XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação
22 a 24 de julho de 2015
USUÁRIOS, CONTEXTOS E MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO DIGITAL
Charlley dos Santos Luz. Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e
Artes. Departamento de Biblioteconomia e Documentação. [email protected]
Cibele Araújo Camargo Marques dos Santos. Universidade de São Paulo. Escola
de Comunicações e Artes. Departamento de Biblioteconomia e Documentação.
[email protected]
Introdução: as crescentes mudanças tecnológicas estão criando novas demandas
para os serviços de informação especializados gerando necessidade de novos
posicionamentos e atitudes dos seus gestores em relação à informação digital. O
trabalho aborda temas relacionados aos usuários e seus contextos de informação,
incluindo estrutura dos serviços, mediação e linguagem informacional com foco
em redes e tecnologias da informação, apontando tendências científicas e de
mercado nestes serviços, pois no cenário atual existem soluções diversificadas
para organização de informações e de dados.
Método da pesquisa: este trabalho foi desenvolvido por pesquisa bibliográfica
sobre os temas pertinentes.
Resultados e discussão: o usuário pode ser definido como qualquer ente,
pessoa, instituição ou o próprio serviço de informação que precisa suprir
determinada necessidade informacional, sendo que os estudos de usuários visam
identificar as variáveis que o utilizador demanda. A informação é social (depende
de seu contexto do uso), e passa a existir quando é institucionalizada e utilizada,
portanto apresenta foco na organização e uso. Neste sentido, os estudos do
usuário analisam o modelo de comportamento informacional dos indivíduos que
compreende a pesquisa ou busca em sistemas e serviços de informação
institucionalizados e em sistemas ou pessoas cuja função primária não é a oferta
de informação, e tem se modificado com o advento das tecnologias digitais.
As necessidades informacionais são influenciadas pela noção de contexto
composta pelas experiências do indivíduo como usuário de informação em seu
grupo de referência, fontes de conhecimento, o sistema de informação que
interage com o usuário, o grupo ao qual pertence e a mediação do profissional da
informação, da tecnologia e da linguagem. Nos estudos de usuários e do
comportamento informacional, é preciso identificar as necessidades dos
utilizadores que tem relação com o estado anômalo de conhecimento próprio de
cada indivíduo: o desejo, a demanda expressa e a demanda satisfeita (CHOO,
2006). Nestes estudos geralmente são também mapeados: o desconhecimento do
usuário em relação ao sistema de informação, a performance do mediador e o
estado da tecnologia ou do ambiente informacional.
Os estudos de contexto, por sua vez, visam identificar a necessidade do usuário (o
vazio no estado anômalo do conhecimento), a busca e uso da informação, bem
como a situação em que isso ocorre. A busca é o processo pra obter, com um
propósito, informações que permitam mudar seu estado de conhecimento e o uso
que ocorre quando o indivíduo seleciona, processa a informação obtida e
consegue por meio da apropriação aplicar o novo conhecimento em dada
experiência ou situação. O contexto considera o fluxo da informação dos sistemas
até os usuários, mostrando que pode haver orientação para o sistema ou
orientação para o usuário. Em relação ao usuário, o contexto está onde se
examina preferências e necessidades cognitivas e psicológicas do indivíduo e
como estas afetam a busca e os padrões de comunicação da informação
examinando os contextos profissional, organizacional e social (CHOO, 2006)
Com base em Maceviciute (2014), sabe-se que o serviço de informação
especializado está à mercê de impactos e perspectivas, como mudanças no
ambiente organizacional provocadas por fatores externos e as respostas que
estão sendo dadas a essas mudanças. Portanto, a estrutura do serviço de
informação deve servir-se ao papel de agente de inteligência competitiva, além de
observar restrições orçamentárias e perceber o impacto da transformação da
educação e da busca de conhecimento, estando no meio da tensão entre modelo
acadêmico e modelo de negócios. Segundo o autor, novas tendências impactam
na estrutura dos serviços de informação, tanto em infraestrutura física como em
novas demandas por tecnologias com curto ciclo de vida. A transformação
tecnológica trouxe o e-science, o e-research, e o cyber-infraestructure, alicerçados
em demandas por parte dos usuários, o que inclui novas ferramentas como Big
Data e compartilhamento de dados institucionais (web 3.0) modificando a forma de
atuar dos serviços de informação.
O serviço de informação especializado também tem que se estruturar para ter
capacidade de armazenamento e coleta de dados do ambiente, de processos e
atividades, de fenômenos naturais e sociais para abastecer o novo perfil de
usuário. Para o autor citado acima, é preciso também prever o uso e reuso
colaborativo de dados, o que abre oportunidades de trabalho interdisciplinar e
surgimento de novas disciplinas. Quanto a aquisições e coleções, o mesmo
acredita que há necessidade de considerar diferentes estratégias de obtenção na
realidade digital como aquisição de itens ou de direitos de acesso, os consórcios
para aquisição e empréstimos interbibliotecas, direitos e empréstimos de e-books.
São novos problemas de armazenamento, organização e preservação da
informação digital, ampliando os desafios de catalogação, com itens e links, de
produção de metadados, acesso a diferentes fontes de recursos, acesso livre e
repositórios institucionais. Apresenta-se, portanto, à gestão destes serviços de
informação, desafios gerenciais para empreender mudanças organizacionais na
instituição, mostrar modelos de colaboração e parcerias internas e externas e os
desafios para oferecimentos de instrumental de pesquisa concomitante à
disponibilização do acervo num processo de mediação digital. São novos desafios
para estudo de necessidade de usuários e para o planejamento de cenários
prospectivos (MACEVICIUTE, 2014).
O processo de mediação se realiza apoiado em tecnologias, ambientes e agentes
sociais, a partir de transmissão e de interações. No processo de apropriação há
uma dependência do acervo simbólico transmitido através de suportes e
ambientes que se ocupam da preservação e do acesso aos conteúdos
informacionais (GOMES, 2008). Ainda, a transmissão por meio do conhecimento
representado dos quais os grupos sociais e as próprias instituições organizam e
implementam a comunicação da informação cuja entrega depende de suportes e
ambientes. Assim, a mediação atua relacionando os acervos informacionais
(conhecimento registrado) e os sujeitos que buscam construir conhecimento.
Considerações Finais: Analisar os usuários, estudar as necessidades e o
contexto de uso é fundamental para planejar melhor um serviço de informação
especializado, principalmente em relação à organização e acesso à informação
digital. A estrutura dos serviços de informação precisam considerar as dimensões
que envolvem o usuário, o processo de mediação, a linguagem informacional para
transferência da informação, lançando assim a base para os processos de
mediação institucional da informação.
Palavras-chave: Estudos de Usuário, Serviços de Informação Especializada,
Contexto de Uso, Informação digital.
Referências
CHOO, Chun Wei. Como ficamos sabendo:um modelo de uso da informação. In.
_____. A organização do conhecimento. 2. Ed. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2006.
GOMES, H. A mediação da informação, comunicação e educação na construção
do conhecimento. DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, v.9 n.1 fev.
2008.
MACEVICIUTE, Elena. Research libraries in a modern environment. Journal of
Documentation, v.70, n.2, 2014. p. 282-302.
Download

USUÁRIOS, CONTEXTOS E MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO