produzidos no país. Ele diz
que o Brasil produz três componentes medicinais em laboratório e
importa o resto. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, até
setembro o país importou US$ 1,2 bilhão em medicamentos, 15%
mais que em igual período de 2003.
Há três anos, a Embrapa desenvolve variedades de soja
voltadas à indústria farmacêutica, e a expectativa é que elas cheguem ao mercado em até oito anos. Uma das pesquisas, em parceria
com a Unicamp, inseriu no DNA da soja o gene humano que induz
a produção do HGH. Outro trabalho, realizado com a Universidade
de Brasília (UNB), incluiu o Fator 9 (que permite a coagulação
sangüínea e que é usado como medicamento para hemofílicos) no
gene da soja. Em outra pesquisa, também em parceria com a UNB,
foi inserido no DNA da soja o anticorpo humano CD18, capaz de
detectar pequena quantidade de células cancerígenas no organismo. “Em geral, o componente é usado em exames de detecção do
câncer de mama e, em alguns casos, no tratamento”, disse Rech.
Nos três casos, a Embrapa produziu sementes em estufas e
avalia se as quantidades produzidas nas sementes são suficientes
para garantir a produção dos componentes em escala industrial. A
idéia é que a produção dessas variedades seja em parceria com
indústrias farmacêuticas.
A Unicamp concluiu em 2002 a criação de uma variedade de
milho que produz insulina. O produto também está em fase de
patenteamento, mas já tem uma empresa interessada, cujo nome é
mantido em sigilo. No Brasil, as pesquisas de transgênicos de terceira geração estão restritas a entidades e universidades públicas.
(Valor on line, 09/11/2004)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004
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CENSO DO IBGE RELACIONA
SOJA E DESENVOLVIMENTO
As estatísticas consolidadas da produção agropecuária brasileira de 2003 por municípios, divulgadas pelo IBGE, mostram que
dos 20 municípios que mais produziram soja no país no ano, 19
tinham em 2000 (ano do último Censo populacional) Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior que a média nacional, apesar
de a maioria deles apresentar taxas de crescimento populacional
bem maiores que a brasileira. Para os analistas do IBGE, esses números indicam que a cultura da soja gera desenvolvimento. A safra
de grãos de 2003 foi a maior da história do Brasil (123,6 milhões de
toneladas) e a soja respondeu por 42% do total.
O IDH é um indicador criado pelas Nações Unidas para medir o grau de bem-estar das populações, baseado nos níveis de
renda, educação e expectativa de vida. A escala vai de zero a um, em
ordem crescente. Em 1991 (ano do Censo anterior), três dos mesmos 20 municípios produtores de soja tinham IDH menor que o do
país. Desses municípios, 11 tiveram aumento do índice de bemestar de 1991 para 2000 maior que a média nacional e os demais
aumentaram em nível próximo à média. O município de Sorriso, no
Mato Grosso, maior produtor de soja do país, com 1,6 milhão de
toneladas no ano passado, tinha também o melhor IDH entre os
grandes produtores, 0,824.
O IBGE mostra que das 51,9 milhões de toneladas produzidas
pelo Brasil em 2003, o Estado do Mato Grosso respondeu por praticamente um quarto do total, com 12,97 milhões de toneladas. A região
Centro-Oeste respondeu por 45,3% da produção total (23,5 milhões)
e a região Sul produziu 41% de toda a soja colhida no país naquele
ano (21,3 milhões de toneladas). Fora do Sul e Centro-Oeste, os maiores produtores são Minas Gerais, São Paulo e Bahia, nesta ordem.
O milho, que ocupa o segundo lugar na produção de grãos
brasileira – 39% do total no ano passado –, tem maior concentração
na região Sul, que respondeu por metade da produção no ano passado (24,1 milhões de 48,3 milhões de toneladas). O Estado do Paraná
produziu sozinho 14,4 milhões de toneladas, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 5,4 milhões. Minas Gerais, na região Sudeste, é o
terceiro maior produtor do país, com 5,3 milhões de toneladas.
Além de milho, o Paraná foi o maior produtor brasileiro de
feijão, trigo, aveia, cevada, entre os grãos, e de rami, entre as culturas em geral. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de 14 lavouras,
incluindo arroz, fumo e erva-mate. Já a Bahia detém a liderança em
oito lavouras, com uma curiosidade: é a maior produtora de guaraná,
produto geralmente associado à região Norte do país. Em compensação, o dendê, normalmente associado à cultura baiana, tem no
Pará o seu maior produtor. (Valor on line, 26/11/2004)
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
FAZ BEM AO BOLSO DO PRODUTOR
O velho ditado de que a prevenção é o melhor de todos os
remédios norteou a Cotrijal – Cooperativa Tritícola Mista Alto Jacuí
Ltda. Em 1996, com o surgimento do oídio, uma doença provocada
por um fungo que causa a queda das folhas e a seca das vagens nas
plantações de soja, os cooperados colheram prejuízos: houve perdas de 25% na produção de algumas variedades. Além disso, a
praga surgiu no início do cultivo, deixando a porta aberta para outros males conhecidos por dfc’s – doenças de final de ciclo.
Na safra 2001/02 a cooperativa se deparou com um outro mal
ainda maior e mais preocupante. Uma doença chamada ferrugem
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asiática, provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, trouxe temor às lavouras. Muitas vezes detectada tardiamente pelos agricultores, ela é capaz de reduzir em até 80% o rendimento da lavoura.
“Tínhamos que ter um monitoramento das nossas plantações”, diz
o engenheiro agrônomo Gelson Melo de Lima, gerente da unidade
de grãos da Cotrijal. A preocupação faz sentido. Afinal, o sucesso
no combate a essa doença começa justamente pela sua identificação precoce, além da escolha do fungicida certo e a qualidade na
aplicação.
“Fomos em busca de uma ação preventiva”, informa Nei
César Mânica, presidente da Cotrijal. Para que essa precaução fosse de fato eficiente, a cooperativa apostou na tecnologia. Começou
com a aquisição de uma
estação meteorológica
para não só medir a temperatura, mas também
conhecer as condições
de umidade e velocidade
do vento. Os dados gerados pelo equipamento
são enviados para um
computador instalado a
1,5 quilômetro de distância onde um software cruza todas as informações que chegam aos
produtores e agrônomos por e-mail ou por meio de torpedos no
celular. Dessa forma, fica fácil saber se a região tem ou não condições de ser atingida pela ferrugem e qual o melhor momento para
combatê-la.
Segundo Fernando Martins, coordenador técnico do Deagro
– Departamento Agronômico da Cotrijal, as informações são transmitidas duas vezes ao dia para os cadastrados no sistema. Até
agora, 30 agrônomos e 50 produtores recebem os relatórios diários.
No entanto, como algumas propriedades são próximas umas das
outras, Martins acredita que mais de três mil cooperados são beneficiados com a tecnologia. “Os agricultores avisam uns aos outros
sobre os perigos”, diz.
O Sistema de Alerta e Monitoramento de Doenças da Cotrijal
fez bem ao bolso do produtor. De posse das informações sobre as
possibilidades de infecção da lavoura, ao invés de ter que fazer de
duas a três aplicações de defensivos previstos na safra, o agricultor realiza apenas 1,2 aplicação por propriedade. Uma economia
de seis milhões de reais em fungicidas. (http://revistagloborural.
globo.com)
USOS ESPECIAIS DA SOJA
A utilização industrial da soja sob novas formas está sendo
incentivada pela pesquisadora Mercedes Carrão-Panizzi, da Embrapa
Soja.
Segundo ela, um dos produtos que vêm sendo elaborados
com intensidade nos Estados Unidos é a tinta para jornal e gráfica à
base de óleo de soja, já usada por quase 10% dos jornais americanos.
É uma tinta mais clara (não tinge as mãos), biodegradável (importante para a reciclagem do papel), que requer menos pigmentação
(podendo, portanto, reduzir o custo), usando 100% do óleo de soja.
Também cita outros produtos à base de óleo de soja desenvolvidos nos Estados Unidos, como protetor solar, resina de cola
de compensados, plásticos de proteção de carros e lubrificantes.
Destaca ainda que a soja é matéria-prima renovável, biodegradável
e saudável, de grande importância para o futuro do planeta. (Anuário Brasileiro da Soja 2004)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004
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