2. 2005 Publicação da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil ISSN 1518-6091 RG. BN 217.147 Sandvik Coromant do Brasil 1 Brasil, um país do presente É interessante notar que o atual contexto da economia, emol- Estamos convictos de que a presente edição traz uma vez mais, durado pelas fortes pressões mercadológicas, tem levado um grande ao leitor, a oportunidade de transitar por assuntos que vão da número de técnicos à busca de soluções que lhes possam garantir um produtividade ao empreendedorismo, e comprovar que ao brasileiro posicionamento mais competitivo em relação a seus concorrentes. falta crer na própria capacidade de planejamento e realização, falta Muito se tem escrito e falado sobre métodos, processos, novas tecno- foco para viabilizar o sonho, faltam coragem e determinação para logias e seus benefícios nesse sentido. aceitar os riscos inerentes a qualquer empresa ou pessoa que tenha Ocorre, contudo, que tudo o que necessitamos para obter tal posição en- por objetivo o sucesso. contra-se ao nosso alcance. Aqueles que ainda não chegaram lá, a razão é E falta, sobretudo, reconhecer as inúmeras proezas já alcança- mais por falta de foco do que por falta de recursos ou competência. Foi-se o das pelo Brasil – do primeiro avião de Santos Dummont à nossa tempo em que nossas máquinas, nossas ferramentas, nossas escolas, enfim, participação na Estação Espacial da NASA, por exemplo, o que con- nosso conhecimento era defasado em relação aos dos países mais modernos. tribuiria para reavivar a memória, aquecer nosso âmago e torná-las Essa diferença já não existe, pelo menos no campo da manufatura. presentes em nossas atitudes cotidianas. Índice Suprimentos Produtos iguais e mercados saturados: a pré- e a pós-venda na construção da imagem da marca mesmo em produtos commodities......................................... pág. 04 Ponto de Vista Diga não aos piratas urbanos .......................................................................................... pág. 08 Empreendedores A trajetória de um empreendedor do conhecimento tecnológico .............................................. pág. 10 Produtividade Medição: agregando valor ao processo produtivo ................................................................ pág. 16 Gestão Empresarial Planejar e fazer... ........................................................................................................... pág. 20 Pesquisa & Desenvolvimento Torneamento de aço endurecido com superfícies interrompidas usando ferramentas de CBN ........................................................................ pág. 24 Produtividade Quebrando paradigmas nas operações de furação profunda ........................................................................................................... pág. 30 Interface Do pioneirismo ao profissionalismo, em meio século ............................................................ pág. 32 OTS Usinagem Multitarefa...................................................................................................... pág. 38 Destaques Instituto de pesquisas alemão poderá abrir unidade no Brasil ................................................. pág. 40 Contatos ..................................................................................................................... pág. 42 2 O Mundo da Usinagem A Ética na Sociedade, na Indústria e no Comércio Publicação trimestral da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil S.A., ISSN 1518-6091 RG.BN 217.147 e-mail: [email protected] SANDVIK DO BRASIL Presidente: José Viudes Parra DIVISÃO COROMANT Diretor Coromant Cláudio José Camacho Gerente de Marketing e Treinamento Francisco Carlos Marcondes Coordenadora de Marketing Heloisa Helena Pais Giraldes Assistência ao Marketing Cibele Aparecida Rodrigues dos Santos Daiane Miranda Conselho Editorial Nivaldo L. Coppini, Adriano Ventura, José Carlos Maciel, Tadeu B. Lins, Francisco C. Marcondes, Roberto Saruls, Heloisa H. P. Giraldes, Marlene Suanno, Aryoldo Machado, José Edson Bernini e Fernando G. de Oliveira Coordenadora da publicação Vera Lúcia Natale Editoria: Depto. de Marketing da Divisão Coromant Responsável: Francisco C. Marcondes Jornalista responsável Heloisa Helena Pais Giraldes MTB 33846 Propaganda: Gerente de contas Thaís Almeida Viceconti Tel.: (11) 6335-7558 Cel.: (11) 9909-8808 Criação, Ilustração, Editoração: Arte Gráfica Comunicação Revisora: Priscila Rizzi Gráfica: Type Brasil Tiragem: 10.000 exemplares Av. das Nações Unidas, 21.732 Santo Amaro - São Paulo - SP CEP 04795-914 A Sandvik Coromant investe 6% de seu faturamento bruto em pesquisa e desenvolvimento, lançando mais de 2000 novos produtos por ano, uma das razões de ter o maior número de patentes registradas e ocuparmos a liderança mundial no setor. Também investe fortemente em seu principal recurso, que são seus funcionários, que recebem milhares de horas em treinamento ao ano para estarem aptos a superar as expectativas de seus clientes. Nosso código de ética interno, denominado “Fair Play”, a ser seguido por todos, alinha-se à norma SA 8000. Também investimos muito em trabalho conjunto com nossos clientes, para aumentar sua produtividade, sua competitividade, gerando assim mais empregos pelas conquistas de novos negócios. Tais investimentos também tocam nossa rede credenciada e autorizada de distribuidores, que passam pelos mesmos treinamentos técnicos, comerciais e éticos de nossos funcionários, tornando-os tão capacitados e eficientes quanto eles, verdadeira extensão da equipe Coromant junto a nossos clientes. Hoje que assistimos, talvez, à maior denúncia de fraudes e corrupção da história recente do Brasil, envergonhamo-nos por sua existência e ao mesmo tempo nos orgulhamos por virem a público. Desejamos apuração dos fatos e que os eventuais culpados sejam punidos exemplarmente, coibindo a prática que a todos desonra. Embora não possamos atuar nessas esferas tão distantes da nossa, não nos esqueçamos que fatos semelhantes ocorrem em nosso dia a dia na usinagem. Nesta edição, o artigo de Emerson Kapaz, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial – ETCO, aborda o assunto PIRATARIA, que nos lembra relógios, CD’s, tênis, etc., muito tratados na mídia. O que não aparece normalmente são os “PIRATAS” que vendem produtos falsificados da Sandvik Coromant, ou aqueles que vendem nossos produtos fora das vias normais, passando-se por um de nossos distribuidores autorizados. Este crime é grave, pois ao vender uma ferramenta falsificada ou se passar por um de nossos colaboradores, sem ter o mesmo treinamento ético e profissional, certamente engana o consumidor, vendendo produto sem nossa garantia, e gera perdas enormes a nossos clientes e também à sociedade, pela evasão de impostos. Acabar com esta prática não depende de nenhuma CPI. Basta querermos! Se exigimos conduta ética de nossas autoridades, temos que praticá-la no nosso cotidiano, para extinguirmos definitivamente de nosso país a devastadora pirataria. Somos líderes e, como tal, respeitamos nossos verdadeiros concorrentes, que investem em pessoas e produtos, praticando assim uma concorrência saudável no mercado. Aos demais, punição exemplar! “Se exigimos conduta ética de nossas autoridades, temos que praticá-la no nosso cotidiano” Cláudio José Camacho Diretor - Coromant Contamos com sua ajuda. Boa leitura. Sandvik Coromant do Brasil 3 Produtos iguais e mercados saturados: a pré- e a pós-venda na construção da imagem da marca, mesmo em produtos O mundo está se “comoditizando”, não no sentido lato, de comodidade, mas se tornando comum. O conceito de “commodity”, até bem pouco tempo, aparentemente se referia apenas a produtos básicos como soja, minério de ferro, água, ouro, sal, trigo, açúcar, etc., onde a principal variável de decisão para a compra ou venda destes produtos se chamava “cotação”, ou seja, batia-se o martelo com o fornecedor que oferecesse o produto pelo menor preço. ntretanto, estes fornecedores começaram a se diferenciar de seus concorrentes por outras variáveis sensíveis, que não fossem apenas o preço. Não bastava apenas o menor preço, mas outros aspectos passaram a ser mais importantes do que a própria mercadoria, uma vez que esta atendia à necessidade básica de sua compra. Assim, a entrega em data pré-determinada e com qualidade passaram a ser os primeiros diferenciais. Hoje em dia, os serviços de logística que envolvem as assim chamadas commodities, passaram a ser não apenas o diferencial, mas sim a própria essência do processo de decisão de compra de um determinado ou de outro fornecedor. Edith f. Wagner Diretora da Pró-Marketing. Marcelo L. D. S. Gabriel Gerente de Exportação e Marketing da ArvinMeritor do Brasil. 4 O Mundo da Usinagem Estas variáveis logísticas envolvem: elaboração de contratos; pontualidade na entrega; absoluta correção na documentação; envio de amostras; controle de qualidade; assistência técnica; garantia; seguros; formas de embalagem e transporte; além de outros detalhes específicos de cada tipo de commodity. Claro que esta lista imensa de “serviços” influenciará diretamente o custo e por conseqüência o preço das commodities. Em outras épocas incluía-se como uma das características de commodity a NÃO importância de marca, já que todos os fornecedores forneciam produtos intrinsecamente iguais. Entretanto, à medida em que são fornecidos SERVIÇOS diferenciados pelos distintos fornecedores, os produtos commodity passaram a ter MARCAS. Isto se verifica claramente, por exemplo, na indústria petroquímica, como no caso de resinas ou master-batches, ou ainda nos casos de carvão mineral ou de minério de ferro, como no caso da Vale do Rio Doce, reconhecida mundialmente por seus excelentes serviços e não apenas por cumprir ou oferecer minérios dentro de determinadas especificações. Indústrias que produzem suprimentos – matérias-primas – sempre consideradas commodities – a serem incorporadas na manufatura de outros produtos, estão criando sub-marcas ou colocando marca institucional nos seus produtos, como, por exemplo, vergalhões de ferro Belgo, ou tubos de PVC Tigre, o mesmo ocorrendo com adesivos, fitas isolantes, ferramentas, óleo Diesel, combustíveis em geral, telas industriais, etc. Este é o movimento que se ob- serva tanto na agroindústria, como na mineração e mesmo na indústria química. Por outro lado, na indústria de bens de consumo e de compra-comparada, o processo de percepção dos compradores/consumidores está andando exatamente no caminho inverso. Nestas duas categorias de produtos, como, por exemplo, produtos de higiene pessoal e eletrônicos, o caminho do entendimento do consumidor está sendo ao contrário. Nestes mercados, onde AS MARCAS sempre foram ultra-valorizadas por transmitirem uma série de conceitos QUALITATIVOS e EMOCIONAIS, o comportamento do consumidor está mudando rapidamente, uma vez que, na sua maioria, os consumidores finais estão chegando à conclusão de que técnica e racionalmente, todos os shampoos, sabonetes, microcomputadores, geladeiras e até mesmo automóveis são essencialmente iguais entre as marcas concorrentes. Se não estiver disponível a “marca” preferida, outra atenderá igualmente. E mais uma vez a logística é fundamental na venda destes produtos. Ou seja, produto exposto no lugar certo, para o público certo, a um preço esperado, corre o risco de ser comprado. Se o produto desejado não estiver disponível, o do concorrente atenderá perfeitamente. Mesmo produtos considerados complexos até há 2 ou 3 anos atrás, como telefones celulares, hand-helds e outras maravilhas tecnológicas, atualmente são copiados e imitados com tanta rapidez e facilidade, incluindo todos os piratas, que todos se tornam “essencialmente” iguais sob a ótica do comprador. Obviamente que para produtos caracterizados como “especialidades”, além de serem raros e normalmente caros, a grife e a marca continuam a ser fundamentais, como em obras de arte, medicamentos ultra-específicos, produtos sob encomenda, jóias exclusivas e outros produtos de luxo. Os próprios produtos farmacêuticos genéricos se tornaram commodity, justamente por sua essência ser exatamente igual à de concorrentes. Se pensarmos um pouco mais além, até mesmo o ser humano está comoditizado. É tratado e entendido como um imenso produto genérico. Está muito padronizado, tanto em seu curriculum, como em sua postura filosófica de vida, apesar de psicólogos, religiosos e técnicos em Recursos Humanos tentarem achar ou tratar pessoas de maneira diferenciada. Afinal, cada um de nós é tratado por um número ou um código de barra e não mais pelo seu nome. Parece que a MARCA de cada pessoa não existe mais. Somos todos comprados pelo preço mais barato. Conforme Raimar Richers, a globalização exigirá segmentação, o que parece um grande paradoxo num primeiro momento. Entretanto, os movimentos de marketing e das marés são os mesmos. Primeiro super-segmentamos os mercados e as marcas de tal maneira que todos se tornaram extremamente parecidos. Acrescente-se a isto a velocidade de imitação cada vez maior. Então surge a onda do “back to simple”, ou seja, vamos ver a essência da coisa e vamos simplificar. Mas, para ser diferente, temos que “complicar”. É o que a área de T.I. e informática em geral está fazendo, pois a essência já está atendida. Mas na agricultura estamos voltando ao orgânico! Na alimentação, ao natural e ao básico. Na saúde, o mesmo. Mas ao mesmo tempo temos que atender aos obesos e sub-nutridos. E assim, as marés vão e voltam. O mesmo ocorre com os produtos “commodity”, que não são mais commodity Sandvik Coromant do Brasil 5 [Suprimentos] e com os produtos diferenciados, que não são mais diferenciados. A estratégia está, então, oculta nas dimensões intangíveis dos produtos oferecidos, sejam commodities ou produtos de especialidade, uma vez que o acesso à tecnologia de fabricação, à matéria-prima e à capacitação da mão-de-obra deixaram de ser fontes de vantagem competitiva sustentável pois podem ser facilmente imitadas, com a grande vantagem de eliminar a curva de aprendizagem e saltar dos erros e acertos para o processo ótimo. Embora seja dedicado muito tempo ao desenvolvimento das características de um novo produto, é importante ter em mente que os consumidores compram soluções. O interesse está na satisfação, ou ao menos na percepção de uma necessidade ou desejo, levando em consideração o valor obtido versus valor dispendido. Num processo de decisão de compra temos vários papéis diferentes, que podem ou não ser representados pela mesma pessoa. Por exemplo, tomemos o caso de uma mãe que precisa adquirir o material escolar para a filha no início do ano letivo. Neste processo de decisão de compra temos o COMPRADOR representado pela mãe, temos o USUÁRIO representado pela criança, temos o DECISOR, papel que já foi representado pelo pai de família, mas que há muito tempo delegou a gestão dos negócios domésticos à mãe ou ainda a própria mãe é o chefe do lar, num eufemismo do IBGE. Temos ainda o INFLUENCIADOR do processo, papel representado pela mídia, pela professora, pelos colegas e ainda por fatores sócio-culturais e econômicos do meio em que a criança está inserida. E tudo isto, para a compra de 6 O Mundo da Usinagem uma prosaica lancheira. No ambiente empresarial não é diferente. Ao imaginarmos uma engarrafadora de bebidas, tomemos como exemplo a esteira para envase. Compõe-se de engrenagens, motores, correias, polias, rolamentos, etc. Para a substituição de um motor elétrico, temos novamente um complexo processo de decisão de compra. O USUÁRIO neste caso é a própria máquina, o COMPRADOR geralmente é um profissional de suprimentos especializado em negociação e desenvolvimento de fornecedores e que recebe uma especificação técnica em termos de potência, tensão e corrente, o DECISOR foi, a seu tempo, o fabricante da máquina que optou pela marca A ou B de motor elétrico no momento do projeto, com vistas à satisfação de uma necessidade, e agora caberá ao mecânico de manutenção este papel. Onde entra então o INFLUENCIADOR? É neste momento em que podemos demonstrar o ROI (Return On Investment) dos esforços de marketing de uma empresa, pois o mecânico de manutenção que foi treinado e recebeu as informações relevantes (catálogos, folhetos, tabelas), sente-se apto a decidir pela marca da sua empresa, ou pela marca do concorrente se for mais eficaz e eficiente na construção desta imagem de marca que o DECISOR percebe como provedora de soluções às suas necessidades. No âmbito da pós-venda, treinamento e instalação adequados, realizados no tempo e na forma que o cliente espera e, principalmente, por pessoas preparadas e que entendem também a necessidade daquele cliente, transformam um produto commodity em um produto de especialidade. Para Christian Grönroos este é o modelo de três estágios, em que os recursos disponíveis e as atividades tradicionais de marketing, como promoção, precificação, distribuição e gestão de produtos cooperam visando a geração de um relacionamento duradouro e lucrativo com o cliente. No estágio inicial, a busca é pela criação de interesse na empresa, através da visita de um Engenheiro de Vendas, da participação em uma feira, de um acesso ao sítio da empresa na Internet, onde são apresentadas as soluções, e não os produtos que sua empresa oferece para satisfação da necessidade de um cliente. A fase seguinte, chamada de processo de compra, é o momento em que o interesse e o conhecimento são decisivos na eleição da sua marca. Esta é a fase em que as empresas cometem seus maiores erros, pois as promessas feitas durante o estágio inicial não são plenamente cumpridas, comprometendo assim o estágio final, definido como o processo de consumo, onde a solução proposta se consubstancia em algo tangível que se torna responsável pelo sucesso ou pelo fracasso deste processo. Assim, a construção de uma imagem de marca que seja decisiva no processo de compra passa pelo desenvolvimento de ações estratégicas de longo prazo no pré- e pós-venda, pois o produto, em si, é uma commodity. Referências Bibliográficas: GRÖNROOS, Christian, Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Campus, 1993. LEVITT, Theodore, A imaginação de marketing, São Paulo: Atlas, 1990 (2ª. Ed.). RICHERS, Raimar, Surfando as ondas do mercado, São Paulo: RR&CA Editora, 1996 (2d. Ed). Sandvik Coromant do Brasil 7 Diga não aos piratas urbanos ada vez que alguém compra um produto pirateado está, certamente sem saber, tirando o emprego de um trabalhador formal, reduzindo a competitividade da indústria brasileira e, também, golpeando duramente o dinamismo da economia. Esse rito perverso, que estranhamente vem se tornando recorrente com o incentivo de autênticos shoppings informais instalados em capitais e cidades do Interior do País, precisa acabar. E, para isso, é necessário que governo, empresariado e sociedade caminhem juntos, numa mesma proposta de ação. Eis a principal mensagem da entrevista de André de Almeida, que está no site do Instituto ETCO – www.etco.org.br. Organizador do Fórum Permanente de Entidades que se mobilizam contra as práticas de Pirataria, Almeida, advogado de profissão, defende campanhas de ampla envergadura e profundidade para conscientizar a população, assim como o rigoroso exercício da lei. Como ele afirma, do alto da experiência de mais de uma década de intenso trabalho em defesa da ética na concorrência: “A impunidade semeia a pirataria geometricamente.” A entrevista de André de Almeida se torna tão mais atual quando Emerson Kapaz Presidente Executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial - ETCO - 8 O Mundo da Usinagem se constata que suas lúcidas avaliações e propostas vêm à luz num momento em que o Brasil caminha para uma nova e promissora aproximação com a China. Basta Tanto é assim que os shoppings informais se tornaram uma autêntica febre, inclusive em Brasília, a Capital da República. uma rápida olhada nas palavras do entrevistado para constatar que a China deseja integrar-se às regras do comércio internacional, que prega o intransigente respeito à propriedade intelectual, mas é, na atualidade, um dos países onde o drama da pirataria grassa com maior intensidade. Nesse contexto, a proteção da indústria brasileira deve ser considerada como prioridade em qualquer negociação que se proponha a ser benéfica para o País. Que venham os produtos chineses em escala crescente, mas que o rigor da fiscalização seja igualmente crescente. Claro, o problema da pirataria entre nós tem intensas relações com o círculo vicioso que se alimenta dos impostos elevados e de uma cultura de complacência com a informalidade, própria do consumidor brasileiro. Tanto é assim que os shoppings informais se tornaram uma autêntica febre, inclusive em Brasília, a Capital da República. Na Bahia, por exemplo, funciona ao lado da Associação Comercial, que é a mais antiga do País. Contudo, é indispensável que os desafios sejam vistos de forma mais ampla e associada também ao conjunto das relações internacionais do Brasil. É o que têm feito os Estados Unidos e os países da Europa. Os números são, de fato, assustadores: em dois anos a pirataria cresceu 50% no mundo. No Brasil, segundo dados do Banco Mundial e do Governo Federal, consome entre 35% a 40% da renda nacional. É ambiente perverso que não pode persistir. Daí a importância de ouvir vozes como a de André de Almeida. E, como ele, dizer não aos piratas urbanos. As opiniões expressas em Ponto de Vista são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Sandvik Coromant do Brasil 9 A trajetória de um empreende conhecimento tecnológico No ano do centenário do vôo de Santos Dumont (2006), nossa bandeira carregará consigo todo o orgulho nacional no primeiro vôo orbital para a EEI - Estação Espacial Internacional. O Ten. Cel. Aviador Marcos Pontes é o astronauta brasileiro selecionado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia do Ministério de C&T, em julho de 1998, para representar o Brasil como astronauta no projeto da EEI. Em entrevista concedida à OMU, ele nos revelou não apenas a complexidade e grande beleza deste projeto como, sobretudo, a trajetória de um empreendedor em uma das áreas do conhecimento mais disputadas da atualidade. A EEI – Estação Espacial Internacional – é um projeto científico-tecnológico para a construção de uma espaçonave composta de módulos laboratórios científicos e operacionais para experimentos em inúmeras áreas de pesquisa, incluindo observação da Terra, nanotecnologia, biotecnologia, Equipe da O Mundo da Usinagem 10 O Mundo da Usinagem combustão, materiais, medicina, fluidos, produção de medicamentos, etc. O empreendimento reúne 16 países: Estados Unidos, Rússia, Japão, Canadá, França, Alemanha, Itália, Suíça, Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Bélgica, Noruega, Holanda, Espanha e BRASIL. A participação brasileira na EEI prevê que o parque industrial brasileiro construirá 32 placas adaptadoras, chamadas “FSE” (Flight Support Equipment), para instalação de equipamentos na EEI e nas espaçonaves de transporte. As partes nacionais serão exportadas para a NASA, a partir de onde serão levadas ao espaço pelo ônibus espacial para integração na EEI. Em troca das partes exportadas, o Brasil terá direito a usar as instalações científicas da EEI para pesquisas nacionais, transporte de ida e volta dos experimentos pelo ônibus espacial, tempo de tripulação para execução das mesmas e presença de um tripulante brasileiro completamente treinado pela NASA. As vantagens da participação brasileira na EEI são bastante claras, com quatro áreas diretamente beneficiadas pelo programa no Brasil: Indústria, Ciência, Educação e Relações Internacionais. Em conjunto, podem ser destacados: investimento direto na indústria nacional, geração de empregos qualificados, capacitação para exportação de alta tecnologia, acesso ao único laboratório no espaço para desenvolvimento de pesquisas nacionais, intercâmbio de pesquisadores, motivação de estudantes e profissionais para C&T, desenvolvimento de relações internacionais. Um convênio entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o SENAI -SP, assinado no dia 25 de abril de 2005, prevê a construção, pela escola Suíço-Brasileira, dos protótipos dedor do 1º Astronauta Brasileiro Ten. Cel. Aviador Marcos Pontes das partes de responsabilidade brasileira na EEI. Esse convênio representa um passo importantíssimo na consolidação da posição e credibilidade do Brasil junto ao mercado espacial internacional. Tecnicamente, esse convênio traz várias vantagens para a AEB e para o SENAI-SP, destacando-se: ganho tecnológico em metodologia de fabricação e controle de qualidade, contato direto com instituições científicas em todo o mundo, motivação e desenvolvimento profissional para alunos e professores, utilização e aproveitamento eficiente de recursos materiais e humanos na instrução, entre outros. É extremamente importante perceber, e disso fazer uso positivo, o significado desse acordo entre a NASA, uma das instituições de topo da tecnologia do mundo, e o nosso SENAI, que forma a base da tecnologia brasileira, muitas vezes dando o único espaço a que terão acesso jovens não privilegiados economicamente. “O SENAI, justamente, foi minha base para “crescer”. Tenho muito orgulho disso e muito carinho pelo SESI e pelo SENAI, pois fui aluno das duas instituições. Comecei minha carreira aos 14 anos, como eletricista aprendiz na RFFSA em Bauru-SP. Havia um acordo entre a RFFSA e o SENAI que permitia que eu trabalhasse na RFFSA e ganhasse um pequeno salário, com o qual eu pagava meu curso colegial técnico, de eletrônica, feito no período noturno. Depois de 3 anos nessa atividade intensa, muitos sonhos na cabeça e muitas horas de estudo para o vestibular, dentro de locomotivas em teste nas oficinas da RFFSA, passei na seleção para a Academia da Forca Aérea. Fiz 4 anos de curso de formação para me tornar um Oficial e Piloto de Combate da Força Aérea Brasileira. Voei alguns anos nos esquadrões de caça da FAB antes de fazer o vestibular para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Queria ser um piloto que conhecia com exatidão sua máquina, inclusive como fazer uma... e assim me tornei um engenheiro aeronáutico. Depois, com a soma dessas partes, operacional e técnica, acabei me tornando um piloto de testes de aviões do Instituto de Aeronáutica e Espaço em São José dos Campos. Tive oportunidade então de voar em diversos aviões no Brasil e exterior, sendo convidado para realizar mestrado nos EUA (US NAVY) em engenharia de sistemas. Terminei o mestrado, comecei o doutorado, quando a Agência Espacial Brasileira, em 1998, publicou edital nacional para seleção de um candidato a astronauta para representar o Brasil no programa da Estação Espacial Internacional (EEI) Sandvik Coromant do Brasil 11 [Empreendedores] em Houston, Texas. Fui selecionado, segui para Houston e, depois de 2 anos de curso básico, fui oficialmente declarado astronauta profissional pela NASA em dezembro de 2000. Continuo aqui em Houston, aguardando a data de nosso primeiro vôo orbital brasileiro e, enquanto aguardo, permaneço em treinamento e desenvolvendo várias outras funções, incluindo a parte administrativa da representação da Agência Espacial Brasileira perante os outros 15 países do programa da EEI, as atividades técnicas como engenheiro de sistemas nos testes de integração dos componentes da EEI (realizados em Cabo Canaveral na Flórida), atividade de treinamento de empresários no Brasil e atividades de motivação e formação de jovens, incluindo a direção de uma escola, o Colégio e Curso ESPAÇO Educação Integrada (www.eei.com.br) em BauruSP, onde procuro passar adiante minhas técnicas de treinamento e preparação pessoal para as próximas gerações. Acredito que o perfil de um empreendedor inclui ter coragem para sonhar e persistência para realizar os ideais. Tento passar isso constantemente durante meus cursos, treinamentos e palestras. De fato, existem vários pontos em comum entre as duas atividades, a de astronauta e pesquisador do espaço e a de empreendedor. O desenvolvimento e a realização da “idéia” de se tornar um astronauta ou um empresário, ter a sua própria empresa, são ambos caminhos que começam em um sonho, passam pela definição de objetivos, pelo traçado de um planejamento e por uma preparação intensa na direção dos ideiais que só se realizam com muita persistência. Depois, durante a execução dos planos e a operação do negócio (ou a missão), surgem os desafios, a necessidade vital de 12 O Mundo da Usinagem ...existem vários pontos em comum entre as duas atividades, a de astronauta e pesquisador do espaço e a de empreendedor... vencer o medo e as inseguranças operacionais (ou financeiras), com treinamento, preparação constante, conhecimento, percepção da situação operacional (ou de mercado), para que tudo continue funcionando perfeitamente. Isso tudo mantendo sua tripulação (ou seus funcionários) unida e motivada com o objetivo único da missão (ou empresa). Surge daí a enorme utilidade dos conceitos de trabalho em equipe, liderança, convivência e gerenciamento de riscos, motivação, etc. Como bem se vê, é possível continuar desenvolvendo esse paralelo em vários níveis. Contudo, existe um ponto que precisa sempre ser ressaltado: a necessidade de preparação e treinamento constantes! Trabalho em equipe é a diferença entre “sobreviver” ou “morrer” nas atividades operacionais. Basta pensar no trabalho extremamente interdependente e coordenado que deve acontecer para que uma missão ou atividade tenha sucesso durante a operação do ônibus espacial e/ou Soyuz russo, na estação espacial, na cabine de um avião comercial ou militar, nos mergulhos de profundidade, na operação de plantas químicas, nos vôo em esquadrilha, etc. Essa natureza imprescindivel do trabalho em equipe também pode ser vista claramente não só nessas atividades, mas também em diversas outras na área de gerenciamento de empresas. Logicamente, sem risco de vida imediato pela falha de um membro da equipe, mas com possibilidades de danos enormes à saúde da empresa. Gráfico representando a Estação Espacial Internacional com o núcleo americano já instalado e pronta para receber os laboratórios da Europa e do Japão, em 2003. Sandvik Coromant do Brasil 13 [Empreendedores] Peça em alumínio, usinada pela Boeing, em Huntington Beach, California, de um dos segmentos centrais da Estação Espacial Internacional. Tenho trabalhado assim, em grupo, ao longo de toda a minha vida profissional. Num certo aspecto, durante toda a vida pessoal também: afinal, todos nós fazemos parte de um grupo chamado “família” desde o nascimento. Viver em grupo e a partir daí conseguir resultados impossíveis de serem alcançados por um indivíduo isolado é uma característica intrínseca do ser humano. Essa foi a base do nosso desenvolvimento como espécie dominante de nosso planeta. Não há como dizer que, em qualquer situação, o trabalho individual possa superar os resultados de um grupo bem coordenado. Sem dúvida a convivência com o risco é uma das nossas especialidades. Mas isso também é verdade na vida de todas as pessoas, em maior ou menor escala de intensidade, em determinados momentos ou situações. De fato, convivemos com riscos conhecidos e desconhecidos, diariamente, em nossas atividades. O que a maioria das pessoas não percebe, ou não pensa, é o que fazer para trabalhar os riscos conhecidos e enfrentar 14 O Mundo da Usinagem operacional e emocionalmente as conseqüências dos mesmos. Existem várias técnicas para encarar esse tipo de situação, passando desde o desenvolvimento de uma atitude positiva emocional, indo até a utilização do treinamento e das emoções básicas como ferramentas de sobrevivência em ambientes e situações de risco. Esse contexto operacional é diretamente aplicável também no cenário empresarial, onde a pressão e os riscos estão, da mesma forma, constantemente presentes e são algumas vezes inevitáveis. O segredo está em uma boa preparação para conviver nesses “ambientes agressivos!”. Assim sendo, empreender, também no Brasil, significa “Conviver com o Risco”. Contudo, sabemos da importância das empresas na oferta de trabalho, melhoria das condições de vida, melhoria da saúde, educação, etc. no país. Essa é a nossa parte como sociedade. Apesar de todas as dificuldades, temos que ser capazes de realizar... REALIZAR... não esperando que o governo faça tudo. Com certeza temos recursos humanos da maior qualidade com- parados a qualquer país desenvolvido do Mundo. Precisamos acreditar mais em nós mesmos e fazer valer nossa vontade de vencer em um país nosso, como queremos que ele seja. Um país que dá inveja ao resto do mundo, não só por suas qualidades e belezas naturais, mas pela qualidade e determinação do povo que nele vive. Cada um de nós tem a sua parte de responsabilidade nesse processo e o tamanho dessa parte, em qualquer dimensão ditada pela consciência, deveria ser exatamente a parte de direito a críticas que cada um de nós possui. Acredito que todos nascemos com todas as ferramentas para sermos empreendedores. Porém, muitos deixam que toneladas de areia, normalmente jogadas por pressões sociais ou dogmas de natureza cultural, cubram suas melhores e mais afiadas ferramentas. Arrastam-se pela vida olhando apenas para o chão (pensando apenas no dia de hoje) com medo de cair, vagando sem direção precisa (sem olhar para o futuro, sem sonhar!), lamentando a sorte, deixando o destino no cartão de loteria e carregando um pesado fardo de desculpas para não agir e arrependimentos do que não fez. Não percebem o quão maravilhosa é a criação divina de cada ser humano, sem perceber o que podem realizar, sem perceber quão maravilhosos e capazes de serem felizes eles são. Devemos sempre pensar nisso e nos dizermos que somos capazes! Para mim, além dos fatores e vantagens técnicas citadas, no sentido pessoal, esta participação do SENAI, justamente em mais um momento muito importante da minha vida, representa algo muito especial, pois percebo perfeitamente como nossos jovens alunos serão motivados por essa oportunidade de contato com uma das instituições de topo da tecnologia do mundo: a NASA. Poder favorecer esse contato é para mim extremamente importante e me dá grande satisfação.” Perspectivas futuras Há quem pergunte sobre as conseqüências de uma desistência do Brasil no presente projeto, mas a indústria nacional tem suficiente maturidade para perceber o que esta colaboração significa em termos de credibilidade do Brasil na colaboração internacional, em investimentos e oportunidades a serem fomentados no país. Sem esse projeto de colaboração, a pesquisa essencial brasileira teria que pagar ao exterior preços exorbitantes para experimentos serem colocados no espaço. A ciência e a educação brasileira perderiam uma enorme oportunidade de desenvolvimento e motivação. O Brasil perderia credibilidade internacional, principalmente na área de ciência e tecnologia, dificultando em muito futuros acordos de cooperação em qualquer área. A população refletiria claramente o estado psicológico de desistência em termos de receptividade às decisões governamentais, baixa motivação e orgulho nacional, baixa confiança na competência técnico-administrativa corrente. A participação brasileira na EEI hoje passa por um momento muito importante, preparando-se para projetar o Brasil em um futuro grandioso. A continuidade normal administrativa do programa tem sido coordenada pelo Dr. Sérgio Gaudenzi, presidente da Agência Espacial Brasileira, para maior eficiência na utilização das vantagens do programa para o País. Essa continuidade inclui a aprovação pelo Congresso Nacional para que o programa invista U$8 milhões nas indústrias nacionais em 4 anos. O público tem demonstrado claramente seu desejo de ver o verde e amarelo no espaço, por várias demonstrações de apoio, inclusive através de campanhas nacionais pelo projeto (ver, por exemplo, www.comitemarcospontes.cjb.net). Os detalhes do projeto e das peças a serem fabricadas pelo SENAI-SP, Escola Suiço-Brasileira, podem ser vistos no site www.marcospontes.net. Dados Biográficos O Ten. Cel. Aviador Pontes, selecionado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), em julho de 1998, para representar o Brasil como astronauta no projeto da Estação Espacial Internacional (EEI) junto a 15 outros países, é natural de Bauru (SP), ex-aluno do SENAI e SESI, formado pela Academia da Força Aérea (1981), permanecendo nos Esquadrões de Caça até 1988 com a qualificação de instrutor e líder de esquadrilha, Engenheiro Aeronáutico pelo ITA, tendo atuado como piloto de provas de aeronaves pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em várias campanhas de ensaios incluindo o primeiro míssil ar-ar brasileiro. Mestre em Engenharia de Sistemas pela Naval Postgraduate School (Monterey, CA), conta com mais de 1900 horas de vôo em 25 tipos de aeronaves, incluindo F-15, F-16, F-18, e MIG-29. Tem experiência de 16 anos na área de segurança de vôo, trabalhando em inúmeras campanhas de prevenção e investigação de acidentes aeronáuticos, incluindo o ônibus espacial Columbia. Pontes é o primeiro brasileiro a ingressar em uma equipe de treinamento para astronautas da Nasa, realizado no Johnson Space Center, Houston,TX., e deverá participar, na categoria de Especialista de Missão, da tripulação de um ônibus espacial levando a bandeira brasileira ao espaço a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), provavelmente já em 2006. Sandvik Coromant do Brasil 15 Medição: agregando valor ao processo produtivo A engenharia continua a sua eterna missão de reduzir a variabilidade do processo produtivo, fazendo com que a parcela de variação do sistema de medição, que era pequena, comece a ser significativa grande desafio de um sistema de medição robusto é hoje o mesmo desafio dos outros departamentos da empresa: o de agregar valor ao processo produtivo. Para auxiliar os ávidos usuários de números e informações existem vários manuais com várias ferramentas a serem aplicadas para análise do sistema de medição, e é justamente neste “mar” de oportunidades que equívocos acontecem. Não são raras as vezes em que, ao aplicar ferramentas para analisar o sistema de medição, muitas pessoas se esquecem de fazer a seguinte pergunta: “O que isto vai agregar de valor ao meu processo produtivo?”. Ao deixar de fazer Evaldo da Silva Bonifácio Eng. da AFERITEC Gabriel Augusto Bortolan Analista Estatístico da TRW Automotive, Limeira-SP Matéria publicada na revista Metrologia e Instrumentação (Fev/Mar 2004) 16 O Mundo da Usinagem esta pergunta, o usuário das ferramentas de análise do sistema de medição potencializa a probabilidade de cometer equívocos. Concentraremos a nossa análise no manual do MSA – Measurement System Analysis – que é hoje um manual altamente difundido e utilizado nas empresas para análise do sistema de medição. Todas as ferramentas do manual do MSA têm características que devem ser ponderadas. Quando usar uma determinada ferramenta e quando não usar para que se maximize a probabilidade de êxito? Sem dúvida, a ferramenta mais aplicada é o estudo de R&R (Repetitividade e Reprodutividade), apesar de alguns autores não reconhecerem o R&R como uma ferramenta legítima de análise do sistema de medição, por acreditarem que se existem diferenças entre operadores, provocadas por inabilidade, deve-se trabalhar em cima dessa variabilidade entre operadores para que fiquemos somente com a Repetitividade inerente ao processo de medição, mas não vamos entrar no mérito da questão pois não é a intenção deste artigo. O R&R tem sido largamente utilizado e constitui uma poderosa ferramenta para análise do sistema de medição a curto prazo (diz-se a curto prazo pois o manual do MSA referência outra ferramenta, a da Estabilidade, para o longo prazo). Porém, como as demais ferramentas, o R&R guarda suas peculiaridades e quando mal utilizada pode causar sérios problemas para o sistema como um todo. Para entendermos o R&R, deveremos entender antes qual a sua função. Conforme o manual do MSA, o R&R tem a função de analisar a variação da largura, ou seja, como está a variabilidade do sistema de medição que vai causar impacto na dispersão dos dados. Devemos entender que a variabilidade do processo é composta por: Não fica difícil verificar-se que a variabilidade total do processo já tem como parcela de contribuição a variação do equipamento de medição, o mesmo equipamento que iremos analisar durante o estudo de R&R e, sendo assim, caberá ao analista atentar para as informações disponíveis bem como trabalhar com elas. São elas: Processo estabilizado ao longo do tempo; CPK do processo deve ser, no mínimo de 1,33. Outras informações vitais para o analista são referentes aos critérios de aprovação do R&R. Até 10% de erro - aprovado. Entre 10% e 30% - pode ser aceitável, baseado na importância da aplicação e/ou custo do dispositivo de medição. Maior que 30% - considerado não aceitável, todo esforço deveria ser feito para melhorar o sistema de medição. Não iremos nos prender muito aos R&R com valores até 30%, uma vez que são estudos que não necessitam de maiores análises. O foco desse artigo é discutir os estudos que apresentam valores acima de 30%. Hoje em dia, as empresas aplicam sofisticadas ferramentas de gestão para se diminuir a variabi- lidade do processo de fabricação. São máquinas, materiais, insumos, enfim, todas as variáveis que influenciam no processo produtivo e que são sempre acompanhadas de perto. Como conseqüência, obtemos processos cada vez mais capazes. Ora, se temos processos cada vez mais robustos, necessitaremos de um sistema de medição cada vez melhor para detectar a mínima variabilidade de um processo de fabricação eficiente. Esse é um momento perigoso, pois o trabalho do profissional que está manipulando estes resultados deverá se pautar na resposta à seguinte pergunta: devo ou não investir no sistema de medição para melhorar os valores encontrados no estudo de R&R? Avançando um pouco mais nos conceitos, veremos que o potencial do processo é: Fazendo uma análise mais próxima do do denominador, identificaremos a variabilidade do processo produtivo; e esta variabilidade tem como componente a variabilidade do sistema de medição, que comporá o valor do R&R, que é dado pela fórmula: Estamos considerando que a variabilidade das peças no momento de realizar o estudo de R&R representa a variação do meu processo produtivo, pois: da expressão acima Como o está no denominador, não fica Sandvik Coromant do Brasil 17 [Produtividade] difícil deduzir que quanto mais a variação total do processo diminui, considerando que o valor do numerador permaneça sem alterações significativas, o valor do RR% aumenta, pois são grandezas inversamente proporcionais. Uma maneira rápida e prática de visualizarmos esta afirmação é o gráfico, que nos leva à seguinte suposição (gráfico 1): Imaginemos a situação em que o analista parte de um estudo de R&R bom (6%), porém um CP ruim (0,9). Reza a boa prática que se deverá elevar o valor de CP deste processo; e a engenharia vai atuando e melhorando o processo produtivo e, como conseqüência, se tem uma variabilidade menor. Ocorre que o analista também vai monitorando a parcela de variabilidade do sistema de medição através de estudos de R&R. Quando o processo está com um valor de CP considerado bom (1,5%), o valor do R&R bate na casa dos 30% e é dado o alerta: o sistema de medição não é bom. Acontece que o analista trabalha de uma forma prudente e pró-ativa, e convence o gerente 18 O Mundo da Usinagem da área a investir em um processo mais robusto e sofisticado, que atenda à real e atual necessidade do processo produtivo. Após o investimento, um novo estudo é feito e com o novo sistema de medição o cenário é o seguinte (gráfico 2): Percebemos que o novo valor do estudo de R&R teve uma queda Que valor será agregado ao meu produto caso eu invista em equipamentos que melhorem meus valores de R&R? significativa após o investimento, indo para 5%. Contudo, a engenharia continua a sua eterna missão de reduzir a variabilidade do processo produtivo, fazendo com que a parcela de variação do sistema de medição, que era pequena, comece a ser significativa. Não ficou difícil verificar que caímos em um ciclo muito peri- goso: a engenharia aperfeiçoa o processo e o nosso analista corre atrás com valores de R&R supostamente reprovados. O que ocorre na verdade é que temos um processo produtivo tão robusto e com uma variabilidade tão pequena que necessitaríamos de equipamentos de medição altamente sofisticados, e conseqüentemente caros, para detectarmos uma variação tão pequena do processo produtivo. Chegamos a um estágio em que caberia ao analista fazer a seguinte pergunta: “Que valor será agregado ao meu produto caso eu invista em equipamentos que melhorem meus valores de R&R?”. Dessa forma, percebemos que haverá situações em que teremos que conviver com estudos de R&R supostamente reprovados e que caberá ao analista o senso crítico e técnico para definir quando realmente devemos investir no sistema de medição. Na verdade, devemos estar atentos para uma frase do próprio manual: “Qualquer técnica pode ser útil se suas limitações forem entendidas e observadas.” Sandvik Coromant do Brasil 19 Planejar e fazer... Poucos sistemas de gestão criados nos últimos 15 anos chamaram tanto a atenção do mundo corporativo como o Balanced ScoreCard esenvolvido por Robert Kaplan e David Norton, o Balanced ScoreCard foi inicialmente definido como um conjunto de indicadores que oferecem à alta gerência uma rápida, porém ampla visão do negócio, incluindo indicadores de desempenho financeiro e não-financeiro em quatro perspectivas (financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento); surgiu com a promessa de transformar em realidade estratégias antes fadadas a permanecerem no papel. A experiência, em sua implementação, levou seus idealizadores a ampliar seu escopo de atuação ao de sistema de gestão estratégica, incluindo quatro processos fundamentais: traduzir a estratégia, explicitando-a por meio das inter-relações entre os indicadores de desempenho, representados graficamente no mapa estratégico; comunicar e associar, disseminando a estratégia pela organização, incentivando seu desempenho; Heloisa Giraldes Coordenadora de MKT da Sandvik Coromant do Brasil Sandra Pascuti Controller da Sandvik Coromant do Brasil 20 O Mundo da Usinagem planejar os negócios, integrando a estratégia ao processo orçamentário; feedback e aprendizado, reavaliando e aprimorando as hipóteses estratégicas. Por ter uma história recente no Brasil, cerca de 7 anos, poucas empresas tiveram tempo suficiente para vivenciar todos os princípios do BSC. A existência de uma estratégia claramente definida, compreendida e compartilhada, reduz sobremaneira o tempo necessário para a elaboração do BSC. Porém, o que se percebe na prática é que a estratégia, sobre a qual os executivos acreditam haver consenso, na verdade é vista de forma diferente por cada membro da equipe, o que fica claro na elaboração do BSC. Percebe-se que aquele que vende acha que sem ele a organização não existe; quem produz acha que se ele não produzir não há o que vender; quem administra o pessoal acha que sem a sua intervenção as relações trabalhistas inviabilizariam a empresa; o financeiro, por sua vez, acha que sem o seu controle a empresa vai à bancarrota! Estes são apenas alguns exemplos das dificuldades para implantação de qualquer ferramenta que envolva atitudes racionais e emocionais das pessoas. Não adianta vender sem produzir, produzir sem vender, controlar sem ter o quê, nem tampouco não ter um “maestro” para conduzir a orquestra, ficando claro que a interação entre as pessoas dos diversos setores existentes na empresa é primordial para o sucesso do BSC. No caso da Sandvik, elaboramos um BSC detalhado para a unidade de negócios Coromant, realizando um processo de alinhamento da organização à estratégia global. Embora tivéssemos diretrizes, definições, informações, objetivos, todos os conceitos e princípios se encontravam concentrados nas cabeças gerenciais, sem que pudéssemos efetivamente enxergá-los todos juntos e ao mesmo tempo. Precisávamos de um instrumento que nos ajudasse a medir o desempenho, efetivasse planos de ação e nos alinhasse às estratégias dos negócios em uma mesma direção. Começamos, então, no início de 2004, criando um grupo de trabalho composto por aproximadamente quinze pessoas, incluindo Gerentes e Supervisores, com o intuito de definirmos estratégias e desdobrá-las em objetivos específicos, contemplando as quatro perspectivas, todos ligados entre si por uma relação de causa e efeito. Nosso pensamento mais forte é o de que cada funcionário tem um papel fundamental dentro do mapa estratégico e que se antes, simplesmente, realizavam uma atividade, agora precisam vincular essa atividade de alguma forma à estratégia da unidade de negócios. Sendo assim, o nosso próximo passo é disseminar o BSC de modo que cada um dos nossos colaboradores consiga efetivamente perceber a importância da sua atividade no sucesso da empresa. BENEFÍCIOS DO PROJETO Foco estratégico: viabiliza o monitoramento contínuo da estratégia por meio de indicadores de desempenho totalmente integrados. Foco tático e operacional: com facilidade de acesso e agilidade na obtenção das informações, viabiliza análises mais qualificadas, que efetivamente agregam valor aos negócios. Facilitação do alinhamento da unidade de negócios. Todos mantêm foco nas prioridades estratégicas. Para que a implementação do BSC seja bem sucedida, a exemplo do que é preconizado por seus idealizadores, além de se traduzir a estratégia em termos operacionais, alinhando a organização a essa estratégia, transformando-a em tarefa contínua e grupal, torna-se necessário desenvolver indicadores de desempenho que apóiem o conceito de “ajuste”. Mensurar como as várias partes da cadeia de valor realmente se ajustam em direção a uma importante vantagem, mais do que usar um indicador processo a processo, torna perceptível que no BSC há uma hierarquia, com o objetivo final de retorno sobre o investimento “A falha mais grave à qual o BSC está sujeito ocorre quando um dos membros da alta administração tenta construí-lo sem o envolvimento de sua equipe...” (finanças), obtido de uma proposta de valor única (clientes), alcançada com um conjunto único de atividades (processos internos), com habilidade de manter a dianteira proporcionada pela inovação contínua (aprendizado e crescimento). Importantes resultados vêm sendo alcançados por empresas que se utilizam do BSC, embora haja fatores críticos para a sua implementação e utilização. Os processos internos, a cultura organizacional, a presença de uma estratégia claramente definida e a existência de sistemas de informação adequados, são itens de extrema importância para o desenvolvimento eficaz desse trabalho. A comunicação da estratégia, bem como a propagação dos indicadores de desempenho dependem da eficácia dos sistemas de informação, tornando-a um fator importante a ser considerado. A falha mais grave à qual o BSC está sujeito ocorre quando um dos membros da alta administração tenta construí-lo sem o envolvimento de sua equipe – dessa forma, as mudanças não se concretizam. É fundamental a formação de um grupo de líderes das diferentes áreas da organização que possam compartilhar visões e discutir os objetivos estratégicos da organização. Não há um modelo genérico para o BSC. Cada empresa deve adaptá-lo às características de sua estratégia, lembrando que seu sucesso começa com o reconhecimento de que não se trata de um projeto de medição e sim de um processo de mudança. Os resultados positivos de uma empresa dependem do trabalho de sua equipe, da solidariedade e da ética de cada colaborador. No mundo globalizado não há espaço para empresas e profissionais com visão limitada. Para sobreviver nesse mar agitado, a empresa precisa estar bem orientada quanto às estratégias, seguindo o rumo que vai levá-la ao porto seguro, isto é, ao sucesso. Referências Bibliográficas KAPLAN, Robert S., A Estratégia em Ação: Balanced ScoreCard. Harvard Business School Press, Boston. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P, A Organização Orientada para Estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P., “Balanced ScoreCard - Measures that drive performance”, in Harvard Business Review, v.5, n.3, p. 71-79, Boston ,1992. Sandvik Coromant do Brasil 21 22 O Mundo da Usinagem Sandvik Coromant do Brasil 23 Quebrando paradigmas nas operações de furação profunda conhecida ferramenta líquida, fluido de corte, é um componente importante na operação de furação profunda. As mais conhecidas funções deste componente são a lubrificação das guias da ferramenta e como auxiliar na remoção de cavacos. Com base nesta afirmativa, o óleo de corte integral tem sido a primeira escolha dos Engenheiros e Técnicos de Processo para desempenhar tais funções. No entanto, este processo, assim como tantos outros, deve ser abordado de modo holístico, ou seja, além do ferramental e da máquina, os operadores, o meio-ambiente e os custos gerais de usinagem são quesitos fundamentais no processo. A proposta foi a de reduzir os custos gerais de usinagem, substituindo a utilização de óleos integrais de base mineral, através da aplicação de um fluido para usinagem, miscível em água, de base mineral, com elevada estabilidade física, química e biológica. Os benefícios primários desta proposta foram a redução drástica no consumo de óleo concentrado em circulação, menor formação de névoa, baixa exposição dos operadores a riscos de saúde e segurança, aumento da vida útil do ferramental, e sobretudo a melhoria da produtividade. TESTE COMPARATIVO O caso que demonstraremos a seguir é referente a uma operação com exigências extremas. Por se tratar de furação profunda (1800 mm), o material a ser trabalhado é um SAE 8630/02.1, de boa usinabilidade e a máquina é uma Wotan CUT-MAX 3 (fig.1). O fluido para usinagem utilizado no teste foi o Blasocut 4000 Strong, na concentração de 11% e com reposições a 4%, garantindo excelente lubricidade e elevada estabilidade, em comparação com o óleo integral anteriormente utilizado. Os parâmetros de corte foram inicialmente mantidos, para Figura 1 - Detalhe da operação de usinagem na máquina Wotan CUT-MAX 3 Roberto Bauco Eng. de Vendas da Blaser Swisslube do Brasil Ltda. Fornecedor Produto B Blaser Swisslube Tipo de fluido Integral Emulsão Ganhos D mm 58,8 58,8 Vc m/min 60 74 14 23% Quadro 1: Ganhos obtidos com o aumento nos parâmetros de corte 30 O Mundo da Usinagem confirmar as funções de refrigeração, lubrificação e remoção dos cavacos, através da aplicação da emulsão de Blasocut 4000 Strong, e a seguir, como pode ser observado no quadro 1, alteramos a velocidade de corte e o avanço por rotação com sucesso. Nesta etapa, passamos a monitorar, por um período de 5 horas, a vida útil das pastilhas, a qualidade e quantidade de furos produzidos, e a formação do cavaco, que neste tipo de operação é muito importante para a vida da broca. Os resultados obtidos, estão demonstrados no quadro 2. Com o óleo anterior, a empresa Fn mm/rot 45 56 11 24% N rot/min 325 401 76 23% Ap mm 58,8 58,8 Lc mm 960 960 Fornecedor Produto B Blaser Swisslube Ganhos Tipo de fluido Integral Emulsão Qtde. T. improdutivo T. Total Consumo Rugosidade Conc. pç/aresta 1 5 4 2min/aresta 6 1 5 h 1,3 0,9 0,4 pastilha 1,5 0,3 1,2 Rz 1,6 1,0 % 100 11 Quadro 2: Economias obtidas com o aumento nos parâmetros de corte 475,59 Economia Mensal, R$ Situação anterior Situação atual Produção Tempo improdutivo, hora máquina e hora homem 105,00 21,00 Ferramenta Quantidade e custo das pastilhas 207,30 41,46 Fluido para usinagem Custo e consumo de fluido e custo dos aditivos 315,70 89,95 Custo total 628,00 152,41 (em R$ mês) Figura 2 - Cavacos curtos e claros. conseguia produzir apenas uma peça por broca, devido à alta temperatura de corte gerada na furação, comprometendo a qualidade do furo produzido e a vida da ferramenta. A formação do cavaco, nesta operação, indica a estabilidade da usinagem dos furos, que devem ser curtos e claros, para facilitar a remoção dentro do tubo. Como os cavacos eram muito irregulares, o operador precisava intervir constantemente, para evitar uma possível perda da broca. Com a substituição do fluido de corte anterior pelo Blasocut 4000 Strong, que está sendo utilizado pelo cliente há mais de 2 anos, notamos que os problemas de elevada temperatura na área de corte e de formação de névoa foram eliminados. Quanto ao controle dos cavacos, ficou claro, conforme demonstrado na figura 2, que o efeito da lubricidade da emulsão de Blasocut 4000 Strong foi bastante favorável. CONCLUSÕES Com a economia mensal obtida no processo de usinagem, e sem considerar os ganhos de produtividade, o cliente pode pagar o fluido para cinco meses de usinagem . Podemos também observar que, com a Broca Ejector da Sandvik Coromant diâmetro de 58,8 mm (Código 800.24-13D58.80/ Pastilha 800-12 T3 08M-C-G), melhorou o acabamento superficial, aumentaram a produtividade e a vida das pastilhas e os cavacos ficaram mais curtos e claros. Sandvik Coromant do Brasil 31 Do pioneirismo ao profissionalismo, em meio século A Associação das Montadoras de Veículos, a Anfavea, comemora em breve seu 50º Aniversário, reconhecida como uma das associações mais importantes e representativas do Brasil. O ano de 1956 foi o mais importante na história da indústria de veículos no Brasil. Não, naquele ano nenhuma fábrica foi inaugurada, não foi quebrado nenhum recorde de vendas, nada físico sobre rodas surpreendeu o País. Mas, ainda assim, é o ano mais importante, por um simples motivo: foi onde tudo começou. Em 1956, o esforço de pelo menos cinco anos antes começava a brotar. A indústria nacional de veículos praticamente inexistia, Marcos Rozen 32 O Mundo da Usinagem exceção feita à montagem de veículos com peças vindas do exterior por Ford e General Motors. Mas a indústria siderúrgica brasileira mal saíra das fraldas e o parque de autopeças era exatamente zero. Os que acreditavam que o Brasil podia fabricar veículos com peças brasileiras foram taxados, não poucas vezes, de fortes candidatos ao hospício. O desenvolvimento batia à porta e era bandeira do governo Getúlio Vargas. Mas desenvolver o quê, sem caminhão para transportar as coisas de um lado para outro? Com esta lógica de pensamento, em março de 1952, foi criada a Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis, ligada à Comissão de Desenvolvimento Industrial, instituída um ano antes. Com o aval dessa subcomissão, em agosto de 1952, o Brasil proibiu a importação de autopeças com similar nacional e, em março de 1953, a importação de veículos completos. Em julho de 1954 era criada a Comissão Executiva de Material Automobilístico. Com Juscelino Kubitschek, a coisa andou de vez e, em 1955, as então montadoras presentes no País decidiram criar um sindicato próprio, desvinculando-se do Sindicato de Construção e Montagem. Nascia a Associação Profissional dos Fabricantes de Tratores, Caminhões, Automóveis e Veículos Similares do Estado de São Paulo. Neste mesmo ano a empresa Sofunge fundia o primeiro bloco de motor brasileiro, a pedido da Mercedes-Benz. A movimentação confluía e, finalmente, em 1956, era fundada a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea, bem como seu braço sindical, o Sinfavea. Foi o passo definitivo para o desenvolvimento da indústria automotiva nacional. Apenas um ano depois a Ford produzia o primeiro caminhão Sandvik Coromant do Brasil 33 [Interface] brasileiro, o F600, e a Volkswagen inaugurava a fábrica de São Bernardo do Campo, despejando uma Kombi da reluzente linha de montagem. Era uma época em que o romantismo começava a perder fôlego para o desenvolvimento, e os pioneiros viam seu trabalho, finalmente, recompensado. E neste 2005, às vésperas de completar 50 anos de existência, a Anfavea firmou-se como uma das entidades de classe mais representativas do Brasil, representando um dos setores de maior desenvolvimento tecnológico e importância estratégica no País. REFERÊNCIA OBRIGATÓRIA Além de sua óbvia importância, a Anfavea tem grande representatividade em pelo menos mais dois pontos: é a responsável pela divulgação mensal dos índices de produção, vendas, exportações e outros – portanto referência obrigatória quando falamos em estatísticas deste setor – e também atua na preservação da memória da indústria automotiva nacional. Junto à sede da entidade, na Avenida Indianápolis, na capital paulista, está o Cedoc – Centro de Documentação da Indústria Automobilística, generosa fonte de pesquisa aberta ao público interessado. A presidência da Anfavea hoje é exercida em sistema de rodízio entre as quatro maiores fabricantes do País: Fiat, Ford, GM e Volkswagen. O mandato é trienal e atualmente o líder máximo da entidade é Rogélio Goldfarb, também Diretor de Relações Institucionais da Ford Brasil, que tem mandato até abril de 2007. Trata-se de um executivo 34 O Mundo da Usinagem relativamente jovem para o posto, de fala tranqüila, porém firme e direta, com grande capacidade de liderança e visão estratégica dos rumos e da missão da entidade que hoje preside. Goldfarb é também porta-voz na divulgação mensal dos números do setor. Na última oportunidade, onde foram expostos os índices do primeiro quadrimestre de 2005, o presidente da Anfavea não demonstrou grande otimismo, apesar dos registros de alta de 14,3% na produção, 8,4% nas vendas internas e 44,6% nas exportações de veículos no acumulado até abril, quando comparados com o mesmo período do ano passado. “A indústria automotiva nacional de hoje é muito madura. Os maiores fabricantes mundiais estão aqui, temos um parque de autopeças sofisticadíssimo que produz quase 90% de nossas necessidades, a rede de distribuidores é eficaz e o mundo já reconheceu a qualidade do carro brasileiro. O problema agora se chama competitividade”, acredita. Para Goldfarb, a pedra no sapato está no fato de o bom desempenho do setor hoje não significar, necessariamente, bons números amanhã. “Como entidade, temos a obrigação de tentar enxergar o cenário à frente, e não somente o que acontece hoje. E o que vemos é um panorama complicado, com fortíssima pressão dos juros e do câmbio e as reformas tributária e sindical sem definições. Esta última é ainda mais preocupante, pois é base estrutural para nossa indústria.” A análise fria dos números feita pelo presidente da Anfavea é de que o panorama atual é bom, mas poderia ser melhor: “vamos crescer este ano, é verdade, mas nossa previsão é de alta de 4%, enquanto que no ano passado crescemos 10%. O caso é que o nosso setor é como um petroleiro: para parar é necessário percorrer uma bela distância, e para acelerar, ou voltar a pegar velocidade, uma distância maior ainda. Existe uma inércia muito grande. Se o crescimento estacionar, será preciso muito tempo, talvez anos, para recuperar o terreno perdido”, analisa. O s n ú m e ro s p ro v a m q u e Goldfarb está certo. O País atingiu a mítica cifra de dois milhões de veículos produzidos em 1997, mas depois o setor mergulhou em marasmo e este volume foi alcançado novamente só em 2004 – sete anos de intervalo e incertezas. Incerteza, aliás, não é nada agradável em qualquer setor da economia, mas atinge especialmente o automotivo. “O automóvel é a segunda compra mais importante na vida do indivíduo, perdendo apenas para a casa própria. Além disso, é um bem de consumo durável e caro, e por estas razões nosso mercado torna-se muito diferenciado e sensível às variações da economia e da confiança do consumidor”, explica Goldfarb. O pensamento refere-se não só ao mercado interno, mas também às exportações – onde o Brasil tem se destacado. As exportações brasileiras de veículos (na sua grande maioria automóveis compactos) atingiram no ano passado índice recorde de 6.495.678 unidades ou, nada menos que US$ 8,4 bilhões, segundo a própria Anfavea. Hoje praticamente em todo o mundo existe carro brasileiro rodando, Sandvik Coromant do Brasil 35 [Interface] PRODUÇÃO DE VEÍCULOS NO BRASIL VENDAS INTERNAS DE VEÍCULOS NO BRASIL (Automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus - em unidades) (Automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – em unidades) 1997 2.069.703 1997 1.943.458 1998 1.586.291 1998 1.543.952 1999 1.356.714 1999 1.256.953 2000 1.691.240 2000 1.489.481 2001 1.817.116 2001 1.601.282 2002 1.791.530 2002 1.478.619 2003 1.827.791 2003 1.428.610 2004 2.210.741 2004 1.578.775 2005* 2.300.000 2005* 1.640.000 *Previsão *Previsão OS DEZ MAIORES COMPRADORES DE VEÍCULOS BRASILEIROS (Em valores – 2003) MARCAS DE AUTOMÓVEIS MAIS VENDIDAS NO BRASIL (Em unidades – 2004) México 26,8% GM (Chevrolet) 325.104 Argentina 17,7% Fiat 304.704 Estados Unidos 13,9% Volkswagen 301.357 Ford 113.949 Chile China África do Sul 6% 4,7% 4% PSA (Peugeot+Citroën) 61.357 Honda 50.628 Canadá 2,4% Renault 50.359 Coréia do Sul 2,2% Toyota 42.355 Alemanha 2,1% Mercedes-Benz 6.482 Venezuela 2,1% Outras 2.078 MAIORES PRODUTORES DE AUTOMÓVEIS DO BRASIL (Em unidades – 2004) FROTA DE VEÍCULOS NO BRASIL (Automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – em mil unidades) Volkswagen 502.554 GM 484.805 1995 15.770 Fiat 370.252 1996 16.815 Ford 155.164 1997 17.635 PSA (Peugeot+Citroën) 65.342 1998 18.302 Renault 63.242 1999 18.685 Honda 56.544 2000 19.310 Toyota 53.131 2001 20.093 5.560 2002 20.769 Mercedes-Benz Fonte: Anfavea 36 O Mundo da Usinagem mas os maiores consumidores do automóvel Made in Brazil são o México, a Argentina e os Estados Unidos, nesta ordem (veja gráfico). Ainda segundo Goldfarb, “a demanda externa existe, é verdade, e está elevada, mas sem lucratividade. E sem lucro não há investimento, o que acaba por tornar-se um verdadeiro dilema para as montadoras. Por isso insisto no ponto de focarmos na competitividade. Temos de ser pró-ativos, pois os competidores, como a China e o Leste Europeu, já estão aí, nos nossos mercados”. RESPALDO GARANTIDO Rogélio Goldfarb fez esta análise do atual panorama do setor automotivo e seu futuro com o respaldo das 24 empresas associadas da Anfavea, dentre fabricantes de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas – como tratores e colheitadeiras. São nomes internacionalmente consagrados como Caterpillar, DaimlerChrysler, Fiat, Ford, General Motors, Honda, Iveco, Land Rover, Mitsubishi, Nissan, Peugeot-Citroën, Renault, Scania, Toyota, Volkswagen e Volvo, que têm raízes e grandes negócios no Brasil. Não é missão das mais simples presidir entidade com tamanha magnitude e representatividade, mas Rogélio Goldfarb e seus colegas certamente estão fazendo o máximo para que aquele petroleiro citado por ele continue sempre acelerando, rumo mar adentro, em busca de novos negócios e do desenvolvimento de um dos principais setores industriais do País. Sandvik Coromant do Brasil 37 Torneamento de aço endurecido com superfícies interrompidas usando ferramentas de CBN 1 INTRODUÇÃO As principais vantagens em se tornear peças de material endurecido ao invés de retificá-las são a alta flexibilidade e a capacidade do torneamento em usinar superfícies complexas em somente um set up da máquina. O custo do torneamento é, em geral, menor que o custo da retificação. Além disso, o torneamento de aço endurecido é normalmente realizado a seco, o que elimina os problemas causados pelo fluido de corte. Por outro lado, o torneamento de aços endurecidos não é muito adequado ao corte de superfícies interrompidas, porque a maioria das ferramentas utilizadas nesta operação não é muito tenaz. Portanto, este trabalho tem como objetivo alargar o uso de ferramentas de torneamento em aço endurecido, comparando a utilização de duas classes de ferramentas de CBN e duas micro-geometrias da aresta de corte em torneamento de face de três tipos de superfícies: contínua, semi-interrompida e interrompida. O material das peças usinadas foi o aço AISI 4340 com dureza média de 56 HRC. Os resultados mostraram que quando a classe de CBN com menor teor de CBN foi usada, as maiores vidas da ferramenta foram obtidas, independentemente do tipo de superfície usinada. Contudo, no corte contínuo, as ferramentas chanfradas Anselmo Eduardo Diniz Adilson José de Oliveira Departamento de Engenharia de Fabricação/Faculdade de Engenharia Mecânica/UNICAMP, Campinas, SP, Brasil 24 O Mundo da Usinagem provaram ser as melhores em termos de vida da ferramenta, enquanto para o corte interrompido as ferramentas com arredondamento da aresta apresentaram os melhores resultados. 2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS Os corpos de prova foram feitos de aço AISI 4340 com 56 HRC de dureza média. Três tipos de corpos de prova foram usados e estão mostrados nas figuras 1, 2 e 3. Estes corpos de prova foram construídos a fim de se obter cortes contínuo, semi-interrompido e totalmente interrompido no torneamento de faceamento. As ferramentas foram construídas com duas classes diferentes de CBN: 7020 e 7050. De acordo com Sandvik Coromant (2000), a classe CBN 7020 é um material com teor mais baixo de CBN e contém uma fase cerâmica (TiN), enquanto a classe CBN 7050 contém teor mais alto de CBN. As duas classes são recomendadas para a usinagem de aço endurecido e ferro fundido em operações de acabamento [1]. Dois tipos de micro-geometrias da aresta de corte foram usados: aresta chanfrada e aresta com chanfro e arredondamento. O código ISO dos insertos e porta-ferramenta foram, respectivamente, SNGA 120412 (com cobertura de TiN) e PSBNR 2525 M12. As condições de corte foram aquelas recomendadas pelo fabricante da ferramenta: velocidade de corte vc = 150 m/min, avanço f = 0.08 mm/rot e profundidade de usinagem ap = 0.15 mm. Os experimentos foram realiza- dos em um torno CNC de 15 kW de potência do motor principal e com rotação máxima de 4500 rpm. A análise do desgaste de flanco da ferramenta durante cada ensaio era realizada utilizando-se um microscópio ótico. A ferramenta era considerada em fim de vida quando o desgaste de flanco atingia VBB = 0.20 mm. Um experimento também terminava quando o tempo de corte de 100 minutos era atingido, mesmo que o desgaste não tivesse chegado naquele valor. Os experimentos consistiam em sucessivas passadas de torneamento radial nas superfícies, até o momento em que a ferramenta atingisse o fim de vida ou o tempo de corte atingisse 100 minutos. Cada experimento foi realizado pelo menos duas vezes. A rugosidade das superfícies usinadas (Ra) era medida diversas vezes durante um experimento usando um rugosímetro Mitutoyo portátil. 3- RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 – VIDA DA FERRAMENTA A figura 4 mostra os resultados em termos de vida da ferramenta para todos os experimentos realizados. Como pode ser visto nesta figura, a classe 7020 sempre apresentou vida de ferramenta maior que a classe 7050, independentemente da micro-geometria da aresta e do tipo de superfície usinada. A classe 7020 contém uma fase cerâmica em sua composição e, portanto, uma menor porcentagem de CBN quando comparada com a classe 7050. Então, ela possui menor condutividade térmica Figura 1: Corpo de prova para o corte contínuo. Figura 2: Corpo de prova para o corte semi-interrompido. Figura 3: Corpo de prova para o corte interrompido. e maior dureza que a classe 7050 (de acordo com dados da Sandvik). Estas propriedades explicam a maior vida da ferramenta da classe 7020. Mesmo quando o corte interrompido foi usado, quando o fim da vida da ferramenta não foi atingido e os experimentos foram interrompidos com 100 minutos de tempo de corte, a classe 7020 apresentou menor desgaste neste momento. Portanto, a suposta maior tenacidade da classe 7050 não foi importante mesmo no corte interrompido. Assim, a classe 7020 é mais adequada que a 7050 para a operação de torneamento de aços endurecidos com superfícies similares às utilizadas nestes experimentos. Talvez, se o número de interrupções fosse maior, a maior tenacidade da classe 7050 prevaleceria e, portanto, ela teria maior vida que a classe 7020. Outro ponto interessante mostrado na figura 4 é que o corte interrompido sempre apresentou vidas de ferramenta mais altas que o corte semi-interrompido e contínuo, independentemente da micro-geometria da aresta e da classe de CBN. O aumento da temperatura estimula os mecanismos de desgaste como abrasão e difusão [2, 3], porque reduz a dureza da ferramenta e, então, torna mais fácil a remoção de partículas da ferramenta e também estimula a troca de partículas entre cavaco e ferramenta (difusão). Portanto, Sandvik Coromant do Brasil 25 [Pesquisa & Desenvolvimento] manter a temperatura em níveis mais baixos geralmente aumenta a vida da ferramenta. Pode-se afirmar que a ferramenta permaneceu em temperatura mais baixa quando o corte interrompido foi utilizado, devido a três fatores: a) devido às interrupções, a propagação de calor dentro da peça foi prejudicada e, portanto, a ferramenta tocava uma parte mais fria da peça a cada 90o de rotação; b) com a rotação da peça, um fluxo de ar era gerado nos sulcos que tornavam o corte interrompido, o que ajudou a manter a peça e a ferramenta frias; c) porque a ferramenta cortava somente uma pequena parcela da peça entre dois sulcos, não havia tempo suficiente para gerar uma zona de aderência entre cavaco e superfície de saída da ferramenta. Quando esta zona de aderência ocorre, altas tensões de compressão, altas taxas de deformação e altas temperaturas também ocorrem e, portanto, a troca de partículas entre cavaco e ferramenta é estimulada, causando desgaste de cratera na superfície de saída da ferramenta. Não se percebeu nenhum desgaste de cratera na ferramenta quando o corte interrompido foi usado. Ainda analisando a figura 4, as vidas das ferramentas para os cortes semi-interrompido e contínuo foram similares, um pouco maiores no corte semi-interrompido quando a classe 7050 foi utilizada e um pouco maior no corte contínuo quando a classe 7020 foi usada. Este fato prova que as quatro interrupções causadas pelos furos nas superfícies não foram importantes para os mecanismos de desgaste da ferramenta. Em termos de micro-geometria da aresta, as ferramentas com arestas arredondadas apresentaram maiores vidas quando a classe 7050 foi usada e as ferramentas chanfradas tiveram maiores vidas quando a classe 7020 foi utilizada. O arredondamento da aresta torna-a mais rígida e resistente ao lascamento e quebra. Por outro lado, ele causa maior deformação do cavaco devido ao menor ângulo de saída que gera, principalmente quando a espessura do cavaco é muito pequena. 3.2- RUGOSIDADE DAS SUPERFÍCIES Existem diversas vantagens na substituição da retificação pelo torneamento na produção de peças de aço endurecido, mas ao menos três requisitos tem que ser analisados com cuidado: tolerâncias dimensionais, tolerâncias de forma e rugosidade da peça [2]. Desvios de forma e dimensão dependem de fatores ligados à rigidez Figura 4: Vida da ferramenta (em tempo de corte) para todos experimentos. 26 O Mundo da Usinagem do sistema máquina-ferramentadispositivo de fixação-peça, além da temperatura do processo. Como o torneamento de aço endurecido é geralmente realizado a seco, as dilatações térmicas da peça têm que ser controladas. Portanto, valores pequenos de profundidade de usinagem são usados para diminuir a temperatura da peça. A rugosidade também depende da rigidez do sistema, mas está diretamente ligada com o avanço e o raio de ponta da ferramenta. Geralmente, valores pequenos de avanço e altos de raio de ponta são utilizados para propiciar baixos valores de rugosidade, similares àqueles obtidos em processos de retificação [4, 5]. As figuras 5, 6 e 7 mostram os valores de rugosidade média (Ra), para todos os experimentos. No começo da vida da ferramenta, os valores de rugosidade eram sempre próximos aos usualmente obtidos nos processos de retificação. Até 10 minutos de corte todos os valores de rugosidade eram menores que 0,5 µm, um valor tipicamente obtido em retificação. À medida que o ensaio avançava, no corte contínuo (figura 5) somente a ferramenta 7020 chanfrada manteve a rugosidade da peça menor que 0.6 µm, que é um limite típico de rugosidade na retificação. A ferramenta chanfrada é mais aguda que aquela com arredondamento da aresta, o que faz com que a formação do cavaco seja facilitada e, assim, seja possível se obter menores valores de rugosidade. No corte semi-interrompido (figura 6), os dois tipos de arestas da classe 7020 (chanfrada e arredondada) apresentaram comportamento similar em termos de rugosidade da peça. A aresta chanfrada, como já citado, tornou a formação de cavaco mais fácil, mas, por outro lado, o arredondamento da aresta possibilitou que ela fosse mais resistente Sandvik Coromant do Brasil 27 que no corte semi-interrompido, a contribuição do arredondamento para o aumento da rigidez da aresta foi fundamental para diminuir os microdanos na aresta e, portanto, o 1,1 1,0 Rugosidade R3[ µm ] 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 7020 - Chanf. Arred. 7020 - Chanfrada 7050 - Chanf. Arred. 7050 - Chanfrada 0,3 0,2 0,1 0,0 1 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo de Corte [min] Figura 5: Rugosidade (Ra) x tempo de corte para o corte contínuo. 0,8 Rugosidade R3[ µm ] 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 7020 - Chanf. Arred. 7020 - Chanfrada 7050 - Chanf. Arred. 7050 - Chanfrada 0,2 0,1 0,0 1 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo de Corte [min] Figura 6: Rugosidade (Ra) x tempo de corte para o corte semi-interrompido. 1,1 1,0 0,9 0,7 0,6 0,5 0,4 7020 - Chanf. Arred. 7020 - Chanfrada 7050 - Chanf. Arred. 7050 - Chanfrada 0,3 0,2 0,1 1 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo de Corte [min] Figura 7: Rugosidade (Ra) x tempo de corte para o corte interrompido. 28 4 CONCLUSÕES Baseado nos resultados obtidos neste trabalho, pode ser concluído para o torneamento de faceamento do aço AISI 4340 endurecido com ferramentas de CBN e em condições similares às usadas aqui, que: no corte contínuo, a ferramenta que apresentou o melhor desempenho em termos de vida de ferramenta e de rugosidade da peça foi o CBN 7020 (CBN + cerâmica) com aresta de corte chanfrada; no corte semi-interrompido, a ferramenta mais adequada foi também o CBN 7020 e ambos os tipos de arestas de corte podem ser utilizados; no corte interrompido, de novo a classe 7020 é a mais adequada. Em termos de vida de ferramenta os dois tipos de arestas apresentaram comportamento similar, mas em termos de rugosidade da peça, a aresta com arredondamento apresentou um desempenho muito melhor que a ferramenta chanfrada. Referências Bibliográficas [1] SANDVIK COROMANT, Ferramentas para torneamento. Catálogo. São Paulo, 2000. 570p. [3] DINIZ, A. E.; MARCONDES, F. C.; COPPINI, N. L., Tecnologia da Usinagem dos Materiais, 2. ed., São Paulo: Artiliber Editora, 2000. 244p. 0,8 0,0 crescimento da rugosidade quando este tipo de aresta foi usado foi muito mais lento que quando a aresta chanfrada foi utilizada. [2] TRENT, E.M., Metal Cutting. 3. ed. Oxford: Butteworths-Heinemann, 1991. 273p. 1,2 Rugosidade R3[ µm ] [Pesquisa & Desenvolvimento] aos choques causados pelos furos na superfície da peça, diminuindo os microdanos da aresta de corte. No corte interrompido, no qual o número de choques é muito maior O Mundo da Usinagem 90 100 [4] WECK et. al., “Reduction and compensation of thermal errors in machine tools”, Annals of the CIRP, v. 44, n. 2, p. 589-598, 1995. [5] KLOCKE, F.; EISENNBLÄTTER, G., “Dry cutting”, Annals of the CIRP, v. 46, n. 2, p.519-526, 1997. Sandvik Coromant do Brasil 29 Usinagem Multitarefa Nas últimas duas décadas pudemos presenciar um desenvolvimento exponencial dos equipamentos utilizados para realização das operações de torneamento e fresamento, oferecendo ao mercado um grande número de opções construtivas e de preço. Tais avanços fizeram com que cada vez mais, tais equipamentos fossem capazes de executar operações complexas muito mais rápido e com mais qualidade. Este mesmo desenvolvimento tornou possível uma maior flexibilização das linhas de produção, com o uso de centros de usinagem, algumas vezes conjugados com máquinas mais dedicadas, em substituição às antigas linhas transfer. Sob este ponto de vista, podemos dizer que o desenvolvimento tecnológico é capaz de gerar “revoluções” nos conceitos utilizados na produção, e é exatamente isto o que aconteceu com a consolidação desta nova maneira de pensar em usinagem: a Usinagem Multitarefa, ou MultiTask Machining, como é comumente encontrado no mercado. Sendo extremamente simplista, podemos dizer que uma máquina Multitarefa é a fusão de um torno CNC com um centro de usinagem equipado com trocador automático de ferramentas. Tais máquinas podem ser horizontais ou verticais, e contar com 7 ou mais eixos, além de sub-spindles, contra-pontos, lunetas e torres porta ferramentas (veja fig. 1). Todas as operações de torneamento interno e externo, canais frontais e radiais, fresamento, fresamento circular, fresamento de cames e eixos excêntricos, furação, furação angular, furação profunda e controle através de cabeçotes apalpadores, estão previstas para realização por máquinas Multitarefa. Paulo Videira Especialista OTS da Sandvik Coromant do Brasil 38 O Mundo da Usinagem Uma outra operação bastante “outros”. Estes “outros” talvez sejam interessante, largamente utilizada os que mais possam se beneficiar desem usinagem multitarefa é o torno- te novo conceito, devido às próprias fresamento (ou fresotorneamento características de seus negócios. Normalmente, os lotes produzino caso de máquinas verticais). Esta estratégia de usinagem consiste na dos são de pequenos a médios, e o geração de superfícies cilíndricas usinador quase nunca tem a certeza através da utilização do recurso de do que vai produzir amanhã. Estes fresamento da máquina em con- problemas podem ser minimizados junto com o movimento de dois ou pela alta flexibilidade das máquinas mais eixos. Peças com geometrias Multitarefa e também pela possibicomplexas, com balanceamento lidade de utilização nas mais variaproblemático que não permite altas das áreas de aplicação, tais como: velocidades de corte, ou peças com aeroespacial, automotivo, hidráumassas girantes muito grandes e que lica e pneumática, ferramentarias, exigem remoção de grandes quanti- manutenção, peças de engenharia, dades de material, são peças típicas construção de protótipos, moldes e matrizes, entre outros. para a aplicação deste recurso. A operação de máquinas multitaOperações de geração de engrenagens, têmpera a laser e retificação refa, por suas características e relativa também podem ser incluídas nos pro- complexidade, deve ser analisada também sob os seguintes aspectos: cessos executados nestas máquinas. Todos estes recursos, evidenciam por se tratar de uma nova tecnologia, as maiores vantagens da usinagem os operadores e programadores levam mais tempo para conhecer todos os multitarefa. São elas: recursos que o novo equipamento Alta flexibilidade; Em muitos casos, a usinagem de um disponibiliza e assim se sentirem conproduto pode ser realizada em uma fortáveis para utilizá-los. Em função da peça a ser produzida, a programação só máquina e em uma só fixação; Maior qualidade devido ao menor destas máquinas, em alguns casos, número de fixações; Menor espaço ocupado no Tool spindle Headstock 2 chão de fábrica; Reduções drásticas nos tempos totais de usinagem B-Axis de certos produtos. X-Axis O mercado de máquiY-Axis Tailstock nas-ferramenta de hoje é dividido, em um âmbito global, em duas partes bem Headstock 1 equalizadas, ou seja, aproximadamente 50% destinado à produção em massa e os 50% Figura 1: Conceito Multitarefa restantes classificados como sistema modular tende a ser bastante de fer ramentas complexa, fazenCoromant Capdo-se necessário o to® integrado no apoio de softwares próprio fuso da de CAM. máquina. Devido ao granO sistema é o de número de eixos preferido pelos que podem se moFigura 2: Mini-torres fabricantes e intevimentar ao mesmo gradores, devido tempo, o risco de à sua extrema riocorrerem colisões gidez, estabilidaé consideravelmente de e capacidade maior. Portanto, um de transmissão de programa de treinatorque e esforços mento e capacitação de corte, proporda mão-de-obra a cionados por três ser utilizada é funáreas de contato, damental para o suo que se traduz cesso das empresas em usinagens mais que adotam este tipo Figura 3: Twin Tool confiáveis e prede máquina. cisas. O sistema Provavelmente Coromant Capto® oferecido nos taMulti-Task Machining é o conceito manhos C4 a C8 é standard ou opção de máquina que mais cresce no standard para a maioria dos fabricanmundo atualmente, tendo registrates de máquinas Multitarefa. do crescimento médio de 40% nos Outra vantagem em relação aos últimos anos, com números entre outros sistemas é que o Coromant 8 e 10 mil novos equipamentos Capto® é totalmente modular, produzidos a cada ano. permitindo inúmeras combinações Os principais fabricantes deste e a utilização das ferramentas em tipo de máquinas concentram-se outras máquinas, sejam elas tornos basicamente na Europa e na Ásia, ou centros de usinagem. e os mesmos são representados na A Sandvik Coromant reafirma sua maioria dos países industrializados, posição de líder mundial, e mais uma através de subsidiárias e distrivez sai na frente, oferecendo uma combuidores. Podemos citar: Mazak, pleta linha de produtos desenvolvidos Okuma, Mori-Seiki, WFL, Dossan especialmente para utilização em máDaewoo, entre outros. quinas Multitarefa, além dos cerca de Ferramentas para as 2800 produtos standard que utilizam o Máquinas Multitarefa sistema Coromant Capto®. Entre os lançamentos, destaA maioria das ferramentas uticam-se as ferramentas para tornealizadas em Tornos e Centros de mento “Twin Tool” e as “Mini Torres”, Usinagem se aplicam às Máquinas as quais foram desenvolvidas a fim de Multitarefa, contudo uma atenção diminuir os tempos não produtivos especial deve ser dada ao sistema gastos com trocas de ferramentas e de interface máquina-ferramenta economizar espaço no magazine de utilizado no spindle da máquina. É ferramentas da máquina (fig. 2 e 3). fundamental que este sistema seja A Sandvik Coromant, através de igualmente eficaz tanto em operações seus especialistas, está preparada para estáticas de torneamento como em auxiliar seus clientes na definição do operações rotativas, no caso de fresaprocesso e escolha das ferramentas mento e furação, por exemplo. adequadas para utilização nesta nova Boa parte destes novos equipaforma de pensar em usinagem. mentos já saem das fábricas com o Sandvik Coromant do Brasil 39 Instituto de pesquisas alemão poderá abrir unidade no Brasil Prática há muito adotada em países do Primeiro Mundo, a relação entre universidades e empresas com vistas ao desenvolvimento de novas tecnologias e de incremento à pesquisa poderá se expandir no Brasil, com instalação de unidade do Fraunhofer Institut, um dos núcleos de pesquisa aplicada mais reconhecidos da Europa. m projeto para que isto ocorra começa a ganhar contornos práticos no Estado de São Paulo, onde, há vários anos, o centro de pesquisa alemão mantém convênios e parcerias com a Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). O Fraunhofer Institut é uma instituição alemã que desenvolve pesquisa aplicada, através de contratos firmados com indústrias, setor de serviços e governos. Somente na Alemanha, dispõe de 58 unidades, envolvendo cerca de 12.600 funcionários entre pesquisadores e funcionários de suporte que, no ano de 2004 tiveram um orçamento em torno de 1 bilhão de Euros. Seus 50 anos foram grandemente comemorados em 1998, envolvendo o próprio presidente da República Federal Alemã, Roman Herzog, quando os atuais dirigentes lembraram as origens da instituição, nascida no pósguerra, em Munique, com apenas três pessoas. Além da União Européia, o Fraunhofer já tem filiais em funcionamento nos Estados Unidos e Ásia. Entre vários de seus parceiros mais conhecidos, encontram-se Beatriz Vicentini Elias Assessoria de Imprensa Universidade Metodista de Piracicaba 40 O Mundo da Usinagem grandes multinacionais, como a DaimlerChrysler, BMW, Opel, Bosch, Airbus, Ex-Cell-O, Lufthansa, ZF, Siemens, Volkswagen, Thyssen Laser-Technik GmbH, etc. Desde o início de abril já se encontra no Brasil um dos Gerentes de Área do Fraunhofer Berlim, Eckhard Hohwieler, com visitas já agendadas junto a empresas, especialmente na área de metal-mecânica – a maioria voltada à indústria automobilística e à indústria aeronáutica – visando apresentar as formas de trabalho da instituição e as possibilidades de desenvolvimento de projetos específicos. Ele será acompanhado pelo Prof. Klaus Schützer, coordenador do Laboratório de Sistemas Computacionais e Manufatura do Produto (SCPM) da UNIMEP, doutorado na Alemanha e que viabilizou a aproximação entre o Fraunhofer IPK de Berlim e a universidade brasileira nos últimos anos. Ambos serão os responsáveis pela busca de novos espaços de atuação em pesquisa, que una o setor produtivo e a área acadêmica, fato que ainda demanda um longo trabalho de maturação em termos de Brasil. As unidades do Fraunhofer, espalhadas em vários países, trabalham com a exigência de que 50% de seus orçamentos tenham como origem o financiamento a projetos industriais, motivo pelo qual os contatos iniciais no Brasil serão fundamentais para captação de recursos e de contratação de projetos-piloto. As linhas de pesquisa para atendimento a clientes, já definidas, se direcionam ao desenvolvimento integrado do produto, manufatura e tecnologia HSC, e gestão da produção. Boa parte dos interesses brasileiros já são conhecidos pelo instituto alemão. Em 2005, a UNIMEP completa os dez anos de promoção conjunta com Universidade Técnica de Darmstadt de seminários anuais sobre alta tecnologia, que têm trazido ao Brasil especialistas de várias nacionalidades apresentando os mais recentes avanços em áreas como usinagem com altíssima velocidade de corte e desenvolvimento do produto. Parcerias com outros grupos do Fraunhofer também têm sido desenvolvidas pela UNIMEP, especialmente voltadas ao tratamento de água e esgotos, assim como do lixo. Além disso, através do SCPM, a UNIMEP integra a coordenação de um dos projetos da CAPES e a agência de fomento alemã DAAD, e tem formado profissionais e pesquisadores através de programas acadêmicos desenvolvidos na Alemanha, seja em instituições universitárias, seja em grandes empresas. No Brasil, cabe ao SCPM o desenvolvimento e editoração das normas ISO 10303214, sendo esta a única secretaria técnica da ISO no Brasil. Embora uma primeira agenda de visitas já esteja definida para os representantes do Fraunhofer/UNIMEP realizarem no Brasil, empresas interessadas em conhecer o trabalho de pesquisa oferecido podem fazer contatos diretamente com o SCPM/ UNIMEP, pelo fone (19)3124-1792 ou pelo e-mail [email protected]. Na Alemanha, grupo de pesquisadores do Fraunhofer IPK ao lado do Prof. Klaus Schützer, da UNIMEP, o quarto da esquerda para a direita. O Diretor do Fraunhofer IPK, Prof. Eckart Uhlmann encontra-se ao seu lado, à esquerda. ROMAN Sandvik Coromant do Brasil 41 Sandvik Coromant - Programa de Treinamento 2005 Mês TBU TFR UMM EAFT Jul Ago 29 e 30 Set 12 e 13 Nov OUT 25, 26, 27 e 28 22, 23 e 24 OUF TUA TGU 08, 09, 10 e 11 O leitor de O Mundo da Usinagem pode entrar em contato com os editores pelo e-mail: 19, 20 e 21 03, 04, 05 e 06 Out EAFF 18, 19 e 20 17, 18 e 19 24, 25 e 26 07, 08, 09 e 10 28 e 29 [email protected] 21, 22 e 23 Otimização da Usinagem em Torneamento (28 horas em 4 dias) Otimização da Usinagem em Fresamento (28 horas em 4 dias) Técnicas para Usinagem Automotiva (21 horas em 3 dias) Técnicas Gerenciais para Usinagem (21 horas em 3 dias) Técnicas Básicas de Usinagem (14 horas em 2 dias) Técnicas de Furação e Roscamento com Macho (14 horas em 2 dias) Escolha e Aplicação de Ferramentas para Torneamento (21 horas em 3 dias) Usinagem de Moldes e Matrizes (28 horas em 4 dias) Escolha e Aplicação de Ferramentas para Fresamento (21 horas em 3 dias) Mais informações sobre os cursos, acesse www.cimm.com.br FALE COM ELES Aferitec (19) 3422 0215 Anfavea (11) 5051 4044 ArvinMeritor (11) 3684 6940 Astronauta Ten. Cel. Aviador Marcos Pontes (11) 3773 8679 Blaser Swisslube (11) 5049 2611 12ª FEBRAMEC - Feira Brasileira da Mecânica, de 16 a 20 de Agosto Importante feira do setor metalmecânico da Região Sul, acontece em Caxias do Sul, RS, o segundo maior pólo industrial do Brasil. Inscrições e informações acesse: www.febramec.com.br O 10º Seminário Internacional de Alta Tecnologia da UNIMEP, sobre Inovações Tecnológicas na M@nufatura e será realizado a 06/10/2005, das 8h00 às 18h00 no Teatro UNIMEP - Campus Taquaral, Piracicaba. Mais informações: http://www.unimep.br/feau/scpm/seminario/seminario.htm Instituto ETCO (11) 3078 1716 Pro-Marketing (11) 3256 4887 TRW Limeira (19) 3404 1348 UNICAMP (19) 3788 3303 UNIMEP (19) 3124 1810 Anunciantes Aços Roman........................41 Blaser..................................05 Castrol................................19 Cosa....................................39 Deb’Maq.............................35 Dynamach...........................31 Efep ....................................11 Ergomat.............................13 Faro....................................15 Hanna................................17 Kabel Schlepp....................25 Meggatech..........................07 Metroltec............................27 Mazak.................................29 MD do Brasil........................43 Romi.....................................09 SKF..............................22 e 23 T.A.G. ..................................37 Villares Metals.....................33 Vitor & Buono.....................41 Sandvik Coromant e seus Distribuidores Amazonas-AM: MSC, Manaus, Tel: (92) 6113 2350 Bahia-BA: Sinaferrmaq, Lauro de Freitas, Tel: (71) 3379 5653 Ceará-CE: Ferrametal, Fortaleza,Tel:(85) 3287 4669 Espírito Santo-ES: Hailtools, Vila Velha,Tel: (27) 3320 6047 Mato G. do Sul-MS: Kaymã, Campo Grande, Tel: (67) 321 3593 M i n a s G e r a i s - M G : Escândia, Belo Horizonte, Tel: (31) 3 2 9 5 7297; Sandi, Belo Horizonte,Tel: (31) 3295 5438; Tecnitools, Belo Horizonte, Tel: (31) 3295 2951; Tungsfer, Ipatinga, Tel: (31) 3825 3637 Paraná-PR: Gale, Curitiba, Tel: (41) 3339 2831; Oliklay, Curitiba, Tel: (41) 3327 2718; PS Ferramentas, Maringá, Tel: (44) 265 1600 Pernambuco-PE: Recife Tools, Recife,Tel: (81) 3268 1491 Rio de Janeiro-RJ: Jafer, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2270 4835; Machfer, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2560 0577; Toolset, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2560 0577; Trigon, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2270 4566 Rio Grande do Sul-RS: Arwi, Caxias do Sul, Tel: (54) 3026 8888; Consultec, Porto Alegre, Tel: (51) 3343 6666; F.S., Porto Alegre, Tel: (51) 3342 2366 Santa Catarina-SC: GC, Joaçaba, Tel: (49) 522 0955; Repatri, Criciúma, Tel: (48) 433 4415; Thijan, Joinville, Tel: (47) 433 3939; Logtools, Joinville, Tel: (47) 422 1393 São Paulo-SP: Atalanta, São Paulo,Tel: (11) 3837 9106; Cofast, Santo André, Tel: (11) 4997 1255; Cofecort, Araraquara, Tel: (16) 3333 7700; Comed, Guarulhos, Tel: (11) 6442 7780; Diretha, São Paulo, Tel: (11) 6163 0004; Maxvale, S. José dos Campos, Tel: (12) 3941 2902; Mega Tools, Campinas, T e l : ( 1 9 ) 3 2 4 3 0 4 2 2 ; PS Ferramentas, Bauru, Tel: (14) 3234 4299; Pérsico, Piracicaba, Tel: (19) 3421 2182 Sandvik Coromant, atendimento ao cliente : 0800 - 559698 42 O Mundo da Usinagem Sandvik Coromant do Brasil 43 44 O Mundo da Usinagem Arte Gráfica Comunicação