carros: Plástico fantástico 2/11 uma revista de negócios e tecnologia da sandvik coromant EUA: terra de gigantes O mistério de Nazca Malásia: Reino Unido: A decolagem de um fornecedor aeroespacial negócios nas alturas perfeição virtual Dave Rolley, engenheiro de projetos, Paul Fabrications. editorial Kenneth v sundh, Presidente da Sandvik Coromant Faça como os indianos O deserto de Nazca, no sul do Peru, esconde um dos maiores mistérios da humanidade. Construções que parecem canais estreitos feitos na areia seca tornam-se imagens de animais gigantes, quando vistas do alto. Ninguém sabe como e por que essas linhas foram traçadas, e pouco se sabe sobre as pessoas que as fizeram. Por que estou utilizando o editorial da nossa revista corporativa para refletir sobre mistérios antigos? Como explica nossa nova gerente de P&D, Ingrid Reineck, na entrevista que acompanha o artigo sobre as Linhas de Nazca, à página 23, tudo se resume a pensar além do modelo “Tudo se resume a pensar além do modelo existente.” existente. Provavelmente existe algum processo de pensamento não-convencional por trás das Linhas de Nazca, e é esse modo de pensar que faz avançar a sua empresa, a nossa e a indústria como um todo. Todos os anos, a Sandvik Coromant investe em pesquisa e desenvolvimento mais do que o dobro da média do setor. Isso é algo de que me orgulho, porque posso ver os resultdos diariamente nas soluções que criamos em parceria com alguns dos melhores fabricantes nos setores mais exigentes do mundo. Os compósitos são apenas um exemplo. Já utilizados em grande medida nas indústrias aeroespacial e de geração de energia, agora esses materiais leves estão entrando na 2 metalworking world indústria de carros particulares, criando exigências ainda maiores quanto à eficiência da linha de montagem. Leia mais à página 7. O trabalho de P&D também está no centro da usinagem virtual, que permite realizar grande parte do trabalho muito antes do início das operações no chão de fábrica. A Sandvik Coromant está sempre interessada em desenvolver métodos para melhorar a eficiência e ajudar a proteger o meio ambiente. Nossa matéria da página 14 analisa como a britânica Paul Fabrications lida com essas questões. Durante este ano, você vai encontrar muitas das nossas inovações e soluções em feiras ao redor do mundo. Como sempre, as feiras são uma maneira perfeita de nos encontrarmos e discutirmos desafios e o que podemos fazer juntos para melhorar os negócios. Para dar um exemplo, já estamos nos planejando para a EMO Hannover, a maior feira do mundo no nosso setor, que acontece em setembro. Espero encontrar vocês por lá! Enquanto isso, desejo uma agradável leitura! Kenneth V Sundh Presidente da Sandvik Coromant Metalworking World é uma revista de negócios e tecnologia da AB Sandvik Coromant, 811 81 Sandviken, Suécia. Telefone: +46 (26) 26 60 00. A Metalworking World é publicada três vezes por ano em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, húngaro, inglês americano, inglês britânico, italiano, japonês, polonês, português do Brasil, russo, sueco, tailandês e tcheco. A distribuição é gratuita para clientes da Sandvik Coromant mundialmente. Publicada pela Spoon Publishing em Estocolmo, Suécia. ISSN 1652-5825. Editora-chefe e responsável legal na Suécia: Yvonne Strandberg. Executiva de conta: Christina Hoffmann. Gerente editorial: Johan Andersson. Diretora de arte: Emily Ranneby. Editor técnico: Christer Richt. Subeditores: Valerie Mindel, Geoff Mortimore. Coordenadora: Beate Tjernström. Coordenador de idiomas: Sergio Tenconi. Tradutor e editor de português: Carlos Teixeira. Layout: Eva Bengtson. Editoração: Markus Dahlstedt. Foto da capa: Samir Soudah. Favor observar que artigos não solicitados serão recusados. O conteúdo desta publicação só poderá ser reproduzido com permissão do gerente editorial da Metalworking World. As matérias e opiniões expressas na Metalworking World não refletem necessariamente os pontos de vista da Sandvik Coromant ou da editora. Correspondências e pedidos de informação sobre a revista são bem-vindos. Contato: Metalworking World, Spoon Publishing AB, Kungstensgatan 21B, 113 57 Estocolmo, Suécia. Telefone: +46 (8) 442 96 20. E-mail: [email protected]. Informações sobre distribuição: Beate Tjernström, Sandvik Coromant. Telefone: +46 (26) 26 67 35. E-mail: [email protected] Impressa na Suécia por Sandvikens Tryckeri, em papel MultiArt Matt 115 gramas e MultiArt Gloss 200 gramas da Papyrus AB, com certificação ISO 14001 e registro EMAS. Coromant Capto, CoroMill, CoroCut, CoroPlex, CoroTurn, CoroThread, CoroDrill, CoroBore, CoroGrip, AutoTAS, GC e iLock são marcas registradas da Sandvik Coromant. Peça seu exemplar gratuito da Metalworking World enviando seu endereço para [email protected] A Metalworking World é publicada com objetivo meramente informativo. As informações fornecidas são de natureza genérica e não devem ser tratadas como recomendação ou como base para tomadas de decisão em casos específicos. Qualquer uso dessas informações é de total responsabilidade do usuário. A Sandvik Coromant não se responsabiliza por qualquer dano direto, acidental, consequencial ou indireto, resultante do uso das informações disponíveis na Metalworking World. índice metalworking world N.º2 2011 7 Os compósitos aliviam o peso dos carros do futuro. 30 5 Negócios de peso para o fabricante Bucyrus CoroMill 170 coloca a precisão em foco Notícias de usinagem.......4 Responsabilidade social... 6 Leveza ao volante............. 7 Malásia voa alto...............24 Usinagem virtual no mundo real..................14 Tamanho é documento... 30 O que está por trás das Linhas de Nazca?.............20 Panorama.........................36 20 O que significam as Linhas de Nazca? Solução total................... 38 Tecnologia Cobertura CVD cai bem Mão firme A demanda por melhor desempenho e resistência ao desgaste levou ao desenvolvimento de coberturas CVD de alta qualidade. Como as novas ferramentas de corte vão melhorar a precisão e a confiabilidade do processo de furação com máquinas manuais. 12 19 Biblioteca de ferramentas estabelece padrão Mercado aquecido para as cerâmicas Um modelo comum para descrever as informações das ferramentas de corte aumentará a eficácia e a produtividade. Como as cerâmicas estão provando ser uma alternativa consagrada e eficaz em comparação com o metal duro na usinagem de HRSA. 28 35 metalworking world 3 Notícias O que ganhamos com isso? Cinco perguntas sobre a nova norma para ferramentas de corte 1 O que significa a ISO13399 para uma empresa de usinagem? “Ela oferece acesso rápido e seguro às informações das ferramentas de corte, diretamente do fornecedor.” 2 Tenho que mudar a minha maneira de trabalhar? “Não. A norma fornece informações sobre as ferramentas de corte em um formato neutro, independente de sistemas específicos ou da nomenclatura de determinada empresa. Se tiver um sistema compatível com a ISO13399, você não vai mais precisar interpretar manualmente os dados dos catálogos em papel e introduzilos no sistema.” 3 Quais são os benefícios em geral? “Cada vez mais, as funções avançadas dos sistemas de manufatura modernos dependem do acesso a informações relevantes sobre os recursos. Com a norma, o processo de coleta de dados será mais eficiente e de melhor qualidade. Isso contribui para uma melhor utilização dos recursos de manufatura. Portanto, em última análise, a norma permite ganhar tempo e proporciona uma garantia extra de qualidade.” 4 Algum aspecto terá impacto especial na indústria? “Ter as informações em um formato neutro e padronizado abre novas oportunidades de cooperação entre o fornecedor da ferramenta e o fabricante, na interação humano-humano, humano-máquina e máquina-máquina.” 5 O que eu devo fazer agora? “Percebemos que os nossos clientes não querem, eles próprios, criar essa interface de importação ISO13399. Nossa estratégia é integrar os Serviços de Biblioteca de Ferramentas [TLS] [ver página 28] com plataformas comuns que os nossos clientes já estejam utilizando; por exemplo, softwares CAM. Portanto, você não precisa fazer nada por enquanto. Aguarde o TLS, que a função de importação de dados de ferramentas chegará até você!” n Martin Brunnander é gerente sênior de marketing técnico da Sandvik Coromant. Leia mais sobre a nova norma ISO à página 28. A arte da usinagem Métodos modernos em um ambiente clássico Sinal verde para novo evento Fresamento. Sob o lema “É possível apreciar arte de boa qualidade de muitas maneiras e em muitos lugares”, a Sandvik Coromant Denmark uniu forças com os curadores da DieselHouse, um museu de Copenhague construído em torno de um gigantesco motor a diesel HC Ørsted. Durante 30 anos, o motor foi o maior do gênero no mundo. O evento para clientes combinado com um usinagem. “Green Light Machining” é um outro evento com foco nos fabricantes, que visa melhorar a utilização e a eficiência das máquinas. O primeiro evento será realizado em Sandviken, na Suécia, em meados de agosto. Em seguida, o conceito será lançado globalmente nas instalações de determinadas empresas parceiras no ramo de máquinas-ferramenta. Para obter mais informações, visite www.sandvik.coromant.com ou entre em contato com um representante local da Sandvik Coromant. n 4 metalworking world seminário atraiu grande público, e o motor proporcionou uma ambientação perfeita. Este foi apenas um de tuma série de eventos que a Sandvik Coromant apresentou ao redor do mundo, sob o título “A moderna arte de fresar”. Os eventos contaram com palestras sobre fresamento e usinagem, bem como demonstrações práticas de soluções úteis para os clientes. n O motor a diesel HC Ørsted foi o maior do mundo na sua categoria durante 30 anos. Reino Unido de vento em popa MEL STOUTSENBERGER energia. Thanet, o maior parque eólico offshore do mundo, foi inaugurado oficialmente na costa leste da Inglaterra. Segundo o fornecedor sueco de eletricidade Vattenfall, o parque eólico, que possui 100 turbinas e está situado a cerca de 12 km da costa de Kent, deverá gerar energia suficiente para abastecer 200 mil casas. As turbinas têm 115 metros de altura e estão espalhadas por uma extensão de mais de 35 km². O parque eólico custou cerca de 914 milhões de euros e levou dois anos para ser concluído. Existem mais de 250 parques eólicos e cerca de 3 mil turbinas no Reino Unido. Ainda assim, as fontes renováveis de energia representam menos de 3% de toda a eletricidade produzida. A Vattenfall também é proprietária do parque eólico de Kentish Flats, ao largo da baía de Herne, que conta com 30 turbinas e foi inaugurado há cinco anos, um dos primeiros projetos desse tipo no Reino Unido. n Luz verde para usina solar energia solar. O Blythe Solar Power Project, projeto da maior usina de energia solar do mundo, a ser construída no deserto de Mojave, recebeu o sinal verde da Comissão de Energia da Califórnia (EUA). Uma vez em funcionamento, o projeto terá uma capacidade de 1.000 megawatts, equivalente à potência gerada por uma usina nuclear ou por uma usina a carvão grande e moderna. A aprovação final ocorreu em dezembro e Você pode aprender sobre diversos assuntos, desde turbinas eólicas até como planejar sua carreira, no canal da Sandvik Coromant no Youtube. Visite www.youtube.com/sandvikcoromant. “Devemos ter a capacidade de criar uma rede que penetre nos mercados e também na organização da produção.” Ingrid Reineck, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Sandvik Coromant. >>> Leia mais à página 23. os trabalhos iniciais do projeto já começaram. O empreendimento está sendo feito pela Solar Millennium LLC, e a previsão é de que as duas primeiras usinas estejam conectadas à rede em 2013 e 2014. Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, aplaudiu a decisão da comissão de aprovar a construção do projeto Blythe, salientando: “Projetos como esse são o futuro da economia da Califórnia.” n Nova fresa para engrenagens cortes. A Sandvik Coromant lançou uma nova fresa de precisão CoroMill 170. Em conjunto com as classes de pastilhas GC1030 e GC4240, a CoroMill 170 pode reduzir os tempos de usinagem de engrenagens e a necessidade de operações posteriores. Concebida para uma das aplicações de usinagem mais difíceis, a CoroMill 170 é mais eficaz em aplicações que exijam precisão e confiabilidade nas operações de desbaste, como anéis giratórios para moinhos, guindastes e outros equipamentos pesados, além de engrenagens internas e externas. Duas geometrias de pastilhas são oferecidas para usinagem média e pesada. n Selo de aprovação real visita. Na Inglaterra, Sua Majestade a rainha e seu marido, o duque de Edimburgo, fizeram uma visita a Sheffield no final do ano passado para marcar o início da construção de um novo laboratório de pesquisas nucleares. Como patrocinadores do Centro de Pesquisa em Manufatura Nuclear Avançada, representantes da Sandvik Coromant foram convidados para a cerimônia no dia 18 de novembro. n metalworking world 5 Chris Jackson Tore Johannesen Novo parque eólico aumentará a capacidade do Reino Unido Youtube Grande avanço para a energia solar no deserto da Califórnia. jogo rápido texto: geoff mortimore foto: Justin Guariglia verduras para dar e vender nova pensadora. Chen Shu-chu segue energicamente sua própria responsabilidade social corporativa, doando para caridade enormes quantias obtidas com sua barraca de verduras no Mercado Central de Taitung, em Taiwan. Responsabilidade social corporativa na feira Se estivesse procurando as pessoas mais generosas do mundo, provavelmente você não pensaria em começar pelo condado de Taitung, em Taiwan. Mas ali encontramos Chen Shu-chu, 60, uma mulher fora do comum. Quando criança, abandonou a escola e foi trabalhar em uma barraca de verduras no Mercado Central de Taitung para ajudar a alimentar a família, composta de sete pessoas, depois que sua mãe morreu. E até hoje continua vendendo verduras no mercado. A responsabilidade social corporativa está assumindo um papel cada vez mais importante em muitas organizações de grande porte, mas Shu-chu prova que o tamanho da empresa 6 metalworking world não importa. Apesar de sua renda e recursos modestos, conseguiu doar quase 10 milhões de dólares taiwaneses (US$ 320 mil) para várias causas, incluindo TWD 32 mil para um fundo em prol da infância, TWD 144 mil para ajudar a construir uma biblioteca em uma escola onde estudou e mais TWD 32 mil para o orfanato local, onde também apoia financeiramente três crianças. Assim, ela conquistou um lugar no ranking dos 100 “Heróis” da revista Time de 2010 e outro na lista dos 48 “Heróis da filantropia” da Forbes Ásia. Agora, pretende criar um fundo para a educação, alimentação e saúde de pessoas carentes. n texto: Tomas lundin CARROS NA BALANÇA Os materiais compósitos à base de fibras de carbono devem ter um papel essencial na busca por carros mais leves, apesar dos enormes desafios para a produção. 7 ICHIRO, LiseGagne metalworking world Ferdinand Dudenhöffer, Per-Ivar Sellergren, professor da Universida- engenheiro de de de Duisburg-Essen desenvolvimento, Volvo Cars carros da Volvo tenham uma carroceria que funcione como uma bateria eletroquímica. Mas essa solução ainda está distante? Per-Ivar Sellergren, engenheiro de desenvolvimento do Centro de Materiais da Volvo Cars, é otimista. “Se tudo correr conforme o planejado, teremos um protótipo na forma de um porta-malas até o final de 2012”, anuncia. O custo é um problema, mas segundo Sellergren, embora ainda sejam consideravelmente mais caros que o aço e o alumínio, os compósitos prometem ser o futuro dos carros elétricos e híbridos. De acordo com os cálculos da Volvo, o custo de um capô feito com o novo material de bateria pode ser igual ao de um capô convencional mais uma bateria de íons de lítio. “Enquanto fabricantes, podemos absorver esse custo extra para o capô de fibra de carbono, porque na realidade estamos obtendo uma bateria de graça”, observa. Segundo Ulf Carlund, especialista em 24 milhões de carros híbridos ou elétricos serão vendidos por ano até 2025. A linha de montagem constitui um grande desafio para os carros do futuro. 35% dos carros novos serão movidos apenas a combustível, segundo estimativas para o ano de 2025. ICHIRO 8 metalworking world compósitos da Volvo Cars, até agora os métodos de produção têm sido muito lentos, e é necessário aproveitar os investimentos anteriores nas fábricas de automóveis tradicionais. Em parte, isso também se deve ao fato de que as montadoras tradicionais, que trabalham com aço, têm tido dificuldade em pensar e trabalhar com compósitos. Porém, há uma grande vontade de mudar, e a presença de polímeros será cada vez maior tanto no interior como no exterior dos veículos novos, acreditam os especialistas da Volvo. A Audi, com seu carro de alumínio A2, foi precursora na fabricação de carros leves. No centro para “estudos sobre peso” da empresa em Neckarsulm, no sul da Alemanha, os engenheiros da Audi aproveitam as técnicas de fibras de carbono já utilizadas pela subsidiária Lamborghini, bem como a tecnologia e a experiência com compósitos desenvolvidas pela empresa matriz, a Volkswagen, em seu modelo de luxo Bugatti. No esportivo Audi R8 Spyder, que custa mais de 120 mil euros e é produzido a um ritmo de apenas 15 a 20 unidades por dia, Bill Pugliano Ulrich Zillmann As exigências ambientais cada vez mais nnn rigorosas e o aumento do uso de automóveis nas cidades em desenvolvimento têm forçado a indústria automobilística a pensar diferente. O objetivo é obter novos formatos mais leves para a carroceria e maior duração para as baterias, sob a forma de carros híbridos ou puramente elétricos. Até 2014, o mais tardar, quase todos os fabricantes oferecerão carros híbridos. Mas isso é apenas o começo. Ferdinand Dudenhöffer, professor e diretor do Centro de Pesquisa Automotiva da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, fala em mudança tecnológica. “Até 2025, a porcentagem de carros novos movidos apenas a combustível terá caído para 35% em termos globais”, prevê. Outra previsão estima que, dentro de 10 anos, serão vendidos cerca de 24 milhões de carros híbridos ou elétricos por ano. Segundo Dudenhöffer, essa cifra é conservadora. Porém, todos os fabricantes enfrentarão o mesmo problema – o peso. Quando se instala uma bateria, o peso de um carro puramente elétrico aumenta cerca de 250 kg, enquanto que no caso de um híbrido plug-in, esse aumento é de cerca de 200 kg. A Volvo Cars está buscando uma possível solução. Juntamente com pesquisadores do Departamento de Aeronáutica do Imperial College de Londres, engenheiros de Gotemburgo, na Suécia, desenvolveram um material compósito feito de uma mistura de fibras de carbono e polímero que é capaz de carregar e armazenar energia. A ideia é que os futuros a Audi utiliza polímeros reforçados com fibras de carbono nas duas laterais e na parte superior da estrutura da capota. Um prérequisito para que essa tecnologia seja mais rentável em carros mais baratos produzidos em massa é a possibilidade de substituir algumas peças de alumínio por uma única peça de fibra de carbono. “Em vez de cinco ou seis ferramentas diferentes, talvez possamos utilizar uma só”, destaca Karl Durst, engenheiro de desenvolvimento do Leichtbauzentrum da Audi. Ali, entre outros projetos, as fibras são comprimidas para formar um material compósito, a fim de aumentar a diferença de peso em relação ao alumínio de cerca de 17–18% para cerca de 25%. O projeto busca encontrar um material que tenha a mesma capacidade para suportar cargas de peso e Audi mediaservices fibra de Carbono Os compósitos utilizados nas indústrias aeroespacial e automotiva são formados, na sua maioria, por epóxi ou viniléster reforçados com fibras de carbono. As vantagens desses compósitos estão no baixo peso e nas propriedades mecânicas, como sua grande firmeza. As fibras de carbono se rompem facilmente, mas também podem ser conformadas para absorver grandes quantidades de energia. Isso é necessário nos carros de corrida, que podem sofrer colisões frontais em altas velocidades. Os plásticos reforçados com fibras, menos avançados, são utilizados na indústria automotiva há muito tempo. Na antiga Alemanha Oriental, mais de 3 milhões de Trabants foram fabricados com duroplástico, composto de resinas fenólicas oriundas de fábricas de produtos químicos e algodão da União Soviética. n O carro esportivo Audi R8 Spyder utiliza polímeros reforçados com fibras de carbono nas duas laterais e na parte superior da estrutura da capota. pressão que o alumínio. Mesmo assim, ainda há vários outros problemas, maiores e menores, a serem resolvidos, sobretudo a corrosão nas junções entre os compósitos e os outros materiais, ressalta Durst. Além disso, há o fator ruído. Quanto menor o peso do carro, maior o nível de ruído. Isso exige isolamento, o que por sua vez cria mais peso. Outro desafio será fazer com que os mecânicos aprendam a manusear o material. “Deve ser possível consertar o carro e substituir as peças de compósito até mesmo na menor oficina da Audi em qualquer lugar do mundo”, diz Durst. precisa ser melhorado. Lars Herbeck, gerente da Voith Composites, subsidiária do fabricante alemão de máquinas Voith, prevê grandes necessidades em várias áreas. Uma delas é otimizar os o processo de fabricação processos quanto ao fluxo de materiais; outra seria conseguir um ritmo de produção de mais de 100 mil peças por ano, além de um ciclo muito mais rápido. Comparadas com as peças em alumínio, que podem ser fabricadas em segundos, a produção de peças maiores em compósito pode demorar de 20 minutos a uma hora. Isso funciona bem na indústria aero espacial, mas não na indústria automotiva, que trabalha com linhas de montagem para produção em larga escala, injetando mais de 55 milhões de carros por ano no mundo. Oliver Geiger, pesquisador do departamento de materiais compósitos do instituto de pesquisa Fraunhofer-Institut für Chemische Technologie em Pfinztal, Alemanha, está buscando formas de fazer com que grandes empresas trabalhem juntas em vários setores. Durst, da Audi, menciona a necessidade de um salto tecnológico, em vez de contar com uma evolução lenta. A Daimler, que desde 2004 usa fibras de carbono em seu carro de corrida SLR McLaren, também está se concentrando fortemente no desenvolvimento tecnológico. Em abril de 2010, iniciou uma cooperação com a Toray, empresa química japonesa, líder mundial na fabricação de fibras de carbono. O objetivo é que, dentro de três anos, a empresa possa desenvolver peças em fibras de carbono para modelos com volume de produção média de 20 mil a 40 mil carros por ano. Enquanto isso, a arquirrival BMW está sendo ainda mais ousada. Em parceria com a alemã SGL Carbon, a BMW está investindo 100 milhões de dólares em uma fábrica de compósitos em Moses Lake, Washington, nos metalworking world 9 Randy Faris visão técnica Futuro incerto Os compósitos já são um mercado em crescimento na indústria aeroe spacial. A Sandvik Coromant oferece várias soluções de ferramentas nessa área, como brocas de metal duro e PCD (diamante policristalino). Na indústria automotiva, porém, ainda há muita incerteza com relação ao tipo de utilidade real que pode haver para os compósitos. A tecnologia de fibras de carbono já está bem estabelecida para carros de Fórmula 1 e veículos caros de luxo ou esportivos. Mas esses carros são fabricados quase que manualmente em quantidades muito pequenas. “Quando se trata de produção em massa, ainda estamos na fase de pesquisa e desenvolvimento”, diz Francis Richt, que trabalha com desenvolvimento de compósitos na Sandvik Coromant. “Mas estamos contando com que esse novo material seja utilizado em breve para reduzir o peso dos carros elétricos e híbridos.” Richt acrescenta que os equipamentos são mais complexos na indústria aeroespacial do que na automotiva, exigindo maior qualidade e o processamento simultâneo de compósitos e outros materiais, como o titânio. Francis Richt, “Sabemos que os carros têm uma estrutura Sandvik Coromant mais homogênea do que os aviões. Isso reduz a necessidade de produzir milhares de furos e de fresar grandes áreas”, compara Richt. “Por outro lado, temos que estar preparados para usinar outros tipos de furos e cavidades. Mesmo assim, enxergamos demandas diferentes na indústria automotiva, em comparação com a aeroespacial.” Hoje já existem ferramentas que podem ser usadas na indústria automotiva. Por exemplo, as brocas CoroDrill da Sandvik Coromant têm uma superfície de diamante, que melhora a qualidade do furo e o desempenho das máquinas dos clientes.n 10 metalworking world Os compósitos já estão sendo utilizados em carros de Fórmula 1. O desafio é trazer a técnica utilizada em pequenas quantidades para a produção em massa de carros particulares. FONTE: Volvo Cars Como transformar a carroceria de um carro em uma bateria A Volvo Cars tem uma solução simples para reduzir o peso dos carros elétricos: em vez de instalar baterias pesadas, a empresa pretende transformar toda a carroceria do veículo em uma bateria. Isso pode poupar até 250 kg de peso, e cada kg é crucial para fazer com que os carros elétricos funcionem de verdade. No centro desta nova técnica está a utilização de novos materiais compósitos. A solução funciona assim: Os nanomateriais mais recentes, feitos de fibras de carbono extremamente finas e resistentes, substituem os painéis de aço da carroceria e podem ser usados no teto, nas portas, no capô e no assoalho do carro. Esses painéis também fazem o papel da bateria do carro. A autonomia prevista é de 130 km, substituindo-se as portas, o teto e o capô. –15% Plenty of uncertainty130 km O peso do carro pode ser reduzido em 15%. Há potencial para uma redução ainda maior. Elétrons (-) Fibra de carbono Íons (+) O material pode ser recarregado de duas maneiras: 1) Aproveitando a energia gerada durante a frenagem; 2) Conectando-se à rede elétrica. Estados Unidos. Segundo o diretor financeiro da BMW, Friedrich Eichinger, a fábrica vai produzir “grandes volumes a preços competitivos”, pela primeira vez. A meta é reduzir o preço dos materiais para menos da metade do preço atual das fibras de carbono, utilizadas atualmente em carros de corrida a um custo de US$ 22 a US$ 55 o quilograma. As fibras de carbono serão produzidas em duas linhas com capacidade anual de cerca de 1.500 toneladas e serão utilizadas na fabricação do novo carro elétrico da BMW, o Megacity Vehicle, um hatch de quatro lugares com uma bateria de lítio de 35 kWh, que terá autonomia de 100 km com uma carga. Uma variação esportiva, com um pequeno motor a diesel adicional e dois motores elétricos, deve Fibra de vidro Fibra de carbono ser capaz de atingir uma velocidade máxima de mais de 200 km/h. O Megacity deve começar a sair da linha de produção em 2013–2014, em Leipzig, onde a BMW investiu mais de 400 milhões de euros. Segundo a empresa, será o primeiro carro de série do mundo com uma célula de passageiros toda feita de um compósito leve de fibras de carbono sobre um chassi de alumínio. Os primeiros esboços divulgados pela BMW mostram um carro que parece saído de um filme de ficção científica, com uma bateria semelhante a um colchão por baixo de todo o cupê, rodas de grandes dimensões e um visual dinâmico, mais agressivo. Resta saber qual será o efeito no chão de fábrica em um setor já sob pressão. “É uma aposta”, admite um especialista em estudos Os painéis da carroceria se descarregam conforme o motor elétrico do carro é utilizado. sobre peso de um dos concorrentes da BMW. O gerente Norbert Reithofer também está totalmente ciente dos riscos. Em uma conferência sobre carros em Nurembergue, em outubro de 2010, ele afirmou: “É possível que não ganhemos dinheiro durante o primeiro ciclo de produção com esta tecnologia, mas então ela será subsidiada pelas técnicas tradicionais.” n ttle John Ra metalworking world 11 tecnologia textO: Elaine McClarence Desafio: Melhorar o desempenho das ferramentas de corte através do desenvolvimento de coberturas com melhor resistência ao desgaste. Solução: Novas coberturas de alta qualidade que proporcionam um desgaste muito menor. CVD supera desafios (CVD) é a principal tecnologia para criação de coberturas de alta qualidade que melhoram o desempenho das ferramentas de corte. A evolução dos processos e das coberturas aumentou drasticamente a produtividade das ferramentas, e o CVD tem sido um dos principais fatores desse crescimento. A história da Sandvik Coromant com o CVD remonta a 1969, quando a empresa introduziu sua primeira classe de pastilha com cobertura. A GC125 tinha uma cobertura única de carboneto de titânio com alguns mícrons de espessura e proporcionava um aumento das velocidades de corte e da vida útil da ferramenta. O CVD é uma tecnologia extremamente versátil, usada para criar coberturas finas ou espessas de diversos materiais, desde coberturas duras e resistentes ao desgaste, como carbonitreto de titânio, óxido de alumínio e diamante, até produtos semicondutores. É uma técnica complementar a outra tecnologia amplamente utilizada para cobertura de ferramentas – a deposição física de vapor (PVD). No caso das pastilhas, o CVD permite coberturas espessas (5–25 μm) de óxido de alumínio (Al2O3), carboneto de titânio (TiC), carbonitreto de titânio (TiCN) e nitreto de titânio (TiN), que oferecem uma resistência ao desgaste extremamente alta, tornando-a adequada para condições em que o desgaste abrasivo seja substancial. Já as A deposição química de vapor 12 metalworking world coberturas mais finas produzidas pelos processos de PVD apresentam altas tensões de compressão e, portanto, são muito mais adequadas para aplicações de corte que requerem grande tenacidade. A tecnologia CVD está em constante evolução e cada vez mais sofisticada. Uma das razões para essa evolução é que o CVD permite que os engenheiros otimizem cada camada da cobertura. Além disso, é o único processo de cobertura capaz de depositar camadas de α-AAl2O3 cristalino de alta qualidade. As mais recentes pastilhas de metal duro com cobertura têm até 10 camadas individuais, cada uma com sua própria função. Nas classes com cobertura em várias camadas, usa-se uma camada externa fina de TiN para detecção de desgaste, e abaixo dela geralmente há uma camada de Al2O3 para fornecer resistência química e ao desgaste. Essa camada é formada em cima de várias camadas tenazes de carbonitreto e nitreto, que dão alta resistência ao desgaste nos flancos. O substrato da pastilha contém uma base de carbonetos duros e uma fase ligante de cobalto. Em uma zona próxima à cobertura, o substrato passa por uma perda de alguns elementos constituintes do carboneto duro, a fim de oferecer melhor resistência à fratura das arestas. As pastilhas podem ter várias coberturas CVD diferentes, cada uma com sua própria função. CLASSES CVD DISPONÍVEIS SO5F Metal duro com cobertura CVD, para acabamento de alta velocidade em HRSA ou cortes longos com velocidades mais baixas. GC3215 Metal duro com cobertura CVD, para as exigentes condições de corte interrompido. Adequada para todos os ferros fundidos. GC3210 Metal duro com cobertura CVD espessa, para aplicações de torneamento de ferros fundidos nodulares com altas velocidades. Coberta de sucesso Desgaste resultante de um teste de corte em aço de rolamentos de esferas. Uma cobertura standard é comparada com uma cobertura aprimorada recentemente. A área branca muito mais fina na pastilha de corte à direita indica um desgaste menor. Desgaste por crateras GC4235 Com cobertura MTCVD TiCN de baixa tensão, para torneamento de aços e aplicações com aços inoxidáveis. GC4215 Classe com cobertura MTCVD TiCN, com uma camada mais espessa de alumínio baixa tensão, para oferecer máxima proteção. GC2025 Metal duro com cobertura CVD, para operações do semiacabamento ao desbaste. GC3205 Metal duro com cobertura CVD espessa, para aplicações de torneamento de ferros fundidos cinzentos com altas velocidades. COBERTURA STANDARD Desgaste por crateras de uma cobertura standard de TiCN/AI203. Uma das primeiras classes da Sandvik Coromant a utilizar a sofisticada tecnologia CVD foi a GC3020, indicada para o fresamento de ferros fundidos. Introduzida em 1994, ela incorporava uma camada interna de carbonitreto de titânio (TiCN) por CVD de temperatura moderada (MTCVD), com um óxido de alumínio (Al2O3) exclusivo e patenteado por cima, proporcionando níveis excelentes de resistência ao desgaste e adesão da cobertura. Hoje, um exemplo de tecnologia de última geração é a classe GC2025, usada para operações de corte de aços inoxidáveis. CVD refere-se a uma série de processos que envolvem a deposição de um material sólido a partir de uma fase gasosa. A essência de um sistema de CVD, em sua forma mais simples, consiste em uma câmara de reação aquecida (onde as pastilhas que receberão a cobertura são dispostas em Na prática, COBERTURA APRIMORADA Desgaste por crateras de uma cobertura aprimorada de TiCN/ AI203. bandejas), um sistema de suprimento de gás e um sistema de bomba de vácuo. A bomba é utilizada para produzir uma baixa pressão no reator e remover o excesso e os subprodutos das espécies gasosas. Gases precursores, como cloreto de alumínio, monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidrogênio, nitrogênio e tetracloreto de titânio são introduzidos em temperaturas pré-aquecidas na câmara de reação. Conforme passam sobre a super fície aquecida das pastilhas, reagem e formam o revestimento sólido. Os parâmetros críticos do processo são a vazão e a pressão do gás e a temperatura do reator. Para a deposição de Al2O3, são utilizadas temperaturas de cerca de 1 000ºC, enquanto que para TiCN o processo funciona melhor com temperaturas na faixa de 800 a 950°C. Um processo de CVD pode levar até 24 horas. n GC4225 Metal duro com cobertura CVD, para uma ampla área de aplicação. GC2015 Metal duro com cobertura CVD, para acabamento e desbaste de aços inoxidáveis e proteção química. Resumo A tecnologia CVD promete manter sua importância no futuro. Seu impacto no desempenho das ferramentas tem sido tão forte que o CVD está presente em quase 70% das classes com cobertura oferecidas atualmente pela Sandvik Coromant. Hoje, mais de 80% das classes de pastilhas utilizam tecnologias de cobertura. n metalworking world 13 texto: geoff mortimore foto: samir SOUDAH A usinagem virtual decola DERBYSHIRE, REINO UNIDO. Estrategicamente localizado perto de um aeroporto no coração industrial e geográfico da Inglaterra, um fabricante de peças especiais está descobrindo que o céu é o limite na área de usinagem virtual. 14 metalworking world Com a expectativa de aumento do número de passageiros, a demanda da indústria aeroespacial continuará crescendo. Natalie Flemming Peças do sistema de escapamento de motores de aviões são usinadas primeiro em um ambiente virtual. metalworking world 15 O ruído pode ser um grande problema no chão de fábrica. nnn Enquanto os aviões sobrevoam ruidosamente a Paul Fabrications, em Castle Donington, Derbyshire, Inglaterra, no chão de fábrica o trabalho continua em ritmo acelerado para acompanhar a crescente demanda do setor aeroespacial. Depois de ter resistido ao pior da recessão, esse fabricante de peças sob medida de alta tecnologia e precisão, além de montagens de alto valor agregado e estruturas complexas teve um ano próspero em 2010. Porém, uma tarefa em particular se mostrava problemática: conformar e moldar uma peça de um motor de avião da Rolls-Royce. Com as entregas em atraso e problemas no chão de fábrica, um software colocou o projeto de novo nos trilhos. A Paul Fabrications já utilizava tecnologia CAD/ CAM, mas estava tentando encontrar uma solução para um trabalho na placa de acesso de um motor em titânio. Enquanto isso, o engenheiro de projetos Dave Rolley procurou o engenheiro de vendas da área da Sandvik Coromant, Paul O’Brien, em busca de auxílio. 16 metalworking world Dave Rolley, engenheiro de projetos, Paul Fabrications. “Pedimos para a Sandvik Coromant analisar o problema conosco, porque era um trabalho de grande volume”, conta Rolley. “Estávamos ficando atrasados com as entregas e isso estava causando problemas no ambiente da fábrica. Queríamos reduzir o tempo para poder liberar as entregas para o cliente, mas além disso a operação estava produzindo muito ruído”, relembra. Havia vários desafios, sobretudo a extensa usinagem envolvida no corte e manutenção da parte inferior do bolsão com uma planicidade de 0,1 mm (a espessura na base do bolsão é de 2 mm, menos da metade da espessura do material original, e abrange 90% da área da peça). Além disso, estávamos tentando reduzir o tempo de ciclo para liberar capacidade, melhorando a vida útil da ferramenta para gerar uma solução mais rentável. Devido às preocupações da Paul Fabrications quanto à capacidade da máquina, a Sandvik Coromant não podia realizar testes no próprio Graças ao amplo uso da usinagem virtual, a empresa obteve uma economia considerável de tempo e dinheiro. A Paul Fabrications produz montagens de alto valor agregado para os setores aeroespacial, nuclear e de engenharia. Soluções sob medida podem reduzir pela metade o número de ferramentas necessárias. Paul Fabrications local sem afetar ainda mais as entregas para o cliente. Para superar esse problema, desenhos e dados foram levados para o Centro de Aplicações Aeroespaciais da Sandvik Coromant para determinar quais melhorias poderiam ser feitas. Utilizando o software de simulação Vericut da CG Tech para entender o processo atual, os problemas da estratégia de usinagem ficaram evidentes de imediato. O’Brien explica: “Com a experiência e o conhecimento que temos em estratégias de usinagem e métodos de programação, conseguimos oferecer uma solução sob medida usando o software de CAM MasterCam X4. Além disso, utilizando os nossos conceitos CoroMill 300 e CoroMill 490 com geometria PL na classe GC1030, fomos capazes de reduzir de quatro para dois o número de ferramentas necessárias”. os resultados foram imediatos. “Os novos planos mostravam De volta à Paul Fabrications, Fundada há mais de 70 anos, a Paul Fabrications produz itens de precisão e alta tecnologia para os setores aeroespacial, nuclear e de engenharia, como peças sob medida, estruturas complexas e montagens de alto valor agregado. Com sede perto do aeroporto de East Midlands, próximo a Derby, no Reino Unido, a empresa atua não só no mercado interno, mas também em toda a Europa, Ásia e Estados Unidos. que podíamos reduzir o tempo de ciclo em mais sete minutos. Pode não parecer muito, mas com mais de 2.500 peças ao longo de 12 meses, isso vai se acumulanFuncionários: 109 do”, observa Rolley. Faturamento: 12 milhões de euros A economia de tempo, aliada Equipamentos: fresadoras de 5 eixos, fresadoras a um tipo diferente de ferramende 4 eixos, tornos CNC, máquinas a laser de 6 eixos tal, que reduziu os custos das e um sistema de CAD/CAM pastilhas, gerou uma economia Clientes: Rolls-Royce, FACC, Meggitt, Pattonair total de cerca de 30 mil euros e outros. anuais. Ao mesmo tempo, foi liberada uma capacidade adicional de sete semanas, junto com uma redução no número de ferramentas de corte e pastilhas necessárias. Outro benefício também ficou evidente no chão de fábrica. Colin Last, primeiro engenheiro a trabalhar na fábrica com as novas ferramentas, explica: “O trabalho com aquelas peças mudou radicalmente. metalworking world 17 Uma das tarefas mais barulhentas da fábrica se transformou em uma das mais silenciosas”. Também houve benefícios em termos de qualidade e confiabilidade. “Quando chega o momento da usinagem propriamente dita, temos 99% de certeza de que a peça está dentro das tolerâncias exigidas”, diz Rolley. “Se não precisamos desenvolver o trabalho na própria máquina, não perdemos peças nem o precioso tempo de fabricação. Fica caro experimentar diferentes métodos nas aeroespacial, ele pode ser aplicado a qualquer setor – automotivo, nuclear, de engenharia geral e até mesmo para designers”, aponta. Para a Sandvik Coromant, quanto mais os clientes utilizarem este tipo de tecno logia, como é o caso da Paul Fabrications, mais o seu compromisso será reforçado, não só com P&D e com o lançamento de novos produtos, mas também com a indústria aeroespacial. n máquinas e desperdiçar peças, mas com a usinagem virtual é possível mudar de estratégia, mudar de método e ver os resultados instantaneamente na tela, sem qualquer desperdício físico”, destaca. Segundo O’Brien, a flexibilidade também é um fator fundamental na usinagem virtual. “No curto prazo, podemos eliminar uma dor de cabeça do cliente. No longo prazo, apesar de utilizarmos esse processo principalmente na indústria ilustrações: Marcelo Cáceres, Barney Boogles, DanLeap Benefícios virtuais A máquina virtual é simplesmente uma solução de software que inclui quase todas as funções de uma máquina real e a complementa com peças adicionais. Ao copiar as características do ambiente de trabalho, ela permite que o usuário (neste caso, a Paul Fabrications) teste programas completos e mudanças de programação para maximizar a produtividade. Assim, é possível evitar problemas durante um ciclo de usinagem e garantir que as horas de máquina serão dedicadas à produção, e não à realização de programas de teste em máquinas reais. O programa pode ser executado na máquina ou com um sistema CAM, mas em ambos os casos ele simula a usinagem exata. Método não-virtual A usinagem na forma mais tradicional pode demorar mais, já que às vezes são necessárias várias tentativas até se atingir o resultado desejado. Além disso, pode causar desperdícios desnecessários. Matériasprimas Várias tentativas com a usinagem tradicional Muitos materiais caros desperdiçados O desperdício é um problema. Pode ser um exercício demorado MÉTODO virtual Economia de tempo: cinco dias para treinar um operador O método virtual pode praticamente garantir que o trabalho será feito corretamente, com um cálculo preciso do tempo necessário e do custo. Matériasprimas As especificações do trabalho são definidas em um computador Há uma economia de tempo, materiais e custos materiais Os materiais precisam ser resistentes ao calor, robustos e leves, já que grande parte do trabalho envolve titânio, Nimonic, Inconel e outras ligas de alto valor agregado e resistentes ao calor, materiais difíceis de usinar. Isto torna sua usinagem um processo muito caro, portanto o desperdício deve ser mínimo. Confira o vídeo em: www.youtube.com/sandvikcoromant 18 metalworking world tecnologia textO: christer richt Desafio: Melhorar o processo de furação de materiais compósitos na indústria aeroespacial utilizando máquinas manuais. Solução: Novas ferramentas de corte que atendam as variações e exigências das aplicações portáteis. Mão firme para o futuro aeroespacial das operações com ferramentas manuais as torna propensas à instabilidade e até mesmo à inconsistência. O desempenho do equipamento utilizado e a experiência do operador afetam diretamente a qualidade dos furos e a produtividade. Se a produção de furos com ferramentas manuais for dificultada pelo efeito de agarre da broca e se for necessária uma grande força axial para penetrar no furo, então os níveis de qualidade, eficiência e fadiga do operador serão afetados negativamente. Os operadores precisam se concentrar mais em compensar os efeitos da ferramenta manual e ficam mais propensos a cometer erros, causando a perda de peças. As furadeiras manuais também são bastante afetadas pela forma de funcionamento da ferramenta de corte. A ação de corte, a intensidade e a direção das forças de corte, os possíveis dados de corte e a vida útil esperada da ferramenta são fatores que determinam em grande medida a qualidade e o resultado econômico. Brocas manuais precisam de mais tenacidade, devido à instabilidade inerente à operação. Por isso, uma broca de metal duro sem cobertura e com alargador é a melhor solução, já que o equilíbrio entre tenacidade e resistência ao desgaste tem que ser baseado na força. Um chanfro longo e vivo na aresta de corte produz um corte limpo de todas as fibras. A própria natureza A gama de brocas standard CoroDrill 452 foi projetada para otimizar as aplicações com O design exclusivo da ponta ranhurada proporciona um furo muito próximo da circularidade, bem como minimiza o efeito de empuxe. Broca de metal duro sem cobertura para obter a melhor tenacidade e resistência ao desgaste. Para os fabricantes do setor aeroespacial que trabalham com compósitos, há muito espaço para melhora na furação com ferramentas manuais. compósitos e com compósitos de metais em pacotes que são realizadas com ferramentas manuais. Na broca para compósitos, combinações tais como a hélice à esquerda e a ponta da broca à direita promovem uma ação de corte suave com efeito de agarre mínimo ou inexistente. Apenas um baixo nível de força de avanço é necessário, e a broca realiza uma saída suave e não destrutiva do material. Na versão para metais em pacotes, podese escolher entre uma broca com ou sem piloto incorporado, para reduzir as diferenças no efeito das forças axiais entre os materiais e proporcionar uma alta precisão do furo e acabamento. Assim, a diferença de tamanho do furo entre os materiais é mínima, e as rebarbas de saída são eliminadas. A broca sem piloto tem uma aresta com guia dupla para dar estabilidade, o que melhora ainda mais o desempenho e os resultados. n Maior tenacidade devido à instabilidade das operações. corodrill 452 resumo O desenvolvimento da geometria das ferramentas de corte tem um papel fundamental para se alcançar o nível adequado de qualidade, desempenho da ferramenta e produtividade. Brocas de metal duro e alargadores com novos designs patenteados são a espinha dorsal de uma nova gama standard de ferramentas de corte para produção de furos em materiais compósitos com ferramentas manuais. n metalworking world 19 inspiração para além do mundo da usinagem Algumas pessoas acreditam que a figura da aranha gigante é um diagrama anamórfico da constelação de Órion. Macaco. Aranha. Puro mistério texto: Stefan Sjödin, David Shamy Há milhares de anos, o deserto de Nazca, no sul do Peru, tornou-se uma tela de pintura com desenhos gigantes. Ninguém sabe exatamente como nem por quê. A Metalworking World foi investigar. Nazca, no sul do Peru, é um dos lugares mais nnn secos do mundo. Aqui o sol brilha implacável sobre dunas de areia com centenas de metros de altura, onde repousam antigos esqueletos de baleias de até 13 metros de comprimento. As baleias permaneceram sob uma fina camada de areia quando do recuo do Oceano Pacífico. Nosso jipe tem um chuveiro, que usamos para aliviar um pouco o calor. Às vezes saímos do jipe para pegar algum dente de tubarão. Esses predadores costumavam atacar as baleias à nossa volta, mas agora só restaram seus dentes afiados. Quase não tem chovido por aqui nos últimos 10 mil anos, mas no momento em que chegamos, começa a chover a cântaros. Os moradores olham ansiosos para as nuvens negras. Por um lado, estão contentes com um pouco de chuva, mas o fenômeno El Niño, que produz umidade ao longo da costa do Peru, também poderia desencadear uma catástrofe econômica para o povo de Nazca. As chuvas poderiam apagar as Linhas de Nazca – artefatos antigos cuja origem é um dos grandes mistérios do mundo. As linhas foram criadas por meio da remoção dos seixos marrom-avermelhados da superfície, expondo a terra de baixo, de cor mais clara. Os cientistas especulam que o aumento das chuvas poderia despejar barro e areia sobre as linhas, além de aumentar as chances de deslizamentos e inundações. Se as linhas desaparecerem, a principal fonte de renda dos habitantes locais, o turismo, também desaparecerá. Decidimos dar uma olhada nas linhas antes que elas desapareçam para sempre. Vistas a partir de um pequeno avião a algumas centenas de metros acima do solo, 20 metalworking world as linhas formam figuras abaixo de nós. “Vejam o colibri”, grita o piloto, inclinando o avião para baixo quase em uma cambalhota. “Ali vocês podem ver um lagarto.” Também conseguimos identificar uma aranha, um condor, uma baleia, uma flor e um macaco. Alguns dos desenhos são maiores do que dois campos de futebol. O lagarto, por exemplo, tem mais de 180 metros de comprimento. Mas não é só isso. Além de três dezenas de animais e plantas, mais de 1.300 quilômetros de linhas retas e 300 formas geométricas se estendem por toda a paisagem de maneira aparentemente caótica. As linhas foram desenhadas por índios da tribo Nazca entre 500 a.C. e 500 d.C., mas ninguém sabe exatamente como nem por quê. Os artistas Nazca podem ter desenhado as linhas retas com a ajuda de paus e cordas, mas permanece o mistério de como mantiveram as linhas perfeitamente retas ao longo de distâncias tão grandes, sem qualquer visão aérea. Ou talvez não tenha sido assim. Alguns teóricos especulam que o povo Nazca voava com a ajuda de balões de ar. Provas disso seriam os desenhos em forma de balão encontrados na cerâmica local e as grandes marcas de queimada de formato arredondado, impregnadas nos penhascos das proximidades. O mistério de Nazca atrai pessoas de todos os tipos, desde cientistas até místicos e lunáticos – muitos dos quais têm todo o prazer em nos contar suas versões diante de um copo de cerveja em um dos bares locais. As teorias vão desde explicações sobrenaturais (campos de pouso para discos voadores e visões alucinógenas) Há mais de 300 formas geométricas e cerca de 1.300 km de linhas retas. metalworking world 21 inspiração para além do mundo da usinagem Outros mistérios antigos As Linhas de Nazca estão longe de ser a única construção antiga de difícil explicação, levando turistas e arqueólogos a teorizar sobre suas origens. Do Reino Unido ao Pacífico Sul, eis alguns exemplos: Ilha de Páscoa Localizada no sudeste do Oceano Pacífico, a Ilha de Páscoa tem mais de 800 estátuas gigantes, chamadas de mo’ai, esculpidas entre 500 e 700 anos atrás. gantija Dois templos antigos, com mais de 5.500 anos de idade, podem ser encontrados na ilha mediterrânea de Gozo. Segundo o folclore, os templos foram construídos por uma gigante e eram usados como local de adoração. Atualmente, alguns cientistas acreditam que os templos eram usados para um culto de fertilidade. Pequenas pedras esféricas descobertas em torno dos templos podem ter sido usadas para transportar as pedras extremamente pesadas da construção. O Círculo de Goseck O Círculo de Goseck, na Alemanha, composto de terra, cascalho e cercas de madeira, é considerado um dos primeiros exemplos de observatório solar. Os menires de Carnac Mais de 3 mil menires pré-históricos na Bretanha francesa. Monumento Yonaguni Cerca de cinco metros abaixo da superfície do mar, nas proximidades de Yonaguni, no litoral do Japão, encontra-se uma enorme formação rochosa submarina com várias plataformas e paredes. Um mergulhador descobriu a área em 1987, despertando intensos debates a respeito de sua origem, se criada pelo homem ou um fenômeno natural. Stonehenge Com milhares de anos de existência, Stonehenge fica situado no condado de Wiltshire, na Inglaterra. De fato, se ficarmos em cima de uma montanha durante o solstício de verão, veremos claramente que os raios solares da manhã acompanham exatamente uma das linhas mais longas. No solstício de inverno, acontece a mesma coisa com outra linha. Muitas das linhas terminam em um triângulo fino que aponta na direção de pinturas murais. Acredita-se que cada linha e cada triângulo contenha informações que levam a mais informações. De diferentes maneiras, esses triângulos podem ter sido usados para calcular a época do ano em que a água entra nos rios, a época da colheita e o momento de poupar recursos. 2.000 Número de anos de existência que se atribui a algumas das linhas mais antigas. 60 Número de anos durante os quais a matemática Maria Reiche estudou as Linhas de Nazca. Bettmann/CORBIS até as de ordem prática (obras de arte e desenhos matemáticos). Embora os cientistas não estejam de acordo sobre a finalidade das linhas, a maioria concorda que elas significam mais do que belas fotos. Maria Reiche, matemática que estudou as linhas durante quase 60 anos, acreditava que elas seguiam as posições do sol, da lua, das estrelas e dos planetas. Em seu livro fundamental sobre o assunto, Mystery on the Desert (Mistério no deserto), ela se mostra nitidamente fascinada pelos padrões geométricos. “Observando as planícies, chapadas e terraços desde o alto, aparecem figuras triangulares, retangulares e trapezoidais em diferentes lugares, perfeitamente delineadas em uma cor mais clara sobre a superfície ocre”, escreveu. Maria Reiche O caos que vimos da janela do avião é uma ilusão de ótica. Aparentemente, as Linhas de Nazca foram dispostas de maneira cuidadosa, fluindo como os raios do sol para dentro de vários centros. Todas as linhas estão localizadas perto de fontes de água, e parece lógico que representem mapas desse precioso recurso (uma informação importante quando se vive no deserto). Também é possível que as linhas funcionassem como um guia astrológico. Mas este ponto ainda é incerto para os cientistas. Anthony F. Aveni, professor de astronomia e antropologia, passou anos estudando as linhas e acredita que elas provavelmente tinham vários usos. “Não podemos mais encarar as Linhas de Nazca como fruto de um trabalho sobre-humano realizado como um projeto grandioso e com um único objetivo”, explica em um artigo da Archaeology Magazine. Em vez de tentar encontrar uma grande explicação, Aveni sugere que as linhas devem ser utilizadas para compreendermos o cotidiano das pessoas que as construíram. “Há uma ordem, um padrão e um sistema por trás dos geoglifos [linhas], que nos dão informações sobre as pessoas que viveram ali”, escreve Aveni. No caminho de volta, penso na possibilidade de que as linhas desapareçam com a proximidade do El Niño. Durante 2.000 anos, é possível que elas estivessem nos mostrando o caminho para a sobrevivência em um dos lugares mais secos do mundo. Mas se Nazca se tornar um lugar mais úmido, talvez a razão para sua criação também desapareça. n Pensamento criativo Ingrid Reineck, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Sandvik Coromant, conversa com a Metalworking World sobre pensamento criativo e sugere que construções antigas como as Linhas de Nazca são provas da longa história dos pensamentos não-convencionais na evolução humana. 1. Existem semelhanças entre a abordagem criativa de quem desenhou as Linhas de Nazca e os seus métodos de pesquisa e desenvolvimento? As Linhas de Nazca devem ter sido criadas por alguém que pensava para além do contexto cultural da época. Precisamos fazer a mesma coisa hoje em P&D. É assim que surgem as invenções completamente novas. P&D deve se basear em fatos, não em meras fantasias. Nem sempre é possível explicar os fatos em detalhes, mas deve haver uma base fundamental sólida. Caso contrário, talvez não seja possível repetir o experimento nem colocar o processo em produção, o que é essencial para o trabalho de P&D industrial. Mas nunca se sabe; talvez a cultura Nazca soubesse coisas que não entendemos hoje. 2. Que qualidades você considera mais importantes no trabalho de P&D? Curiosidade e paciência para converter os resultados das pesquisas em produtos. Também é tpreciso ter espírito de equipe para compartilhar conhecimentos e experiências. Isso é válido não só dentro do grupo de P&D. Devemos ter a capacidade de criar uma rede que penetre nos mercados e também na organização da produção. 3. A Sandvik Coromant investe em pesquisa e desenvolvimento pelo menos duas vezes mais do que a média do setor. Por quê? O investimento em novas tecnologias tem sido importante para a Sandvik desde a época de Göran Fredrik Göransson, na década de 1860. É assim que a empresa não apenas sobrevive no longo prazo, mas também cresce e prospera como uma das mais bem-sucedidas na área de negócios de engenharia. texto: jason thoe foto: Sash Alexander Voando alto na Malásia Shah Alam, Malásia. Em 2009, a Upeca Aerotech ganhou um contrato importante para fornecer várias peças aeroespaciais. Para cumprir seus compromissos, a empresa precisava de uma parceria estratégica. .co Istockphoto m/tang9024 Istock photo .com/ raclr o 6 24 metalworking world Tradicionalmente, a Malásia pode não estar associada à indústria aeroespacial. Mas a UPECA Aerotech Sdn Bhd (UAT), localizada em Shah Alam, cerca de 25 km a oeste da capital da Malásia, Kuala Lumpur, estabeleceu-se como importante fornecedor para uma série de grandes empresas aeroespaciais do mundo todo. O caminho percorrido até aqui, no entanto, teve muitos desafios e obstáculos para o diretor de operações da UAT, Kavan Jeet Singh. Encarregado de supervisionar todas as operações da UAT desde a sua criação, Kavan tem particular orgulho de como a empresa evoluiu sob sua liderança até chegar onde está hoje. Em 2009, a UAT ganhou um importante contrato de 10 anos para fabricar peças da estrutura e da asa de aeronaves. O contrato foi firmado com a divisão europeia do maior fornecedor mundial de peças e montagens para aviões comerciais, a Spirit Aerosystems, desencadeando a expansão e o desenvolvimento de uma vasta gama de aptidões para processos especiais. No entanto, aponta Kavan, os riscos são sempre altos quando se realizam novos programas aeroespaciais. “Você é bom até falhar uma vez”, adverte. É por isso que o planejamento detalhado e a mitigação de riscos são de vital importância. “Desde o início, percebemos que, como uma organização que buscava ganhar credibilidade e progredir dentro dessa indústria, precisávamos nos afastar do rótulo de meros fabricantes de baixo custo. Precisávamos construir a organização sobre uma fundação que valorizasse a inovação”, destaca Kavan. Segundo ele, a excelente infraestrutura oferecida pelo país é uma base ideal para permitir que a UAT compita globalmente na indústria de fabricação aeroespacial. “O custo de mão de obra ainda é relativamente baixo e o nível de qualificação da força de trabalho é adequado”, acrescenta. “Porém, devemos reconhecer que não poderemos contar por muito tempo com uma mão-deobra mais barata para permanecermos competitivos. Os países industrializados têm feito um trabalho fenomenal em termos de avanços tecnológicos para compensar os altos custos trabalhistas, e temos que aprender com isso. O desafio para nós é encontrar o equilíbrio ideal entre o investimento em tecnologia e a utilização de mão de obra”, observa. melhores resultados não era só uma questão de possuir uma excelente infraestrutura. Era também uma questão de encontrar as pessoas certas para o trabalho. “Construímos a UAT utilizando as pessoas certas com os conhecimentos certos para podermos produzir com eficiência e eficácia. Mesmo depois de termos investido milhões em máquinas, os colaboradores continuam sendo nosso maior patrimônio”, destaca Kavan. Um resultado importante dessa mudança de mentalidade foi a criação do Centro de Desenvolvimento de Produtos (PDC), comandado pelo gerente Yew Seik Wai, com uma equipe voltada para engenharia inteligente. Em colaboração com Ronnie Yong, gerente da cadeia de suprimentos da UAT, Yew foi responsável pelo desenvolvimento e pela entrega dos primeiros itens. Porém, produzir Kavan Jeet singh idade: 35 família: Esposa, Manveet Kaur Bajaj, e dois filhos: Nikhil Singh Khash, 4, e Natasha Kaur Khash, 1. Residência: Em Bangsar, bairro de Kuala Lumpur localizado cerca de 4 km a sudoeste do centro da cidade. educação: Engenharia Aeronáutica pela Universidade de Loughborough, no Reino Unido. paixões: Filmes inteligentes, bom humor, comida saborosa e cerveja gelada. metalworking world 9 Upeca Aerotech Raymond Tan, engenheiro do Programa de Incremento da Produtividade da Sandvik Coromant, com Ronnie Yong (esq.), Yew Seik Wai e o gerente industrial Allan Tan. A UPECA Aerotech Sdn Bhd, com sede em Selangor, na Malásia, é uma importante empresa do setor de fabricação aeroespacial no país. Uma das poucas empresas da Malásia aprovadas e certificadas pela Airbus para a fabricação de peças metálicas, a UPECA Aerotech produz uma gama de peças para aeronaves que incluem aeroestruturas, peças de aviônica e carcaças para motores. Atualmente, a UAT emprega mais de 230 pessoas altamente qualificadas e planeja crescer para mais de 300 cola boradores ainda em 2011. Tendo obtido a aprovação AS/EN-9100 em 2007 para a Fabricação de Peças de Engenharia de Precisão e Aeronáutica, a UAT fabrica peças para clientes importantes, como os fabricantes de aviões Spirit, Honeywell, Goodrich e Meggitt, entre outros. Istockp hoto.c om/ra clro 26 metalworking world a engenharia conosco e atuar como parceiro estratégico nas operações de fresamento e torneamento”, diz. “Dentro do esquema de trabalho, a Sandvik Coromant se tornou uma extensão do Centro de Desenvolvimento de Produtos da UAT”, explica. “Juntos, trabalhamos para produzir os primeiros itens críticos e para conceber e projetar o processo de produção que se seguiria. Depositamos muita confiança na capacidade deles de fornecer soluções de ferramentas. Isso foi importante para permitir que o PDC, finalmente, gerasse o processo de usinagem mais eficiente para a nossa produção, dirigida por Allan Tan. “O sucesso que temos hoje é resultado de um esforço conjunto e concentrado”, enfatiza Yew. “O esforço colaborativo entre o PDC, a Cadeia wn Essas funções foram fundamentais para garantir o desenvolvimento do processo como um todo, em preparação para a produção. “Para executar o projeto com sucesso, tivemos que enfrentar um grande desafio: identificar e adquirir ferramentas de corte que fossem confiáveis e eficazes, para permitir a produção de um número tão grande de peças exclusivas”, explica Yong. Yew e Yong conversaram com vários fornecedores de ferramentas de corte. “Muitos fornecedores de ferramentas de corte ficaram interessados em participar quando a notícia de que tínhamos conseguido o negócio se espalhou pela indústria”, conta Yew. “Depois de analisar profundamente as diferentes propostas, finalmente decidimos dar à Sandvik Coromant a oportunidade de desenvolver Peças aeroespaciais exigem o melhor pacote de ferramentas. Ken Bro Ronnie Yong (esq.), Yew Seik Wai e Kavan Jeet Singh. de Suprimentos, a Produção e a Sandvik Coromant não para depois da fase de desenvolvimento. Nossa parceria vai continuar buscando disponibilidade de produção, melhorias contínuas e, espero, muito mais economia”, comenta. Com a Sandvik Coromant a bordo, a primeira remessa de peças foi entregue de acordo com as especificações, em um intervalo de apenas nove meses. “Houve muitos desafios técnicos ao longo do caminho, devido à escala do projeto e aos prazos de entrega apertados. Todos fizeram um tremendo esforço para entregar um produto de alta qualidade, com o processo de fabricação mais eficiente possível”, pontua Yew. Kavan acrescenta: “Nos dias de hoje, uma empresa precisa continuar evoluindo para Uma das células da UAT para a fabricação de peças aeroespaciais. permanecer relevante. Não podemos contar apenas com a capacidade interna. É por isso que precisamos de parcerias fortes, capazes de nos ajudar a melhorar continuamente e permanecer competitivos”, enfatiza. Fundada em 2005, o potencial de crescimento da UAT é muito promissor. Atualmente, a empresa tem entre seus clientes importantes fabricantes de peças para aeronaves, como Spirit, Honeywell, Goodrich e Meggitt, e prevê um crescimento de pelo menos 30% ao ano nos próximos cinco anos. Indo mais além, a UAT está se concentrando em desenvolver sua base de clientes-chave e em ampliar seus pacotes de trabalho atuais. Além de conceber e desenvolver o processo de produção ao lado da UAT, a Sandvik Coromant enfrentou o desafio de criar um ferramentas feitas sob medida”, pacote de ferramentas com custo diz Pulkit Datta, gerente otimizado para melhorar a aeroespacial da Sandvik produtividade da UAT. O pacote Coromant na Ásia-Pacífico. de ferramentas precisava ser “Tudo isso minimizou os capaz de usinar peças em vários gargalos durante os primeiros materiais, como titânio, aços itens, bem como na produção inoxidáveis e alumínios. regular.” O desafio era agravado ainda A Sandvik Coromant atendeu mais pela necessidade de se a UAT por meio de uma equipe repensar as atuais soluções para Pulkit Datta, gerente aeroespacial, composta por um integrante da peças aeroespaciais críticas. Sandvik Coromant equipe técnica central, um espeO desafio foi vencido ao cialista em investimento em máquinas e um longo de todo o processo. engenheiro de incremento da produtividade. “Todas as diferentes características “O sucesso do projeto pode ser atribuído das peças foram discutidas em detalhe, ao fato de que conseguimos entender os e chegou-se a um acordo sobre as técnicas de objetivos da UAT e atuamos desde o início”, usinagem e os métodos de programação mais conclui Pulkit. n adequados, incorporando ainda algumas metalworking world 27 tecnologia textO: turkka kulmala Desafio: As tecnologias CAx e CNC proporcionam um ambiente de produção automatizado, mas não têm um meio eficiente para a transferência de informações relacionadas com as ferramentas. Solução: A norma ISO 13399 estabelece um modelo comum de informações para descrever as ferramentas de corte e comunicar essas informações de maneira eficaz. Biblioteca de ferramentas estabelece padrões Imagine uma fábrica perfeita: As especificações do produto são recebidas em uma ponta, todas as informações, ferramentas e materiais fluem sem problemas, e o produto final sai na outra ponta. Uma utopia ingênua? Talvez, mas os novos serviços de biblioteca de ferramentas, baseados em um padrão internacional, estão aproximando esse ideal da realidade. A norma ISO 13399 – na realidade, uma família de normas – define um modelo comum de informações para a comunicação de dados sobre ferramentas de corte entre diversos sistemas de produção. O fluxo de informações do ambiente CAD do projetista para os sistemas CAM e CNC do chão de fábrica é bastante suave e padronizado. No caso das ferramentas de corte, o quadro é diferente. As informações sobre as ferramentas, como suas dimensões e geometrias, combinações de pastilhas e porta-ferramentas e os modelos de CAD, há muito tempo já estão disponíveis digitalmente, mas apenas em formatos proprietários. Como a maioria dos fabri cantes provavelmente usa várias marcas 28 metalworking world Uma nova norma ISO define um modelo comum de informações para a comunicação de dados sobre as ferramentas de corte. de ferramentas, era necessário usar vários sistemas de software incompatíveis entre si. Além disso, como a comunicação direta entre esses sistemas e os softwares CAM é ruim, os dados das ferramentas de corte não podem ser facilmente transferidos para as máquinas-ferramenta CNC. Devido a esses problemas, os fabricantes relutam em utilizar até mesmo as funcionalidades das bibliotecas de ferramentas existentes, disponíveis nos sistemas CAM. Tudo isso resulta em um desperdício significativo de produtividade. De acordo com os fornecedores de sistemas CAM, a entrada automática de dados das ferramentas de corte nos sistemas CNC pode aumentar a produtividade de um processo de usinagem em até 50%. Os fabricantes estão cientes dessas questões e desejam encontrar soluções práticas. Durante a IMTS, feira internacional de tecnologias de fabricação realizada em Chicago em setembro de 2010, diversos fabricantes de empresas grandes e pequenas de diferentes setores demonstraram interesse pelos serviços de biblioteca de ferramentas da Sandvik Coromant. Existe uma necessidade cada vez maior de informações digitais sobre ferramentas de corte no mercado. É exatamente para isso que a ISO 13399 oferece uma solução (veja quadro). Todos os dados padronizados das ferramentas que tenham sido registrados pelo fornecedor estarão disponíveis para qualquer sistema CAx, CNC e de gerenciamento de ferramentas do cliente. O pessoal da sala de ferramentas pode receber instruções para montagem da ferramenta, incluindo todos os suportes, adaptadores e pastilhas necessários. A partir daí, a ferramenta montada vai para a máquina-ferramenta, onde o operador também pode acessar os dados da ferramenta. Depois de terminar o trabalho, o operador pode fazer as correções ou alterações necessárias nos dados e retransmitir os arquivos de volta para a sala de ferramentas e para outros sistemas. Um requisito fundamental é a qualidade da informação. Por exemplo, todas as dimensões das ferramentas indicadas pelo fornecedor devem permanecer inalteradas ao longo do processo até a máquina-ferramenta. Outra vantagem da norma ISO 13399 é a capacidade de lidar com dados de offset das ferramentas. A ISO 13399 oferece um processo de transferência relativamente simples para qualquer tipo de informação relacionada com as ferramentas de corte. Porém, o verdadeiro desafio, além da possibilidade de se obter uma maior eficiência, está em aplicações mais ambiciosas, como simulação de usinagem e otimização de processos. n Solução prática A nova norma divide as ferramentas de corte e seus componentes em quatro grupos principais: Itens dA ferramenta. ISO 13399 A série de normas ISO 13399, “Repre sentação e intercâmbio de dados de ferramentas de corte”, define um modelo geral de dados para representar as principais categorias de dados das ferramentas de corte e as relações entre eles, e define os princípios para o intercâmbio desses dados. Uma interface de programação de aplicativos foi disponibilizada para garantir que todos os usuários possam criar e/ou acessar informações de acordo com a ISO 13399, sem necessidade de conhecer a norma em detalhe. A norma foi desenvolvida por uma equipe de representantes da Ferroday Ltd, Kennametal Inc., Sandvik Coromant (líder do projeto) e do Instituto Real de Tecnologia da Suécia. n Os porta-ferramentas ou corpos das ferramentas que alojam os itens de corte. Itens de corte. As pastilhas ou arestas de corte que removem diretamente o material da peça de trabalho. Itens de montagem. Peças necessárias para a montagem da ferramenta, como calços ou parafusos. Itens adaptadores. Por exemplo, adaptadores de extensão ou redução, que fazem a conexão entre um item de ferramenta e a máquina-ferramenta. Resumo Os serviços de biblioteca de ferramentas, baseados na norma internacional ISO 13399, oferecem melhorias de produtividade significativas ao conectar com eficiência os sistemas CAx e CNC. A norma permite a transferência de dados abertos entre sistemas proprietários de gerenciamento de ferramentas, CAx e CNC. n metalworking world 29 texto: Henrik ek, geoff mortimore foto: martin adolfsson tamanho família Milwaukee, Wisconsin, EUA. Parece um cruzamento entre um tanque, um trator e um guindaste. Trata-se de uma enorme escavadeira elétrica para mineração, cuja demanda mais do que dobrou em dois anos. Com isso, seu tamanho se tornou um problema para o fabricante Bucyrus. nnn Assim como acontece com a heroína de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que fica pequenina depois de beber o líquido de uma garrafa, ficamos com a sensação de termos encolhido quando nos aproximamos de uma escavadeira elétrica para mineração na fábrica principal da Bucyrus, situada ao sul de Milwaukee, Wisconsin, nos EUA. Para termos uma ideia em perspectiva, a unidade montada pesa quase 1.400 toneladas – o equivalente a cinco aviões de dois andares Airbus 380. A caçamba atinge uma altura de 18 metros quando esticada. Tem a altura de um prédio de sete andares e uma capacidade de carga de 120 toneladas, igual à de dois caminhões com carreta e carga completa. E neste caso, tamanho é documento. Desde a sua fundação em 1880, em Ohio, a Bucyrus é uma empresa de grande escala em todos os sentidos. Quase todas as peças dos diferentes equipamentos de mineração da empresa, como eixos, engrenagens, roldanas, polias e componentes da estrutura, são produzidas na fábrica principal. Uma volta pelas instalações do complexo revela um conjunto de peças gigantes de aço, nem sempre fáceis de identificar para olhos leigos. Uma das maiores é um suporte giratório, uma gigantesca roda dentada que repousa horizontalmente debaixo do corpo da escavadeira e permite girar a unidade. “É a nossa maior peça e uma das três principais que precisávamos produzir com mais eficiência”, explica John Matysiak, engenheiro de produção da Bucyrus. Quando se trata da escavadeira elétrica para mineração da empresa, as escalas são realmente grandiosas. Uma única peça de um equipamento desses pode medir até 5,5 metros de diâmetro. 30 metalworking world John Matysiak, engenheiro de produção da Bucyrus. A escavadeira elétrica para mineração é alimentada por um motor elétrico, uma das poucas peças que não são fabricadas na própria empresa. Ela funciona tanto em minas a céu aberto de ouro e cobre no calor australiano como em operações de areia betuminosa no frio do norte do Canadá. Mas a escala gigantesca das máquinas pode representar um desafio em termos de mobilidade. “Algumas dessas peças pesam cerca de 110 toneladas. Isso significa que não podemos enviar unidades inteiras montadas para o cliente. Montamos algumas partes aqui, mas às vezes as minas estão em locais muito remotos. Temos que enviar tudo por partes”, salienta Matysiak. Só para fabricar as três peças maiores, foram necessárias várias etapas em diferentes locais ao redor do complexo. “Tivemos que movimentar as peças muitas vezes ao usiná-las. Fizemos o torneamento em um lugar e depois usamos um guindaste para colocar a peça em um vagão de transporte interno para levá-la para outro local para usinar as engrenagens. Às vezes, uma peça viajava vários quilômetros antes de [ser] concluída”, conta Matysiak. Esse problema logístico foi identificado por um estudo que apontava uma restrição da capacidade futura. Em 2005, a Bucyrus anunciou a primeira fase de uma expansão multimilionária da fábrica de South Milwaukee. A empresa acreditava que a demanda por escavadeiras elétricas para mineração aumentaria significativamente nos anos seguintes, devido ao aumento da demanda global por carvão, cobre, minério de ferro, areias betuminosas e outras commodities. “Antes, produzíamos de 8 a 10 unidades por ano. Nos disseram que, depois de dois anos, esse número subiria para 24”, relembra Matysiak. A capacidade atual de escavadeiras elétricas para mineração está um pouco acima de 30 unidades. Sobre a Bucyrus Fundação: 1880, em Bucyrus, Ohio, EUA Propriedade: Fundiu-se com a Caterpillar em 2010 Linha de atuação: Fabricante de equipamentos para mineração subterrânea e de superfície Principais produtos: Draglines, escavadeiras elétricas para mineração, perfuratrizes de superfície Número de funcionários: 10 mil FATURAMENTO (2009): 2,65 bilhões de dólares Cada peça pode ter 5,5 metros de diâmetro e pesar mais de 100 toneladas. metalworking world 9 visão técnica Grandes negócios Com a demanda crescendo rapidamente, a Bucyrus só tinha uma opção: obter um centro de usinagem novo e eficiente. Os objetivos eram claros. Um estudo havia indicado que o ponto mais fraco da Bucyrus estava na grande fábrica de torneamento. A empresa precisava de um novo centro de usinagem, mas queria conseguir também: • Um processo de usinagem mais rentável; • Uma máquina que ajudasse a reduzir a movimentação e o transporte de peças grandes; • Uma máquina que coubesse na grande fábrica de torneamento. “Poucos fabricantes podiam atender aquelas exigências”, ressalta John Matysiak, engenheiro de produção da Bucyrus. A Pietro Carnaghi, fabricante de máquinasferramenta da Itália, era um deles. Ao mesmo tempo, a Bucyrus precisava escolher a solução de ferramental mais eficiente, e a Sandvik Coromant esteve presente desde o início para ajudá-la nesse processo. “Não tínhamos trabalhado com a Sandvik Coromant antes, mas sabíamos que eram competentes em torneamento”, comenta Matysiak. O pedido feito à Pietro Carnaghi incluía soluções turnkey para as três peças principais: o suporte giratório, que permite que o corpo da escavadeira gire; o Lyle Schmaus, tambor do guindaste, que engenheiro de vendas da Sandvik Coromant. iça o cabo para a escavadeira; e a engrenagem do guindaste, que gira o tambor. A máquina seria equipada com unidades de fixação Coromant Capto C8 da Sandvik Coromant para todos os blocos de ferramentas OD e ID. A Sandvik Coromant Itália preparou os layouts do processo, cronogramas e listas de ferramentas. A Bucyrus recebeu essas informações da Pietro Carnaghi e entrou em contato com a Sandvik 32 metalworking world Coromant EUA. Para ajudar na escolha de ferramentas e processos, a Sandvik Coromant EUA atuou como mediador entre a Pietro Carnaghi, a Sandvik Coromant Itália e a Bucyrus. O grupo de Pontiac (Michigan) da Sandvik Coromant EUA também esteve presente. A lista final de ferramentas necessárias, que incluía unidades de fixação Coromant Capto C8, brocas CoroDrill 880, ferramentas para mandrilamento Duobore e CoroBore e uma variedade de fresas, foi aprovada pelo cliente e pela Pietro Carnaghi. Quando a máquina foi enviada, a Sandvik Coromant EUA deu suporte diário para a Pietro Carnaghi e a Bucyrus, fornecendo todas as peças necessárias para try-out. Foi preciso fazer inúmeras alterações em “tempo real” no tipo de ferramenta, na classe da pastilha, na geometria e nos processos, para conseguir cumprir o cronograma de try-out bem exigente. “O pessoal da Pietro Carnaghi só tinha visto desenhos bidimensionais das peças. Às vezes é necessário ver uma peça na vida real para entender bem como criá-la”, diz Lyle Schmaus, engenheiro de vendas da Sandvik Coromant. “O Lyle e a Sandvik Coromant estiveram conosco desde o início e nos deram suporte em tempo real nos estágios iniciais. O Lyle passou umas cinco semanas aqui”, conta Matysiak. A máquina da Pietro Carnaghi foi instalada em 2009 e estava em pleno funcionamento em meados de 2010. “Está até trabalhando acima da capacidade. Ela funciona tão bem que todos os engenheiros começaram a colocar tudo nela, não só as três peças iniciais”, explica o programador Neil Cramer. Os números indicam que a Bucyrus fez todas as escolhas certas. Matysiak comenta: “A nossa meta era reduzir os custos em 25%. Em média, estamos em 44%, o que é muito animador. Em transporte, conseguimos 66% e no tempo de processo, 19%. Isso equivale a muitos, muitos dias.” n O operador Jason J. Reynolds, da Bucyrus, prepara um suporte giratório para a próxima etapa do processo de usinagem. metalworking world 33 A máquina da Pietro Carnaghi, com mesa de cinco metros, é capaz de tornear, furar, mandrilar, rosquear e fresar em um único set-up. EM RESUMO O desafio: Os rolos do suporte giratório ajudam a girar a escavadeira elétrica Atender a crescente demanda por escavadeiras elétricas para mineração, eliminando as restrições de capacidade para três peças importantes. “Antes, produzíamos de 8 a 10 unidades por ano. Nos disseram que, depois de dois anos, esse número subiria para 24.” John Matysiak, engenheiro de produção da Bucyrus. A Bucyrus também fabrica perfuratrizes de superfície, que servem para fazer furos e plantar explosivos em tipos mais duros de rochas. Às vezes, também recebe encomendas de draglines, que são escavadeiras enormes, parecidas com um guindaste. Com o aumento dos pedidos, ficou claro que o processo atual não era rápido o suficiente para atender a demanda. A empresa analisou atentamente as limitações de capacidade para três peças importantes – o suporte giratório, o tambor do guindaste e a engrenagem do tambor do guindaste – todas elas muito grandes e fabricadas em um mesmo processo demorado, que exigia que fossem enviadas para vários departamentos para serem concluídas. A Bucyrus encontrou o que estava 34 metalworking world procurando em um VTC de 200 HP do fabricante italiano Pietro Carnaghi, com mesa de cinco metros, coluna dupla e ferramentas acionadas, capaz de tornear, furar, mandrilar, rosquear e fresar em um único set-up. Isso reduziu imediatamente o número de set-ups de todas as peças, economizando muito tempo e dinheiro. A Sandvik Coromant foi escolhida para encontrar a solução de ferramental mais eficiente para a máquina, envolvendo as organizações da Sandvik Coromant na Itália e nos EUA (veja quadro). Além disso, a Bucyrus também reduziu o tempo de ciclo, afirma Matysiak. A redução do tempo de espera e dos custos de transporte gerou mais economia e uma melhoria da qualidade das peças. A solução: A Sandvik Coromant encontrou a solução mais eficiente de ferramental para a máquina, capaz de realizar torneamento, fresamento, furação, mandrilamento e rosqueamento nessas peças. Isso foi feito em um VTC de 200 HP da Pietro Carnaghi, com mesa de cinco metros, coluna dupla e ferramentas acionadas. O resultado: A nova máquina reduziu o número de set-ups para todas as peças, gerando uma economia considerável e uma redução de 19% no tempo de ciclo, o equivalente a vários dias. n Para a Sandvik Coromant, além de ser a primeira vez que participa de um projeto de start-up com a Bucyrus, o projeto foi um êxito para sua campanha “Certo desde o início” em âmbito internacional, envolvendo diferentes profissionais da Sandvik Coromant em dois países. n tecnologIA texto: turkka kulmala Desafio: O que fazer quando as pastilhas de metal duro não dão conta da usinagem de HRSA? Solução: Utilizar classes de pastilhas de cerâmica, que oferecem uma excelente alternativa quando corretamente aplicadas. Cerâmicas gostam de calor Cerâmicas com whisker e Sialon são alternativas viáveis para torneamento e fresamento de superligas resistentes ao calor (HRSA). Um subgrupo são as ligas de Inconel, normalmente utilizadas em aplicações de alta temperatura para motores de aeronaves e geração de energia. Outra aplicação cada vez mais utilizada são os materiais duros soldados, na indústria de gás e petróleo. Dentre as vantagens das cerâmicas estão sua resistência térmica e sua baixa reatividade aos materiais das peças; a desvantagem é sua menor tenacidade em comparação com os metais duros. Isto exige um processo rígido, com o mínimo de vibrações. Os balanços das ferramentas devem ser curtos, as entradas e saídas devem ser suaves e, no fresamento, deve-se evitar os canais em cheio. As operações de torneamento e fresamento com cerâmicas apresentam algumas diferenças importantes. No torneamento, as velocidades de corte chegam a cerca de 300 m/min no máximo, enquanto as fresas podem atingir até 1.000 m/min. O torneamento com cerâmica exige um fluxo abundante e ininterrupto de refrigeração, enquanto o fresamento não tolera refrigeração, para evitar as tensões térmicas. Pastilhas redondas são o ideal tanto para torneamento como fresamento, e recomenda-se utilizar pequenas profundidades de corte. A principal diretriz para o fresamento com cerâmica é utilizar faixas de avanço relativamente baixas (0,05-0,08 mm/dente) em comparação com os metais duros, a fim de conseguir velocidades de corte muito altas. O calor em torno da zona de corte melhora a ação de corte e promove uma eliminação eficiente dos cavacos, que são pequenos e extremamente quentes. n pastilhas de cerâmica resistentes As classes de Sialon CC6060 e CC6065 e a cerâmica com whisker CC670 da Sandvik Coromant complementam um programa de pastilhas de cerâmica resistentes tanto para torneamento como fresamento. Leia mais em www.coromant.sandvik.com estudo de caso: peça de Inconel Ferramenta: Concorrente, Sandvik Coromant S-R120R-051C6-12X4 fresa alto avanço Pastilha: Sandvik Coromant RNGN 12 07 00-E Concorrente, metal duro Velocidade de corte, vc (m/min): 800 38 Avanço por dente fz (mm): 0,13 0,71 Avanço da mesa, vf (mm/min): 2000 600 Profundidade de corte, ap (mm): 1,5 0,7 resumo Resultados: Economia de 42 horas anuais no tempo de corte e aumento de produtividade de 469%. A alta temperatura auxilia na eliminação dos cavacos incandescentes. Graças à capacidade de operarem com altíssimas velocidades utilizando métodos otimizados, as ferramentas de cerâmica podem oferecer taxas de remoção de metal substancialmente maiores em aplicações exigentes em materiais HRSA. n metalworking world 35 PANORAMA Quebra de recorde no Polo Sul soluções. Uma expedição liderada pela Grã-Bretanha completou a primeira travessia de ida e volta da Antártida com veículos. Andrew Regan liderou a equipe de 11 pessoas, que realizou uma viagem de 20 dias a partir do glaciar União, no final de novembro. Eles utilizaram diversos equipamentos futuristas, dentre eles um veículo de gelo com inspiração biológica, para um só tripulante. Ao chegar ao Polo Sul geográfico, fizeram meia-volta e retornaram ao glaciar, percorrendo os mesmos 4.000 quilômetros, até chegar de volta em 17 de dezembro. n EXPEDIÇÃO TRANSANTÁRTICA MOON REGAN Deutsche Messe 42.287 megawatts foi a produção total de energia eólica na China em 2010, o que a coloca na 1.ª posição no mundo, à frente dos EUA (40.180 MW). Você sabia? Fonte: Global Wind Energy Council A usinagem de materiais compósitos é exigente e complexa. Ao mesmo tempo, é uma área com enorme potencial. Em um novo blog, www.compositemachining.org, você pode compartilhar experiências e soluções. Strong focus at EMO appleuzr Participe das discussões! emo. A EMO de Hannover é a maior feira do setor de usinagem. Este ano, a Sandvik Coromant vai apresentar as mais recentes soluções para fresamento de engrenagens e usinagem de peças duras. n ... que a turbina eólica de Laasow, em Brandenburgo, Alemanha, é a mais alta do mundo, com 160 metros de altura? Com o pé na estrada feiras 2011 exposição. A 12 ª Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta da China (CIMT), em Pequim, foi uma oportunidade ideal para a Sandvik Coromant demonstrar suas mais recentes tecnologias e serviços. O Smart Hub deste ano foi o maior estande da história da empresa na China. Montado como uma cidade chinesa, misturou a arquitetura tradicional com torres modernas. Com destaque Maio Set Out metalloobrabotka emo 23–27 maio Moscou, Rússia 19–24 setembro Hannover, Alemanha toolex 2011 Jun sUBCONTRACTING TRADE FAIR Canadian Manufacturing 13–15 setembro Tampere, Finlândia 17–20 outubro Toronto, Canadá 36 metalworking world para o fresamento de engrenagens, o setor aeroespacial e a geração de energia nas três torres principais, o estande incluiu aplicações como usinagem de peças duras e setor automotivo em diferentes áreas. Além de expor produtos, o estande enfocou serviços tais como o CTLS (Serviço de Biblioteca de Ferramentas Coromant) e soluções de treinamento da Sandvik Coromant Academy. n itm polska 14–17 junho Poznan, Polônia paris air show 20–26 junho Paris, França Intl technical fair 26 setembro – 1 outubro Plovdiv, Bulgária ilustraÇÕES: Hypergon, danleap 5–7 outubro Sosnowiec, Polônia technology show Foto: James King-Holmes ilustraÇÕES: Richard Baird , Gypsy Bytes, bubaone Nobel super-herói Pouco ortodoxo. Raramente os vencedores do Prêmio Nobel também são conhecidos por suas ligações com o Homem-Aranha e a levitação de sapos. Mas Andre Geim, ganhador do prêmio de física de 2010, às vezes não é nada convencional em seus interesses de pesquisa. grafeno Andre Geim ganhou o Prêmio Nobel pelo desenvolvimento do grafeno, o material mais fino do mundo, e um dos mais duros e resistentes. O material tem muitas aplicações possíveis e é considerado uma alternativa mais vantajosa do que o silício. Pode ser utilizado em compósitos para carros e aviões e também como um componente eletrônico em computadores, painéis solares e tablets. sapos Conhecido por seus interesses de pesquisa nada ortodoxos, em 2000, Geim compartilhou um prêmio alternativo, o Ig Nobel de Física, pela levitação magnética de um sapo. fita gecko Geim ajudou a desenvolver uma fita super-resistente, batizada de “Gecko” (lagartixa). A esperança é que um dia ela permita que os seres humanos escalem paredes como o Homem-Aranha. A fita Gecko de Geim poderia criar concorrência para o Homem-Aranha. Cortesia Columbia Pictures metalworking world 37 a solução texto: GEOFF MORTIMORE ilustração: kjell thorsson USINAGEM DE CANAIS — UM DESAFIO A crescente demanda por uma eletricidade mais limpa e eficiente cria a necessidade de novas turbinas a gás e vapor com peças fabricadas com materiais de alta-liga e difíceis de usinar. Produzir uma turbina a vapor requer centenas de ferramentas diferentes, e uma das operações mais comuns e desafiadoras é a usinagem de canais. Conheça algumas das ferramentas utilizadas. Meses de trabalho duro Além dos desafios de tempo e precisão, o próprio tamanho das peças (carcaça, discos e eixo) é um fator complicador no processo de fabricação de turbinas a vapor gigantes. Só para o eixo, por exemplo, podem ser necessários vários meses de trabalho duro para usinar e remover 20 toneladas de material, gerando um produto final de 70 toneladas, com 10 metros de comprimento e 2 metros de diâmetro. A usinagem de canais representa uma grande parcela do processo de usinagem na fabricação de turbinas a vapor. Otimizar essa operação pode poupar várias semanas na operação de usinagem como um todo. n 38 metalworking world Classe CC6060 CONTORNANDO O CALOR As cerâmicas estão cada vez mais presentes como material das ferramentas para usinagem de peças feitas em ligas resistentes ao calor; por exemplo, discos de turbinas a gás. A classe CC6060 é a primeira opção e pode ser usada com dados de corte de 5 a 6 vezes maiores que os dados de corte usados com as ferramentas de metal duro tradicionais. Quer saber mais? Visite www.sandvik.coromant.com/power Lâminas antivibratórias SEM VIBRAÇÕES Ao realizar a operação de acabamento final no eixo, na carcaça ou nos discos de uma turbina a vapor, é fundamental que não ocorram vibrações; caso contrário, meses de trabalho podem ser perdidos. Foi por isso que a Sandvik Coromant desenvolveu um mecanismo antivibratório patenteado para operações de canais, sensíveis a vibrações. Discos Eixo CoroTurn SL e HP Carcaça solução personalizada CoroCut CONFIÁVEL A nova geometria com quebra-cavacos – GM, disponível para pastilhas tamanho R com larguras de 15 milímetros, proporciona um controle perfeito dos cavacos. Ela permite usinar canais largos e profundos com um único avanço, sem recuos e paradas demorados, melhorando a produtividade e a segurança do processo na usinagem de canais no enorme eixo da turbina (10 metros de comprimento). Muitos tipos de canais no eixo de uma turbina costumam exigir ferramentas especiais para canais. Graças ao sistema de ferramentas modular CoroTurn SL, é possível montar uma ferramenta composta de unidades de corte standard. As unidades de corte SL podem ser solicitadas com tecnologia de refrigeração HP (alta pressão). Monte o seu próprio sistema personalizado em www.tool-builder.com. metalworking world 39 Print n:o C-5000:550 POR/01 © AB Sandvik Coromant 2011:2 Dentes como estes precisam de um tipo diferente de dentista. Um que entenda a importância do desempenho com qualidade e precisão constantes. Um que possa proporcionar produtividade e eficiência de custo e que trabalhe junto com você para otimizar soluções de ferramentas. Um que enfoque não apenas o produto mas também os serviços de pós-vendas, com verificações freqüentes, apoio e discussões para o desenvolvimento. Um que vista uma capa amarela. Se o seu negócio for fresamento de engrenagens, ligue hoje mesmo para nós. www.sandvik.coromant.com